domingo, 28 de abril de 2024

Com duas sondagens, a AD está abaixo do resultado de 2019

Saíram sondagens da Aximage e da Intercampus.

O que eu vejo com estas duas sondagens é que a hipótese que se colocou de o CHEGA poder, nas eleições europeias, ficar em segundo lugar não se confirmam. Se nas legislativas o CHEGA teve próximo dos 18%, este resultado continua compatível com as sondagens.

Também vejo que o BE, CDU e PAN vão perder um deputado (o PAN fica sem deputados). A CDU  pode  perder dois deputados e também ficar sem nenhum.

O CHEGA é mais provável que eleja 4 deputados.

Existe uma probabilidade de 60% do PS ter mais 2 deputados que o PSD, 90% de ter pelo menos um deputado a mais.

O melhor que a AD pode ambicionar é ter um empate com o PS, o que tem 10% de probabilidade.

Na figura seguinte, na coluna Total estão os resultados dividindo a abstenção amostral (os que responderam que se vão abster que são muito menos do que os de facto se vão abster).

Previsão dos resultados eleitorais nas eleições europeias 2024 com duas sondagens e assumindo uma taxa de abstenção de 70% (usando bootstrapping).


domingo, 21 de abril de 2024

Sondagem dos resultados das europeias

Saiu a primeira sondagem, da Aximagem, para as eleições europeias.

O que entendi da sondagem é que foram inquiridas 805 pessoas e as respostas foram

AD = 204 / PS=256 / CHEGA = 153 / BE = 52 / IL = 51 / CDU=37 / LIVRE = 33 /PAN = 19


Depois fui ao ChatGPT e perguntei.

Eu tenho os resultados eleitorais num vetor em R, sind1 = c(204,256,153,52,51,37,33,19). Gostaria que escrevesse código em R que aplicasse o método de Hondt para distribuir 21 deputados.

(Tive de corrigir no dia 22/04 porque Portugal só elege 21 deputados e eu ainda pensava que elegia 24!!!!!!!!!!)


Pumba, o ChatGPT respondeu com código.

Copiei sem olhar para o R e resultou o número de deputados de cada partido:

AD = 6 / PS = 7 / CHEGA = 4 / BE = 1 / IL = 1 / CDU=1 / LIVRE = 1 /PAN = 0

Confirmei no Excel e está certíssimo.


Obrigado ChatGPT, és mesmo inteligente.

Eu disse ao ChatGPT que passou no Teste de Turim. Agradeceu-me e disse que é uma máquina mas não me acredito.


Falta calcular o "erro" da sondagem 

Aqui, escrevi eu o código para não abusar do ChatGPT já que hoje é Domingo, dia da família!

Usando o Método de Monte Carlo, obtenho o "intervalo de erro" compatível com a sondagem. 

Como tenho apenas uma sondagem, ainda há "empate técnico" entre o PS e a AD mas com vantagem muito, muito clara para o PS (em média, mais 1,6 deputados).

É bastante provável mas não posso afirmar com 100% de certeza que a CDU e o Livre vão eleger um deputado mas é quase certo que o PAN não vai eleger ninguém.

Deputados europeus eleitos com base na primeira sondagem (Aximagem).

Relativamente a 2019, a AD, o BE, a CDU e o PAN perdem um deputado e o PS vai perde 1 ou 2.
Pelo contrário, o CHEGA ganha 4 deputados e a IL ganha 1 deputado e o Livre pode ganhar 1 deputado (ou ficar a zero).
 
Probabilidades do número de deputados para cada partido.



A AD bem pode desvalorizar os resultados das Europeias.

Mas ter ainda menos deputados europeus do que o PSD+CDS do tempo do Rui Rio e do Chicão é uma vergonha.

Perdendo de forma clara para o PS, o tremelique causado por não poder cortar impostos nem aumentar os salários dos professores, polícias, militares, oficiais de justiça, pensões, blá, blá, blá, ainda vai aumentar.


sábado, 20 de abril de 2024

O impacto das alterações do Montenegro no IRS é ZERO relativamente ao OE2024 do PS.

Em 2023 havia uma tabela de IRS.


