quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A redução do desemprego não existe

Os meios de comunicação social não param de anunciar que, nos últimos dois meses, houve uma redução do desemprego. Mas isto não corresponde à verdade. De facto, houve um aumento de 20 mil o que traduz o acelerar da velocidade de perda de emprego.Vejamos porquê.

A estatística.
A quantificação da taxa de desemprego é complexo porque lida com a vontade das pessoas (se, ao salário de mercado,  pretendem trabalhar mais).
Por exemplo, uma pessoa que trabalha 30h/semana e está à procura de um part-time para trabalhar mais 15h/semana, está 33% desempregada. Outra pessoa que não trabalha porque não quer trabalhar, não está desempregada.
Assim, ninguém sabe em concreto qual a taxa de desemprego.
A Estatística é uma ciência que permite medir fenómenos complexos. Mas os números obtidos pela estatística não são exactos mas apenas tendências.
Por exemplo, dizer que as pessoas que fumam têm uma probabilidade em 50% superior à média de morrer de cancro do pulmão não quer dizer que eu, se fumasse, ia morrer de cancro do pulmão. É apenas um tendência.

O Desemprego.
As variáveis económicas oscilam ao longo do ano, é a sazonalidade. Por exemplo, no verão vendem-se mais gelados que no inverno. No caso do desemprego, acontece o mesmo: no segundo trimestre do ano há menos desemprego que na média:
1.º trimestre   2.º trimestre    3.º trimestre   4.º trimestre
      101%            96%               100%            104%
Como nestes meses muita gente quer gozar férias, por um lado, menos pessoas procuram trabalho e, por outro lado, há necessidade de contratar bastantes pessoas para as actividades de verão.
Entre o 4.º trimestre e o 1.º trimestre, o desemprego diminui 2.3% e entre o 1.º trimestre e o 2.º trimestre, o desemprego diminui mais 5.6% motivado apenas pela a sazonalidade. Sempre que a diminuição é menor que estes valores médios, o desemprego aumentou.
Mas esta diminuição não traduz nenhuma redução do problema do desemprego.

O desemprego aumentou em 20 mil
Se a taxa de desemprego no primeiro trimestre foi de 12.4%, para haver diminuição teria que no segundo trimestre ficar abaixo dos 11.7%. No entanto, ficou-se pelos 12.1% pelo que houve um agravamento de 0.4pp.
O desemprego reduziu para 605 mil pessoa e deveria ter reduzido para 585 mil pessoas. Em termos de tendência, no espaço de um trimestre, o desemprego aumentou em 20 mil pessoas.
Este número traduz uma aceleração do desemprego. Nos últimos 10 anos, em média, o número de desempregados aumento 10 mil por trimestre e neste último, a tendência foi de aumento em 20 mil.
A coisa está a ficar cada vez mais preta.

O governo
Não disse nada o que já é uma diferença para com o Sócrates que todos os anos nos massacrava com a redução dos primeiros 6 meses do ano para se calar com os aumentos dos últimos 6 meses.
Mas esse dava para ir governar a Madeira. Os dois lá, eram como unha e carne.
Vamos então aguardar. Que remédio.

A Madeira.
É a Troika, é a maçonaria, é o socialismo, é a falta de vergonha.
É a prova provada que vamos a caminho ao abismo.
Mais vale chamarmos o Kadaffi, que está no desemprego, para nos governar.

Pedro Cosme Costa Vieira

terça-feira, 30 de agosto de 2011

É preciso dar uma passo atrás

A Europa vive em crise e, contrariamente ao defendido por alguns, é preciso dar um passo atrás.
Neste post vou justificar o porquê de a estabilização da União Europeia obrigar a alterar a estrutura da Zona Euro: os PIIGS têm que sair.


Guerra e paz.
A tendência dos povos é oscilar entre a guerra e a paz.
No período de paz a economia desenvolve-se e os povos melhoram o seu nível de vida.
No período de guerra a economia regride e os povos pioram o seu nível de vida.
Como a guerra prejudica o agredido e o agressor, é irracional que os povos não levem uma perene convivência pacífica.
Onde estará a racionalidade da guerra?
Todos os dias há noticias de novas guerras pelo que tem que haver uma racionalidade nisso.
Em 1928 um economista, Cournot, começou a desvendar este mistério ao criar o conceito de comportamento estratégico.

