sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Contentamo-nos com pouco, diz Mateus

Portugal está sem oposição. 
Observando os telejornais, fala o Jerónimo, a Catarina, a Cristas, o Marcelo e até o do PAN mas ao Rio ninguém vê. 
Rui Rio anunciou, a 12 de Abril, com pompa e circunstância, a criação do Conselho Estratégico Nacional formado por "16 secções temáticas" e coadjuvado pela Comissão Consultiva e pela Comissão Permanente (ver). Alguém alguma vez mais ouviu alguma coisa da boca dos 16 porta-vozes?
Afinal, a montanha pariu um governo sombra morto.
De vez em quando aparece alguém a tentar ser oposição, dizer que as coisas não estão assim tão boas como anunciado pelo governo. E, esta semana, foi Abel Mateus, 

Fig. 1 - De boca fechada não sai oposição.

A economia portuguesa cresce pouco.
Não importa analisar se hoje cresceu mais do que ontem mas sim observar a tendência de evolução.
Para isso, peguei nos dados do Banco Mundial relativamente ao crescimento do PIB per capita e fiz um alisamento exponencial em que cada ano conta 10%. 
O crescimento é maior nuns anos e menor noutros e o alisamento, sendo um valor médio, traduz o crescimento potencial da economia no longo prazo.
O PIB per capita mede melhor a evolução do nível de vida porque corrige o PIB do crescimento da população.
O que observamos é que o crescimento, estando  na década de 1960 nos 6,2%/ano, foi caindo até termos actualmente uma tendência de crescimento de 0,62%/ano.  

Fig. 2 - Crescimento do PIB per capita português, 1961:2017, dados, Banco Mundial

A tendência de queda foi maior no nosso país, PRT, do que na União Europeia, EUU.

Fig. 3 - Crescimento do PIB per capita português e da UE, 1961:2017, dados, Banco Mundial

O que implica que, actualmente, a nossa tendência é de divergência de 0,5%/ano relativamente aos demais países da União Europeia.

Fig. 4 - Crescimento do PIB per capita português e da UE, 1961:2017, dados, Banco Mundial

E o que seria preciso fazer?
Coisas que Zé Votante não quer que sejam feitas.
Por isso, continuaremos neste rame-rame. O Costa vai fazendo discursos inflamados sobre a reposição de rendimentos, os alçapões da direita, os tempos do anterior governo, e o Marcelo vai anestesiando o povo convencendo-o que não dói nada arrancar dentes sem anestesia.

Fig. 5 - Se nos compararmos com a Guiné-Bissau, estamos muito bem.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Haverá futuro para as centrais nucleares?

Há uns dias, Macron anunciou que vai mandar fechar 25% dos reactores nucleares.
Não acredito muito que os reactores vão mesmo fechar porque, estando em funcionamento e dentro do prazo de validade, nada o justifica, mas o principal é que está implícito nas suas palavras que não serão construídas novas centrais nucleares em França.
Será que a França está com medo do nuclear? 
Será que está a ceder à pressão dos radicais ambientais? 
Nada disso, tem antes a ver com a economia e com o risco tecnológico!

Vamos à economia do nuclear.
Fazer um reactor nuclear implica um investimento na ordem dos 7000€ por kw (ver, Hinkley Point).
A amortização deste investimento em 60 anos com uma taxa de juro de 5%/ano traduz um custo fixo de 30€/mês por kw.
Para uma taxa de funcionamento de 93%, o custo do investimento traduz-se então em 4,5cênt/kwh.
Depois, temos o custo em combustível e manutenção que é na ordem dos 2,0 cênt/kwh.
Então, quando vamos projectar fazer uma central nova, o custo de produção é de 6,5 cênt/kwh mas quando estamos a operar uma central "velha" o custo de continuar a trabalhar é de apenas 2,0 cênt/kwh.
Neste momento, a electricidade está a ser transaccionada na ordem dos 5,0 cênt/kwh (MIBEL) pelo que não é economicamente viável fazer novas centrais nucleares sendo, no entanto, economicamente acertado continuar a operar as existentes.

