terça-feira, 30 de agosto de 2016

Eu quero a lista de caloteiros da CGD

Se a Geringonça quer acabar com o sigilo bancário para nos cobrar mais impostos,
 eu quero saber quem caloteou a CGD em 5160 milhões € e quem foi que concedeu esse créditos que acabaram por não ser pagos.
Se há a lista dos devedores ao Fisco e à Segurança Social, calotes no valor de 5160 milhões € penso que merecem também ser publicitados para todos nós compreendermos como andaram de mãos dadas os decisores políticos e os caloteiros.
Ou será que agora já não interessa aos comunas e esquerdistas saber quem é o "grande capital"?


Destapa tudo que 5160 milhões € é muita massa para meter no bolso de alguns desconhecidos.

Será que o PCP comprou a Quinta da Atalaia com um calote à CGD?
Pois não sei e gostava de saber.
Até dou de barato que essa lista só inclua, como os devedores aos Fisco, os que calotearam em mais de um determinado valor, Ao fisco é a partir de 7500€ mas até dou de barato que sejam só os caloteiros com mais de 1000000€ de calote.
Mas quero saber quem são e se foi o Vara que lhes deu a massa.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O Brexit, o Mar Morto e as tarifas aduaneiras

Parece que o Mar Morto não tem nada a ver com o Brexit! 
O Mar Morto é o lago com 60000ha onde desagua o Rio Jordão. em termos políticos, está dividido entre Israel, a Margem Ocidental (West Bank) e a Jordânia. 
A superfície da água do lago está a quase 430m abaixo do nível médio dos oceanos e, porque as suas águas não têm saída, ao longo dos milénio foi acumulando o sal transportado nas águas do Jordão (que se evaporam) e, assim, tornou-se um corpo de água saturada em sais, principalmente cloreto e brometo de sódio e de magnésio. Em peso, um litro de água do Mar Morto tem 290g de Sal.
É uma grande atracão turística porque as pessoas flutuam muito facilmente (e, dizem, as lamas fazem bem à saúde, bullshit).

O problema é que o Mar Morto está a secar.
O caudal médio do Rio Jordão quando entra no Mar Morto, sem intervenção humana, é de 40m3/s que compara com os 700m3/s do Rio Douro. Mas, por causa do desvio para a Jordânia (40%) e do uso em Israel, atualmente só chegam ao Jordão 2% deste caudal natural, cerca de 1m3/s.
Sendo que não lhe chega água, ao longo do tempo, o Mar Morto tem vindo a diminuir de dimensão, cerca de 900ha de superfície e 1m de cota, se nada for feito, irá desaparecer dentro de poucos anos.
A sua diminuição causa problemas ao turismo pois a linha de costa está constantemente a afastar-se dos hotéis.

Terá que vir água do Mar Vermelho ou do Mediterrâneo.
Existem 2 caminhos principais por onde a água pode entrar.
No primeiro caminho, a água vem do Golfo de Aqaba que é uma abertura que vai ligar ao Mar Vermelho.
A água entrará em Eilat e, depois, percorre 160km.
No segundo caminho, a água vem do mediterrâneo, entra em Ashdod e, depois, percorre 80km.
Apesar de os decisores políticos se estarem a inclinar pela solução do Mar vermelho, vou-me concentrar na solução do Mediterrâneo.



Bombear a água.
Não interessa muito os quilómetros que a água vai percorrer mas antes quanto custa meter 1m3 de água no Mar Morto. Normalmente, os transvases usam os rios a correr em sentido contrário, da foz para a nascente tendo a água que ser bombeada de barragem para barragem até que, chegando ao cimo do monte, já se pode desviar para o rio pretendido. No novo rio, haverá barragens para recuperar a energia que se gastou

Fig. 2 - Esquema de um transvase usando barragens e bombagem

No caso do transvase Mediterraneo-Mar Morto, é preciso subir primeiro 920m para descer depois 1400m
Em termos energéticos, parece que ainda vai haver lucro mas o problema é que existem ineficiências. 
A bombagem perde 20% da energia, o percurso nas barragens e canais outros 20%, na turbinação 20% e nos fios outros 10%. Somando isto tudo, teremos
    Energia gasta = 920 * 1,20*1,20 = 1324m
    Energia recuperada 1400*0,8*0,9=1008m
Gasta-se mais energia do que a que se recupera.