Teoria do Monopólio Bilateral.
Vamos supor que existe o indivíduo A que tem 100€ que tem que dividir com o individuo B. Se B não ficar contente com a divisão recusa-a ficando ambos sem nada.
A lógica indica que se o A oferecer 5€, o B aceita porque é melhor que ficar sem nada.
Mas o B tem o poder de chantagiar o A ameaçando que ele vai perder tudo.
O B tem que criar a reputação de que é invejoso.

Será bluff?
Um assaltante entra num banco e diz "abra o cofre ou eu mato-o".
Se o bancário se recusar a abrir o cofre para que é que o assaltante o vai matar?
Depois de morto, de certeza que não abre o cofre.
É uma questão de reputação.

66/33
A evidência empírica indica que a maioria dos indivíduos não aceita uma divisão inferior a 33%.
Quando existe na sociedade um grupo social com um rendimento inferior a 50% da mediana dos rendimentos (o tal limiar de pobreza relativa), esse grupo torna-se violento, deixando de respeitar as normas sociais vigentes.
É esta a razão para a violência observada nos subúrbios das cidades europeias. Já que os mais ricos não nos dão parte significativa do seu rendimento, vamos destruir tudo, inclusive, o pouco que temos.
Uma sociedade não se torna instável por ser heterogénea. Antes, os indivíduos desfavorecidos têm que formar um grupo, por exemplo, os ciganos, os africanos, os judeus, os brancos, os russos, os Alcaidistas.

A moralidade imoral
Os desfavorecidos entranham-se de uma nova moralidade.
     Ladrão que rouba a ladrão tem 100 anos de perdão.
     Roubar para comer não é pecado.
     Deus criou o melro com a missão de roubar para dar de comer aos filhinhos.
     Roubar aos ricos para dar aos pobres é heróico.
     Pecado é roubar e não poder carregar.
     Deus quando criou o Sol foi para todos.
     Desenrascar é próprio do português.

Como se resolve este problema?
Dentro de um país a sociedade tem que ser homogénea.
Então, no fim da I Guerra Mundial a Sociedade das Nações procurou acabar com os Impérios e substitui-los por Estados - Nação. Ainda hoje é essa a filosofia das Nações Unidas.
Pensava-se que a guerra acabaria quando cada povo tivesse um país para governar.

Mas a guerra continuou.
Porque dois povos não podem ser vizinhos e coexistir em paz se um tiver um rendimento muito superior ao outro. Mesmo que o rico não queira imperar sobre o pobre, o pobre ameaça o rico da destruição.
É esta a estratégia da Coreia do Norte.
É esta a estratégia dos PIIGS quando dizemos que vamos destruir o Euro.
À sua pequena escala, é esta a estratégia do Alberto João quando diz que a Madeira quer ser independente.
Força. Já havia de ter sido em 1974.
O que está a acontecer na União Europeia.
A ideia que levou à criação da União Europeia foi que, diminuindo as diferenças no rendimento dos países europeus, diminuiria a probabilidade de aparecerem novos conflitos bélicos.
Enquanto os países menos desenvolvidos receberam rios de dinheiro dos países mais desenvolvidos, as coisas funcionaram bem. O problema começa a surgir quando o desempenho económico da UE piora. Nos últimos 10 anos, o rendimento disponível nos 5 grandes países da UE têm crescido a uma taxa inferior a 1% por ano.
Alemanha: 0.9%/ano; RU: 0.8%/ano; Espanha: 0.7%/ano; França: 0.5%/ano;  Itália: -0.4%/ano.
(PIB per capita, paridade do poder de compra, preços constantes, fonte: Banco Mundial)
Agora, os povos mais desenvolvidos não querem transferir rendimento para os menos desenvolvidos.

Qual a solução para ultrapassar a crise?
Como justifiquei, já não parece um acaso que a crise seja mais grave nos países que adoptaram a moeda única. O caminhar para maior integração leva a que os povos menos desenvolvidos se sintam dentro de um império tornando-se mais ameaçadores da estabilidade.
A solução terá que ser diminuir a integração e não aumentar.
Insistir em maior integração avançando-se para uma governação económica à escala da Zona Euro, é traçar o fim da União Europeia.

Pedro Cosme Costa Vieira

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os nossos governantes são mesmo burros

O Krugman pregava que Portugal tinha que aumenar o investimento público, e o Sócrates aplaudia e vinha aquele do olhinho fechado e o delfim dele, o Medina, bater palmas e chamar-me burro.
Vinha aquele da câmara de Lisboa, o Costa,
-aí que esses catastrofistas são uns burros, o Kruman e o Stiglitz que são Premio Nobel sabendo muito mais que esses burros, dizem que descer salários e cortar no investimento é uma barbaridade.