No Orçamento de Estado para 2024, o PS aumentou os limites dos escalões em 3% e desceu as taxas de imposto, criando uma nova tabela de IRS:


O PSD+CDS, depois de prometerem uma grande redução do IRS, o que fez foi apenas e tão repor a taxa do penúltimo escalão ao valor de 2023 (e que o PS subiu 1pp):


Agora, é preciso saber o impacto de cada alteração no total cobrado pelo Estado em IRS.

Se pegarmos no Rendimento Médio Bruto dos agregados familiares (tenho dados para 2021 e vou assumir para 2024 um rendimento bruto mensal de 1600€ por agregado familiar que traduz um aumento de 12,76% relativamente a 21%).

A este rendimento é necessário retirar 820€/mês (o SMN) e, depois, aplicar as tabelas como se fosse solteiro e sem filhos.

Se a tabela fosse a de 2023, o contribuinte iria pagar 129€/mês de IRS (16% do rendimento bruto) e, com a tabela do PS, iria pagar 120€/mês, uma poupança de 9€/mês.

Aplicando a tabela do PSD+CDS o contribuinte vai pagar exactamente o mesmo, 120€/mês, uma diferença nula relativamente ao que aprovou o PS.


Só acima de 4530€/mês é que a alteração do PSD+CDS tem impacto positivo.

Como as taxas se mantém relativamente ao OE2024 até ao penúltimo escalão, isto é, até um rendimento tributável de 51.997 €, como temos de somar os 820€/mês do SMN que está isento de IRS, é necessário um agregado familiar com um rendimento bruto maior do que 4530€/mês, de um solteiro sem filhos, começar a ter alguma vantagem com a alteração do PSD+CDS.

Para este agregado familiar, a poupança relativamente à tabela de 2023 é de 59,50€/mês, 4,9% do IRS pago (em vez de pagar 1202€/mês, passa a pagar 1143€/mês)

Num rendimento bruto de 6000€/mês, o impacto da medida do PSD+CDS é de 14,70€/mês.


Em Portugal quase ninguém tem um rendimento bruto superior a 4530€/mês


Mas o agregado médio (duas pessoas e 1,9 filhos) ainda vai ser menos beneficiado.

Porque os casados com filhos pagam menos, a poupança fiscal induzida pela alteração do PSD+CDS é  nula para rendimentos até 8000€/mês, que já só uma minoria de agregados tem, e muito pequena mesmo para rendimentos ainda mais elevados.


Vou estimar o impacto das medidas de descida do IRS.

Para isso, vou buscar os rendimentos declarados para efeito de IRS, dados que consegui em referência a 2021, aumenta-los em 12,76%, aplicar as novas tabelas aos rendimentos e corrigir pelas taxas médias de IRS efectivamente cobradas.


A poupança induzida pelo PS no OE2024 é de 750M€ 

e não os anunciados 1330M€.

A poupança induzida pelo PSD+CDS relativamente ao que está no OE2024  é praticamente zero. 

É que apenas vai beneficiar os agregados com um rendimento superior a 8000€/mês que são muito poucos, menos de 1% dos agregados familiares.


O total de redução no IRS para 2024 é de 750M€.

Somando a redução do PS mais a redução do PSD, vai haver uma poupança para o contribuinte de metade do anunciado, de apenas 750M€.

O PSD+CDS anunciou uma diminuição de 1500M€/ano mas  não está a mentir pois também anunciou que, relativamente a 2023, no total dos 4 anos a poupança é um total de 3000M€, o que dá exactamente 750M€/ano.

Digamos que só foi enganado quem quis ser enganado!


Concluindo, a alteração na tabela do IRS do PSD+CDS é uma fraude.

Cada vez mais, em Portugal usa-se o exagero (no caso do PS) e a mentira despudorada (no caso do PSD+CDS) para ganhar votos!
E isto tudo com a capa de "professores catedráticos doutores de economia".
É uma vergonha.
Depois, queixam-se que o povo vota no CHEGAn mesmo que o André Ventura não diga coisa com coisa.
E os outros partidos são diferentes em quê?

