Parece que o Mar Morto não tem nada a ver com o Brexit!
O Mar Morto é o lago com 60000ha onde desagua o Rio Jordão. em termos políticos, está dividido entre Israel, a Margem Ocidental (West Bank) e a Jordânia.
A superfície da água do lago está a quase 430m abaixo do nível médio dos oceanos e, porque as suas águas não têm saída, ao longo dos milénio foi acumulando o sal transportado nas águas do Jordão (que se evaporam) e, assim, tornou-se um corpo de água saturada em sais, principalmente cloreto e brometo de sódio e de magnésio. Em peso, um litro de água do Mar Morto tem 290g de Sal.
É uma grande atracão turística porque as pessoas flutuam muito facilmente (e, dizem, as lamas fazem bem à saúde, bullshit).
O problema é que o Mar Morto está a secar.
O caudal médio do Rio Jordão quando entra no Mar Morto, sem intervenção humana, é de 40m3/s que compara com os 700m3/s do Rio Douro. Mas, por causa do desvio para a Jordânia (40%) e do uso em Israel, atualmente só chegam ao Jordão 2% deste caudal natural, cerca de 1m3/s.
Sendo que não lhe chega água, ao longo do tempo, o Mar Morto tem vindo a diminuir de dimensão, cerca de 900ha de superfície e 1m de cota, se nada for feito, irá desaparecer dentro de poucos anos.
A sua diminuição causa problemas ao turismo pois a linha de costa está constantemente a afastar-se dos hotéis.
Terá que vir água do Mar Vermelho ou do Mediterrâneo.
Existem 2 caminhos principais por onde a água pode entrar.
No primeiro caminho, a água vem do Golfo de Aqaba que é uma abertura que vai ligar ao Mar Vermelho.
A água entrará em Eilat e, depois, percorre 160km.
No segundo caminho, a água vem do mediterrâneo, entra em Ashdod e, depois, percorre 80km.
Apesar de os decisores políticos se estarem a inclinar pela solução do Mar vermelho, vou-me concentrar na solução do Mediterrâneo.
Bombear a água.
Não interessa muito os quilómetros que a água vai percorrer mas antes quanto custa meter 1m3 de água no Mar Morto. Normalmente, os transvases usam os rios a correr em sentido contrário, da foz para a nascente tendo a água que ser bombeada de barragem para barragem até que, chegando ao cimo do monte, já se pode desviar para o rio pretendido. No novo rio, haverá barragens para recuperar a energia que se gastou
Fig. 2 - Esquema de um transvase usando barragens e bombagem
No caso do transvase Mediterraneo-Mar Morto, é preciso subir primeiro 920m para descer depois 1400m
Em termos energéticos, parece que ainda vai haver lucro mas o problema é que existem ineficiências.
A bombagem perde 20% da energia, o percurso nas barragens e canais outros 20%, na turbinação 20% e nos fios outros 10%. Somando isto tudo, teremos
Energia gasta = 920 * 1,20*1,20 = 1324m
Energia recuperada 1400*0,8*0,9=1008m
Gasta-se mais energia do que a que se recupera.
Com um túnel
Não se perde energia a bombar nem a gerar electricidade pelo que o saldo será muito positivo.
Vamos ao Brexit e ao livre comércio.
O túnel é o livre comércio e o transvase com barragens e bombagem é o sistema de tarifas aduaneiras.
As tarifas aduaneiras anulam-se com outras tarifas aduaneiras.
O Reino Unido quer exportar carros e a França passa a cobrar uma tarifa de 100 milhões€.
O Reino Unido retalia, passa a cobrar uma tarifa de 100milhões € sobre os vinhos francesese e entrega esse dinheiro aos produtores de carros para os compensar da tarifa cobrada pela frança.
Então, tanto dá haver tarifas como não haver pois, assim que um país inventa uma tarifa, o outro anula-a cobrando outra tarifa de que faz o tranvase do receita para anular o efeito.
O problema está apenas no custo de cobrar as tarifas, o que inclui custos administrativos e inspectivos pois, quem paga tarifas, não as quer pagar (combater o contrabando).
As vantagens do comércio.
Não é obvio que o comérico traga vantagens para os povos mas vou apresentar dois exempos que ilustram como o comérico aumenta a produção.
Vantagens Absolutas.
Vou imaginar uma economia em que se produzem pães e salsichas e onde as pessoas comem cachorros (pão com salsicha). No total, existem 40 horas de trabalho disponíveis em cada país.
No País A, demora 5 minutos a produzir um pão e 10 minutos a produzir uma salsicha.
Então, na 40 horas, vão ser produzidos 160 cachorros que será o PIB do país A.
40*60/(5+10) = 1600
No País B, demora 10 minutos a produzir um pão e 5 minutos a produzir uma salsicha.
Então, na 40 horas, vão ser produzidos 160 cachorros que será o PIB do país A.
40*60/(10+5) = 160
O país A tem uma vantagem absoluta na produção de pão e o país B na produção de salshichas
Vou abrir as fronteiras.
Agora, no país A vão produzir 480 pães (40*60/5 = 4800) e no país B 480 salsichas.
Depois, os do país A vão vender 240 pães em troca de 240 salsichas e acabam ambos a comer 240 cachorros em vez do 160.
Vantagens Relativas.
Vou fazer o País B mais atrasado, demora 15 minutos a produzir um pão e 15 minutos a produzir uma salsicha. Então, na 40 horas, só vão ser produzidos 80 cachorros.
40*60/(15+15) = 80
A produção nos dois países será de 160+80=240
Vou abrir as fronteiras.