É preciso ser pedagógico.
Um cigano fazia pequenos furtos a um vizino. Umas maçãs, uns pepinos, nada de monta mas chateava.
Certo dia pensou que estava errado e foi falar com o vizinho:
-Aí, sr. vizinho, desculpe-me que eu tenho-lhe roubado umas coisas, mas não volta a acontecer.
- Deixa  lá pá. Não precisas mudar de vida - disse o vizinho 
O cigano acredito e nessa mesma noite foi roubar mais umas coisita. Tentar. Pumba, pumba, chumbou com dois tiros de caçadeira entre os olhos. Emendou-se de vez.

O Krugman foi igual.
Não é preciso fazer isso, gastem mais, invistam em mais TGVs e outras trampas.
Agora vem com os dois tiros de caçadeira entre os olhos:
Portugal está em bancarrota.
Portugal é o pior da Zona Euro
Portugal tem que sair do Euro

Mas isso já eu tinha dito.

Secalhar agora é torcer a orelha e ver que os burros é que sabiam o caminho.

Pedro Cosme Costa Vieira


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Querem uma linha de comboio de carga desde Sines até Madrid. Asneira.

O Salazar, quando pensou no Porto de Sines, estava maluco. Imaginou, nos anos 1930, Portugal como o maior império do Mundo, isolado, onde o transporte marítimo faria a ligação entre a metrópole e as pérolas do império. Evidentemente que estava maluco e, além do mais, já passaram 80 anos. Na altura não havia aviões nem camiões TIR.
Nos dias de hoje pensar que Sines vai ser a porta de entrada da Península Ibérica é continuar essa loucura.

A ideia parecer correcta mas a pior das ideias erradas é aquela que parece estar certa.

Primeiro, pensar que, por Sines ser um porto de águas profundas é uma vantagem que vai garantir sucesso ao porto, é não querer ver que os petroleiros descarregam nas bóias e que, com a reabertura do Canal do Suez, os barcos de contentores já não precisam deste tipo de portos. É viver de memórias.
Segundo, Madrid é servido pelo Porto de Valência que dista apenas 350 km em auto-estrada sem portagem. A distância de Sines a Madrid são 660 km, 90% em auto-estrada, mas as portuguesas têm portagem.


Terceiro, 0 transporte ferroviário de contentores não é competitivo relativamente ao transporte em Camião TIR. O Camião carrega o contentor em Sines e leva-o até ao destino, por exemplo, na Zona Industrial de Valadolide. De comboio, tem que fazer não sei quantos transbordos, paragens e esperas.
Quarto, Portugal gastou milhares de milhões de Euros em auto-estradas pelo que não pode agora fazer novas infra-estruturas para lhes retirar movimento. O guterrismo-socratismo cometeu a loucura de fazer auto-estradas onde não viaja ninguém. Este governo quer retirar das auto-estradas o pouco transito que têm. E depois quem as vai pagar? Mais impostos.
Pensar que Sines, com ou sem linha de caminho de ferro é alternativa a Valência, é de uma loucura. Vai ser enterrar mais uns milhares de milhões de euros num projecto que não tem qualquer viabilidade.

No fundo, os governantes são todos iguais: a principio parecem competentes. com o passar do tempo ve-se que têm competência duvidosa, que decidem com base em pareceres errados e que querem mostrar obras megalómanas sem utilidade nenhuma.

Pedro Cosme Costa Vieira

domingo, 14 de agosto de 2011

Cinco questões de um comentarista


Estive a ler um comentário com umas questões muito pertinentes.
Se os amigos me colocarem dúvidas, torna-se mais fácil eu encaminhar o meu pensamento para as vossas dificuldades. Obrigado.

Questão 1. Antes, no tempo do escudo, as nossas notas perante o endividamento externo iam para o Banco Central de Portugal. Hoje vão para o estrangeiro. Que diferença faz?
A liquidez diminui menos por irem para o Banco Central de Portugal?

Resposta 1: Não era no endividamento porque ninguém emprestava dinheiro em escudos. Quando alguém queria divisas entregava as notas de Escudos ao Banco de Portugal (que as trocava por Divisas) mas não ficava, necessáriamente, lá. Vendo que a quantidade de escudos em circulação tinha diminuido, o BC re-injectava essas notas em circulação pela compra de Titulos do Tesouro aos bancos (operações de Open Market) o que levava à diminuição da taxa de desconto (a extinta LISBOR). Quando a taxa de inflação estava abaixo do objectivo, o BP injectava mais moeda em circulação e, no caso contrário, o BP retirava moeda de circulação (subia a LISBOR). Este mecanismo de esterilização é independente da quantidade de reservas de divisas que eram controladas pela cotação do Escudo.

