terça-feira, 24 de junho de 2025

Em Portugal, até a Iniciativa Liberal é socialista, já que pede mais investimento público!!!!!!

Por caso, chegou ao meu telemóvel um artigo do Ricardo Valente.

O Ricardo Valente, pelo que sei, mudou-se do PSD para a IL. Não sei se se inscreveu mesmo como militante ou se ficou como o patrão Rui Moreira que toda a gente sabe que é do CDS mas que nunca saiu do armário.

Certas pessoas vestem e despem a capa dos partidos conforme momentaneamente lhes dá mais vantagem. Sendo que o objectivo dessas pessoas é servir a comunidade (será que eu disse mesmo isto?) aceita-se que usem a camuflagem para poderem ser eleitos. 

Mas vamos então ao artigo publicado no ECO no espaço de opinião.

Tem uma forma de escrever que vem lá dos sítios onde estudou, isto é, da FEP. Refere muitos números mas não diz como esses números podem ser usados para dar força à sua tese.


Qual deveria ser a tese?

Sendo liberal, em termos gerais, o investimento público é um desperdício de dinheiro por diversas razões:


1) O gestor público não sabe nem lhe interessa saber quais são as necessidades dos consumidores porque responde a quem o nomeia e não ao cliente.

Alguém pensa que, não fora o Estado enterrar milhares de milhões em comboios e autocarros, as pessoas deixavam de se poder movimentar?

Qual a racionalidade de o Estado ter o monopólio dos transportes colectivos de passageiros nas grandes cidades?

Para que diabo existe a RTP a cobrar-nos uma verba todos os meses na conta da electricidade? Se a RTP acabasse deixava de haver informação credível? Alguém acredita nisso?


2) O decisor político, em representação do Estado, não sabe nem lhe interessa saber quais são as necessidades dos consumidores porque responde aos eleitores e não ao cliente.

O autarca faz obras que lhe dêem votos, não que melhore a vida dos clientes dos serviços públicos. Apesar de poderem pensar que é a mesma coisa, vejamos o exemplo do estacionamento: os residentes/votantes estão isentos (o que é inconstitucional pois ninguém pode ser discriminado pelo local de residência) e os de fora, sem direito a voto, é que pagam.

Combate-se o 'alojamento local' porque, campanhas de desinformação criaram a ideia nos eleitores que o AL prejudica as pessoas locais.


Mas o Ricardo não refere justificações para haver investimento público.

Diz apenas que em Portugal o investimento público é menor que na média da união europeia.

Mas então, pensei eu cá para os meus botões, isso é bom porque traduz que o Estado está, cada vez, a intervir menos na economia.

Mas estava enganado, eu. Afinal, o investimento público, se "tiver qualidade" (vamos lá adivinhar o que é isso da qualidade do investimento público) já deve ser o máximo possível. 

Diz o Ricardo que há "investimento [público] verdadeiramente transformador" mas apenas dá exemplo que acha ser um fracasso "o exemplo patético do projecto do MetroBus como prova de um investimento em mobilidade inconsequente e demonstrativo da falta de processos transparentes e competentes na definição de estratégias de investimento público"

Mas porque será que o Ricardo não apresenta um exemplo, apenas um, de investimento público verdadeiramente transformador?

Será que o Ricardo não sabe que não é possível haver investimento público verdadeiramente transformador?

Talvez se formos ao tempo do Salazar, com a construção das barragens de que o último exemplo foi Alqueva, talvez vejamos investimentos público verdadeiramente transformadores mas no tempo da democracia? Que exemplo?

O investimento público está condenado à corrupção, ao compadrio e à ineficácia e, por haver menor publicidade, este fenómeno é muito mais grave nas autarquias.

As autarquias, as pessoas que têm poder nas autarquias, usam tudo o que têm à mão para empatar processos que apenas se aceleram com um envelopesinho.