Os eleitores são tratados como gado leiteiro a caminho das repartições de finanças.


sábado, 13 de abril de 2024

O PSD vigarizou os eleitores (e ainda bem).

Estive a ler o "Programa Eleitoral da AD".

Este programa foi escrito por professores doutores catedráticos de economia pelo que, pensei eu, faz todo o sentido e está compatível com o grande anúncio do "choque fiscal".

Diz agora o Montenegro que não prometeu descer o IRS em 1500 N€ mas vejamos que prometeu mesmo.


Vamos à página 97, Tabela 3: Receita do programa eleitoral da AD.

O PSD prometeu que iria reduzir o IRS entre 0.5 e 3.0 pontos percentuais excepto no último escalão.

Como não posso imaginar que os rendimentos superiores vão ter maior desagravamento que os rendimentos menores, o que posso ler desta promessa é que os escalões vão diminuir pelo menos 0,5pp relativamente ao que está e que os escalões de menor rendimento vão descer 3.0 pp e os escalões de maior rendimento vai descer 0.5pp. 

Vou então construir a "Tabela do PSD" e simular qual será a redução na receita fiscal.

Tabela de IRS em 2023, no OE2024 e com as promessas do PSD


A receita de IRS em 2023 foi de 17935M€. 

Fazendo um cálculo em que os rendimentos sobem 2% em termos reais, o efeito da tabela do PS é uma redução de 1050M€ enquanto que o efeito da promessa do PSD RELATIVAMENTE A 2023, é uma redução de 2370M€ na receita do IRS.

Mas na tabela só estão previstos 2000M€ para o total dos 4 anos quando, só a redução do PS são cerca de 4000M€!!!!!!

Se a previsão dos 2000M€ for relativa a 2023, terá de haver aumento do IRS relativamente ao que no Orçamento de Estado de 2024.

E depois, somos todos burros, menos os professores doutores catedráticos sábios de economia do PSD.



sexta-feira, 12 de abril de 2024

2011 está de volta = Portugal caminha rapidamente para a bancarrota

O Costa prometeu muitas coisas mas não executou.

A arte do Costa foi prometer que ia acabar com a "austeridade" do Passos Coelho (levando-nos novamente à bancarrota) mas, não cumpriu.

Anunciava uma certa despesa no Orçamento de Estado mas, logo a seguir, vinham as cativações e a coisa ia ao sítio.

Não mexeu nas "vespas" e, por isso, foi fazendo algumas coisas. Se foi pouco ou muito, não sei dizer, sei que conseguiu manter a trajectória de consolidação orçamental iniciada pelo Passos Coelho.

Os Malucos do Riso eram capazes de governar melhor do que o Montenegro anuncia

Vejamos como tem evoluído o Défice Público.

Para compreendermos melhor a magnitude do défice, vou traduzi-lo a preços de 2023 e calcula-lo no valor diário per capita (o défice diário de cada português). Os dados do défice corrente, inflação e população é da Pordata.

Em 2010, o défice quase atingiu 7€ por pessoa por dia. Quer isto dizer que a despesa pública foi maior em 7€/pessoa/dia do que a receita do Estado (os impostos).

Como o Estado não pode gastar mais do que recebe, foi obrigatório iniciar uma trajectória de consolidação orçamental, primeiro com a "ajuda" da Troika (no governo do Pedro Passos Coelho) e, depois, com supervisão dos nossos parceiros europeus (nos governos do António Costa).

O Passos Coelho, com muito esforço dos portugueses, conseguiu diminuir o défice de 7€ para 2,50€ (em 2015). Nessa altura seria sempre difícil reduzir o défice porque estávamos com contracção do PIB, em crise económica mas lá se conseguiu.

O António Costa herdou este défice de 2,5€ e entrou com a promessa de que ia reverter tudo e acabar com a austeridade. Mas com as cativações, lá conseguiu manter a trajectória de equilibro das contas.

Em 2019 e, depois, em 2023, o Costa equilibrou o barco tendo mesmo um superavit de 0,84€/pessoa/dia (cobrou de impostos a cada pessoa mais 0,84€/dia do que fez despesa). 

Fig. 1 - Evolução do défice público, 1975-2023 (euros por dia por pessoa, preços de 2023).