Questão 2. A diminuição da liquidez com o euro é mais rápida porque? Se sim, não deveria facilitar o ajustamento pela via da deflação?

Resposta 2: Com os Euros, o BCE tem em atenção no nível médio de liquidez (inflação) em toda a zona euro pelo que não consegue controlar a liquidez num país periférico e de pequena dimensão como Portugal. O BCE não pode injectar moeda só em Portugal porque ela caminha para outros sitios, fazendo aumentar a inflação média da zona euro. Isso violaria o seu mandato de estabilidade dos preços.
Realmente a quebra de liquidez induz uma diminuição dos preços. Mas os preços diminuindo, os salários reais (dados pelos salários nominais a dividir pelo nível de preços) aumenta, levando as empresas à falência.
Como os salários nominais não podem descer e o mercado de trabalho não é flexivel, a diminuição da liquidez leva ao desequilíbrio interno da economia: o desemprego explode.

Questão 3. "Guardar moeda é, em termos económicos, igual a emprestar as nossas poupanças porque o Banco Central (ver, cambista) acomoda a minha poupança emitindo exactamente a mesma quantidade de nova moeda." Como funciona isto?

Resposta 3: O BC mede, via taxa de inflação, a quantidade de moeda em circulação. O BC tem várias variáveis que observa todos os dias (compras de aço de construção, cimento, adubos, portagens nas auto-estradas, chamadas telefónicas, consumo de electricidade, EURIBOR, etc.) e com isso constrói uma estimativa das necessidades de liquidez da economia. Observando uma diminuição da liquidez, injecta moeda e, caso contrário, retira moeda.
A liquidez aumenta com a quantidade de moeda em circulação e diminui com o entesouramento dos particulares (diminuição da velocidade média de circulação)

Questão 4. Não poderia fazer uma discussão/ensaio sobre o interesse e as vantagens de Portugal em ter uma moeda forte como o euro ou mais fraca como o escudo. Não é esta uma das questões mais importantes?

Resposta 4: A moeda ser forte ou fraca tem apenas a ver com a taxa de inflação do país que tem essa moeda. Se houver inflação, a moeda não pode ser usada como reserva de valor (porque desvaloriza) pelo que se diz fraca.
Portugal pode ter Escudo e ser uma moeda forte. Mas para se construir uma reputação de que não vai haver inflação, é preciso um historial de muitas décadas com inflação baixa.
O Euro é uma moeda forte porque a Alemanha e a Fraça dão-lhe essa reputação: nos últimos 50 anos, estes países tiveram uma taxa de inflação baixa e, se perguntarmos na rua, a grande maioria dos povos destes países é a favor desta política monetária.
Quantas pessoas importantes portuguesas aparecem na televisão portuguesa a pedir maior taxa de inflação? na Almanha não existe ninguém que o afirme.

Qual o interesse de uma moeda forte?
Em termos teóricos, não existem vantagens nem inconvenientes em ter uma moeda forte. O importante é que a taxa de inflação seja constante. Se variar, os investimentos de longo prazo passam a ter um risco acrescido pelo que há uma tendência para que não se realizem.
A evidencia empirica diz que os Estados que permitem uma taxa de inflação elevada têm menos rigor em manter essa taxa de inflação estável. Por isso, os agentes económicos localizados em Estados com taxa de inflação mais elevada têm que pagar taxas de juro reais mais elevadas pelo que o investimento e o crescimento económico fica menor.

Os USA, onde as pessoas têm um poder de compra 50% superior ao da União Europeia, desde a independencia em 1776 que têm um Historial de inflação baixa. Por exemplo, nos últimos 100 anos (em que travaram 2 guerras mundiais), a taxa de inflação média foi de 3.25%/ano e nos últimos últimos 25 anos foi 2.93%/ano.
O USDólar é a moeda de referência em todo o mundo porque mais nenhum país do mundo tem um historial de inflação baixa minimamente comparável.

Questão 5. Relativamente ao endividamento do cambista, é possível os Bancos centrais endividarem-se de qualquer maneira? Não são assistidos ou acompanhados por nenhuma entidade de supervisão?