Em Lisboa compraram 9 barcos eléctricos sem bateria (para a irracionalidade económica não chocar tanto), depois, compraram as baterias mas que não são compatíveis com os barcos. Finalmente, esqueceram-se da assistência (será da responsabilidade de quem forneceu os barcos, as baterias, os motores ou de quem opera os barcos?). No final, em 90% do tempo, os barcos não funcionam. O que aconteceu a quem decidiu estas compras? Estava a tentar dizer "nada" mas não, recebeu a sua percentagem e está feliz.


Um liberal, alegadamente, mesmo a defender que ...

"Portugal (...) [tem de assumir] o investimento público como um instrumento estratégico de política económica".


Vi um vídeo interessante sobre expressões idiomáticas.

Quando um inglês vê uma coisa estranha, que não faz qualquer sentido como um alegado liberal estar a pedir mais investimento público transformador, diz "Oh my god! Where did the dude get this crazy idea from?"


Digamos que um tripeiro verdadeiro, vendo a ideia de mais investimento a sair da pena de um que se diz liberal iria dizer mais qualquer coisa:

Foda-se! Puta que o pariu! Então não é que o panasca quer mais merdas como essa do Mercado da Sé que só serve para as putas e os chulos mijar, a serem pagas pelo já chupado e refudido contribuinte?

Gastaram milhões no Mercado da Sé e naquela cagada na praça dos Leões e agora vão gastar mais uns milhões a demolir tudo?

Foda-se, que venha o Trump pôr ordem nesta merda pois os daqui só querem encher a puta dos bolsos.

E esse do FCP, esse Vilas Merdas, não diz que é um treinador muito bom? Porque é que o filho da puta não treina ele o FCP? Ah, já percebi, é que quem treinava era o Pinto da Costa, esse santo que já me fez vários milagres como o da minha sogra ter caído ao poço.

Vamos a ver se o Marchal Seringas põe a mão nisto.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Urânio enriquecido a 60% é perigoso mas ainda não dá para fazer uma bomba atómica

Primeiro, tenho de explicar o funcionamento da bomba atómica de Urânio.

O Urânio é um metal que tem no núcleo 92 protões e tanto pode ter 143 neutrões (U235, 0.72% dos átomos) como 146 neutrões (U238, 99.68% dos átomos). Então, o enriquecimento do Urânio é a percentagem de U235 pelo que o valor natural é de 0.72%.


A bomba vive da instabilidade induzida.

Vamos supor que tenho uma massa de urânio e que um neutrão de elevada energia atinge essa massa. 

Em média, o neutrão vai percorrer 18 mm até colidir com um isótopo.

      Se colidir com o U238, 4.0% dos átomos 'rebentam' e 66.2% continuam rápidos.

      Se colidir com o U235, 16.3% dos átomos 'rebentam' e 63.2% continuam rápidos.  

      O átomo rebentado, são produzidos 2.8 neutrões.

Assumindo que, em média, 65% dos neutrões continuam rápidos, se continuar os seguir, terei que:

     Se colidir com o U238, 8% dos átomos 'rebentam'.

     Se colidir com o U235, 32% dos átomos 'rebentam'.

Multiplicando pela 'produção' (2.8 neutões por fissão), temos:

     Se um neutrão colidir com o U238, produzem-se 0.22 neutrões.

     Se um neutrão colidir com o U235, produzem-se 0.90 neutrões.


Para a bomba explodir, tem de ser produzido mais do que um neutrão.

Aqui é que está a importância do U235. É que, quando a energia do neutrão fica menor, uma colisão com o U238 não produz nada enquanto que continua a produzir quando colide com o U235.

Então, como o U235 vai produzir neutrões com todos os neutrões lentos, teremos que vai produzir mais do que 1 neutrão.

Fazendo uma tabela em que vou variando o nível de enriquecimento em U235, mostro que é necessário ter pelo menos um enriquecimento de 86.6% em U235.

Fig.1 - O corrente é usar enriquecimento de 93.5% em U235


Mas o U235 a 60% continua a ser material muito perigoso.

