quinta-feira, 23 de março de 2023

E preciso alojamento para os alunos do ensino superior.

As universidades são em cidades e os alunos estão deslocados.

Todos os concelhos têm ensino secundário pelo que os alunos estão em casa com os pais mas, quando entram na universidade, a situação altera-se, havendo necessidade em ir para uma escola longe de casa.

O problema actual é que alguém que não precisa de um alojamento decidiu que o estudante não pode residir "sem dignidade".


No meu tempo.

Quando cheguei ao Porto, fui viver numa garagem, sim, numa garagem, juntamente com outra pessoa. Estive lá um mês e, depois, a minha mãe foi chorar aos serviços sociais, sim, literalmente, e consegui ir para uma residência universitária.

Nessa residência, cada quarto tinha 3 ou 4 pessoas e um dos meu colegas de quarto e de curso vinha de um alojamento em que estavam 25 estudantes num T2, sim, 25 pessoas num apartamento com 2 quartos.

Nesse tempo, a maior parte do povo safava-se com as "velhotas" que pagavam 0,50€/mês de renda, em casas a cair de podre, e que metiam 3 estudantes (que era o máximo permitido pelo senhorio) para poderem sobreviver. 


Hoje, tudo isso mudou.

As velhotas morreram, as casas foram recuperadas e têm lá pessoas que não precisam de ter hospedes e as residências universitárias "ganharam dignidade", isto é, reduziram substancialmente o número de camas por quarto.

Também os transportes melhoraram, quase todos os estudantes têm carro.

Mas não é a mesma coisa viver próximo da universidade, a 10 ou 15 minutos a pé, ou viver a uma ou duas horas de distância de carro ou de comboio.


Para resolver o problema da falta de alojamentos é necessário diminuir as proibições.

O Isaltino de Morais falou hoje numa das minhas propostas para resolver o problema da falta de habitação: Permitir a construção de habitação na Reserva Agrícola Nacional.

Começaria então por retirar as residências universitárias das limitações do PDM.


Eu enterrava as residências universitárias.

A "minha" ideia de fazer construções sem janelas não é verdadeira minha pois já existe. 

A Munger Graduate Residences na Universidade de Michigan é uma residência universitária com 630 quartos que não tem janelas nos quartos (mas tem janelas na sala).


Os estudantes não se queixam.

Estive a procurar testemunhos e, quem está de fora, diz que é uma prisão mas os estudantes que lá viveram não se queixam da falta de janelas.
Eu, por exemplo, tenho o estore da janela do meu quarto totalmente fechado há mais de 10 anos (a janela poderia estar fechada a tijolo).


Mas há projectos mais ousados.
A Universidade da Califórnia em Santa Barbara tem em projecto uma residência universitária com 4500 quartos com uma área bruta por quarto de 35m2, sem janelas.
Se pensarmos um terreno da universidade, que o custo de construção é de 1000€/m2, amortizável em 30 anos e com uma taxa de juro real de 2%/ano, teremos um custo de capital de 130€/mês por quarto. Se cada quarto tiver dois estudantes, com água, electricidade e internet, teremos um custo  100€/mês por estudante.


Para uma residência com 500 alunos, são precisos 18 milhões €.
Eu fazia a residência enterrada sob uma zona verde ou um estacionamento das faculdades, metia 5 pisos enterrados com 3500m2 de implantação, naturalmente sem janelas, e nem se dava conta de que estava ali uma construção tão importante.


Para resolver problemas novos, temos de usar estratégias novas.
Algures na sua vida, Einstein deparou-se com o problema da "onda-crepúsculo" (a proposta é do De Brogeli). Em termos simples, o electrão, quando se "olha" para ele (quando está parado), é uma partícula mas, quando não se "olha" para ele (quando está em movimento), é uma onda.
Em particular, o electrão não cai no núcleo do átomo porque, enquanto está "agarrado" ao átomo, é uma onda (de energia) e não uma partícula.
Para poder explicar a "onda" em torno do núcleo, Einstein imaginou o electrão como água de um aquário que está em toda a parte ao mesmo tempo. Quando paramos a "onda" a energia condensa-se numa partícula.
A solução matemática para a densidade do electrão (como o electrão se divide no espaço) deve-se a Erwin Schrödinger.
Agora a questão é, onde está o electrão?

O electrão está em toda a parte!!!!
Está em toda a parte ao mesmo tempo mas não com igual densidade. É quase como o nosso cabelo que cobre todo o corpo mas a densidade não é a mesma em todos os pontos da pele.
Da mesma forma que, quando viramos uma panela, a água está em toda a parte, o electrão está em toda a parte mas, como os mortais não compreendem como uma mesma coisa pode estar em vários sítios ao mesmo tempo, Einstein propõe que a densidade fosse interpretada como uma probabilidade. 


Estava criada a Física Estatística.
Na física estatística, a mesma acção pode dar lugar a resultados diferentes.
Parar o electrão faz com que ele apareça em qualquer lado, de forma aleatória.
A física estatística veio resolver muitos problemas da Mecânica Quântica (por exemplo, como o electrão atravessa um isolante) mas, na mente do Einstein, não existe de facto, é apenas um artifício da mente humana em resposta a uma dificuldade de compreensão da Natureza.

E aqui vêm as frases!!!
Einstein trabalhou os últimos anos da sua vida sem nada fazer de útil porque queria destruir a sua física estatística.
Trabalhou, trabalhou, trabalhou mas nunca a conseguiu destruir.
Quando, próximo da morte, se deu por derrotado pelo "monstro que criou" avançou com a razão.

1) Não é inteligente pensar que fazendo a mesma coisa duas vezes, obtemos dois resultados diferentes.
Mas porque é que não é inteligente?

2) Porque Deus não joga aos dados.
Quem o garante?

Morreu antes de o conseguir responder.


O plano do Costa de criação de habitação não vai funcionar.
É que não estamos a falar de Mecânica Quântica em que da mesma acção podem resultar coisas diferentes.
Se há um problema de falta de habitação, não é mantendo os PDMs, a fiscalidade, os mecanismos de loteamento, blá, blá, blá, que o problema vai ser resolvido.


Já ninguém se lembra do Marcelo Caetano.
Nos anos 1950 e 1960 surgiram enormes problemas de falta de habitação nas cidades. O Salazar fez os bairros sociais, permitiu o aparecimento de barracas como solução provisória e, nos anos 1970, o Caetano introduziu a "propriedade horizontal".
Agora, também é preciso fazer algo de diferente a começar por reduzir substancialmente o PDM e a Reserva Agrícola.
Fora dos "centros históricos", o PDM deve pura e simplesmente desaparecer.

terça-feira, 14 de março de 2023

Taiwan, Ucrânia e a guerra nuclear

Estou um bocadinho assustado.

Historicamente, sempre que um país se tornou uma potência, aconteceu uma guerra devastadora. Esse processo histórico está a acontecer com a China.

A China está a ocupar ilhotas à procura de domínio no Pacífico, exactamente o que aconteceu nos anos 1930 com o Japão.

Agora, temos a invasão pela Rússia que vai ser totalmente derrotada se a China não a ajudar massivamente. A ideia escondida da China é trocar a ajuda militar pelos territórios russos da "Ásia profunda".


As ditaduras tomam decisões que não são racionais.

Sempre pensei que a invasão da Ucrânia nunca iria acontecer porque não há nem nunca houve qualquer ganho imaginável para a Rússia pela invasão e anexação da Ucrânia.

Passa-se o mesmo com Taiwan, não há qualquer ganho para a China em invadir e anexar Taiwan (ou a Malásia invadir Singapura). Mas, vendo como me enganei na questão russa, o mais certo é estar enganado e a China ir mesmo aliar-se à Rússia e invadir Taiwan.

Comparando com a Ucrânia, Taiwan tem a vantagem de ser uma ilha mas tem a desvantagem de  não ter "profundidade estratégica", é uma cidade costeira (Thaichug+Chiayi+Tainan+Kaohsiung) virada para a China, com 30 km de profundidade face ao mar e 200 km de comprimento ao longo da costa.


Será que os USA vão defender Taiwan?