O que o Costa fez em termos de finanças públicas foi notável.

Não vou poupar palavras, o que o Costa conseguiu em 2023 foi extraordinário. 

O Costa cometeu muitos erros, mesmo muitos erros (subir o SMN, acabar com as taxas moderadores na saúde, diminuir as propinas do ensino superior, nacionalizar a TAP, etc.), mas temos de lhe perdoar porque foi a forma  que encontrou para manter a "paz social", manter as vespas dentro do vespeiro.

Mas ter conseguido conter o défice público, o que não acontecia desde o 25-de-Abril-de-1974 e parecia impossível dadas as promessas eleitorais, foi notável.


Mas foi apenas em 2023, um "acidente" de percurso. 

Se voltarmos a 2019, o défice estava equilibrado e uma pequena perturbação, a crise-do-Covid-19, atirou as contas públicas novamente para valores muito negativos.

Para termos contas públicas equilibradas é obrigatório ter superavit nos anos "normais" para fazer face ao deficit dos anos de crise. 


O Montenegro prepara-se para desbaratar todo o esforço do Passos Coelho e do Costa.

Nos anos pós-crise-do-sub-prime até 2022, somando todos os défices, o Estado endividou-se em 14520€ por pessoa. O superavit em 2023 foi de 305€ por pessoa. Se mantivéssemos este superavit para todos os anos futuros, seriam precisos 48 anos apenas para pagar o que se gastou a mais em resposta à crise-do-sub-prime.

Quando cada português ainda tem de pagar 14215€ para cobrir os prejuízos da crise do sub-prime (e ainda fica a faltar o resto que está para trás), não sei como o Montenegro pode estar a prometer cortar impostos e a aumentar os salários da função pública.


Estarão os do PSD malucos?

Ninguém pões mão no manicómio em que se tornou o governo de Portugal?

Como podem os conselhos dos professores doutores catedráticos serem "gastar mais e cobrar menos"?

Só falta dizerem "Volta Sócrates que, afinal, o PSD acha que estavas certo". 

Bem, sempre foi essa a ideia do Alberto João Jardim (ver)!


Afinal, o IRS só vai diminuir 173M€!

Uma fonte do FMI (um antigo aluno) disse a alguém que já tinha sido enviada uma nota ao Montenegro a perguntar o que se está a passar por aqui. 

Parece que alguém começou a meter juízo na cabeça do Montenegro.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

No programa do governo falta o "Capítulo 11. Quem vai pagar isto tudo."

Estiva a "ler" o programa do governo.

Coloquei aspas no ler porque aquilo cansa, é muito superficial, fala muito nos 50 anos do 25-de-abril-de-1974, tem muito "procurar resolver" e pouco de como se resolve.

Vou dar um pequeno exemplo que é grande. Um processo num tribunal administrativo e fiscal pode demorar 20 anos a ser resolvido, não por causa de prazos de contestação nem acções dilatórias das partes mas, pura e simplesmente, porque os tribunais estão anos e anos para marcar o julgamento.

Dizem os tribunais (e toda agente sabe) que não há juízes nem escrivães suficientes para darem tramitação aos processos mas não vejo uma única referência a este problema tão fácil de resolver. Em Portugal há cerca de 1700 juízes, meter mais 500 tem um custo de 30 milhões € por ano, o que resolveria prejuízos de muitas centenas de milhões de euros causados pelo atraso nos julgamentos. Dar os 6 anos aos professores, o subsídio de risco aos polícias, a taxa de 15% de IRS jovem, novo aeroporto, TGV, e tantas merdas têm um custo muito superior e não resolvem nada.

(Ver o caso de um GNR despedido com 55 anos e com sentença que o reintegra quando já tem 76 anos)

Sobre a habitação, falam de direitos a habitação digna mas o que vão fazer? 

Será que vão acabar com as milhares de proibições, reserva agrícola. reserva florestal, reserva ecológica, zona de protecção a tudo e mais não sei quê, zona de cheia? 

Será que vão facilitar o licenciamento das "habitações em alvenaria e madeira (sem betão armado)"?  Não, nada.