E o que é o risco tecnológico?
É haver uma inovação tecnológica capaz de destruir as tecnologias existentes.
Este conceito de "inovação destruidora" deve-se a Schumpeter.
Nas "maiores" tecnologias existentes (carvão, gás natural, hídrica e eólica), não parece que vá surgir grande inovação. O Carvão emite muito CO2, o gás natural também emite CO2 e está a financiar as ambições da Rússia, a hídrica, já há barragens em tudo que é rio e a eólica já não tem margem para crescer a custos razoáveis. Mas ainda sobra a tecnologia solar que, apesar de ainda ser pouco significativa no produção de electricidade por ser cara. Além disso, baseia-se numa tecnologia, o Silício, que tem mostrado ter muito potencial para melhorar, isto é, para diminuir os custos de produção.

Os custos da electricidade solar.
Como só há luz solar algumas horas por dia, para termos uma produção média ao longo do dia de 1 kw precisamos de um painel de 5kw cujo custo actual com instalação é na ordem dos 7000€.
Para uma amortização em 25 anos a uma taxa de juro de 5%/ano, teremos um custo fixo de 40.5€/mês que se traduz em 5,6 cênt/kwh. Com  custos de manutenção de cerca de 10% deste valor, 0.6 cênt/kwh, temos um custo total de 6,2 cênt/kwh.
Então, o custo da energia solar ainda está acima do preço de mercado mas é competitiva em sistemas "fora da rede", para pequenas potências e durante as horas com sol!

O risco tecnológico.
É que nos últimos 10 anos, o custo dos painéis solares diminuiu para metade.
Se a inovação tecnológica continuar à mesma velocidade, daqui a 20 anos, a electricidade com origem solar estará a 1,6 cênt/kwh batendo o preço de todas as tecnologias actuais.
Nessa altura, durante o dia a electricidade solar vai injectar energia na rede a um custo muito baixo obrigando todas as outras tecnologias a recuperar o investimento apenas nas horas em que não há luz solar. 
Como o nuclear não funciona bem neste tipo de regime, mesmo que em termos físicos o reactor dure 60 anos, em termos económicos, poderá estar obsoleto daqui a 20 anos.

Uns dados.
A central fotovoltaica da Amareleja entrou em funcionamento em 2008. Traduziu-se num investimento de 237,4 M€ para uma produção anual de 93000MWh (potência nominal de 46,4 MW). Para um prazo de amortização de 25 anos e uma taxa de juro de 5%/ano, o custo de capital é de 0,181€/kwh.
A central fotovoltaica de Alcoutim vai entrar em funcionamento em 2019. consiste num investimento de 200 M€ para uma produção anual de 383000 MWh (potência nominal de 220MW). Mantendo um prazo de amortização de 25 anos e uma taxa de juro de 5%/ano, o custo de capital é de 0,037€/kwh.
No espaço de 11 anos, o custo de capital (que representa aproximadamente 90% do custo total), reduziu-se em 80% o que traduz uma redução para metade a cada 5 anos.
A esta taxa de progressão, daqui a 10 anos, entre as 9h e as 17h, só haverá produção fotovoltaica.