Vamos supor que o Irão pegava nos 400 kg de Urânio enriquecido a 60%, rodeava-os por 1000 kg de Urânio natural, metia num míssil e enviava tudo para o centro de Telavive.

Uma vez caindo, não haveria uma explosão mas tornava-se radioactivo, é a chamada "bomba suja".

Seria muito difícil, talvez mesmo impossível, resolver o problema.


Faz-me lembrar a reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU.

Em tempos escrevi um posto em que disse ser possível a Ucrânia (ou alguém que tenha uma central nuclear) misturar 250 kg de combustível usado com 250 kg de explosivo e fazer assim, muito facilmente, uma bomba nuclear 'suja'.

Dias depois, ao ler o meu poste, o Putin pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU (isto é mesmo verdade).

O Irão tem uma central nuclear em Buxer (reactor VVER-1000) mas, como é controlada pelo Putin, torna-se muito mais difícil os aiatólas terem acesso ao material radioactivo mas mantém-se possível.

Por ser possível é que o Trump telefonou ao Putin para saber até que ponto o material radioactivo da central está seguro.

Vamos supor que o Putin dizia "Não está seguro", imediatamente, teria de haver uma intervenção militar (provavelmente da NATO) para garantir a segurança do material radioactivo.


Uma cosia é certa, U235 a 60% não serve para reactores nucleares civis.

Sim, os reactores usados para produzir electricidade usam enriquecimento inferior a 5% e os reactores compactos usados nos submarinos usam enriquecimento a 20%.

Porque razão o Irão andou a gastar rios de dinheiro a enriquecer o urânio a 60%?

O mais natural é pensar que pretende conseguir os 93.5%!

Não é preciso fazer deduções ao nível do Otávio Machado em que tudo ia parar a Pinto da Costa para o Netanyahu ver perigo nas acções dos Aiatólas.

Fig.2 - Perigo de furacona!!!!!!!!!!







quarta-feira, 18 de junho de 2025

Israel intervém no Irão a pedido do Trump para castigar o Putin

O Putin desrespeitou o Trump ao não aceitar interromper a guerra na Ucrânia.

Os ataques da Rússia contra a Ucrânia baseiam-se muito em armas enviadas pelo Irão principalmente os drones aéreos. Então, como o Trump não gosta de ser desrespeitado, colocou em marcha o plano que se repete ao longo dos séculos: cercar e estrangular as linhas de abastecimento ao tumor.

Falou com o Netanyahu e juntou-se a fome com a vontade de comer, um mata e o outro esfola.

Para o Trump, por um lado, fica mais barato e produtivo atacar a fonte do combustível do que o fogo e, por outro lado, pode continuar a ser "amigo" do Putin.

Fig.1 - Cortar as linhas de abastecimento é mais produtivo do que atacar o tumor directamente.


Não é possível Israel bombardear o Irão sem a ajuda do Trump.

Os aviões israelitas podem voar desde Israel até ao Irão mas, primeiro, precisam de atravessar países, Turquia, Síria , Iraque, Jordânia ou Arábia Saudita, que não o permitem (em termos oficiais).

Depois, os aviões precisam de ser reabastecidos o que apenas pode ser feito pelos americanos.

A distancia também ocupa os aviões muito tempo o que diminui a disponibilidade.  

Como já defendi, o mais provável é que o centro das operações aéreas seja no leste da Síria e que os aviões atravessem o Curdistão Iraquiano. Até podem mesmo estar no Curdistão mas tudo isto apenas é possível com o apoio do Trump que não precisa de autorização de ninguém para dispor do espaço aéreo sírio ou iraquiano. É que para o Trump, a força da lei internacional está na força e não na lei.

Além disso, os aviões israelitas (todos produzidos na América), precisam de protecção.

Digamos que o "dono daquilo tudo" é o Trump e que, por isso, é quem dá a autorização.