Defender Taiwan de um bloqueio naval e invasão por parte da China obriga a tomar medidas de força por parte dos USA que representam uma guerra total. Pior ainda, se a China decidir usar armas nucleares.

Será que os USA vão entrar numa guerra total contra a China, possivelmente usando bombas atómicas? Não sei, tenho mesmo muitas dúvidas que os USA vão defender Taiwan.

Esta questão colocou-se nos anos 1950 aos europeus, "Em caso de um ataque nuclear por parte da URSS será que os USA nos vão defender?" Como a resposta foi "não sei" a França, com 290 bombas atómicas, e o Reino Unido, com 235, decidiram pela "independência estratégica": se formos atacados, não estamos dependentes dos USA para retaliar.

Se Taiwan não consegue resistir a uma invasão chinesa e se têm dúvida que os USA entrem em confronto directo com a China para os defender, só lhes resta a "independência estratégica".


O que é uma bomba atómica?

Em termos práticos, há 2 tipos de bombas atómicas, as bombas de Urânio 235 e a bomba de Plutónio 239. Actualmente, em cada 20 bombas atómicas, 19 são de U235 e apenas uma é de Pu239.


A bomba de U235.

O Urânio natural é formado por dois isótopos, 99,3% é U238 que é inerte e 0,7% é U235 que é activo. Uma bomba atómica precisa que se concentre o Urânio a 95% de U235 o que é difícil de fazer e de esconder. 

A bomba de U235 tem duas vantagem sendo que a primeira é ser estável (enquanto está armazenada não produz calor) e a segunda é não "abortar" durante a ignição.

A massa crítica de U235 é 52 kg mas, com reflectores de neutrões, essa massa mínima pode diminuir para 20kg.


A bomba de Pu239.

Não existe Pu239 na natureza, sendo necessário produzi-lo em reactores nucleares. Dentro do reactor  nuclear,  U238 inerte é atingido por um neutrão e transforma-se em Pu239. Depois, é necessário processar o material para retirar o Pu239.

A bomba de Pu239 tem a vantagem de ser relativamente fácil (?) produzir Plutónio mas tem três desvantagens.

A primeira desvantagem é que juntamente com o Pu239 cria-se Pu240 que é muito activo, produzindo muito calor.  Assim, o armazenamento é difícil pois é preciso refrigeração constante. 

A segunda desvantagem é que, para haver pouco Pu240 misturado no Pu239, é preciso interromper o funcionamento do reactor nuclear a cada 3 meses o que é detectável e muito dispendioso. A forma de resolver isto é usar reactores CANDU.

A terceira desvantagem é que o Plutónio é "muito rápido" o que causa o "abortar" da explosão. 

A massa critica de Pu239 é 10kg (e de Pu240 é 40kg).


O que é o "abortar" da explosão nuclear?

Para acontecer a explosão, o material físsil tem que estar compacto. Assim que a explosão começa, o material aquece e expande-se, deixando de estar compacto. No caso do U235 quando a expansão acontece, já a reacção está "muito bem encaminhada" enquanto que no caso do Pu239, a reacção ainda está no princípio. 

Com a expansão, a reacção nuclear para.

A bomba atómica de Pu239 tem de conter o material confinado da expansão usando um "super-explosivo" de confinamento.


Taiwan tem muito Plutónio mas ...

Tem uma central de reprocessamento de combustível dos seus reactores nucleares, produzindo toneladas de Plutónio mas é "reactor grade", isto é, tem 80% de Pu239 e 20% de Pu240.

Isto explode mas é impossível de armazenar pois produz muito calor. Para termos uma ideia, 20kg de Plutónio 80/20 (que é uma esfera com 10cm de diâmetro) produz 1000 KW de calor o que é uma enormidade, não dá para refrigerar.


Se fosse eu a mandar em Taiwan, o que faria.

Comprava um território à Indonésia, parte da Papua Ocidental e mudava o governo e todas as instituições criticas para o novo território.

Nesse território, podia-se pacificamente declarar como estado independente e, lentamente, criar infraestruturas e mudar tudo para lá.

Na eventualidade de Taiwan ser invadida, os cidadãos poderiam "fugir" para esse novo território.

Eu se mandasse em Taiwan, comprava a Papua Ocidental e refazia lá o país.


sexta-feira, 10 de março de 2023

O aumento nos preços dos produtos alimentares é culpa do António Costa

Subir o salário mínimo e prejudicar a "imigração ilegal" tem custos para os consumidores.

Interessante o esquerdismo defender "escola pública", "transportes de passageiros públicos", "sistema de saúde público" mas não defender supermercados públicos!

Eu penso que os supermercado são mais importantes para a vida das pessoas do que a TAP. Logo, penso eu, existo, o António Costa e demais esquerdistas deveriam fazer supermercados.

Só não os fazem porque, senão, a quem metiam as culpas da sua má governação?

Só restariam os ucranianos.


O esquerdismo é como o catolicismo (e demais religiões).

Meter aqui um bocadinho de polémica.

Esquerdistas e religião são inimigos porque ambos se baseiam (e obrigam os outros a aceitar) em factos falsos. As religiões baseiam-se no "facto" de que Deus existe quando não existe. O esquerdismo baseia-se no "facto" de que é possível dar tudo a todos a todo o tempo e sem custos.

Neste momento, obrigada pelos esquerdistas, parece que a hierarquia da nossa santa igreja tem de reconhecer, pedir perdão e indemnizar por pecados (e crimes) que pessoas cometeram. Mais seria de os obrigar a reconhecer que Deus não existe.

Já os esquerdistas, as mortes causadas directamente pelo Ótelo e associados e, indirectamente, os prejuízos causados pelas políticas erradas que implementam, ninguém precisa de se responsabilizar.


1 = Salário Mínimo

A agricultura dos "frescos" incorpora muita mão de obra pouco diferenciada que ganha salário mínimo. Esse salário é a principal componente do custo de produção agrícola.

Também a distribuição (recolha, preparação, transportes, reposição de prateleiras, operadores de caixa, manutenção das instalações, etc.) incorporam muita mão de obra pouco  diferenciada que ganha salário mínimo.

Em 2015 o salário mínimo era de 505€/mês e, actualmente, é 760€/mês, um aumento de 50%.


E quanto subiram os produtos agrícolas?

Entre 2015 e 2022, o SMN subiu 40% e os preços dos bens agricolas (bens alimentares excepto bebidas) subira 9%!!!!!!!!!!!!!

Chegado a 2022, os produtores agrícolas estavam a sofrer prejuízos enormes,  daí, abateram o gado e abandonaram os campos. Não vi os esquerdistas dizerem que os bens agrícolas estavam baratos de mais, apenas diziam que "subir o salário mínimo não tem qualquer impacto negativo na economia".

A subida que observamos entre o principio de 2022 e agora, ainda não recuperou os aumentos no SMN, ainda falta aumentar 5% e incorporar os futuros aumentos para os anunciados 900€/mês em 2025.

Evolução do Salário Mínimo Nacional e dos preços dos bens agrícolas (dados: INE)

2 = Imigração (ilegal)

Pegar nos 760€/mês, somar a TSU, multiplicar por 14 e dividir pelos dias de trabalho, resulta que o SMN são 60€/jorna de 8 horas. 

Não é rentável, mesmo para os preços aumentados, produzir frutas e horticulas a este salário, PONTO.

Como um trabalhador agrícola no Nepal ganha menos de 8,00€/jorna de 12 h, ficam todos contentes e sentem-se muito bem remunerados se receberem os 60€ do "trabalhador legal" mas trabalhando 12h/jorna. 

Esses 5€/h não é nenhuma exploração nem escravatura porque os trabalhadores vêm de livre vontade e esse valor é o nosso SMN de 2015.

Para termos bens agrícolas a preços de 2015, precisamos desse "trabalho sob condições desumanas e escravo"


O que é a escravatura?

É uma relação laboral em que o trabalhador não pode abandonar o posto de trabalho nem decidir o que faz.

Aquilo que os esquerdistas referem como escravatura (o trabalhador é "obrigado" a trabalhar porque precisa do salário) também se aplica ao empregador (o empregador é "obrigado" a contratar o trabalhador porque precisa do seu trabalho).

