segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O fim dos produtos petrolíferos, a lição exemplar do Costa à GALP e a produção de electricidade.

Quando falam de "gases", falam de combustíveis petrolíferos (e do carvão).

Os produtos petrolíferos são usados nos automóveis (carros, autocarros, automotoras e camiões) e no aquecimento (gás natural, gasóleo para aquecimento, ...). 

Fui ao PorData e à APETRO buscar o consumo de combustíveis nos automóveis e obtive um valor na ordem das 5700 mil toneladas por ano (de gasolina e gasóleo) a que corresponde uma potência média de 7500 MW. Pensando que o rendimento dos motores a explosão é na ordem dos 30% e dos motores eléctricos na ordem dos 75% (desde a produção até à roda),  a sua substituição precisa de 3000 MW.

Também fui buscar dados sobre os outros usos (excluindo o uso na industria química) e obtive um valor na ordem das 2000 mil toneladas por ano que corresponde a 2600 MW.

Somando as duas parcelas, teremos que passar da actual média de produção eléctrica de 5600MW para a futura 11200MW, exactamente o dobro.


A Europa quer acabar com os motores a explosão até 2035.

Vamos supor que a maioria dos automóveis com motor a explosão vão ser substituídos até 2045.

Pensando que todos os outros usos de electricidade se mantêm, será preciso que a produção aumente 3%/ano.


Mas o Lítio no Mundo não dá para tantas baterias.

Actualmente, todas as tecnologias de baterias para automóvel estão dependentes do Lítio que não existe nas quantidades necessárias para substituir todos os motores a explosão.

A traduzir essa dificuldade, o preço do Lítio aumentou 300% entre Setembro 2020 e Setembro 2021 (apesar de não traduzir o máximo histórico de 2018).

Claro que existe a promessa de a inovação tecnológica ser capaz, no futuro, de extrair o Lítio que existe diluído na água do mar (com aproveitamento de 50%, serão necessários 1 000 000 M3 de água do mar para obter o Lítio para um carro, i.e., 10kg) mas ainda é apenas uma promessa.

A dificuldade de extrair o lítio da água do mar é que em 1 000 000 M3 de água do mar existem 35 milhões de kg de sal (cloreto de sódio). É muito difícil retirar um catião de lítio do meio de 26 mil catiões de Sódio porque quando se "atrai" o Lítio (com 3,02 Voltes), o Sódio vai com toda a velocidade porque é atraído com uma tensão menor (2,71 Voltes).

Mas tenho que reconhecer que, aumentando o preço, logo a tecnologia e a prospecção vão fazer com que as reservas aumentem.


Mas porquê se usa o lítio e não sódio que é tão abundante?

Tem a ver com o tamanho do ião!

Quando a bateria de Lítio (Sódio) está carregada, o lítio está no composto LiFePO4 (NaFePO4) e para descarregar, o Lítio (Sódio) sai dali (e vai para a grafite) e deixa "buracos". Acontece que os buracos deixados pelo Sódio são muito grandes, levando à destruição da matriz do composto FePO4. Quando a bateria está carregada, há buracos na grafite que, com a descarga, são preenchidos com o lítio (sódio). Então,o problema dos "buracos" também se coloca no lado da grafite, onde o ião de Sódio não cabe.


Já pensaram como vai ser possível duplicar a produção de electricidade?

Vamos supor que a fonte é solar, em que uma potência média de 1kw precisa de 50m2 de implantação (potência nominal de 5kw) e, havendo necessidade de guardar a energia para a noite, de 18kwh de armazenamento.

Vão ser necessários 5 600 000 kW  * 50 m2/kw = 280 km2.

Parece muito mas recordo que o concelho de Serpa (onde Portugal tem mais luz solar) tem 1106 km2 (e o distrito de Beja de que faz parte tem 10225km2)! E Serpa é uma parte pequena de Portugal.


O armazenamento não poderá ser feito com Lítio.

O Lítio tem que ficar reservado para o veículos móveis e, se for necessário usar baterias para os usos fixos, a inovação tecnológica tem que investir mais nas baterias de Sódio (por exemplo, já existe a bateria Sódio-Enxofre de metal líquido a 400ºC).

concluindo, tenho toda a esperança de que, pelo menos até morrer aos 100 anos de idade, não vai haver racionamento de energia disponível.


Falar um bocadinho da GALP e do nosso "Camarada Costa".

O Costa defende o fim do uso dos combustíveis fósseis mas quer que a GALP, uma empresa que apenas refina petróleo, continue com as refinarias abertas.

Mas se não há petróleo para refinar para que é necessário manter as refinarias abertas?

Bem sei que as empresas públicas como a TAP, a CP ou a RTP continuam abertas e em expansão acelerada mesmo não tendo clientes porque o contribuinte contribui.

A solução?

Englobar todos os rendimentos no IRS para que o contribuinte passe a contribuir mais um poucochinho.


Vou dar uma lição exemplar à GALP e ao grande capital que suga o sangue dos trabalhadores


1 comentários:

Silva disse...

Agora é preciso um relógio que marque o tempo a contar desde a "boca" do Costa até a Galp receber a tal lição.

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