Com um túnel
Não se perde energia a bombar nem a gerar electricidade pelo que o saldo será muito positivo.

Vamos ao Brexit e ao livre comércio.
O túnel é o livre comércio e o transvase com barragens e bombagem é o sistema de tarifas aduaneiras.

As tarifas aduaneiras anulam-se com outras tarifas aduaneiras.
O Reino Unido quer exportar carros e a França passa a cobrar uma tarifa de 100 milhões€.
O Reino Unido retalia, passa a cobrar uma tarifa de 100milhões € sobre os vinhos francesese e entrega esse dinheiro aos produtores de carros para os compensar da tarifa cobrada pela frança.
Então, tanto dá haver tarifas como não haver pois, assim que um país inventa uma tarifa, o outro anula-a cobrando outra tarifa de que faz o tranvase do receita para anular o efeito.
O problema está apenas no custo de cobrar as tarifas, o que inclui custos administrativos e inspectivos pois, quem paga tarifas, não as quer pagar (combater o contrabando).



As vantagens do comércio.
Não é obvio que o comérico traga vantagens para os povos mas vou apresentar dois exempos que ilustram como o comérico aumenta a produção.

Vantagens Absolutas.
Vou imaginar uma economia em que se produzem pães e salsichas e onde as pessoas comem cachorros (pão com salsicha). No total, existem 40 horas de trabalho disponíveis em cada país.

No País A, demora 5 minutos a produzir um pão e 10 minutos a produzir uma salsicha.
Então, na 40 horas, vão ser produzidos 160 cachorros que será o PIB do país A.
     40*60/(5+10) = 1600
 
No País B, demora 10 minutos a produzir um pão e 5 minutos a produzir uma salsicha.
Então, na 40 horas, vão ser produzidos 160 cachorros que será o PIB do país A.
     40*60/(10+5) = 160
O país A tem uma vantagem absoluta na produção de pão e o país B na produção de salshichas

Vou abrir as fronteiras.
Agora, no país A vão produzir 480 pães (40*60/5 =  4800) e no país B 480 salsichas.
Depois, os do país A vão vender 240 pães em troca de 240 salsichas e acabam ambos a comer 240 cachorros em vez do 160.

Vantagens Relativas.
Vou fazer o País B mais atrasado, demora 15 minutos a produzir um pão e 15 minutos a produzir uma salsicha. Então, na 40 horas, só vão ser produzidos 80 cachorros.
     40*60/(15+15) = 80
 A produção nos dois países será de 160+80=240

Vou abrir as fronteiras.
Parece que, neste caso, o país A vai produzir ambos os bens e o país B nenhum bem mas, se assim for, o país B não tem como arranjar divisas para comprar os bens produzidos no país A. Então, o país B vai produzir o bem onde tem uma vantagenzinha relativa que são as salsichas.

No país A por cada salsicha produzida, deixa de se produzir 2 pães.
No país B por cada salsicha produzida, deixa de se produzir 1 pães.
Esta "razão de produção" é o custo de oportunidade.
Assim, o país vai produzir os bens onde os custos de oportunidade (e não so custos verdadeiros) são menores.

País A => 266,67 pães e 106,67 pães
País B => 0 pães e 160 salsichas.
O total de produção é de 266,67 cachorros quentes, um aumento relativamente aos 240 sem comércio.

