O Benfica perdeu a final da Taça.
Em tempos, quando o Pinto da Costa era o Papa, eu ficava incomodado quando o FC-Porto perdia ou outro clube ganhava mas, desde que o Papa se foi, até gosto mais que o FC-Porto perca.
Não é nada conscientemente pensado, foi a minha mente que mudou a sua forma de ver o mundo sem nada me perguntar.
Muitas vezes questiono-me "Porque será que os meus sentimentos mudaram?", talvez seja uma doença semelhante ao Amor em que, sem racionalidade, alguém passa a não poder viver sem a companhia de uma outra pessoa muitas vezes cheia de defeitos que achávamos intoleráveis.
Mas vamos ao que interessa, ao final do jogo da final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Benfica.
Há um vídeo que mostra que, nesses momentos finais, e segundos antes de o Sporting empatar o jogo, o Matheus Reis pisa a cabeça do Belloti.
O que diz o protocolo do video-árbitro?
Fui à Federação Portuguesa de Futebol ver quando é possível o video-árbitro intervir no jogo e existem apenas 4 situações:
1 = Quando há uma falta ou fora de jogo num lance de golo.
2 = Numa decisão errada na atribuição ou não atribuição de um penálti.
3 = Sempre que o árbitro não utilize o cartão vermelho na ocasião devida.
4 = Quando o árbitro sanciona o jogador errado.
Claro que os benfiquistas defendem que a situação se enquadra no ponto 4 mas ...
Depende tudo da certeza quanto a ter havido intenção e intensidade.
É que, para ser vermelho directo, tem de haver intenção e intensidade.
Acontece que o Matheus Reis está apenas sobre um pé e está desequilibrado. Sendo assim, o outro pé vai ter de pousar no chão. Acontece que não há forma de o video-árbitro ter a certeza de que o pé pousou deliberadamente na cabeça do Belloti. Que o pé poderia ter pousado noutro sítio qualquer mas que a mente do Matheus decidiu e comandou o pé para que pousasse na cabeça do Belloti.
Depois, tem a ver com a intensidade. Sendo certo que o Pé caiu sobre a cabeça do Belloti, se a intensidade fosse razoável, como a cabeça é muito vascularizada e as chuteiras têm pitons, teriam havido derramamento de sangue, o que não se verificou. O Belloni apenas esfregou a cabeça e continuou como se nada tivesse acontecido.
Se o video-árbitro não tinha a certeza...
Não podia intervir.
Um jogo de futebol não é uma tarde passada no lar da terceira idade a fazer croché.
É um jogo em que se movimentam milhões de euros, em que a paixão está na sua intensidade máxima, onde as amizades estão suspensas. Juntando isto a pessoas fisicamente muito preparadas, os incidentes podem acontecer.
Claro que está lá o árbitro para regular o combate e, nesta situação, deveria ser falta e o jogador ver, pelo menos, um cartão amarelo, mas o problema não esteve nesta falta mas no facto de, decorridos, alguns segundos, o Sporting ter empatado e, no prolongamento ter ganho.
O Benfica não pode agarrar-se a este eventual erro na perda do Campeonato e da Taça de Portugal, tem que se convencer que o Futebol é um jogo de competência mas também de sorte e azar.
Uma bola que vai ao poste e que poderia ter entrado e vice-versa.
Um jogador importante que se lesiona, nosso ou da concorrência.
Um árbitro que erra a favor ou contra.
Um jogador que perde a cabeça.
Já repararam que ninguém vai ver os jogos em que a vitória é certa?
As equipas de futebol vivem do dinheiro que angariam e, estranhamente, quando a vitória é certa, a facturação diminui.
As pessoas não se interessam pelo jogos em que os mais fortes ganham sempre, onde não há a emoção do risco e, em consequência, não há facturação.
Imaginemos, como o Benfica pretende fazer valer, no Euromilhões ganhava sempre a aposta com o número maior. Seria a aposta com os números 46, 47, 48, 49 e 50 e as estrelas 11 e 12. Acham que haveria apostadores?
Já imaginaram os praticantes de desportos de combate queixarem-se de agressão?
Dar murros, atirar ao chão, rasteirar, dar pontapés nas pessoas é crime. Já imaginaram sempre que alguém perde um combate de boxe, judo ou luta livre queixar-se ao Ministério Publico de agressão?
Estes desportos acabavam.
Quando um atleta entra nisto, aceita as consequências.
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