Parece que, neste caso, o país A vai produzir ambos os bens e o país B nenhum bem mas, se assim for, o país B não tem como arranjar divisas para comprar os bens produzidos no país A. Então, o país B vai produzir o bem onde tem uma vantagenzinha relativa que são as salsichas.
No país A por cada salsicha produzida, deixa de se produzir 2 pães.
No país B por cada salsicha produzida, deixa de se produzir 1 pães.
Esta "razão de produção" é o custo de oportunidade.
Assim, o país vai produzir os bens onde os custos de oportunidade (e não so custos verdadeiros) são menores.
País A => 266,67 pães e 106,67 pães
País B => 0 pães e 160 salsichas.
O total de produção é de 266,67 cachorros quentes, um aumento relativamente aos 240 sem comércio.
Se ambos os países ficarem com o mesmo nível de vida.
Cada país vai comer 266,.66/2 = 133,33 cachorros. Se assim for,
O país A vai exportar 133,33 pães e importar 26,33 salsichas
O país B vai importar 133,33 pães e exportar 26,33 salsichas
Neste equilíbrio, o preço de 1 salsicha será 5 pães
Se o pão for 0,10€/u, a salsicha será 0,50€/u.
Mas isto não pode ser porque o país A fica pior.
É por esta razão que existem guerras comerciais e barreiras à movimentação dos trabalhadores.
As pessoas do País A não aceitam piorar para que os do país B melhorem.
Ambos os países dividem os ganhos do comércio.
Agora, já será mais aceitável para o país A.
Como o ganho é (266,67-240)/2 = 13,33
O país A irá consumir 160 + 13,33 =173,33 cachorros.
Para isto, precisa exportas 93,33 pães e importar 66,66 salsichas.
O país A irá consumir 80 + 13,33 = 93,33 cachorros.
Para isto, importa 93,33 pães e exporta 66,66 salsichas.
O preço terá que ser 1 salsicha = 1,4 pães.
Se o pão for 0,10€/u, a salsicha diminuirá o preço para 0,14€/u.
Em mercado livre, tudo tem venda, o problema é o preço
Mas existem problemas
É que a teoria apenas permite comparar situaç~eos já em equilíbrio pelo que temos problemas durante o ajustamento.
Primeiro problema: a divisão do ganho.
Um preço mais elevado para a salsicha faz com que o ganho vá para o país B enquanto que um preço mais baixo faz com que o ganho vá para o país A.
As guerras comerciais são jogos dinâmicos que têm por fim alterar a divisão do ganho.
Segundo problema: o ajustamento.
No país B, as empresas que produzem pão vão ter que deixar esta actividade. Como investiram tempo a aprender a fazer pão, têm as máquinas e os clientes habituais, isso vai custar muito. Pelo contrário, os fazedores de salsichas viverão um período de prosperidade.
No país B, as empresas que produzem salsichas
vão começar a ter concorrência pelas importações baratas (o preço cai de 0,50€ para 0,15€) pelo que muitas empresas vão à falencia. os produtores de pão viveram um período de prosperidade.
Os nossos agricultores estão em crise.
Pois estão porque a nossa economia, comparativamente a outras economias, não pode produzir bens agrícolas como leite.
Toda a nossa economia está a evoluir para os serviços (turismo).
Claro que, como uma economia produz milhares de bens diferentes, o modelo das vantagens comparativas com 2 bens é apenas uma pequena janela para a dinâmica económica que a Globalização está a operar nas nossas economias.
Mas, havendo milhares de bens e centenas de países/regiões, o que se vai observar é a especialização de cada região nas actividades onde tem vantagens relativas e, depois, vender o bem produzido no mercado global onde adquire os outros bens necessários.
No final, ficamos todos a ganhar.
A Alemanha especializa-se a produzir carros e o Brasil, a produzir bandeiras
Terá sido o Brexit um tremendo erro e o Trump um burro?
O Trumpo quando fala em construir muros e em rever tratados comerciais ou o UK quando sai da UE para rever políticas de asilo, não estão mais do que tentar alterar a divisão dos ganhos do comércio.
Como são países grandes, pensam explorar o "poder de monopólio" para trazerem para si uma percentagem maior dos ganhos do comérico.
Claro que, olhando apenas para os ganhos do comérico, pensamos que vão ter perdas (iguais às nossas), mas trazendo os termos de troca à discussão (os preços), a sua estratégia aparentemente isoliacionista faz todo o sentido.
Será América capaz de socorrer os países balticos?
Muito se tem dito mal do Trump por ter dito que talvez não fosse possível defender os países balticos no caso de uma invasão russa.
Mas porque não perguntaram isso ao Holland?
Porque razão têm que ser os americanos a defender seja o que for?
Penso que, caso a Rússia decidisse invadir os países balticos, tal como na GEórgia e na Ucrânia, nada poderia ser feito para além do embargo económico.
Penso que ninguém está a imaginar uma guerra directa entre a Rússia e a Nato, nem seria bom para ninguém.
O Obama esqueceu-se dos aliados Curdos.
Coitados, acontecia-lhes como aos desgraçados Curdos que, mesmo no Iraque, estão a ser bombardeados pelos Turcos e pelos Russos e as pessoas de Alepo, a quem o Obama prometeu que os apoiaria se lutassem pela liberdade contra o Assad e, agora, estão a morrer porque o Obama se esqueceu deles, escondido nas saias da Clinton a ver se ela ganha.
Os USA já parecem um país do terceiro mundo onde o presidente da república aproveita uma visita de estado ao estrangeiro para dizer que o adversário político (da oposição) é um perigo para o seu país.
Nós podiamos ter um "mar morto".
Penso que poderia ser uma atracção turistica bombar água do mar para uma lagoa e deixar que evapore até ficar saturada de sal. Desta forma, ficaria um mar morto pequenino, assim uma coisinha 100ha.