Se ambos os países ficarem com o mesmo nível de vida.
Cada país vai comer 266,.66/2 = 133,33 cachorros. Se assim for, 
O país A vai exportar 133,33 pães e importar 26,33 salsichas
O país B vai importar 133,33 pães e exportar 26,33 salsichas
Neste equilíbrio, o preço de 1 salsicha será 5 pães 
Se o pão for 0,10€/u, a salsicha será 0,50€/u. 

Mas isto não pode ser porque o país A fica pior.
É por esta razão que existem guerras comerciais e barreiras à movimentação dos trabalhadores.
As pessoas do País A não aceitam piorar para que os do país B melhorem.

Ambos os países dividem os ganhos do comércio.
Agora, já será mais aceitável para o país A.
Como o ganho é (266,67-240)/2 = 13,33
O país A irá consumir 160 + 13,33 =173,33 cachorros.
Para isto, precisa exportas 93,33 pães e importar 66,66 salsichas.

O país A irá consumir 80 + 13,33 = 93,33 cachorros.
Para isto, importa  93,33 pães e exporta 66,66 salsichas.
O preço terá que ser 1 salsicha = 1,4 pães.
Se o pão for 0,10€/u, a salsicha diminuirá o preço para 0,14€/u.


Em mercado livre, tudo tem venda, o problema é o preço




Mas existem problemas
É que a teoria apenas permite comparar situaç~eos já em equilíbrio pelo que temos problemas durante o ajustamento.

Primeiro problema: a divisão do ganho.
Um preço mais elevado para a salsicha faz com que o ganho vá para o país B enquanto que um preço mais baixo faz com que o ganho vá para o país A.
As guerras comerciais são jogos dinâmicos que têm por fim alterar a divisão do ganho.

Segundo problema: o ajustamento.
No país B, as empresas que produzem pão vão ter que deixar esta actividade. Como investiram tempo a aprender a fazer pão, têm as máquinas e os clientes habituais, isso vai custar muito. Pelo contrário, os fazedores de salsichas viverão um período de prosperidade.
No país B, as empresas que produzem salsichas vão começar a ter concorrência pelas importações baratas (o preço cai de 0,50€ para 0,15€) pelo que muitas empresas vão à falencia. os produtores de pão viveram um período de prosperidade.

Os nossos agricultores estão em crise.
Pois estão porque a nossa economia, comparativamente a outras economias, não pode produzir bens agrícolas como leite.
Toda a nossa economia está a evoluir para os serviços (turismo).
Claro que, como uma economia produz milhares de bens diferentes, o modelo das vantagens comparativas com 2 bens é apenas uma pequena janela para a dinâmica económica que a Globalização está a operar nas nossas economias.
Mas, havendo milhares de bens e centenas de países/regiões, o que se vai observar é a especialização de cada região nas actividades onde tem vantagens relativas e, depois, vender o bem produzido no mercado global onde adquire os outros bens necessários.
No final, ficamos todos a ganhar.

A Alemanha especializa-se a produzir carros e o Brasil, a produzir bandeiras

Terá sido o Brexit um tremendo erro e o Trump um burro?
O Trumpo quando fala em construir muros e em rever tratados comerciais ou o UK quando sai da UE para rever políticas de asilo, não estão mais do que tentar alterar a divisão dos ganhos do comércio.
Como são países grandes, pensam explorar o "poder de monopólio" para trazerem para si uma percentagem maior dos ganhos do comérico.
Claro que, olhando apenas para os ganhos do comérico, pensamos que vão ter perdas (iguais às nossas), mas trazendo os termos de troca à discussão (os preços), a sua estratégia aparentemente isoliacionista faz  todo o sentido.

Será América capaz de socorrer os países balticos?
Muito se tem dito mal do Trump por ter dito que talvez não fosse possível defender os países balticos no caso de uma invasão russa.
Mas porque não perguntaram isso ao Holland?
Porque razão têm que ser os americanos a defender seja o que for?
Penso que, caso a Rússia decidisse invadir os países balticos, tal como na GEórgia e na Ucrânia, nada poderia ser feito para além do embargo económico.
Penso que ninguém está a imaginar uma guerra directa entre a Rússia e a Nato, nem seria bom para ninguém.