O governo programa acabar com as guerras e a fome no mundo, o sofrimento e a pobreza das crianças, a discriminação e a xenofobia.

Até lá fala na "promoção do bem estar dos animais" mas não diz como, será que o Montenegro vai proibir os mata moscas, mosquitos, baratas e formigas?

Vai promover os transportes públicos e os comboios (coisas do Nuninho) mas "esqueceu-se" das bicicletas, trotinetes e ciclovias.


"Li" até ao fim pensando que, no índice se tinham esquecido do capítulo 11

 E este capítulo é o mais importante, será onde o Montenegro diz quem vai pagar todos os desvarios que estão nas anteriores 184 páginas.

Mas o capítulo não está lá!


O que deveria fazer o governo já?

Repor as taxas moderadoras na saúde.

Repor as propinas do ensino superior a 2.4 IAS (valor em 2018) o que são 100€/mês e, quem não puder pagar por carências económicas, perdoa-se.

Entregar o processo de escolha do novo aeroporto à ANA, porque é a única que, em Portugal, percebe alguma coisa de aeroportos.

Suspender o TGV que é um buraco sem fundo.


Mas assim, não consegue apoio parlamentar.

O Montenegro diz que a maioria do povo português votou na AD mas é uma total mentira. 71% dos eleitores votaram num partido que não a AD.

Sim, 7 em cada 10 pessoas que foram votar, votaram num partido que não a AD.

Se não têm condições de governar, se é mais do mesmo, mais vale irem-se embora e dar o lugar ao PS.

O António Costa não governou assim tão mal.


segunda-feira, 8 de abril de 2024

A "política" não permite que o PS apoie o governo do Montenegro

Aprendi com o Professor Teixeira dos Santos que a política é a arte de escolher.

As decisões de um humano dividem-se em dois tipos, as decisões técnicas e as decisões políticas.

Nas decisões técnicas, existe apenas uma decisão possível, por exemplo, quero dar uma volta de automóvel e o veículo está sem gasolina, seja um condutor esquerdista ou direitista, a única solução possível é meter gasolina.

Nas decisões técnicas, são feitos estudos e cálculos rigorosos que mostram determinam a solução óptima e, de forma automática, o decisor humano implementa essa solução.

Nas decisões políticas não há uma solução óptima. Até podem ser feitos estudos e cálculos rigorosos mas há muitas soluções possíveis, por exemplo, quero emagrecer e tanto posso diminuir a quantidade de calorias que ingiro como aumentar a quantidade de exercício físico que faço.


Os esquerdistas querem mais Estado e os direitistas querem menos Estado.

Para os esquerdistas, a resolução dos problemas das pessoas passa por haver mais Estado, isto é, haver mais despesa pública (e mais impostos). Se há falta de casas, o Estado tem de construir casas; se há elevado tempo de espera na saúde, o Estado tem de ter mais médicos, enfermeiros e hospitais; se a gasolina está cara, o Estado tem de fazer mais transportes públicos.

Para os direitistas, a resolução dos problemas das pessoas passa por haver menos Estado, isto é, haver menos despesa pública (e menos impostos). Se as pessoas têm problemas, o dinheiro que têm no bolso por haver menos impostos será individualmente usado para os resolver.


Mas haver mais ou menos impostos é melhor ou pior para as pessoas?

O bem-estar médio das pessoas é aproximado pelo PIB per capita. Isto traduz que, num pais com um PIB per capita maior, as pessoas têm maior nível de bem-estar (porque podem adquirir mais bens e serviços).

O que se observa é que, nos países semelhantes a Portugal (países europeus), não existe relação entre a despesa pública (em percentagem do PIB) e o nível do PIB pc. Portugal tem (média desde 2010) um PIB per capita de 20000 USD(2015) e uma despesa pública de 43% do PIB e, por exemplo, a França é mais rica dos que nós (tem 37000 USD, 2025) e mais despesa pública (48% do PIB).

Em termos de PIB, Portugal (é o ponto a vermelho) está abaixo da média (linha a preto da figura seguinte) mas isso não se deve à despesa pública elevada ou baixa, são outras coisas.