Esta "necessidade" é a força que faz a economia funcionar.

A Arábia Saudita vende petróleo porque precisa do nosso dinheiro. Nós vamos ao supermercado e compramos coisas porque quem as vende precisa do nosso dinheiro. Mas nem os árabes nem os do supermercado são nossos escravos.


A falácia da "desintegração".

As Testemunhas do Senhor Jeová vêem o anúncio do fim do mundo em tudo o que mexe. Chove, é o anúncio do fim do mundo, mas se não chove também é o anúncio do fim do mundo.

Os esquerdistas, decompondo os processos produtivos, chegam à conclusão que o peso dos salários nos custos é muito baixo. Vou refazer a conta.

Um agricultor cultiva um campo para produzir milho que dá às suas vacas. Depois, tira o leite e, com ele faz queijo. Finalmente, vai ao mercado e vende o queijo por 1000€. Todo é feito com as suas mãos pelo que o custo de produção é apenas salários, 100%.

Agora, o processo produtivo vai ser dividido. O agricultor "B" paga 200€ ao "capitalista A" pelo terreno e vende o milho por 250€ (o seu salário é 50€, 20% da facturação) ao vaqueiro "C" que vende o leite por 350€ (o seu salário é 50€, 14% da facturação, e paga 50€ ao capitalista pelas instalações) ao queijeiro "D". Este processo continua até o queijo chegar ao consumidor final por 1000€.

No final, A, B, C, D, E, ... vão receber enquanto capitalistas, ficando tudo igual.

Mas se, empresa a empresa, fizermos a média do peso dos salários na facturação, este diminui de 100% para 20% ou menos porque os bens adquiridos (também feitos com trabalho) são considerados como não incorporando salários.


Se SMN aumenta ...

Vai haver aumentos em cadeia ao longo de todo o processo produtivo sendo o resultado final exatamento o mesmo que caso fosse uma única empresa a fazer tudo.

É apenas a falácia de que dividir, baralhar e voltar a dar faz aumentar o número de cartas.

Isso só os mágicos e, todos sabemos, é apenas uma ilusão.


Acabando com um bocadinho de polémica.

Nos anos 1950, 1960, 1970, a ideia era a "libertação da sexualidade" e a Igreja martelava "é um enorme pecado". Agora, a coisa inverteu-se, chegando a ser pedido que uma violação (e cada vez mais coisas se incorpora neste termo) deve ser condenada com pena de morte.

Para alguém que entra numa escola, matar mil crianças, acham bem 25 anos de cadeia. Mas se violar uma ou duas, já se deve aplicar a pena de morte.

Não estou a defender nem ninguém pode, no seu juízo perfeito, defender a violação seja de adultos ou de crianças mas devemos ter como medida que o homicídio é muito mais grave e, por isso, a pena no caso de violação tem de ser menor, muito menor, que no caso de homicídio.

Ou se quiserem mudar o lado da moeda, a pena no caso de homicídio tem de ser muito maior, muito maior, que no caso de qualquer outro crime. Diria que tem de ser pelo menos o dobro.

Se se quer condenar "por uma coisa qualquer que não homicídio" a uma pena de 20 anos de cadeia, a um homicida tem de ser aplicados pelo menos 40 anos de prisão ou o contrário. Não pode é haver nas nossas prisões pessoas condenadas por "burla, fraude fiscal e evasão fiscal" a penas superiores a pessoas condenadas por homicídio.  

quinta-feira, 9 de março de 2023

A invasão da Ucrânia não vai acabar com negociações

Os "peritos da comunicação social" afirmam que uma guerra só acaba com negociações.

Mas estão completamente errados já que a ciência (sim, existe estudos científicos sobre a guerra e a paz) e a evidência, não o mostram.

Vejamos o que diz a ciência sobre a guerra.


A guerra começa quando... 

O país A (atacante) pensa que atacando o país B vai ter um custo Xa0 (em vidas humanas, equipamento, reputação, etc.) e um benefício Ya0 (em ganhos territoriais e de recursos naturais). O país A ataca o país B se pensar que o ganho líquido é positivoYab-Xa0>0.

O país B (atacado) pensa que sendo atacado pelo país B vai ter um custo Xb0 (em vidas humanas e em equipamento) se se defender e um prejuízo Yb0 se perder. O país B defende-se do país A se as perdas da invasão são maiores do que as perdas de não se defender, Xa0-Yab > zero.

X10, Xb0, Ya0 e Yb0 são conhecidos com erro (com informação incompleta)



Durante a guerra. 
Vai sendo revelada informação. 
O país A vai actualizar o que pensa sobre o custo e o benefício da invasão. Se o custo aumentar (Afinal, o país B é mais forte do que pensava) ou o benefício diminuir (afinal, o país B não tem recursos interessantes), o "ganho líquido da guerra" vai diminuir relativamente ao pensado antes da guerra começar.
O país B também vai actualizar o que pensa sobre o custo da defesa e as perdas da invasão. 

A guerra acaba. 
Quando o ganho líquido para o atacante se passar a revelar como negativo. Uso a palavra "revelar" porque o ganho foi sempre negativo mas o país A não tinha informação que o permitisse calcular sem erro.
Sendo que não há ganho em continuar o ataque, o país A vai parar a sua acção beligerante.


E o que faz o país B?
Se o país A acabou com o ataque, o país B não tem prejuízo se terminar a defesa activa. Assumindo que não tem incentivos para atacar o país B, acaba com a defesa activa.

Quando o país B passa a atacar o país A?
Apenas quando a situação se inverte, isto é, a informação revelada durante a guerra diz que o país B tem um ganho líquido se invadir o país A.
Normalmente, a invasão é justificada pelo pagamento de compensações de guerra que podem ser na forma de território (o caso da perda da Alemanha da Prússia Oriental e da RDA para a URSS) ou de futuro fornecimento de bens.

O que vai então acontecer na guerra da Ucrânia.
A Rússia vai tomar consciência de que a invasão da Ucrânia foi um erro total e vai retirar as suas forças.
Fase 1 : A Rússia vai começar por retirar as forças até à linha de 23 Fevereiro de 2022.
Como a Ucrânia vai continuar as hostilidades, decorridas algumas semanas, a Rússia vai recuar para as fronteiras reconhecidas internacionalmente.
Fase 2: A Rússia, decorridos alguns anos, vai acordar pagar compensações de guerra para que sejam levantadas as sanções.
O Ocidente vai ser "meigo" e exigir apenas compensações simbólicas porque, nessa altura, o Putin já não estará no poder. A maioria das despesas de reconstrução serão pagas pelos países ocidentais (UE e USA).

Haverá um situação como nas Coreias.

Nunca chegou a ser declarada a guerra, nunca chegará a ser declarada a paz.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Como se determina o preço (das armas enviadas para a Ucrânia)?

As armas são de tecnologia intensiva.

Em termos de artilharia, temos os misseis em que a propulsão resulta de um "motor de jacto" (e combustível) instalado na própria munição e as balas de canhão em que a propulsão resulta por pressão dentro de um cano que resulta de uma explosão (onde está o combustível).

Quando uma bala é disparada a 827m/s, demora cerca de 33 segundos a atingir o alvo a 25km de distância. Por causa do movimento do alvo, do vento e das irregularidades da bala, o erro é na ordem dos 100 metros, o que não é eficaz para atingir alvos de forma "cirúrgica".

O desafio dos últimos anos tem sido a criação de balas de canhão guiáveis por GPS.

O artilheiro (próximo do alvo ou usando um drone) introduz o GPS no computador e, depois, esta  informação corrige os desvios da bala durante a trajectória de forma a atingir exactamente o local pretendido. 
Mesmo durante a tragetória, o artilheiro (ou o computador) pode alterar as coordenadas (numa certa margem) para "perseguir" um alvo em movimento.

O problema das balas de canhão é a aceleração.

Para a bala ser "inteligente", tem de conter um sistema mecânico de controlo da trajectória (asas e motores) e um sistema electrónico que recebe informação e actua no sistema mecânico.