O Obama esqueceu-se dos aliados Curdos.
Coitados, acontecia-lhes como aos desgraçados Curdos que, mesmo no Iraque, estão a ser bombardeados pelos Turcos e pelos Russos e as pessoas de Alepo, a quem o Obama prometeu que os apoiaria se lutassem pela liberdade contra o Assad e, agora, estão a morrer porque o Obama se esqueceu deles, escondido nas saias da Clinton a ver se ela ganha.
Os USA já parecem um país do terceiro mundo onde o presidente da república aproveita uma visita de estado ao estrangeiro para dizer que o adversário político (da oposição) é um perigo para o seu país. 

Nós podiamos ter um "mar morto".
Penso que poderia ser uma atracção turistica bombar água do mar para uma lagoa e deixar que evapore até ficar saturada de sal. Desta forma, ficaria um mar morto pequenino, assim uma coisinha 100ha.





domingo, 7 de agosto de 2016

Já tenho uma ideia para o Hotel da Escarpa da Serra do Pilar

Dizer que está errado é muito mais fácil do que dizer como se faz bem. 
E foi a parte mais fácil que fiz quando disse que o projecto da Douro Azul para um hotel na Escarpa da Serra de Pilar, ESP, é um mamarracho.
Mas, no entretanto estive a pensar nas palavras simpáticas do Mário Ferreira (que, interessante, não disse uma única palavra abonatória relativamente ao projecto do mamarracho!) e fiquei com remorsos de não lhe ter dito nada sobre como o hotel poderia ser imaginado.

Sendo que não é parolo ...
Pensei eu, então está aberto a soluções visuais nunca vistas, capazes de, daqui a 500 anos, haver uma lei a proibir que mexam nesse edifício.
Pensei toda a noite e hoje surgiu-me uma ideia: o hotel tem que se inspirar nos vinhos, tem que ter pipas, toneis e garrafas. Então, comecei a imaginar o hotel como um amontoado de pipas e toneis como se vê nas fachadas das caves do Vinho do Porto.

Fig. 1 - A fachada terá filas de pipas com 4,0 m de diâmetro.

A escarpa tem 400 m de comprimento por 65 m de largura.
Isto dá uma área total de 26000m2.
Para termos uma comparação, a ribeira do lado do Porto (o triângulo entre a R. Infante D. Henriques, a escarpa do Túnel da Ribeira e o Rio) tem 30000m2.

Fig. 2 - A ESP é uma área importante da Ribeira e que só está à espera de bons projectos de arquitectura
 
Por isso, a ESP é um diamante em bruto que está ali perdido à espera de ser lapidado.
Mas não pode ser à moda de S. João da Madeira e de Guimarães (i.e., com caixas de sapatos) mas antes à moda de Gaia, com coisas do vinho e do Douro.

Fig. 3 - As filas de pipas seria interrompidas, aqui e ali por toneis com 20 metros de altura.

Já estou então a imaginar a fachada.
Pipas amontoadas, com quebras de regularidade, aqui e ali e misturadas com toneis mais altos, tipo torres de um castelo, e mais baixos.
Nas pipas e toneis, janelas abertas como escotilhas num navio.
E, por falar em navios, também metia uns barcos rabelos misturados com as pipas e umas garrafas gigantes, transparentes que seriam jardins suspensos, tudo desconstruido e meio tosco.

Fig. 4 - Tudo como as bailarinas Paula Rego

 O importante é termos imaginação.

Imagination is more important than knowledge. For knowledge is limited to all we now know and understand, while imagination embraces the entire world, and all there ever will be to know and understand. 