Fig. 1 - Relação entre a despesa pública e o PIB per capita, médias 2010-2021, países europeus (dados, Banco Mundial)


Se o PSD+CDS+IL+CHEGA querem descer impostos (e descer a despesa pública) ...
O PS+BE+CDU+Livre querem aumentar a despesa pública (e subir impostos).
Sendo que todo o governo tem de resolver problemas, em tudo que não são soluções técnicas, não há possibilidade de acordo. 
A tendência tem sido de aumento do peso da despesa pública (e dos impostos) na economia, mesmo nos governos de direita, sendo que, nos últimos 8 anos, o governo PS do António Costa conseguiu uma estabilização em torno dos 43% do PIB.

Fig.2 - Evolução da despesa pública portuguesa no PIB 1975-2021(dados, Banco Mundial)





quinta-feira, 4 de abril de 2024

E totalmente falso que, quando um governo é derrubado, a oposição é castigada

Corre na comunicação social a ideia de que, quem derrubar o governo da AD, será penalizado.

Afirmam, baseado na queda do António Costa em 2022, PS, e do Cavaco Silva em 1995, PSD, terem reforçado as suas votações nas eleições seguintes.

Mas a história não se faz de apenas estes 2 casos, sendo que desde 1976 já houve 16 eleições legislativas (vou retirar a de 1979 porque fui esquesita), é preciso avaliar quantas vezes, depois de um governo não ter cumprido os 4 anos do mandato, venceu as eleições seguintes.

Das 15 eleições, só em 6 delas o governo cumpriu os 4 anos do mandato (PSD em 1987, 1991 e 2011 e o PS em 1995, 2005 e 2015) e nas restantes 9 legislatura que não chegaram ao fim, em 2 o governo manteve-se do mesmo governo mas em 7 o governo mudou.


Em 78% das vezes em que o governo foi derrubado, o partido vencedor mudou.

Os únicos governos que se mantiveram depois de não terem cumprido os 4 anos foram os governos PSD em  1987 (Cavaco) e PS em 2022 (Costa), em todos os outros 7, o governo mudou para a oposição.


Eleições em que a anterior legislatura não chegou ao fim

1979: PS -> AD = mudou

1983: AD -> PS = mudou

1987: PSD -> PSD = manteve

1995: PS -> PSD = mudou

2002: PS -> PSD = mudou

2005: PSD -> PS = mudou

2011: PS -> PSD = mudou

2022: PS -> PS  = manteve

2024: PS -> PSD = mudou


É a qualidade dos nossos comentadores de assuntos de política

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Em vez do Serviço Militar Obrigatório, flexibilizar a formação militar

Enquanto dura a invasão da Ucrânia, investir 3.5% do PIB em despesa militar.

Se Portugal quisesse, isoladamente, ter uma força militar capaz de defender a Ilha das Flores de uma invasão por um país como a Rússia ou a China, teria de gastar balúrdios de dinheiro e ter uma enormidade de militares. Ao pertencermos à NATO, a solidariedade entre os membros permite termos um exército mais pequeno e barato e, mesmo assim, sermos capazes de nos manter seguros.

O problema é que os USA gastam 3,5% do seu PIB em despesas militar e Portugal gasta apenas 1,4% do PIB, o que faz com que o Trump, futuro presidente dos USA, fique fulo.

Se hoje gastamos cerca de 3,6G€/ano (mil milhões de euros), o compromisso mínimo é que gastemos 5.3G€/ano (mais 1.7 G€, lá se vai o excedente!) e, para nos equipararmos aos USA, teremos de gastar 9.3G€/ano, um incremento na despesa militar de 5.6G€.


O problema é que não temos voluntários para ser soldado.

Este problema surge de não haver incentivos. 

O caminho mais fácil será obrigar os jovens a ir à tropa mas isso não é eficiente porque viola a vontade das pessoas e interrompe a vida dos jovens.

Vou então propor algumas alterações na "formação militar" que tornarão mais fácil os jovens querem ser soldados.


1) Rever a formação militar.

Neste momento, a formação militar está pensada para a prontidão imediata. Por isso, tem uma componente física muito forte, violenta e custosa, com vista ao aumento da força e da resistência (a recruta).