Resposta 5: Os países são livres de conduzir a politica monetária que quizerem. Quando o BC conduz cambios flexiveis desvalorizando quando há defice corrente e valorizando quando há superávite, a situação é estável, sendo a moeda convertível. Isto funciona mesmo em países muito pobres.
Um regime de cambios flexiveis bem governado precisa de reservas de divisas pelo menos na ordem do valor das importações de 6 meses.
Por exemplo, Moçambique importa 4.8MM€ por ano pelo que deve ter pelo menso 2.4MM$ em divisas.
Como moçambique paga uma taxa de juro elevada (>10%) estas divisas seriam um encargo grande. Então, se o BCM se comportar adequadamente, o FMI empresta este dinheiro sem cobrar juros.
Depois, o FMI dá aconselhamento técnico quanto às políticas monetárias e de câmbios.

A generalidade dos governantes pensam que o trabalho do BC é uma brincadeira. Se o broquista more que é economista pensa isto, imagine como será dificil convencer o Chaves de que a governação do BC é uma ciência.  Nestes caso de má governação, o BC fica sem reservas, a moeda deixa de ser convertível e as reservas do BC têm que ser compradas.

Pedro Cosme Costa Vieira

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Quanto vale um aluno de 10 valores?

Estimados amigos,
Andam por ai às voltas com as notas a matemática e a português serem negativas.
A questão que os avaliadores têm que responder é quanto vale um aluno de 10 valores.
Não deve valer nada.
Uma pessoa que saiba falar português com apenas uma calinada aqui e outra acolá, tem que ter 10 valores. A escola tem que construir cidadão integrados, válidos e produtivos não é poetas e trovadores.

Metade da população tem uma inteligência abaixo de 100
Ou estas pessoas ficam com a terceira classe, ou a escola é inclusiva como nos países mais desenvolvidos e faz o melhor possível com estes cidadão. Se fizemos como o Hitler que os matava, aí sim, podíamos ter uma escola só para a elite. Mas não pode ser assim.
O 10 deve ser entendido como uma medalha dos paraolímpicos. Uma medalha na maratona quer dizer que sabe caminhar. Anda muito mais depressa que um acamado. Óptimo.
Antes que tudo, a escola tem que valorizar os indivíduos que tem para que se tornem trabalhadores mais produtivos, mais criativos, cidadão mais integrados, mais felizes mais do que são e não os melhores do mundo.

Para que serve aprender português?
Um dia fui arguir uma tese a Coimbra e o orientador era grego. Dizia ele, para que é que eu perdi tempo na escola a aprender grego? Para que é que se perde tempo a ensinar português? É a língua materna, cada um aprende por si. Temos que ter aulas é de inglês e de outras línguas estrangeiras.
Fala mal? faz parte da cultura, é um regionalismo. É mesmo assim.

As notas deveriam ser assim
Criou-se a norma de que o aluno com 10 tem aprovação. Então, como Deus tem inteligência infinita e os homens têm a que têm, as notas devem ser adaptadas à humanidade. O vinte está lá para reconhecer os alunos que são muito bons. E esses representam 10% da população.
Deveria ser uma distribuição normal mais ou menso com  média 15 valores e o desvio padrão 3.33 valores.
Em 10 mil alunos, deveria haver as seguintes notas:

Nota:      5         6          7             8              9              10           11           12
Alunos:  23       34       72           141         251          410         613         840
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Nota:       13           14           15            16             17           18           19           20
Alunos:  1049     1200       1254       1200        1049         840        613         410

Que fazer aos alunos com negativa
Esses 10% de alunos com negativa deveriam ter ensino personalizado e não voltar a assistir a aulas nas quais não compreenderam nada. Isso só cria frustração e violência.

A menina fala português? Vi logo que não. Não me safo.

Pedro Cosme Costa Vieira

sábado, 6 de agosto de 2011

Teria o Cavaco razão?

O Cavaco foi mesmo escutado.
Quando se soube, em 2009, que o Cavaco pensava estar a ser escutado desde 2008, eu, e toda a gente, julguei-o louco. Refugiou-se na Madeira, tipo a série 24horas, e não parecia dizer coisa com coisa. Parecia estar alzheimado.
Mas agora, depois de se saber que o chefe das secretas escutava quem bem entendia e dava a informação a quem pagava mais, começo a acreditar que o homem tinha razão.

Fig. 1 - Venha o bolo-rei

É uma situação gravíssima
As secretas terem uma agenda própria e responderem a interesses privados é extremamente grave.
E desculpar com o argumento de que existem empresas portuguesas estratégicas que precisam de informações confidenciais que o Estado pode fornecer, é um porreirismo gravíssimo.
Existe um Estado de Direito que tem que responder perante todos. E esse Estado tem que respeitar a lei em todas as circunstâncias. Não existem interesses que possam justificar a preversão do Estado de Direito.
Senão, é o salve-se quem puder:
O Estado escuta porque tem interesse e depois os particulares o que fazem? Matam?