Albert Einstein

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As bananas e os robo-barcos

Há coisa de que todos temos curiosidades. 
Uma das coisas é, olhando para uma banana que vamos comer, imaginar a pessoa que cultivou aquela fruta sabe-se lá onde, e visualizar o caminho que aquele objecto percorreu até vir parar à nossa mão.
Sendo que a banana tem um preço na ordem de grandeza da fruta que produzimos em Portugal, imagino eu que, à porta da plantação, a banana deve ser muito barata.
Se fosse possível diminuir os custos entre a plantação e a nossa mão, o preço diminuiria na prateleira e aumentaria na plantação o que seria bom para todos.

Penso que é um pecado grave ver uma mulher a comer uma banana


Vou então dizer o que descobri.
A Bananeira é uma erva gigante que se cultiva em países quentes, com temperatura mínima noturna superior a 13.ºC. Em termos globais, produzem-se cerca de 125 milhões toneladas de banana por ano, 50% no Sul da Ásia, 20% na África e 20% na América do Sul. Produzem-se mais bananas do que laranjas (115Mton/ano) e do que maças (81 MTon/year).
A bananeira nasce como um rebento de uma planta adulta, produz ao fim de, em média, 18 meses, sendo mais rápido o crescimento nos climas mais quentes, e, depois de produzir, morre (fica um rebento lateral). 
Nos países quentes não existe época de produção pelo que a cultura é planeada de forma a que exista produção todos os dias.
Uma vez feita a plantação, fica em produção durante vários anos (corta-se o pé que produziu e deixa-se um dos rebentos crescer), o que torna a cultura simples e muito produtiva, cerca de 3kg/ano/m2 (30 ton/ano/ha).

Á porta da fazenda, o preço é de 0,30€/kg.
A banana que compramos por 1,00€/kg é maioritariamente produzida na Colômbia ou no Equador de onde sai da plantação a 0,30€/kg.
Na plantação, os cachos são colhidos, seleccionados os melhores grupos, lavados, desinfectados e embalados em caixas de cartão 36 litros que levam 18 kg de fruta. 
Depois, metem-se as caixas em contentores refrigerados. Um contentor de 20 pés leva cerca de 800 caixas, 14 toneladas.

 
Fig.1 - A banana que comemos é produzida a mais de 8500 km da nossa boca
 
Perdem-se 0,70€ na viagem.
Á saída da fazenda, cada caixa tem um preço de 5,00€ e, quando chega à nossa mão, depois de percorridos 10000km, o preço de cada caixa é 18€.
Esta margem de mais de 250% entre o preço de produção e o preço no nosso hipermercado prende-se com os custos de transporte e não tanto em estarmos a explorar os desgraçados que produzem bananas.
É que a logística é complexa e cara.
Como as plantações obrigam a espalhar a produção e o Atlântico é atravessado apenas por navios grandes, é preciso fazer muitos transbordos.
Assim, o transporte começa por juntar caixas até se encher um contentor refrigerado a 12ºC, depois, continua com o contentor num camião até um porto (podem ser mais de 1000km) que vai, mais tarde, levar o contentor até um porto grande onde possa atracar um navio transatlântico.
Uma vez na Europa, passa-se o inverso, o navio grande descarrega em Roterdão o contentor para navios mais pequenos que vão para portos mais pequenos onde o descarregam num camião que, depois, faz a viagem até à central de compras do supermercado onde o contentor é aberto e as 700 caixas separadas em vários camiões que as vão levar para as prateleiras dos hipermercados de cada terra.


Imaginemos a nossa Guiné-Bissau.
Tem um clima, em termos de temperatura e chuva, e terrenos bons para a cultura de banana, ananás e manga, podendo estas culturas ser o motor de desenvolvimento desta nossa ex-colónia. O problema é que não têm como transportar as frutas em tempo útil desde o local de cultivo até à nossa mão.
Nos países pobres as estradas são muito deficientes e os portos de mar pequenos e incapazes.
O que era preciso era um navio pequeno, com capacidade para 100 contentores de 20 pés, que pudesse ser carregado em pequeno portos e fizesse a viagem até ao destino final na Europa, América do Norte e Japão e pudesse entrar nos rios.