O problema é que o canhão aplica grandes acelerações à bala. Por exemplo, o canhão M777  tem um cano com 5 metros e a bala sai a 827 m/s, Mach 2.43, o que traduz que neste curto espaço, a aceleração média é 7000G (G = vezes a aceleração da gravidade).

Desenvolver sistemas resistentes a tamanha aceleração justifica que cada bala Excalibur tenha um preço de 110000€. Se for enviada uma bala por minuto, ao fim do dia foram-se 160 milhões €!!!!!!!

A guerra "inteligente" fica cara.

É 10 vezes a aceleração sentida pelo condutor de um carro que choca a 190km/h contra uma parede de betão de uma barragem (o carro e a pessoa ficam triturados).


XM982 Excalibur GPS-guided munition, 110000€ a peça.


Um tanque russo T90 tem um preço de 5 milhões€ (e um T72, 500 Mil€). Se uma bala excalibur mandar abaixo um tanque, é um bom investimento. Se atingir um navio, a pesa é ainda melhor mas para atingir moscas, é um grande prejuízo.


Mas o que quero falar é como se determina o preço.

O custo de produção não é o preço de venda por causa da forma como o custo fixo (em investigação e desenvolvimento) é dividido pelas unidades vendidas.

Vou considerar valores exemplificativos sem ter qualquer fonte sobre a realidade. Vou supor:

Desenvolver a Excalibur custou mil milhões € em custos de R&D e a empresa assumiu que, em condições normais (com as guerras no Iraque e no Afeganistão e com os stocks da ANTo), iria vender 1000 balas por ano, com um horizonte de amortização de 10 anos (um total de 10000 balas).

Acresce à amortização do custo de R&D, 10mil€ para a produção propriamente dita.

Então, a empresa teve de fixar um preço de 1000000000€/10000+10000€ = 110000€ por bala.


Mas as condições alteraram-se.

Em vez da 10000 balas pensadas, vão ser produzidas muito mais balas usando o mesmo custo de R&D. Vamos supor que, agora, a empresa planeia vender 10 vezes mais (100mil balas). Então, o preço pode descer de 100mil€ para 20mil€.

    1000000000€/100000 + 10000€ = 20000€ por bala.

Mas como já amortizou grande parte do custo de R&D, no limite, o preço pode fizar em, 10000€/bala.


O Biden diz que dá 110 mas, provavelmente, a Economia tem um custo de apenas 10.

Na contabilidade da ajuda militar anuncia 110 mil milhões € mas, como o custo de R&D já está feito, de facto, a economia americana apenas tem um custo de 10 mil milhões €.

Se ouvirmos falar apenas nos milhões que se estão a oferecer à Ucrânia para se defender, pensamos que os países ocidentais não vão aguentar muito mais tempo a guerra mas a realidade económica é muito diferente, razão porque não vemos grande impacto económico do fornecimento das armas. 

Não sendo o impacto económico tão grande como o anunciado, então, podemos aguentar a guerra na Ucrânia por tempo indefinido, uma nova guerra dos 100 anos.


Com os computadores passa-se o mesmo.

Em 1997 a Compaq lançado o computador Compaq Portable 386 por um preço de 10000€, sim, não me enganei, eram mesmo 10000€.

Esse computador tinha um processador Intel 80386 a 20 MHz, 1 MB RAM, 16 KB ROM, 1.2 MB 5¼-inch floppy, 40 or 100 MB hard disk drive e  um monitor de 10" de uma cor, âmber.

No seu interior o 386 tem 275000 transístores e executa 5MIPS.

Hoje, se alguém quisesse fazer um chip com este computador completo (um processadores 386 a 20MHz, uma memória de 1 MB e ainda um disco SSD de 100MB, node40), conseguria-o por menos de 5€. E até conseguiria velocidades muito maiores, acima de 1GHz.

E isto porquê?

Porque o custo do R&D já foi amortizado. O projecto do processador e das máquinas que fizeram o processador já estão amortizados, havendo apenas que pagar a parte variável.

Uma bolacha de 300mm node40 custa 2600€ e dá para 2600 chips de 25mm2 (onde cabem 90 milhões de transístores).


Diziam eles que este computador de 10000€ e 11kg era portable!

É esta a grande vantagem das economias capitalistas.

A minha trotinete (aparentemente low-tec) tem tecnologia que foi desenvolvida para os carros eléctricos topo de gama.

Como a aplicação da tecnologia não colide com os carros, difundiu-se pela economia permitindo o aparecimento de bens a baixo preço que, de outra forma, não poderiam existir.

Também os medicamentos, vacinas e telemóveis usados em África (e demais países sub-desenvolvidos), não pagam o custo de R&D, estando acessíveis a sociedades com nível de desenvolvimento tecnológico incompatível com os bens e serviços que consomem.


A Europa explorou África, as Américas e ainda mais.

Sim, isso é verdade, e recebeu desses territórios coisas de valor incalculável como as plantas do milho, feijão,  arroz, soja, batata, banana, etc.

Mas também fornece bens com valor muito superior ao seu preço, como sejam os computadores, automóveis, medicamentos e conhecimento científico.

É um dar e um haver histórico.

Os portugueses de hoje provavelmente não descendem dos portugueses que habitavam aqui quando chegaram os Romanos, provavelmente, nem descendem dos portugueses que habitavam aqui depois dos romanos se terem ido embora (vieram os árabes) mas temos de reconhecer que foram os romanos que introduziram a agricultura no nosso território.

Não podemos cair na histeria da "morte ao colonizador" (Portugal também é uma colónia do Império romano), ao ponto de em Cabo Verde, país desabitado aquando da descoberta, acharem que foram colonizados.

Recordo que todas as pessoas que vivem hoje em Cabo Verde, sem uma única excepção, são descendentes de colonos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

O problema da habitação precisa de soluções ousadas

Todos sabemos que comprar ou arrendar casa nas cidades está pelo preço da morte.

Este aumento do preço está, estranhamente, desligado do aumento do custo de produção de construção.

Peguemos num apartamento T3 com uma área bruta de 130m2 (a soma do interior do apartamento mais as paredes e as áreas comuns). Se tomarmos como base do custo de construção os 810€/m2 indicados pelo INE para 2023, o T3 custará 105 mil€.  Estão à venda, nas cidades maiores, apartamentos com esta área por mais de 4 vezes este valor.


O que diz a Economia.

Se custa 105 mil € a produzir e se vende por 415 mil€, a produção de habitação dá muito lucro.

Como as pessoas querem lucro, se produzir apartamentos dá muito lucro, mais e mais pessoas vão querer construir habitações.

Tem de haver algum entrave que não deixa as pessoas construir mais e mais habitações.


Na minha análise, o entrave é a corrupção.

Aquilo de Espinho, em que o do talho alegadamente deu dinheiro ao presidente da câmara, não é a excepção.

Um presidente da câmara ganha tuta e meia. Por exemplo, o presidente da câmara de Espinho ganha 3261,97 € de salário bruto mais 999,88 € de ajudas de custo que totalizam, no bolso do presidente, uns 3000€ por mês.

Pensando o  presidente que é um vice-rei, a última bolacha no pacote, a única coca cola no meio do deserto, isso não dá para nada.

E os vereadores do urbanismo ainda ganham menos.

Onde há dinheiro e podem exercer poder, é na atribuição das licenças de construção.

Mas para terem poder, o PDM tem de ser o mais restritivo possível. O óptimo é ter um PDM onde diga "Não é possível construir em lado nenhum, excepto se o Ex.mo Sr. Doutor Mestre Engenheiro Presidente da Câmara, por proposta do Sr. Doutor Mestre Engenheiro Vereador do Urbanismo, classificar o projecto como de grande interesse municipal."

Também é uma boa fonte de poder ter serviços de obras emperrados, demorando anos e anos a despachar a mais simples das questões, pedindo 100 vezes documentos e esclarecimentos absurdos.


Cada vez mais se fala de proibições.

Há um incêndio, uma cheia, uma ventania, uma maré mais alta, uma criança que tropeça, um cão que ladra e logo vêm para a comunicação social pedir mais e mais proibições.