Mas a formação militar não tem em fim uma ameaça imediata pelo que a recruta é um desperdício total. Causa dano aos formandos e não serve para nada pois, se a "guerra" acontecer daqui a um ano, o militar já perdeu toda a sua capacidade física.

A formação militar deve ser focada no conhecimento técnico, manuseamento de armas, sistemas de comunicação, formas de agrupamento em combate, camuflagem, primeiros socorros, evacuação de locais e desporto de combate (judo).


2) Introduzir a formação militar na escola secundária.

Começar aos 15 anos, no 10.º ano das escolas. Três aulas semanais de judo e de tiro ao alvo com armas de pressão de ar, com alvo estático e em movimento. Também haveria torneios escolares. 


3) Continuar a formação militar na universidade.

Na universidade, o aluno entrava no "serviço" militar que se reduziria a um fim de semana por trimestre em que o jovem teria contacto com armas militares mais potentes.

Será nesta altura, se o jovem quisesse, poderia passar a militar a tempo parcial, com o objectivo de haver quem dê formação aos "fins de semana". 


4) Rever a carreira militar.

Para começar, o militar precisa de alojamento para si e para a família. Faria quartéis pequenos, com  uma companhia (cerca de 200 militares), em locais apetecíveis (cidades) com alojamento gratuito. 

Depois, tornava a vida militar compatível com outra profissão, isto é, em tempo parcial.  O militar poderia ter um emprego civil adequado à sua vontade e formação universitária e, depois, teria algumas horas por dia para a parte militar.  

Um militar "dura pouco", mas quando vemos o Ronaldo a jogar ao mais alto nível aos 39 anos, a idade de passagem à reserva aumentava, dependente mais da saúde do que da idade, para os 45 anos.  


5) Depois da passagem à reserva.

Aos 45 anos, o soldado, pretendendo-o, passa automaticamente para as forças policiais, seja PSP, GNR, PJ ou Guarda Prisional. Também pode, em alternativa, entrar numa empresas de segurança privada (com a qual, o Estado assina um protocolo de cooperação).

O ex-soldado, até se reformar, mantém a possibilidade de trocar entre PSP, GNR, PJ, Guarda Prisional e empresa privada de segurança.


Não falei de salários.

Porque penso que não é esse o maior problema de falta de voluntários. 

Mas também pode haver uma "correcção" em alta.

Muitos jovens até iam gostar do treino militar de fim de semana


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Amiga Rita Matias, vou-lhe enviar uma sugestão para aumentar a natalidade.

 Ouvi a deputada Rita Matias do CHEGA e, quando o Pinto da Costa morrer, ...

É a pessoa certa para ser a "Papa do Dragão".

É uma jovem desempoeirada, que não tem medo das palavras na defesa daqui que acha correcto, mesmo quando totalmente em desacordo com o "politicamente correcto" da censura woke com que os esquerdistas  perseguem todos os que ouse discordar da sua visão marxista-leninista-estalinista-putinista para a sociedade portuguesa.

Uma ideia que defende é que Portugal, isto é, as mulheres portuguesas, têm de ter mais filhos.

Achei interessante ter dito que "quem tem os filhos são as mulheres" o que para mim parece evidente mas há muita gente que, quando eu digo "os homens não podem ter filhos", ficam chocadas!

Não percebo onde anda a cabeça das pessoas.

Vou então usar os meus conhecimentos de economia para propor uma mecanismo de incentivos que não tem custos para o Estado e que favorece a natalidade.

Fazer criancinha com fartura para voltar a haver brincadeiras na lama

Onde tinhas a cabeça, minha filha?

Certo dia, uma filha disse a sua mãe: 

- Mãezinha, desculpa, perdoa-me, estou gravida ...

- Eu bem disse para não te meteres com esse roleta, não vale nada, é uma falhado, vais acabar a levar no focinho como gente grande que ele só quer vinho e droga e nada de trabalhar...

- Mãezinha, desculpa, desculpa, desculpa, ...

- Onde é que tu tinhas a cabeça, minha filha desmiolada?