Os navios são grandes para diminuir os custos.
Um navio grande, para a mesma velocidade, gasta menos combustível. O combustível gasto é proporcional à área em contacto com a água e, quando um navio é maior, a área aumenta ao quadrado e o volume ao cubo. Assim, se aumentarmos a dimensão de um navio em 10 vezes, o consumo de combustível por tonelada diminui para metade.
Um navio grande também poupa nos custos da tripulação.
Então, para termos um navio pequeno temos que usar a outra variável importante que é a velocidade pois o consumo de energia cresce com a velocidade ao quadrado.
Desta forma, para termos um navio que é 1% do tamanho de outro (que viaja à velocidade de 23km/h) com o mesmo consumo de energia temos que reduzir a velocidade para 10km/h.
Quanto á tripulação, temos que acabar com ela!
O Roboship.
Investem-se actualmente milhares de milhões no desenvolvimento de tecnologia para que os carros possam circular na rua sem condutor humano por é difícil mantê-los na estrada congestionada com outros veículos e pessoas. Mas, para termos robô-navios, dado que não há a limitação da estrada, uma tecnologia simples é mais do que suficiente. Penso que, em mar aberto, bastará um GPS para saber a localização do navio, um sonar para detectar outros navios próximos e uma ligação por satélite para comunicar e receber instruções da central de controlo.
Estou a imaginar um navio com capacidade para 100 contentores de 20 pés a viajar por esses oceanos fora de forma autónoma a 10km/h (que compara com os 4km/h das caravelas quinhentistas).
Estou a imaginar, em vez de navios com 15000 contentores que tem que receber carga de centenas de portos, 150 navios com 100 contentores cada que viajam de um porto de origem para um porto de destino. 
A viajar a 10km/h demoraria 35 dias a percorrer os 8500km que nos separam da América do Sul e 19 dias a percorrer os 4500 km que nos separam da Guiné Bissau, é mais do dobro do tempo normal mas, como não há tripulação, não será um problema muito grande (para obter as distâncias entre portos e os tempos de viagem a 14 nós, ver este site). E a banana conserva-se 6 semanas com temperatura e atmosfera controladas (ver).

Os esquerdistas desmiolados são contra a globalização.
A globalização tem permitido que, mais e mais produtos de locais esquisitos cheguem à nossa mesa. No sábado passado olhei para a prateleira do feijão e vi lá feijão preto da Etiópia, branco do Madagáscar, vermelho da Índia e frade da China. Como muito do preço que pagamos são custos de transporte, os esquerdistas desmiolados têm metido na nossa juventude inconsciente a ideia desmiolada de que, ao comprarmos produtos desses países pobres, estamos a explorar a miséria das pessoas desses países que têm salários muito baixos para o nosso padrão de vida.
Então, sendo desmiolados, têm que vir com uma ideia absurda: proibir a importação desses países pobres.
Mas, quando uma pessoa na Colômbia vai trabalhar numa plantação de bananas por 1€/h, não consegue ganhar este valor noutra actividade pelo que, se não lhes comprarmos bananas, o seu nível de vida vai diminuir.
É como proibir uma pessoa de beber água porque, caso contrário, teria que fazer uma longa viagem.
O que temos que defender é o aprofundar da globalização pela diminuição dos custos de transporte.

O comércio livre é a melhor forma de "combater" as migrações.
Reparemos que, nos refugiados que chegam à Europa, não há Etíopes.
E isto não acontece porque a Etiópia, apesar de ser um dos países mais pobres do mundo, tem desde 2002 uma política de abertura das fronteiras para o investimento e o comércio. Esta abertura permitiu que o rendimento per capita das pessoas triplicasse em 12 anos (um crescimento de 8,7%/ano, WB).
Com livre comércio, os países mais pobres desenvolvem-se e, como ninguém gosta de sair do seu país, as pessoas ficam contentes por lá a trabalhar para nós por tuta e meia.


Deus ajude os pobres a vender o que produzem.
Maria Clara

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