Se o Irão fechar o Estreito de Ormuz, o grande beneficiado é o Trump!!!

Os comentadores são todos (menos o Irineu Teixeira da NOW) a favor dos tiranos iranianos e associados a ponto de dizerem que a queda do regime dos aiatólas será "ainda pior do que a queda do al-Assad na Síria".

Mas os analistas pensam que estamos em 1973, quando os USA eram o maior importador de petróleo.

Hoje, os USA são o maior produtor mundial de petróleo e de gás-natural pelo que, aumentando o preço da energia, são eles os maiores beneficiados.

Os USA produzem 13.5 milhões de barris de petróleo por dia, 16% do total mundial, enquanto que o Irão produz 4,1 milhões.

Os maiores prejudicados são os países asiáticos (Japão, Índia, China, Coreia do Sul) e os europeus porque são importadores de petróleo.

Os beneficiados são os restantes produtores de petróleo, com os USA à cabeça seguem-se a Arábia Saudita e a Rússia. 

Produção e consumo de petróleo por país (dados: Wikipédia)


terça-feira, 17 de junho de 2025

No Irão, os aiatolás vão cair e a culpa é da 'operação especial' do Putin na Ucrânia.

Os comentadores da nossa comunicação social estão a tentar enganar o povinho.

Diziam que, se Israel atacasse Gaza, o Hezbolá iria 'desfazer' Israel com os seus 120 mil combatentes bem treinados, centenas de milhar de misseis e porque 'não se consegue destruir um movimento social de resistência".

Começou o ataque a Gaza à força toda, tudo arrasado, e, realmente, o Hezbolá mandou uns mísseis mas, logo a seguir, bummmm, milhares foram ter com Deus quando os pagers rebentaram junto aos tintins e o chefe, em pedaços pequeninos, ficou enterrado a mais de 30 metros de profundidade.

Resposta do Hamás? Quase, quase, quase nada.

Diziam que com o Al-Assad da Síria era diferente, que a Síria era um estado muito mais forte do que Israel, com um dos maiores exércitos do médio oriente e com experiência de 14 anos de combate.

Mas umas noites de bombardeamento e o Al-Assad caiou, literalmente. Continuam a dizer que está em Moscovo e até pode estar, mas no Panteão dos Amigos de Putin.

Agora é o Irão. Dizem os comentadores que tem milhares e milhares de mísseis mas não se vê quase nada. Se tem milhares e milhares, porque será que ainda só mandou umas dúzias deles?

"Os Aiatolás estão em contenção porque não querem ser como o Netanyahu, são pessoas de paz que, só por acidente e apenas para manter a paz, enforcam todas as pessoas que discordam".


O problema está na 'operação especial' de Putin.

É que antes de 2022, um qualquer amigo do Putin tinha um problema e logo eram enviados 50000 combatentes bem armados da Wagner. Metiam-se em aviões e, em poucas horas, controlava a situação. 

O problema é que o Zelensky triturou as tropas da Wagner em Bakmut e o seu patrão, o Prigozhin, foi mesmo executado pelo Putin por discordar das tácticas usadas na Ucrânia.

Depois, o fluxo de ajuda militar teve de ser invertida. Os mísseis do Hezbolá e do Irão tiveram de ser enviados para o Putin, deixando os "pés destapados". 

Onde estão as defesas aéreas, os famosos sistema S-300 e S-400, e os aviões de combate que a Rússia forneceu ao Irão e à Síria?

Tiveram de ser devolvidos à origem para ajudar nos bombardeamentos a Kiv (a capital ucraniana chama-se KIV em ucrâniano e KIEV em russo) .


Os aviões Israelitas actuam a partir da Síria.

É difícil voar desde Israel até ao Irão e voltar porque é muito longe. Mas os aviões israelitas estão pousados na Síria e é de lá que se lançam para atacar o Irão.