Peritos nisto são os esquerdistas porque são mentecaptos mas também porque querem mamar.

A maior parte do território português são "mato e floresta" mas é proibido construir na floresta (chamam-lhe zona amarela - reserva florestal). O argumento é que há o perigo dos incêndios e que precisamos da floresta.

A outra grande fatia são terrenos agrícolas mas é proibido construir nos terrenos agrícolas (chamam-lhe zona verde - reserva agrícola). O argumento é que precisamos de alimentos.

É ainda proibido construir em leitos de cheia (que é um conceito vago), zonas ecológicas (que alguém tem o poder de classificar como tal) e ainda zonas de protecção a uma variedade de coisas.

Todas estas proibições fazem sentido para o português médio e é esse o perigo destas proibições. Como fazem sentido, não existe incentivos para que o corrupto as desmantele.


Para haver produção de mais habitação, as proibições têm de acabar.

Todos os entraves à construção têm de ser revistos e, não havendo uma muito forte justificação, acabar. Vejamos alguns exemplos.


1) A decisão quanto à volumetria do imóveis deve ser do promotor. 

Em termos económicos, o custo de produção cresce com o número de pisos.

Num edifício com FP metros de implantação, a literatura (e.g., Wing et al., 2007) indica que o custo  de construção aumenta quando o edifício tem mais pisos. Em termos quantitativos médios:

Aumento do Custo percentual de ter mais um piso = 0.1000 - 0.009Ln(FP)

Para um edifício com uma implantação de 2600 m2 (equivalente a 20 apartamentos T3 por piso), assumindo um custo de construção do R/C é de 800€/m2, que o terreno tem um preço de 1000€/m2 e o preço de venda do imóvel é de 2500€/m2, o óptimo em termos económicos (o que permite maximizar o lucro) é fazer 25 pisos.


Alguém é capaz de justificar porque em Portugal não se podem fazer edifícios com 25 pisos?

Porque houve um tremor de terra na Turquia? Mas nós não somos a Turquia.

E, durante um tremor de terra, é tão provável cair um edifício de 5 pisos como um edifício de 25 pisos.

Porque é feio? Mas Nova York é bonita e tem centenas de edifícios com mais de 25 pisos.

Em zonas onde se vendem apartamentos a 3500€/m2, deveriam ser feitos 25 pisos e onde o preço é de 4500€, deveriam ser feitos 30 pisos.

Fig. 1 - Número de pisos óptimo e preço de venda do imóvel, €/m2.

2) Acabar com a reserva agrícola e com a reserva florestal

Se alguém quiser construir uma casa no meio da floresta, apenas tem de fazer um seguro contra incêndio e assinar um termo de responsabilidade onde declara aceitar o risco de incêndio.

Se alguém quiser construir uma casa em zona inundável ou que, no futuro, o mar possa comer, apenas tem de fazer um seguro contra inundações e o avanço do mar e assinar um termo de responsabilidade onde declara aceitar esse risco.

Quando alguém comprar esse imóvel, tem de declarar que conhece e aceita o risco.


3) Reduzir o regulamento de construção.

A regulamentação deveria ser reduzida ao mínimo. 

O mínimo para uma habitação, T0, deveria ter uma área mínima útil de 10m2. Ter uma casa de banho com polibã, sanita e lavatório e um quarto/sala com uma bancada como cozinha. E acabar com a obrigatoriedade de ter janela.

O potencial morador vai visitar o apartamento e verifica que é pequeno e que não tem banheira, bidé nem janela e logo decide se vai para lá morar ou não. 

Se existe a liberdade para uma pessoa se suicidar (chama-lhe eutanásia), não compreendo porque não pode ter a liberdade de viver num apartamento minúsculo e sem janela. É adulto, deve ter a liberdade de decidir, em termos de habitação, o que melhor lhe interessa, de acordo com os seus rendimentos.

Fig. 2 - Exemplo de 2 apartamentos com 3,9 x 2,6 = 10 m2 e sem janela

Acabar-se com a imposição da existência de janelas permite reduzir imensamente o custo de construção e aumenta a qualidade de vida (é pelas janelas que foge a maior parte do calor das casas e entra a maior parte do ruído). Além disso, as janelas obrigam a deixar 12 metros entre edifícios o que consome a maior-parte dos terrenos disponíveis para construção.

Por exemplo, quando vamos a um centro comercial ou um hipermercado, nem damos conta que não tem janelas.

Para quê janelas? Alguém consegue justificar essa imposição?

Por causa da ventilação? Há os ventiladores.

Por causa da iluminação? Há as lâmpadas.

Não percebo.


Por exemplo.

Considerando apartamentos T1 com 70 m2 brutos, sem janelas, com 20 pisos, cabem  2800 apartamentos num terreno com  10000m2 (o famoso "tamanho de um campo de futebol") .

Como se vê, não há falta de locais para fazer habitações, falta é acabar com as proibições.


Mas, diz o INE, há 700 mil casas não ocupadas.

Pois há mas não estão localizadas onde pensam.

São casas perdidas em aldeias sem habitantes.

Fig. 2 - Tantas casinhas não habitadas que faziam tanto jeito em Lisboa. O problema é que estão em Arouca, no meio da serra.

Tudo o mais, é demagogia e perda de tempo.

O primeiro ministro António Costa anuncia muito, até já anunciou que as vacas voavam, mas de coisas que não servem para nada.

Se as gaivotas já são um problema, imaginem vacas a voar, com o potencial que têm para descarregar  entulho mal cheiroso.

Já acabou o terramoto, o Sócrates já cansou, Bruno de Carvalho ou o Vieira desapareceram, não há grandes jogos de futebol, vai a comunicação social falar do quê?

Como o Costa está a descer nas intenções de votos, toca a grandes discursos, acabar com a fome e as guerras no mundo e o sofrimento das mulheres e das crianças. Muita dignidade, a dignidade no trabalho, a dignidade na habitação, a dignidade na velhice, a dignidade das crianças, a dignidade das mulheres, a dignidade dos imigrantes, a dignidade dos presos.

Depois vem sempre o "combater à especulação" e "ajudar as famílias".

Mais uma reunião do conselho de ministros e grandes anúncios.


Até parece que o governo está a começar, que não está lá há mais de 7 anos.

Mas vai anestesiando o povo.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A solução para o problema da droga não é criminalizar, antes pelo contrário.

O presidente da câmara do Porto quer que se prendam os drogados.

Diz o Rui Moreira que, como os drogados causam problemas na cidade do Porto a solução é prende-los todos.

Muito bem, "metam-se todos na cadeia". O problema é que cada preso custa uma pequena fortuna por dia ao orçamento do estado.

Fui buscar um dados ao Relatório de Actividades da DGRSP de 2021 que diz "Em síntese, a execução contabilística do Orçamento de Atividades da DGRSP do ano 2021, foi de 287,6 MEUR, fixando-se as “Despesas com Pessoal” em 219,4 MEUR, correspondente a 76,3% do total dos compromissos (...)" p.442. Como Portugal tinha 12198 presos, dá um custo de 64,60€/dia!!!!!!


Em 2021, cada preso custou 23578€, uma média de 1965€/mês, 64,60€/dia.

Estão a ver o problema de criminalizar o consumo de droga na rua ou seja onde for?

Se se criminaliza tem que se lhes aplicar uma pena. Como não têm por onde pagar, só sobra mete-los na cadeia.

Metes um drogado na cadeia e, cada dia, lá se vão 64,60€ e não se resolve nada.


O problema da droga é ser proibida e não o contrário.

Estive a consultar umas páginas que indicam que a Colômbia produz cerca de 2 milhões de quilogramas de cocaína por ano, vendida a um preço à volta de 600€/kg (diz o Finantial Times). Supondo que o transporte e venda eram legais, acrescentava outro tanto para o transporte, outro tanto para a margem da venda e ainda as caixas para meter comprimidos com um uma dose de 100mg. Estamos a falar de 0,20€ por dose.

Se um drogado consumir uma dose por dia, estaríamos a falar de 6,00€/mês!!!!!! Se consumir 5 doses por dia (o que não é algo fora do normal), estaríamos a falar de 30€/mês. Até poderia ser gratuito como a metadona para não haver necessidade de o drogadito roubar a própria mãe.