Nunca esteve em causa o interesse do Estado
E as pessoas? Quem protege os indivíduos dessa máquina do Estado?
Quando uma pessoa é prejudicada, automaticamente, estão prejudicados os interesses do Estado.
Ou nós não contamos para nada?

Terá sido cometido algum crime?
Dando uma vista de olhos pelo código penal, os acontecimentos traduzem mais de 10 tipos diferentes de crimes:
1. Devassa e transmissão de segredos (art.s 192 a 197 do CP)
2. Violação de Segredo de Estado (art. 316 do CP)
3. Atentado contra a liberdade do Presidente da República (art. 327 do CP)
4. Tráfico de influências (art. 335 do CP) 
5. Descaminho de documentos colocados sob poder público (art. 355 do CP)
6. Suborno (art. 363 do CP)
7. Corrupção (art. 373, 374 do CP)
8. Peculato (art. 375 e 376 do CP)
9. Participação económica em negócio (art. 377 do CP)
10. Abuso de poder (art. 382 do CP)
11. Violação de segredo (art. 383,384 do CP)

Fig. 1 - Eu sou uma jovem boa e inocente

Pedro Cosme Costa Vieira

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O buraco dos transportes públicos, públicos

As empresas públicas de transportes públicos não são geridas de forma racional.
E todo o problema começa em serem cobrados preços menores que os custos reais de produção dos transportes. Este "subsídio" obriga a haver uma densidade de rede superior ao que seria socialmente óptimo.
Por exemplo, os autarcas exigem a linha de caminho de ferro do Tua porque o preço das viagens é menos de 1% do do custo que se eleva a várias centenas de euros por passageiro transportado.
Sem se experimentar um preço igual ao custo, nunca se pode saber qual o valor social da existência da linha de transportes.

Fig. 1 - Se não se fizer nada, a enxurrada leva os transportes públicos.

A estrutura de custos das empresas públicas de transportes
Uma empresa de transportes tem, por um lado, os custos financeiros que resultam dos investimentos e prejuízos que aconteceram no passado, e os custos de operação que resultam do funcionamento da empresa no dia a dia (electricidade, combustíveis, seguros, manutenção e trabalhadores).
Neste momento, as empresas públicas de transportes têm uma dívida de 17MM€ (mil milhões de euros) que empola a dívida pública em 10% do PIB. Esta dívida implica custos financeiros na ordem dos 1700M€ por ano (amortização em 20 anos e taxa de juro de 7.5%/ano), 1% do PIB.


Parece que 1% do PIB não é grande coisa mas se compararmos com as importações líquidas de petróleo mais os bens alimentares (que, em termos líquidos, são 6MM€, 3.5% do PIB), vemos que estamos a falar de valores muito importantes.

Como pensa o governo resolver o problema desta dívida?
A ideia é separar os custos financeiros dos custos operacionais.
Parte 1 - Aumentar os preços dos transportes até estarem cobertos os custos operacionais.
Quando se aumentam os preços, diminui a procura. Numa conferência que fui, um autor estimou em -0.25 a elasticidade preço/quantidade dos transportes.
Primeiro aumento - 1 Agosto.
Como o preço aumentou 15%, a procura vai diminuir 4% e a receita vai aumentar 10%.
A diminuição da procura vai permitir identificar as linhas que estão em excesso. Fecham-se as linhas mais penalizadoras das contas reduzindo-se os custos operacionais, previsionalmente, mais que 5%.
Segundo aumento - 1 Janeiro.
Recalculam-se os custos e receitas operacionais e fazem-se novos aumentos, +15%?, o que reduz mais uma vez a procura e fecham-se mais umas linhas.
Este processo vai continua até os custos operacionais estarem cobertos pelos preços.

Parte 2 - Passar as dívidas para um fundo (veículo financeiro estruturado).
Actualmente o Estado transfere para as empresas públicas de transportes cerca de 1000M€ por ano.
Como grande parte das dívidas das empresas públicas de transportes estão garantidas pelo Estado, a ideia é fazer um produto estruturado, os tais que deram problemas, com os 17MM€ da dívida e emitir obrigações sobre este veículo.
O Estado garante o pagamento de 1000M€ por ano mas ainda ficam a faltar 700M€ por ano que vai ser difícil resolver. Terá que ser uma mistura de
H 1. Partilhar com as autarquias.
H 2. Portajar alguma coisa, por exemplo, a entrada nas cidades ou as ICs à volta das cidades.
H 3. Meter uma taxa consignada nos combustíveis.