O presidente da Síria, o Ahmed al-Sharaa, sabe que a melhor política que deve seguir é dar carta branca a Israel fazendo de conta que não se passa nada. O al-Sharaa sabe que nunca teria conseguido derrubar o al-Hassad se não fossem os bombardeamentos israelitas e, por isso, mete a coisa debaixo do tapete.

Se alguém se lembra, quando al-Sharaa foi perguntado sobre a invasão dos Montes Golam por Israel, disse "Os nossos inimigos são os russos da Wagner, os iranianos das Guarda Revolucionária e o Hezbolá que enviaram tropas para nos esmagar, o povo sírio está cansado de guerras." 


Teerão tem de se render porque não tem defesas aéreas.

Quando o espaço aéreo está protegido por sistemas de defesa anti-aérea, como mísseis terra-ar S-300, as forças aéreas israelitas são obrigadas a lançar as suas bombas de grande altitude, fora do alcance dessas defesas. Isso exige o uso de munições guiadas de precisão, como a GBU-39 de 113 kg (Small Diameter Bomb), que custam cerca de 35 000 euros por unidade.

Mas o céu de Teerão está "limpo", ou seja, está sem defesa aérea, pelo que os aviões israelitas podem voar a baixa altitude e usar bombas convencionais de queda livre, conhecidas como bombas burras (como a Mk 81), com custos na ordem dos 900 euros por unidade. Embora estas bombas não sejam  tão precisas como a GBU-39, o voo a baixa altitude permite terem idêntica eficácia sobre alvos fixos e visíveis como é o caso dos edifícios que vemos serem demolidos em Gaza.

Em suma, Israel é capaz de demolir integralmente Teerão com um custo de apenas mil milhões de euros.


Por comparação, os mísseis iranianos têm um custo de 200 000 euros cada.

O Irão possui vários tipos de mísseis de cruzeiro, sendo o mais numeroso o Soumar, derivado do míssil soviético Kh-55, com longo alcance e capacidade para transportar ogivas contra Israel.

O custo estimado de um míssil de cruzeiro iraniano Soumar (ou de derivados como o Hoveyzeh) ronda os 200 mil euros por unidade.

Ou seja, pelo preço de um único míssil lançado pelo Irão (a maioria dos quais nem chega ao destino, caindo em lugares despovoados ou com palestinianos), Israel poderia largar 200 bombas sobre Teerão (deixo o que sobra para a gasolina dos aviões :-).

Cai um míssil algures em Israel, caiem 200 bombas no centro de Teerão. 

Ninguém aguenta esta desproporção.


Uma respostazinha a um cometário.

Um cometarista perguntou se "a igualdade não é uma coisa dos socialistas".

É mais uma coisa das misses mundo, tem que estar na Constituição mas não é o que se lê literalmente.

A igualdade entre as pessoas é que não podem 'separadas' por nenhum critério, não pode haver uma lei que se aplique apenas às pessoas que "têm 6 dedos em cada pé"  mas os feios continuarão a ser feios e as gajas boas a ser boas.

O princípio constitucional da igualdade é compatível com continuares a ser boa e com a contratação apenas de gajas boas para as passagens de moda.


quinta-feira, 5 de junho de 2025

Montenegro promete mudar tudo porque não quer mudar nada.

O Montenegro sentiu-se cercado pelo Passos Coelho, o CHEGA e pela IL.

A Direita tem mais de 2/3 dos deputados pelo que podia tirar da constituição tudo o que vem do período revolucionário como, dizer que Portugal caminha para o socialismo ou que o Estado tem de planear a actividade económica e o uso do solo.

O Montenegro e os suas caixas de ressonância vieram logo dizer "Nem pensar em mudar a Constituição, há problemas mais prementes para resolver".

O problema é que quem ambiciona ou pretende manter o poder não pode dizer nada mais do que prometer solo na eira e chuva no nabal.


Vou só dar um pequeno exemplo.