Já ao preço na ordem dos 10€/dose, 5 doses por dia tem um custo de 1500€/mês, o que obriga o drogado a fazer pela vida, roubar!!!!


Existe alguma razão lógica para a droga ser proibida?

Já fiz esta pergunta a muitas pessoas e nenhuma que conseguiu dar uma razão lógica.

Se os drogados roubam é porque a droga tem um preço elevado por ser proibida. Se fosse livre, custaria tanto como o paracetamol e já não haveria necessidade de roubar para drogar.

Tenho a certeza de que a droga faz mal à saúde do próprio mas que argumento é este no tempo em que se aprovam leis a favor da auto-destruição (leia-se eufemisticamente eutanásia)?

Podem dizer que "os drogaditos ficam doentes e gastam recursos ao Serviço Nacional de Saúde". Muito bem, é verdade, mas se alguém for, propositadamente, com a cabeça contra um poste de electricidade,  também fica doente e gasta recursos ao SNS e não é proibido.

Não estou a defender que as pessoas se droguem ou que batam com a cabeça nos postes mas parecem-me casos semelhantes e, no entanto, têm tratamento legal muito diferente.


É parecido com a condução de trotinetes sob o efeito do álcool.

O argumento para ser proibido conduzir automóveis sob o efeito do álcool é que causam acidentes que causam dano a pessoas inocentes.

Quem vai de trotinete e tem um acidente, causa problemas a ele próprio, é a tromba dele que vai ter com o asfalto (como já experimentei uma vez e serviu-me de lição!).


A proibição da droga tem a mesma origem da proibição do sexo recreativo.

A fonte é a "Lei Divina", onde o prazer tem de ser combatido a todo o custo. O sexo tem de ser para dar vida a  novos trabalhadores, novos combatentes e novos contribuintes.  

Só milénios depois é que vem o argumento de que "a fornicação causa doenças", essas doenças são transmissíveis a inocentes e causam prejuízo ao SNS.

A droga seguiu o mesmo caminho. Começou por ser pecado e, agora, está na fase de "causa doença".


Aqui vai o pedido que o Rui Moreira deve fazer ao Governo.

"Peço ao governo para que forneça nas farmácias droga de forma gratuita aos toxicodependentes do Porto que a Câmara Municipal arranja alojamento digno aos drogados que se comprometerem a não roubar."

Arranjam um T3 num bairro social, metem lá 6 drogados, e um serviço de limpeza e fica por um décimo do que custa metê-los na cadeia.


Será que só eu é que vejo isto?

Quando deitaram abaixo o Bairro do Aleixo não prometeram que o problema da droga ia acabar?

E acabou? Não, mudou para Serralves.

Deitaram abaixo as barracas em Serralves prometendo que o problema da droga ia acabar?

E acabou? Não, mudou para o jardim da Pasteleira.

Deitaram abaixo as barracas Pasteleira prometendo que o problema da droga ia acabar?

E acabou? Não, mudou para o Passeio Alegre.

Será que o Sr. Presidente ainda não compreendeu que escorraçar os drogados de um local só serve para transferir o problema para outro lugar?

E que transferi-los para Matosinhos, para a cadeia de Custóias, não resolve problema nenhum? É só mais uma despesa de 65€/dia por cabeça?

Apenas muda o problema de sítio.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Eu tenho a solução para o problema do palco do Papa, usar uma oliveira!

Estou eu aqui deitado no meu sofá e só se fala do palco.

Vem o Papa cá e lembraram-se de fazer um palco no meio do Rio Tejo.

As obras nesse aterro no meio do Tejo, lá para os lados do Rio Trancão, são para fazer fazer um parque onde caibam festas rave, tipo Woodstock, e chamaram o Santo Papa para o lançamento.

Pensaram no Bruno de Carvalho mas não gostaram do voz de bagaço, hrrrrrrrr.

Como sempre, adiou-se, adiou-se, adiou-se mas o contrato com o Santo Padre tem uma data para estar tudo feito. Agora que a inauguração se aproxima e ainda não está nada feito, há que fazer tudo em cima do joelho, às três pancadas e, naturalmente, pagando o que pedirem pois a alternativa é não haver nada no dia da inauguração.


Mas eu estive a pensar, e fazer um palco para quê?

O meu pensamento foi assim: se Nossa Senhora, Virgem Maria, Mãe de Jesus o Cristo veio a Portugal 6 vezes e vociferou do cimo de uma oliveira, sem palanque nem sequer um escadote, para uma assistência de 3 pastorinhos, um cão e meia dúzia de ovelhas, porque é que não se mete o Santo Padre a falar também do cimo de uma oliveira?

Será o Santo Padre mais do que Avé Maria, cheia de graça, Mãe de Deus que subiu ao Céu em corpo e alma?

Não.

Então, se uma oliveira chegou para a Mãe de Deus, um oliveira chega muito bem para o Papa passar uns discos.

O meu projecto é um palanque a meia altura da oliveira com umas escadas laterais, tudo em madeiras recicladas das podas e feito por nepaleses para ficar mais baratuxos.


Fig. 1 - Chamem um nepalês para cortar os ramos que estão a estorvar o Homem de Branco.

E o reumático do joelho?

Arranja-se uma freira forte, de barba rija, que leve o Santo Padre às costas, como tanto gostava de andar o Vice-rei da Índia Afonso de Albuquerque.

Fig.2 - Uma freira forte como esta para levar o Homem de Branco para cima da oliveira!

Para acabar, vou falar um bocadinho do PAV - Partido do André Ventura.

Em Portugal qualquer pessoa pode criar um partido, basta arranjar 7500 assinaturas. E por causa dessa facilidade há registados no Tribunal Constitucional 23 partidos activos e ainda 35 que inactivos. 

O André Ventura ainda pensou fazer-se militante do Partido Comunista ou do Bloco de Esquerda e, depois, mudar os estatutos desses partidos, mas, copiando o Tino de Rãns, optou antes por criar um partido movo. Foi para a rua pedir assinaturas e criou o seu partido como quis, com os estatutos e o programa que bem entendeu. Seja que esse partido, que se chama CHEGA, defenda que somos todos descendentes de extra-terrestre ou que, quando nos vacinam nos enfiam um chip para nos poderem cobrar mais impostos, é a ideia do seu criador, ninguém tem nada com isso.

Tudo foi criado de dentro da cabeça aloucada ou lúcida do André Ventura. É um partido dele, feito à sua imagem e semelhança.

Então, qual é a lógica de pessoas, que podem criar o seu próprio partido,entrarem no partido do André Ventura para o transformar noutro partido? Porque é que não criam um partido com os estatutos e o programa que bem entenderem e lhe chamam o que lhes apetecer?

Ou então, porque não reactivam um dos que estão na prateleira, um partido moribundo, depositado no limbo da história?

Não percebo essas mentes.

Fig.3 - Tantos partidos à espera de um salvador que os retire do limbo e só querem o partido do André.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O António Costa não vai conseguir resolver o problema dos professores

Sendo eu candidata a Miss Universo, digo que os professores têm de ganhar mais.

Pegando na tabela dos docentes do ensino secundário, um docente do 4.º escalão tem um salário bruto de cerca de 2000€/mês o que, num solteiro sem filhos, se traduz em cerca de 1400€/mês. Se o docente conseguir progredir na carreira, conseguirá um salário ligeiramente maior.

Mas a questão não é se este salário é pequeno, é se o Portugal tem capacidade para cobrar impostos capazes de pagar um salário superior aos docentes da das suas escolas públicas.

Sim, porque os salários dos docentes vêm apenas e tão só dos impostos cobrados ao Sr. Zé Contribui Ou Levas Com Uma Penhora em Cima Que Nem Sabes Onde Vais Cair Morto.


O salário médio líquido em Portugal é de 1000€/mês.

Se juntarmos todas as profissões, desde os que ganham o Salário Mínimo até à Jamila, os assalariados levam uma média de 1000€/mês para casa.