- Mãezinha, desculpa, desculpa, tinha-a encostada ao vidro da porta do carro ...


O problema está nos incentivos serem errados.

Uma das razões porque fui despedido é que disse, na tentativa de ensinar economia a quem não queria aprender: 

"Há baixa natalidade porque é melhor criar um porco do que um filho. O filho dá preocupações e muito prejuízo e, no fim, trata os pais como se fossem porcos. Um porco dá muito menos preocupações e prejuízo e, no fim, dá para fazer chouriças."

Quero com isto dizer que os incentivos estão errados.

Antigamente, quem não tivesse filhos, tinha uma velhice na miséria. Assim que deixasse de poder trabalhar, reduzia-se a um pedinte, totalmente dependente da caridade. 

Quando se criou o sistema compulsivo de pensões, esse problema alterou-se. Quem tem filhos tem despesas mas, principalmente, prejudica a sua carreira profissional o que leva a que venha a ter uma pensão de velhice mais baixa do que quem não tem filhos.

Quem não tem filhos, chega aos 70 anos com a casa paga, uma boa pensão e nada de aborrecimentos. Fica mais dependente, vende a casa e retira-se para um bom lar de apoio sénior onde termina os seus dias. sim, todos vamos, um dia, terminar os nossos dias e nem todos morrem jovens e cheios de saúde (felizmente).


A nossa sociedade é contra os filhos que tomam conta dos pais.

Eu tomei conta da minha mãe até ao dia em que ela morreu. Só tenho um bocadinho de remorsos porque, falamos um bocadinho de manhã, dei-lhe o pequeno almoço e fui dar aulas aos mentecaptos da FLUP. No entretanto, morreu sem o meu apoio e carinho.

Ainda foram dizer no processo Kafkaneano em que os esquerdistas me despediram que eu falava muito da minha mãe, que era uma pessoa muito doente, e que isso os aborrecia.

Filhos da puta, hão-de morrer no Inferno, com muito sal nas feridas em carne viva.

 

A pensão de velhice tem de estar ligada ao número de filhos e às suas contribuições.

Para valer a pena ter filhos, as pessoas que têm filhos sejam beneficiadas na pensão de velhice por terem tomado essa decisão.


No imediato, majorava as pensões de velhice.

Nas pessoas com pensões mais baixas, atribuía uma majoração de 20% por cada filho/pessoa acima de 1.

Vamos supor que um casal tem 4 filhos, a mulher tem uma pensão de 437€/mês e o marido tem 567€/mês. Supondo que o marido ajudou a criar os filhos, a mulher passará a ter uma pensão de

   Limite máximo = IAS * (1 + (4filhos/2pessoas-1)*20%) = 509,26*1,20 = 611,11€/mês

   Mulher = 437 * (1 + (4filhos/2pessoas-1)*20%) = 437*1,20 = 524,40€/mês => 524,40€/mês 

   Marido = 567 * (1 + (4filhos/2pessoas-1)*20%) = 567*1,20 = 680,40€/mês => 611,11€/mês


Os mães/pais que criaram os filhos sozinhas seriam beneficiadas ainda mais.

Neste caso, a majoração seria maior porque o número de filhos só vai dividir por uma pessoa.


No longo prazo, introduzia na pensão uma componente relacionado com a TSU dos filhos.

Os filhos que os pais tratam melhor, incentivam-nos a estudar, pagam explicações, gastam noites à porta das discotecas para que não se percam no mundo do álcool e da droga, têm salários mais elevados e, consequentemente, contribuem mais para a segurança social.

Então, para incentivar mais criança e pais mais preocupados, uma percentagem do que os filhos descontam vai para a pensão dos pais.

Começava por ser 1% das contribuições dos filhos e, depois, cada ano essa percentagem aumentava 1 ponto percentual. Por exemplo, daqui a 25 anos, 25% das contribuições dos filhos iria para os pais velhinos.


Esta medida seria financiada pelos que não têm filhos.

Nas pessoas com pensões mais elevadas e com menos de 1 filho/pessoa, metia uma "sobretaxa de sustentabilidade demográfica" capaz de financiar integralmente a majoração das pessoas mais pobres  e com mais filhos.



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