O Marechal Seringas disse num encontro na SEDES nos finais de Fevereiro de 2025 que vamos ter de gastar mais em defesa e que, se o dinheiro vai para a defesa, não pode ir para outro lado.

No dia seguinte, caiu o Carmo e a Trindade, teve logo que voltar ao discurso infantil de que "Aumentando a despesa em defesa, o PIB aumenta o que faz aumentar a receita fiscal e, assim, ainda aumentar os recursos para encaminhas para o estado social".

Isto é equivalente a dizer que "Comer mais aumenta o peso o que faz com que a pessoa gaste mais energia a caminhar o que, a prazo, faz com que a pessoa emagreça".

As pessoas, mesmo as lúcidas, têm de adoptar o discurso da candidata a "misse universo" que garante acabar as guerras e a fome no mundo se for eleita, "se for possível", disse o Montenegro.

Se tem experiência militar, é preciso experiência política, se é alto, é preciso ser baixo, se é sério, é preciso ser desonesto para dar um grande presidente da república.


O Montenegro não vai fazer nada por causa da mama.

Todos sabemos que a grande fonte de rendimento dos autarcas é a dificuldade em construir seja o que for, desde um prédio de 10 pisos a uma casota para o cão. É o PDM, é o regulamento das construções urbanas, é a reserva agrícola, são as zonas de protecção, são mil e um papeis, dois mil e trezentos carimbos, três mil e quinhentos emails que não são respondidos.

Até inventaram uma merda, um relatório de "eficiência energética" que quem quiser arrendar ou vender um imóvel tem de ter e que custa umas centenas de euros e que não ser absolutamente para nada, nem para limpar o cu. São mais umas centenas de euros para um engenheiro amigo que faz aquilo em 5 minutos (é só meter o nome num documento pré escrito).

Para obter a licença de habitabilidade também é preciso dar qualquer coisa senão o fulano diz que é preciso demolir não sei quantas coisas e acrescentar mais outras para ficar conforme o projecto inicial.


Nós somos um país de empata fodas.

O Montenegro disse que vai mudar tudo, acabar com a burocracia mas, logo a seguir, avança com "desnecessária".

Mas toda a burocracia foi criada e existe porque é necessária a alguém. Ninguém ouviu as escutas que circulam por ai de autarcas a receber luvas para fazer avançar os projectos?

É para isso que existe a burocracia, toda a gente quer comprar apartamentos por 750 000 € e o ordenado não chega. Quem vive de um salário nunca pode juntar uns dinheiritos que tem espalhado pelas contas ou pedir uma ajuda aos pais e conseguir uma soma de 750 000€.

"Tenho uma pós graduação da Sorbone nisto ou naquilo, trabalhei sempre muito e a minha mãe tinha 5 milhões de contos, não euros, no cofre."


Estranhamente, o CHEGA e a IL surgiram prometendo mudanças e passaram de 2 deputados para 69 deputados.

O CHEGA e a IL são muito semelhantes nas ideias mas o discurso é muito diferente e, por isso, até parecem antagónicos.

Ambos defendem o primado da liberdade individual face ao interesse colectivo, face ao socialismo, e isto é distintivo do que existia e fundador de um pensamento que tem o Consenso de Washington como guia e o Presidente Milei como a última experimentação real.

A IL não desenvolve nas eleições porque tem medo de dizer, claramente, o que defende.


Estes 69 deputados querem mudança.

A que somamos a marretado do Passos Coelho de que não interessa o PSD ganhar se é para continuar a empatar, continuar o reinado socialista do António Costa de empatar pois, no caso dele, resultou numa maioria absoluta mas que durou apenas meses.

Lembram-se do desejo do Cavaco Silva? "Desejo que faça mais com a sua maioria absoluta do que eu fiz com a minha".

E fez mais, arranjou um tacho chorudo, salário acima dos 32000€ por mês LÍQUIDOS pois os funcionários de Bruxelas não pagam IRS, na conta bancária, mais ajudas de custo.

