Todos os proprietários de um imóvel pagam anualmente o IMI.
O imóvel é avaliado segundo uns critérios que dependem da localização, qualidade e da área, depois, o Imposto Municipal sobre os Imóveis é uma percentagem sobre esse "valor patrimonial".
As barragens são imóveis na parte de construção civil, nomeadamente, o "paredão", o túnel adutor e a "casa das máquinas".
As máquinas, como seja a turbina e o gerador, são máquinas e, por isso, são bens móveis que não estão sujeitos a IMI nem IMT.
O primeiro problema é avaliar o complexo hidro-produtor.
O valor económico da barragem resulta da sua produção anual de electricidade em euros descontada dos custos operacionais, da taxa de juro de mercado e do período de amortização e não do custo de construção.
Por exemplo, a Barragem do Alto Lindoso produz 950 GWh/ano que é vendida a 0.04€/kwh. Vamos supor que o custo operacional de produção são 0.01€/kwh, que o investimento é remunerado à taxa de 5%/ano e que a barragem se pretende amortizada em 50 anos.
O lucro operacional são 28M€/ano, 950*0.03, de que resulta um valor económico de 519M€.
950*0.03*5%/(1-(1+5%)^-50) = 519M€
O problema é que este valor está sempre a variar por causa das oscilações de mercado no preço de venda e na taxa de juro.
Mas este problema não é grave porque, para efeitos fiscais, devem ser usados os custos de construção.
Sabemos que o investimento total na barragem foram bastante menores, 74M€, que a preços de hoje representam 200M€ onde estão incluídas pontes e estradas que não fazem parte do negócio da barragem.
O segundo problema é separar o valor das máquinas do valor da parte imóvel.
Será que os postes são imóveis?
Os postes onde estão apoiados os fios que transportam a electricidade não saem do sítio pelo que são imóveis.
Engraçado os "especialistas em cobrar impostos, taxas e taxinhas" do PSD não se terem lembrado disto para cobrar IME.
O interessante é a avidez pelos impostos vir do PSD que apregoam haver impostos a mais.
Todos sabemos que diminuir o IRS à custa do aumento do IVA ou do ISP deixa as pessoas na mesma.
Pode ser que diminuir o IRS e aumentar o IVA beneficie umas pessoas e prejudique outras mas, à escala do país, é exactamente a mesma coisa.
Assim, o importante para sabermos o peso dos impostos no bolso do "português médio" não é saber qual é a taxa de IRS, IRC, TSU, IVA, etc. mas antes saber qual é a percentagem dos impostos no PIB.
Se combatermos a economia não registada, aumentamos a carga fiscal.
Parece inócuo dizer "vamos combater a economia não registada, o mercado negro e a fuga aos impostos" mas esse anúncio tem por fim apenas e tão só aumentar a carga fiscal.
Se vou ao mercado semanal e compro couves ou cenouras sem IVA, eu enquanto contribuinte estou a pagar menos impostos. Acabar com essa economia não registada vai-se traduzir num aumento da taxa média de IVA paga pelos contribuintes.
Também acabar com os incentivos e as isenções fiscais das empresas traduz-se num aumento da taxa média de IRC efectivamente pago pelas empresas.
Não se pode tributar os bancos porque estão a tentar recuperar de 2008-2015.
Nos anos 2008-2015 os bancos tiveram muitos milhares de milhões de euros de prejuízo. Alguns faliram e, outros, com aumentos de capital e "boa vontade" do regulador, conseguiram manter a porta aberta.
Por exemplo, 1000 acções do BCP-Millenium correspondia em finais de 2007 a 2900€ de capital e, em finais de 2023, estão encolhidas a 266€ de capital (uma perda de 91%).
Para os bancos não irem todos à falência, o Estado incorporou no capital dos bancos a "dedução futura" dos prejuízos por um período de 25 anos. Assim, os bancos não pagam IRC enquanto não recuperarem desses prejuízos.
Para as pessoas poderem recuperar o seu investimento em 25 anos, seria preciso o BCP dar 1600M€ de lucro por ano.
Nos últimos 2 anos, o BCP teve um lucro de 850 M€/ano que parece muito dinheiro mas está apenas a recuperar o seu balanço. Porque houve aumentos de capital, este valor corresponde ao um lucro de 200M€ de 2007, altura em que andava nos 670M€/ano ( média de 2006-7).
Direita amiga, baixar impostos é baixar a carga fiscal e não mudar o nome dos impostos.
Mas parece-me que estão a ensaiar o mesmo que fez o artista Costa, baixam um euro em IRS para logo aumentarem 2€ noutro imposto qualquer sobe o pretexto de que estão a diminuir as fugas aos impostos.
Baixam 1€ em IRC e logo aumentam 2€ em "taxa de subsolo" ou em "lucros estimados e não declarados".
Reduzem 1€ em IVA e logo aumentam 2€ em "multas e contra-ordenações por fuga ao fisco".
Se é para reduzir os impostos, deixem de perseguir as barragens, os bancos, os desgraçados que fazem biscates ou as velhotas que vendem roupa usada ou hortaliça nos mercados.
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