quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Hoje vou defender a lei da autodeterminação da identidade e expressão de género das crianças e jovens.

Ao defender esta Lei, estou a colidir com a Direita mas não faz mal!

 A Lei n.º 38/2018, de 07 de Agosto já tinha dado essa possibilidade aos adultos (e a jovens com mais de 16 anos). Sim, os adultos podem ir ao Registo Civil e mudar de sexo e de nome (não podem mudar o sobrenome, o local de nascimento, os pais nem a data de nascimento) sem lhes ser perguntado nada. Dizem ao balcão que querem mudar de sexo, assinam o requerimento onde dizem o novo nome pretendido (o nome tem de ser de acordo com o sexo), o conservador vai ver se o nome é português e já está, tudo gratuito. Depois, é só pedir um novo cartão de cidadão. 

Agora, estende-se esta possibilidade aos menores de 16 anos. Não haverá alteração no Cartão de Cidadão mas a criança pode passar a usar outro nome.


Antigamente, havia escolas para meninos e para meninas.

Quando há 52 anos entrei na escola, na minha sala só havia meninos e o nosso recreio era separado do recreio das meninas. Nesse mesmo tempo, os meninos e as meninas não se podiam tocar, cumprimentando-se ao longe com "Olá" e acenavam com a mão.

Estava eu na terceira-classe, em 1973-74, e isso acabou, mesmo nas vésperas do 25-de-abril-de-1974. 


Com esta separação evitave-se o Fim do Mundo!!!!!!!! 

Sim, o Fim do Mundo que, na visão das Testemunhas de Jeová e dos "defensores do clima", está sempre para acontecer mas que nunca acontece. 

Os adultos são pecadores que repetem continuamente os pecados sem nunca se arrependerem o que faz com que o Deus Pai Todo Poderoso queira destruir a humanidade da mesma forma que já tentou fazer com o Dilúvio e com o fogo em Sodoma e Gomorra.

Nessa altura, tal como agora, Deus ainda não levou a destruição à prática por causa da inocência das crianças. Esta inocência é a única forma de aplacar o coração de Deus, evitando que leve o seu pensamento destrutivo à acção.

Podemos pensar na oração, caridade e na penitência dos adultos mas não são suficientes porque voltamos logo ao pecado e aos maus pensamentos. Sim, os adultos não prestam, são maus, fazem o mal e pecam. 

Se os meninos se aproximassem das meninas, vinham às suas mentes pensamentos pecaminosos, deixavam de ser anjinhos, o que acabariam por soltar o poder destruidor do Deus Todo Poderoso.


Acham que não tem lógica?

Realmente, é uma argumentação sem qualquer lógica mas na qual muita gente tem fé.

Estas guerras que vemos no Médio Oriente são apenas porque as pessoas têm lógicas erradas, porque acreditam num Deus Todo Poderoso que quer a destruição dos outros. 


Quando há 40 anos entrei na universidade, havia residências para homens e para mulheres

Nas residências femininas havia um segurança, dia e noite, que evitava a entrada a homens "evitando-se  que as meninas perdessem a virgindade".


As enfermeiras tinham de ser solteiras.

É que, se fossem casadas, ao meterem uma algália ou darem banho a um homem estavam a trair os maridos.

Havia médicas porque apenas elas poderiam tratar as "doenças das mulheres" (sim, via-se essa especialidade anunciada).

As hospedeiras dos aviões também tinham de ser solteiras porque, andando por esse mundo, saiam debaixo do olho dos maridos e "podiam cair em tentação com um piloto corneando o inocente marido".

As jovens que iam para as universidades eram uma "ardidas" que só casavam com homens frouxos e sem vergonha, que "já o eram antes de o ser".


O mundo progrediu e Deus não destruiu a humanidade.

No judo, expliquei isso aos meus alunos e foi um dos argumentos para o meu despedimento, atracam-se homens a homens, mulheres a mulheres e homens a mulheres.

Uma jovem qualquer que não conheço de lado nenhum chega à aula e eu agarro-a como se não houvesse amanha. Ao agarrá-la, as mentes porcas julgam que há ali pensamentos sexuais mas, de facto, cada um está apenas a tentar salvar a vida :-)

Depois de acabarmos a altercação, cada um vai para o seu lado como se, novamente, não nos conhecêssemos de lado nenhum.

Tive então de concluir que a separação entre homens e mulheres é uma diferenciação social.

Se um menino olha, com a sua curiosidade própria da "idade dos porquês", para uma menina, logo vemos uma agressão sexual.

Se alterarmos a forma como a sociedade aceita o contacto físico e visual entre as pessoas, deixará de haver diferença entre meninas e meninos.  


O problema já só está nas casas de banho e balneários colectivos.

Meninos e meninas têm as mesmas aulas, aprendem as mesmas matérias e circulam nos mesmos espaços. O único lugar que ainda há separação é nas casas de banho.

O argumento para essa separação é o mesmo usado há 50 anos para não haver turmas mistas e as meninas brincarem à macaca e os meninos ao futebol.

A questão não está na separação homens/mulheres, está no indivíduo.  

Eu nunca tomei banho na escola mesmo estando nos balneários apenas masculinos. Imaginava mesmo uma forma de morrer, por exemplo, cair num picador de carne ou ser trucidado por um comboio, capaz de garantir que, mesmo depois de morto, ninguém me visse nu.

Ainda hoje, com muitos e muitos ano de idade, não sou capaz de me despir num balneário.


Nas casas de banho colectivas há 5 situações diferentes

A) "Parecem menino" (mas são X) nas casas de banho dos meninos

B)  "Parecem meninas" (mas são Y) na casa de banho dos meninos

C)  "Parecem meninas mas dizem que são meninos" (são X) na casa de banho dos meninos

Penso que as combinações A), B) e C) não causam problemas. 


D)  "Parecem meninos" (mas são X) na casa de banho das meninas

E) "Parecem meninas" (mas são Y) nas casas de banho das meninas

Penso que as combinações D) e E) causam poucos problemas. 


F)  "Parecem meninos mas dizem que são meninas" (são Y) na casa de banho das meninas.

Penso esta combinação é a que causa mais problemas. 

Penso que estas crianças devem continuar a ir à casa de banho dos meninos (pelo menos, por agora).


Penso que nenhuma mulher se sentiria constrangida ao entrar numa casa de banho para mulheres e ver lá a Miss Portugal.


Penso que não haverá qualquer problema na aplicação da Lei.

Há apenas que ver as coisas com naturalidade pois o progresso da humanidade está na igualdade dos comportamento dos homens e das mulheres.

Os homens não são fisicamente iguais às mulheres, são mais fortes, têm ossificação mais forte, têm mais glóbulos vermelhos, morrem mais cedo, mas o comportamento está cada vez mais parecido.

As meninas querem jogar futebol e andar à porrada e os meninos querem fazer dançar e fazer crochett.

Acredito que o progresso será no sentido de no futuro as casas de banho serão mistas como na casa de cada um de nós.


E é uma coisa muito reduzida.

Em termos de proporção, o "desaparelhamento" não acontece nem em 1% das crianças. Basta ver que em 2022 mudaram de sexo apenas 519 pessoas numa população com mais de 10 milhões. 

Depois, o problema só se coloca verdadeiramente nos balneários mas não há obrigatoriedade de tomar banho depois das aulas de Educação Física (como disse, nunca o fiz).

Vamos ter fé que tudo vai correr bem, no sentido do progresso da humanidade.

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