Mas o CHEGA quer sangue, quer mudar tudo e o Montenegro sentiu-se obrigado a atirar uma cortina de fumo, "Eu é que vou mudar tudo".

Meu menino, mais depressa mudas toda a água do mar para a tua cova do que o Montenegro muda seja o que for.


segunda-feira, 2 de junho de 2025

Rui Rio, Marechal Seringas e Vingança

Eu já disse muito mal do Rui Rio.

Mas, pensando bem, já disse mal de muita a gente. Numa análise de consciência profunda posso mesmo afirmar que, se (por engano) disse bem de quem quer que fosse, logo a seguir o injectei com o meu veneno linguístico.

Naturalmente, também disse mal do Rui Rio e do Marechal Seringas.


O problema é que os políticos são como os alimentos.

Há muitos alimentos diferentes que se separam por preço, sabor e impacto na saúde e não há nenhum alimento perfeito no sentido de que seja em simultâneo barato, saboroso e saudável.

Um político concreto também não é perfeito, nem o poderia ser porque cada pessoa tem uma opinião diferente sobre o que é o político perfeito. Sendo assim, cada um de nós tem de se contentar com o menos mau dos candidatos.


No caso das eleições presidenciais, temos candidatos muito fracos.

O Marques Mendes é uma nódoa, o Seguro é um zero, e nem vale a pena imaginar como serão os eventuais do PC e do BE.

Da IL só pode sair um gato assanhado daquele saco em constante revolta interna (já parece um partido marxista-trotskista-leninista-maoista).

O CHEGA não vai avançar com nenhum candidato.

Fica o Marechal Seringas que não é perfeito mas que é muito melhor do que os "principais" candidatos, que o Mendes e o Seguro juntos.


Será que o Rui Rio é mandatário para se vingar do Marques Mendes?

Eu sei por experiência própria que as pessoas são vingativas. Se alguém diz não lhes lambe as botas, logo sofre consequências nefastas. E sendo o Rui Rio uma pessoa média, naturalmente que tem pensamentos vingativos, a famosa frase portugueses "Quando te apanhar a jeito, vou-te foder."


Mas no concreto da situação, o argumento do Marques Mendes não bate certo. 

Então o Rio quer-se vingar de o Marques Mendes não concordar com ele enquanto líder do PSD e agora o Rio não pode discordar do Marques Mendes enquanto candidato a Presidente?

Será que, quando Cristo voltar à Terra, as galinhas tiverem dentes, os porcos andarem de bicicleta e o Marques Mendes for Presidente, tudo em simultâneo às 8 horas da manhã do dia de São Nunca à tarde, vai-se vingar do Rio?

Fig. 1 - Hoje vais levar tau-tau, vou-me vingar.

E vamos pensar que é mesmo para se vingar.

Afinal, isso só mostra que o Marques Mendes está a ver no Rio uma capacidade extraordinário e que não existe: pensa que vai perder porque o Rui Rio é mandatário do Marechal Seringas!

O Marques Mendes é tão asno que ainda não percebeu que quem vai levar o Marechal à vitória é  ele próprio Mendes. O homenzito é tão mau, tão mau, diria que é pior do que muito péssimo, que, num combate mano a mano, levará qualquer um à vitória.

Numa eleição em que, por um lado, estivesse o Marques Mendes e, do outro lado, o Tino de Rãns, eu iria votar diligentemente no Tino. Não falta experiência política ao Tino (já foi directamente eleito pelo povo para presidente de uma merda qualquer) e é sério, sempre viveu ajustando as despesas ao seu salário de calceteiro. 

O Tino (o Marchal Seringas e o Rui Rio), vivem com o que a vida lhes deu, não é como essa corja que, sem qualquer competência extraordinária, escudados no estatuto de advogado (que em árabe se diz 'ibn muamed ali al-draban'), num curseco de 'pós-graduação' e nas empresas da mulher ou dos pais, vivem principescamente à base de coisas que não rendem nada aos outros não políticos com igual currículo.