Mas as pessoas vão passar a andar de automóvel.
Há a ideia que andar de automóvel é mau para o país. Que gasta gasolina que é importada.
Isto é falso.
Os transportes públicos também gastam combustível importados e, por mais estranho que pareça, gastam mais que os automóveis porque andam, a maior parte do tempo, vazios.
Mas os transportes públicos parecem andar lotados.
Isto é um erro de análise denominado "enviesamento do observador cliente"
Como a necessidade de transporte das as pessoas acontece ao mesmo tempo, o cliente fica com a sensação que há muitas pessoas. Como, naturalmente, viajam mais pessoas quando os transportes estão lotados, a percepção fica enviesada.
A análise tem que ser feita por um observador parado e que mede a taxa de ocupação regularmente durante todas as horas do dia.
Aí, veríamos que os os transportes públicos, em média, andam vazios.
Depois, há o custo do investimento que paga juros pagos ao exterior e que é muito menor no caso dos automóveis que no caso dos transportes públicos.
Somando as parcelas, os transportes públicos implicam uma maior saída de dinheiro para o estrangeiro que o automóvel.
O automóvel ainda paga ao Estado e autarquias impostos (IVA e ISP), taxas várias, estacionamento e portagens.
Somando tudo, é melhor para o país as pessoas deslocarem-se de automóvel.

As pessoas têm que andar mais a pé.
Há a ideia que o transporte público tem que parar à porta de cada casa. Isto está errado.
Uma pessoa entre os 12 e os 65 anos, pode caminhar 1km em 10 minutos. Passando os transportes públicos nas zonas mais densas, as linhas devem estar afastadas 3 km entre si. Numa cidade com um diâmetro de 15 km, só há justificação para 5 linhas de transportes públicos com paragens afastadas 2 km entre si.
Actualmente, Lisboa (Carris-175) e Porto (STCP - 110) têm  300 linhas com paragens com um espaçamento menor que 500m.

Fig. 2 - Antes de eu tirar a cueca, vai dar uma voltinha a pé até ao Multibanco.

Os transportes terão que ser uma mistura transporte individual / transporte público.
Nas zonas de grande densidade (centros de cidades) e grande tráfego (ligação entre cidades), justifica-se a existência de transportes públicos pesados que, sendo muito caros, precisam de muitos passageiros para serem socialmente rentáveis. Estes eixos pesados terão que ser ligados por transportes públicos ligeiros e meios individuais. Assim, as linhas que existem, muitas delas desenhadas antes de 1950, precisam de ser completamente refeitas apostando em
Transportes públicos
Comboio - Eixo Porto Lisboa e alguns transportes sub-urbanos de Lisboa e Porto
Metro - Linhas existentes em Lisboa e Porto e mais nada
Autocarro urbano: linhas complementares e de ligação ao Metro e Comboio
Autocarro sub-urbano: linhas complementares e de ligação a zonas de baixa densidade. Ligações com e entre centros urbanos.
Táxis - cobertura de zonas com baixa densidade de população
Transportes individual
- Ligação a paragens de autocarro, metro e comboio até 3 km.
Bicicleta - Ligações até 5 km e viagens de jovens até 10 km. Uso em cidade e em zonas menos densas.
Automóvel particular - Transporte pendular casa/emprego em zonas pouco densas e ligações aos transportes públicos pesados.
É preciso dar prioridade aos ciclistas e peões e tratar como tentativa de homicidio o desrespeito dos automobilistas para com a vida dos ciclistas e dos peões.
A óptica do Código da Estrada não deve estar no veículo ter motor e dar mais de 40km/h mas no risco de vida do individuo no caso de haver um choque. É tal o desrespeito para com os ciclistas que, na Volta a França, os jornalistas atropelam os ciclistas. É bater no ceguinho.

Fig. 3 - A solução está na mistura.

Conclusão.
A subida dos transportes em 15%, 30% ou 50% custa muito mas vai melhorar a vida dos portugueses.
De facto, o custo tem que ser pago pelos portugueses, e a política de preços baixos apenas serviu para ter uma rede de transportes exagerada e socialmente mal desenhadas.
Vamos a ver se este governo faz alguma coisa de jeito.
Arrancou bem mas é preciso fazer muito mais.
É preciso uma task force só para os transportes públicos.

Pedro Cosme Costa Vieira

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A privatização do BPN

O problema BPN tem duas questões que estão continuamente a aparecer nos média e, por isso, na mente das pessoas: 1) Terá sido a nacionalização e a 2) privatização as opções correctas.