Os docentes ganham mais 40% do que um assalariado médio, e este incremento acontece não só durante os 44 anos de trabalho como ainda nos 16 anos da reforma. 

Será este incremento no salário suficiente e justo?


Vamos fazer umas contas.

Em média, os portugueses têm 9 anos de escolaridade pelo que os docentes, acrescem 3 anos de secundário mais 4 anos de universidade.

Vamos supor que estudar tem custos e despesas pessoas equivalentes a trabalhar. Então, nestes 7 anos, os docentes perdem 1000€/mês*14 meses/ano*7 anos =  98000€.

Podemos então afirmar que um professor acabadinho de sair da universidade tem dentro de si 100 mil € de capital humano que é preciso amortizar.


Em termos económicos, valerá a pena ser professor se ganhar +200€/mês. 

Se amortizarmos os 100 mil€ nos 60 anos em que o professor vai trabalhar e estar aposentado, para uma taxa de juro de 2%/ano acima da inflação, dá 200€/mês.

Os professores do 4.º escalão levam mais 400€/mês que o assalariado médio.

Pensando que um professor do 4.º escalão tem inteligência semelhante ao assalariado médio, que o esforço de ser professor é semelhante ao esforço do emprego médio, só posso concluir que actualmente estão bem remunerados.


Não é politicamente correto afirmar isto!

Pois não é, o próprio António Costa está sempre a anunciar (para os outros) que os salários têm de subir. O problema é que o Sr. Zé Contribui Ou Levas Com Uma Penhora em Cima Que Nem Sabes Onde Vais Cair Morto não pode pagar mais impostos.


O problema está em a economia crescer apenas um nadinha!

O António Costa está sempre a anunciar que crescemos mais do que toda a gente mas a verdade é que o nosso PIB per capita tem crescido, nos últimos vinte e tal anos, a uma média de 0,8%/ano, o que é poucochinho para tanta bazófia esquerdista.

Fig. 1 - O crescimento do PIB português (dados, Banco Mundial), diz o António Costa "nhéc-nhéc-nhéc estamos a crescer muito" mas temos de nos habituar à realidade, crescemos poucochinho.


O que a carreira docente precisa.

1 = Horários completos.

Quando a escola contra um docente tem de ser a 100%. Depois, tem de lhe arranjar serviço compatível capaz de preencher o seu horário de trabalho. As pessoas são inteligentes e, por exemplo, um professor de física também pode dar matemática ou biologia e um professor de português também pode dar história. Custa um bocadinho mais preparar as aulas mas não é nada do outro mundo.

2 = Vinculação imediata mas prevendo a "extinção do posto de trabalho".

Um docente entra na escola e, se não for em substituição, fica logo vinculado. Esta vinculação terá de prever a eventualidade de deixar de haver alunos. Neste caso, terá de haver um esforço por parte do docente e da escola para adaptar o docente às necessidades.

3 = Facilitada a transferência entre escolas.

Abrindo um lugar numa escola, os docentes vinculados noutras escolas têm de ter prioridade na colocação. Uma vez colocados, se não for em substituição, ficam logo vinculados na nova escola.

4 = Acabar com os directores.

Há pessoas que defendem que os directores devem ter ainda mais poderes mas cada director é um pequeno ditador que apenas quer infernizar a vida de parte dos colegas. O poder corrompe e como não há controlo sobre os directores (toda a gente tem medo e assina de cruz), cada escola tem o seu pequeno hitler ou estaline, conforme as preferências.

Eu sei do que estou a falar porque nos últimos anos tenho sido vítima desses estalines.

O que é que faz o director além de infernizar a vida de uns e beneficiar a vida dos amigos? Nada.

Contrata-se um não docente para "gestor da escola" e ele trata do funcionamento e dos horários. 

Depois, os docentes de cada área científica, em conselho, gerem as suas turmas dando prioridade aos mais antigos na escola. 


Não precisei de falar de aumentos salariais.

OS salários estão bem mas é preciso estabilidade no emprego, facilidade nas transferências, justiça na governação e as pessoas serem bem tratadas.

Cumprido isto, não será preciso aumentar os salários para tornar a profissão de docente apelativa e enriquecedora.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

O futuro será solar + baterias e nada de hidrogénio.

A humanidade precisa de energia.

Um ser humano sobrevive apenas se consumir alimentos que lhe forneçam energia. A DGS indica que um adulto precisa de ingerir alimentos que se traduzam numa potência média de 100W (cerca de 2100 kcal/dia). Como a produção de alimentos gasta energia, um agricultor vegetariano auto-suficiente precisará de muita actividade física o que atira as suas necessidades alimentares para o dobro.

O nosso conforto vem de, além dos alimentos, consumirmos bens e servimos que usam energia na sua produção. Pegando nos dados do Banco Mundial, o consumo energético de uma pessoa da OCDE é de 5500W, um acrescento de 55 vezes à energia consumida sob a forma de alimentos.

O progresso ao longo do tempo tem estado associado ao aumento do consumo de energia pelo que não será necessário ter grande capacidade de previsão para afirmar que, no futuro, a humanidade vai precisar de mais energia seja porque os povos mais pobres querem atingir os actuais níveis de vida dos povos mais ricos (o consumo  per capita médio mundial é de 2500W que compara com os 5500W da OCDE) quer porque a população mundial está a aumentar.

O problema é saber onde ir buscar essa energia consumindo poucos recursos naturais, isto é, reduzindo o impacte ambiental ao mínimo possível.



Aqui, vem a tecnologia solar mas não chega.

Os painéis solares começam em 1939 quando Becquerel descobre que a luz é capaz de "arrancar" electrões aos materiais.  Em 1905 Einstein propõe uma explicação para o efeito, a razão de ter recebido  o Prémio Nobel.

As células foto-voltaicas foram evoluindo como curiosidades científicas até que surgiu a hipótese tecnológica de ter satélites de comunicações, obrigatoriamente alimentados por painéis foto-voltaicos.

Em 1956, o custo de um painel solar era de 300USD/W, em 1975 caiu para 100USD/W e actualmente está em cerca de 0,5USD/W.

Um painel solar de 1kW apenas produz electricidade enquanto há luz solar, em média, cerca de 170W ao longo do dia. Considerando que transformar a energia intermitente em energia de acordo com as necessidades tem um rendimento de 2/3, cada cidadão da OCDE precisará de um painel solar com 50 m2. 

TNo caso português, considerando 50m2 por pessoa, para os 10 milhões de portugueses, serão precisos 500 km2 que corresponde a 0,6% do território nacional, 8% do Baixo Alentejo.


A área necessária é pequena, o problema é quando não há luz solar.

Ocupar 0,6% do território nacional com painéis solares não é significativo, há muito maior percentagem do nosso território que está completamente degradado em termos económicos e ambientais. O problema é que a energia produzida é electricidade (os processos de fabrico dos metais e do cimento têm de ser adaptados) mas, principalmente, não está disponível sempre.

Teremos que adaptar a nossa vida a consumir mais energia durante o dia (por exemplo, carregar a nossa trotinete) mas não será suficiente, vai ser necessário acumular energia durante o dia e durante o verão para utilizar durante a noite e durante o inverno. 

Em termos tradicionais, a forma mais eficiente de armazenar energia eléctrica para o dia/noite é em centrais hidroeléctricas revertíveis (quando há electricidade a mais, a água é bombeada de baixo para cima e, quando há falta de electricidade, a água é turbinada de cima para baixo). Esta tecnologia tem o problema de "destruir" os rios e de ser um recurso natural pouco disponível (há poucos lugares bons para construir barragens). Para a transferência inverno/verão, apenas existe solução técnica para o calor.


A energia química.

As baterias usam uma reacções química que consome energia durante a "carga" e depois, reverte essa reacção quando é necessário libertar a energia.

Peguemos no exemplo do sal existente na água do mar (NaCl - cloreto de sódio) e que usamos na cozinha. É possível separa o sódio (-2,71V) para um lado e o cloro (+1,36V) para outro lado aplicando uma corrente eléctrica de 1,36+2,71 = 4,07V (qualquer coisa mais por causa das perdas) em sal fundido a 801ºC. 