O PS ainda não sabe o que lhe aconteceu.

É que no PS já acham totalmente natural vir um esquerdista dizer ao povinho que vive com enormes dificuldades em pagar o condomínio quanto mais a prestação da sua casa num subúrbio manhoso, que comprou casas no valor mais de um milhão de euros porque foi ajudado pelos pais.


O André Ventura vive em 30 m2.

Os esquerdistas vieram dizer que, afinal, o apartamento tem 74 m2 e não os 30 m2 anunciados pelo André.

Mas temos de ver que a área que diz na matriz inclui, além da área do apartamento, a área das zonas comuns (escadas, corredores, elevador) e das paredes. Por exemplo, quando em 1993 comprei um ardarzinho para os meus pais e irmãos mais novos não terem de viver numa barraca, na matriz dizia "118 m2") mas, de facto, a área útil dentro das paredes tinha apenas 67 m2 de área, isto é, de área da cozinha, sala, corredor, casas de banho e quartos somada.

Por isso, acho mais do que natural que os 74 m2 brutos se reduzam a 60m2 úteis dentro do apartamento. Acrescenta que vivem lá duas pessoas pelo que o André apenas tem 'direito' a metade da área.

Se dividirmos os 60m2 por duas pessoas, dá exactamente, 30 m2 como o espaço habitacional usado pelo André.


Seria como um imigrante a viver numa pensão.

Vamos supor que a pensão tem uma área de 1200 m2 de área bruta, com 100 quartos onde vivem 600 imigrantes, 6 em cada quarto. 

Acham lícito um qualquer vir dizer "este imigrante diz que é pobre mas vive numa casa de 1200 m2"?


Esta é a resposta que o PSD precisa para compreender como a Constituição não serve.

Houve um debate qualquer onde o do CHEGA disse ser necessário alterar a Constituição e logo o do PSD atacou com uma pergunta de algibeira "O que alteraria na Constituição para resolver o problema da habitação?"

O do CHEGA patinou mas eu vou responder.


O problema da habitação está no Art. 65.º - Habitação e Urbanismo da CRP.

Artigo 65.º-Habitação e urbanismo

1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.

Ao 'garantir o direito' a uma habitação com determinadas características, abre a porte a ser proibido a pessoa ter uma habitação em acordo com os seus rendimentos. Se uma pessoa ganha para comer frango, não pode o estado proibi-lo de comer frango sem lhe dar nada porque 'tem direito a comer caviar'.

Qual o ganho que têm os 20 imigrantes do Bangladesh que o Comunista Moedas proíbe de viver numa cave de uma loja? Se eles estão lá e se a Câmara não lhes dá melhor é porque é o melhor que podem para os rendimentos que têm.

Não é preciso proibir que as pessoas vivam debaixo de água.

E qual é o prejuízo para os outros de essas pessoas viverem à lota? Nenhum. Querem-nas como sem abrigo, a viver cobertos com papelões, a tomar banho e a fazer as necessidades maiores e menores no passeio?

4. O Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais definem as regras de ocupação, uso e transformação dos solos urbanos, designadamente através de instrumentos de planeamento, no quadro das leis respeitantes ao ordenamento do território e ao urbanismo, e procedem às expropriações dos solos que se revelem necessárias à satisfação de fins de utilidade pública urbanística.

Planeamento é uma coisa dos comunistas. Cortar isto e acabar com o PDM. Se alguém quer construir uma casinha, o direito à habitação deve valer contra o direito dos comunistas fazerem planeamento.

 

E o art. 66.º tem mais problemas.

É só proibições com o argumento do bem comum.

O principal é o bem privado e, depois, naturalmente, uma pessoa não vai poder construir uma casa no meio de uma auto-estrada mas tem de a habitação ser protegida relativamente às florestas ou à agricultura.


E há muitos mais problemas espalhados um pouco pelo texto.

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