O problema BPN
Segundo analistas, aquando da sua fundação em 1993, o BPN já tinha uma situação líquida negativa: já nasceu falido.
Fig. 1 - A criança já nasceu feia

Durante o período 1993-2008, o BPN escondeu as suas dificuldades num processo denominado tecnicamente por "Ponzi Game" e conhecido em Portugal por "Sistema D. Branca": aumentou o volume de negócios para aumentar o endividamento. Se, por exemplo, tinha uma situação negativa de 100€, para um endividamento de 1000€, eram 10% mas, para um endividamento de 100000€, eram apenas 0.1%. 
Como normalmente acontece, o tapar buracos é sempre feito de forma ineficiente. É preciso pagar taxas de juro muito elevadas e aceitar clientes de elevado risco.
Se nos recordarmos, o BPN, juntamente com o BPP, era o banco que pagava maior taxa de juro pelos depósitos e financiava qualquer fiel farrapo.
Em termos médios, cada hora que o BPN teve as portas abertas, entraram nos seus cofres menos 100 mil de Euros do que os que saíram. Cada hora.
Houve crimes mas 99% destas perdas foram perdidas por gestão inadequada dos riscos de crédito.
Também a CGD, perdeu milhares de milhões de euros. E milhares de bancos por esse mundo fora.
Chegamos a 2008 e a situação rebentou: o BPN ficou sem liquidez e com uma situação líquida negativa que, hoje, se apura como 2500Milhões€. Ou era injectada liquidez ou interrompia os pagamentos como aconteceu no BPP. 

1) Terá sido a nacionalização a melhor opção ou era melhor deixar o BPN falir?
Em termos de Portugal, o prejuízo já estava feito. Os 2500M€ estavam irremediavelmente perdidos.
A questão estava apenas em decidir quem ia assumir estas perdas.
Havia os depositantes que estavam protegidos ao abrigo do "Fundo de Garantia dos Depósitos", 100mil€ por depositante. Se o BPN tinha 250mil clientes, em princípio, o FGD garantiam até 2500M€
Havia a CGD e outros bancos que tinham cedido liquidez ao BPN. Podiam ser os credores
Em 2008 os bancos portugueses já estavam sem acesso ao mercado interbancário pelo que estavam com graves problemas de liquidez.
O Nando pensou, pensou, pensou, virou na cama, virou, virou, coçou a cabeça, coçou, coçou, levantou-se e foi fazer um xixizinho, abanou, abanou, lavou as mãos, esfregou, esfregou, voltou à cama,  virou, virou e decidiu: vou nacionalizar o BPN senão amanhã há uma corrida aos bancos e é o fim do mundo.

Fig. 2 - Pensou, pensou, ...

Naquela hora, nacionalizar o BPN foi a melhor decisão.

2) Terá sido a privatização a melhor opção ou era melhor liquidar o BPN?
Neste momento, o Estado assumiu todo o passivo líquido do BPN e o governo avança para a privatização  como uma tentativa de salvar alguns postos de trabalho.
Mas não há nada a salvar. Como o sector bancário português está a sofrer uma forte contracção, cada emprego salvo no BPN é um emprego perdido noutro banco qualquer. Dos 750 salvos, para ai 250 vão-se perder na CGD, outros 250 no BCP e os outros 250 nos outros bancos mais pequenos.
A liquidação seria executada pela CGD vendendo alguns activos, consolidando outros, pagando os passivos. Isso tinha custos
Mas subsistem duas questões sem resposta
A) o que acontece se o BIC, daqui a 5 anos, declarar a insolvência?
B) como foi avaliada a situação líquida do BPN e como esses valores ficaram garantidos?
eu preferia a liquidação do BPN pois terminava de vez com o problema.
Tenho dúvidas que privatizar o BPN tenha sido a melhor decisão.

E se a coisa correr mal?
Não há a certeza de que o prejuízo do BPN seja 2500M€. Como este valor é uma ponderação dos créditos que o banco tem em função da sua qualidade, probabilidade de cobrança,  então, os 2500M€ são apenas um valor indicativos. Pode ser menos ou pode ser mais.
Vamos supor que, daqui a 5 anos, o BIC se declara insolvente. O Estado vai perder o que a CGD tem lá enterrado: mais 3000M€.
Será que o BIC vai fazer tudo ao seu alcance para que isto não venha a acontecer?
Será que a CGD iria fazer melhor?
Ninguém consegue responder a esta questão.

Fig. 3 - Qual o futuro do problema BPN?

Pedro Cosme Costa Vieira

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