A célula Na+Cl tem o problema de o cloro ser gasoso (foge) e o sódio ser líquido mas vamos supor que são ambos sólidos e condutores eléctricos. Durante a carga, vai-se acumulando sódio de um lado e cloro do outro lado e, quando precisamos de electricidade, o sódio e o cloro vão "refazer" o NaCl para produzir 4,07V de corrente (qualquer coisa menos por causa das perdas).

Para um rendimento de 80%, vai ser consumido uma corrente de carga de 4,55V e a célula irá produzir uma corrente de descarga de 3,64V.

    Carga da célula: NaCl + 4,55V = Na + Cl

   Descarga da célula: Na + Cl = NaCl + 3,64V

Vamos supor que cada célula tem 100g de NaCl. Teoricamente, vai precisar de 210W durante uma hora para carregar (quando estiver totalmente carregada, vai ter 40g de sódio e 60g de cloro) e vai produzir 167W durante uma hora até voltar a conter apenas cloreto de sódio. 


O cloreto de sódio é baratíssimo!!!!!

Um carro com uma bateria de 60kWh precisa apenas de 36kg de sal das cozinhas que custa 5€ no supermercado. 

Como o sal é muito barato, deve estar a pensar, "esta conta não pode estar certa".

A conta está certa, o que não está certo é conseguirmos ter uma bateria que funcione com as reacções químicas NaCL + 4,55V = Na + Cl //  Na + Cl = NaCl + 3,64V.


O hidrogénio é apenas um tipo especial de bateria.

Cada bateria tem uma química diferente. No caso do hidrogénio, a química é:

    Carga da célula: H2O + 1,38V = H2 + O2

    Descarga da célula: H2 + O2 = H2O + 1,10V

Se tiver 100g de água, vamos precisar de 410W durante uma hora para carregar a bateria (transformar a água em hidrogénio e oxigénio) e vamos ter de volta 325W durante uma hora (trasnformar o hidrogénio e o oxigénio de volta em água). Para termos uma bateria de 60kWh precisamos apenas de 18 litros de água.

Agora, fazendo as contas ao custo da água, 4 garrafões de água ficam por 2€ e ainda sobra. Ainda é mais barato do que o sal da cozinha.


Agora, como são os esquerdistas a dizer, a conta já está certa!!!!

Quando o mentecapto esquerdista dos comboios vendeu a ideia de que o hidrogénio é o futuro porque o hidrogénio faz-se com água e a água é muito barata , ninguém questionou a conta.

Mas, da mesma forma que a conta da bateria Na+Cl está errada (não é tecnicamente possível), esta conta da água também está completamente errada. Não é possível fazer uma bateria barata com a química H2O + 1,38V = H2 + O2 // H2 + O2 = H2O + 1,10V.


Baterias fechadas e baterias de fluxo.

A bateria tem duas partes. Tem o reactor, o local onde as reacções químicas acontecem e tem os reagentes químicos.

Se a bateria for fechada, os reagentes estão no mesmo local (ou muito próximo) do local das reacções. As baterias da trotinete, telemóvel ou teslas são fechadas.

Se a bateria for de fluxo, os reagentes estão fora do local da reacção e entram num estado  e saem por outro lado. Na carga entra água por um lado e sai oxigénio e hidrogénio pelo outro, na descarga entra oxigénio e hidrogénio por um lado e sai água pelo outro lado.

Existe a ideia de que apenas as baterias de fluxo podem guardar energia do verão para o inverno. Neste caso, guardar-se hidrogénio no verão que se usa no inverno.


Porque não uma bateria de fluxo Sódio+Enxofre?

Se usarmos uma célula com 26g de sódio e 74 g de enxofre, coisas muito baratas, teoricamente, precisamos de 330W para carregar e teremos de volta 265W. O sódio e o enxofre têm a vantagem de serem líquidos para temperaturas entre 120.ºC e 440.ºC.

Durante o verão podemos guardar sódio e  enxofre (fundido) em tanques que, usamos durante o inverno.

Armazenar sódio tem problemas mas armazenar hidrogénio tem muito mais problemas (um metro cúbico de sódio tem 980kg enquanto que o mesmo volume de hidrogénio a 250 atmosferas, que é uma enormidade, tem 20kg).



Existem duas químicas com muito potencial futuro.

Vou esquecer o armazenamento da energia do inverno para o verão e vou pensar no armazenamento do dia para a noite. Existem duas químicas alternativas ao lítio que têm potencial, a química do sódio (bateria de iões de sódio) e a química do alumínio (bateria de iões de alumínio).

O seu funcionamento é em tudo semelhante às baterias de iões de lítio mas em que o lítio é substituído por outro elemento menos raro.

As baterias de iões de sódio vão aparecer em meados de 2023 pela CATL, prometem preços mais baixos mas também menor densidade energética (bom para trotinetes e bicicletas).

 As baterias de iões de alumínio ainda estão atrasadas e podem ter maior densidade energética que as actuais baterias de iões de lítio.

Aguardemos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

A economia do Brasil está com perspectivas sombrias e os BRICS morreram.

Há dias o Brasil mudou de governo mas não mudou de políticas.

Esta afirmação parece não fazer sentido, mas digo-o porque ser Lula ou Bolsonaro não tem influência nas políticas económicas .

Podemos pensar que revogar a "lei das armas", condicionar a "desflorestação da Amazónia" ou uma nova "politica de ajuda aos pobres" é uma diferença radical face ao anterior governo que vai ter um impacto significativo na vida das pessoas mas não vai porque o governo brasileiro não tem mão na economia.

A economia do Brasil, teve um período de estagnação prolongada entre 1975 e 2005, no seguimento do "choque petrolífero de 1973" (o PIB per capita cresceu 0,9%/ano o que é muito pouco para um país com um PIB que é apenas 13% do PIB per capita dos USA).

Entre 2005 e 2012 veio a esperança do "gigante adormecido", com crescimento razoável, 2,9%/ano (mesmo que a China tenha crescido 10%/ano) mas, desde então, todo esse crescimento se esfumou e a economia voltou à tendência de longo prazo dos da estagnação. São já quase 50 anos de crescimento débil. 

Fig. 1 - PIB per capita brasileiro, 1970-2021 (dados: World Bank Indicators) 


Porque afirmo que não haverá alteração das políticas.

Todos sabemos que o principal determinante da riqueza de um país são o capital (físico e humano).

 Podem descobrir petróleo, ouro ou diamantes mas, tirando nos países pequenos, a evolução da economia vai estar dependente apenas do capital.

O investimento está dependente da poupança e a poupança é uma decisão que está na mão das famílias  e não na mão dos governos (que apenas gastam).

As pessoas até podem dizer "queremos um governo que implemente políticas que levem ao crescimento da economia"  mas se não pouparem, não vai haver investimento, a economia só vai produzir bens de consumo, e a economia continua estagnada.

O que vemos nos números é que o investimento líquido (a diferença enttre o investimento e a depreciação de capital) está a cair há 50 anos. Se nos anos 1970 foi na ordem dos 13% do PIB, ultimamente tem estado nos 5% do PIB.

Fig. 2 - Investimento líquido brasileiro, 1970-2021, sempre a cair (dados: World Bank Indicators) 


E o que é feito dos BRICS.

A Rússia. Brasil e África do Sul sofreram um choque enorme com a "crise do sub-prime de 2008". Pode achar estranho eu estar a falar disso pois já lá vão 15 anos mas podemos ver na série do PIB per capita que estes 3 países caíram na estagnação e nunca mais de lá saíram.

Fig. 3 - Crescimento acumulado do PIBpc dos BRICS, 1998-2021 (dados: World Bank Indicators) 

Fazendo a média da RUS, BRA e ZAF, o crescimento do PIB per capita desde 2008 foi de 0,4%/ano que compara com 6,9%/ano da China e 4,5% da Índia.

Digamos que os BRICS se reduziram a IC!!!!

E ainda estamos para ver como a aventureira invasão da Ucrânia pela Rússia vai impactar a economia russa.

Boa sorte Lula que bem vais precisar dela.


Eloah Abdelrahman

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