O funcionamento de uma célula electro-solar.
Esta explicação é só para verem como a tecnologia tem potencial para melhorar.
Neste momento, faz-se um "monocristal" de silício que se corta em fatias com 0,50mm da mesma forma que se faz para os processadores e memorias dos computadores. A diferença é que se vai transformar toda a fatia num só díodo na horizontal.
Usa-se o Silício como "base" dos processadores, memorias e células solares por ser semicondutor, isto é, nem é isolante nem condutor.
O Silício tem 4 electrões na orbital exterior sendo que, quando é "contaminado" de um lado da chapa com  Fósforo passa a existir geometricamente  um electrão a mais. Se do outro lado existirem átomos de Boro, em termos geométricos haverá um electrão a menos (um buraco). Estando os dois "materiais" em contacto, os electrões a mais vão migrar para os buracos criando um "desequilíbrio" eléctrico, positivo do lado do Fósforo, lado n, e negativa do lado do Boro, lado p, criando-se a barreira de depleção. Como o Silício é apenas semicondutor, esse campo eléctrico não se anula.
Quando a Luz atinge um átomo de Silício da barreira e lhe retira um electrão, o desequilíbrio eléctrico atira o electrão para o lado do Fósforo e o "buraco" para o lado do Boro, afastando-se da barreira. Depois, o electrão do lado do Fósforo só consegue atravessar a barreira de volta ao Boro se a tensão for superior a 0,58 volts.
Fazendo uma ligação externa (entre o lado n e o lado p), o electrão vai sair do lado n e "caminhar" até ao lado p, criando-se uma corrente eléctrica com uma voltagem na ordem dos 0,5 volts.
Quando mais luz houver, mais electrões existem em circulação mas a tensão mantém-se sempre a mesma.

Fig. 1 - Esquema de uma célula foto-voltaica. Na barreira de depleção, um electrão do Fósforo vai-se juntar ao Boro criando uma barreira eléctrica.

Actualmente, uma célula fotovoltaica tem 0,25mm mas, em termos físicos, 0,0001mm são mais do que suficientes (i.e., 100 nm).
Agora imaginemos que se inventa um processo que permita criar esse cristal de silício extremamente fino a um baixo custo. Neste caso, imediatamente, tudo o que conhecemos em termos de energia passará a ser história.

E essa coisa da "fusão nuclear".
É dinheiro deitado fora pois essa tecnologia nunca verá a luz do dia.

E quantas horas de sol há por dia?
Em média, num sítio concreto, no máximo são 10 horas por dia pois temos que descontar a primeira e a última hora do dia por a luminosidade ser fraca. A duração do dia varia com a evolução do ano sendo, em Portugal, no máximo de 14h30 e no mínimo de 9h30.
Temos ainda que retirar os dias nublados.
Mas, se houver uma ligação entre regiões com latitudes distantes, o período em que há luz do sol aumenta. Por exemplo, em Paris, quando o Sol nasce já nasceu no leste da Turquia há 2h40 e na Coreia do Sul há 8h.
Com 12000km é possível ligar Portugal à Coreia do sul e, com uma linha suplementar de 7000km, ligar a rede europeia à Norte Americana.
Assim, se a electricidade com origem solar se tornar muito barata, uma ligação trans-continental entre a Europa e a América do Norte vai permitir cobrir o consumo de electricidade durante todas as 24h do dia.

Fig . 2 - "Basta" um cabo de alta tensão com 22500km para termos no hemisfério Norte electricidade solar dia e noite.

Como será o cabo eléctrico transcontinental?
Para haver electricidade com origem solar dia e noite é preciso ligar a Europa Ocidental ao continente americano com um cabo em corrente contínua com 22500km.
Supondo que na hora de ponta de Inverno cada um dos 500 milhões de europeus gasta 1kw, como nesta altura a produção europeia será nula, toda esta energia terá que vir do continente americano. Então, a linha de transmissão terá que ter uma capacidade na ordem dos 500 mil MW, equivalente a 500 centrais nucleares.
Tendo um cabo com 1m de diâmetro a 1,5 milhões de volts capacidade na ordem 50 mil MW, serão precisos 10 cabos desta dimensão.
Quando o dia ainda não tiver nascido em Nova York, a electricidade irá em sentido contrário, da Europa para a América.
A vantagem da corrente contínua é que as perdas são menores, é só preciso o cabo positivo (o cabo negativo é a Terra) e funciona como um tubo de água: pode-se injectar energia em qualquer sítio e mudar o sentido da corrente sem haver preocupação com o ciclo (que viaja ao longo do cabo à velocidade da Luz).

E onde ficam os carros eléctricos?
Carregarão durante o dia, enquanto houver sol e excedente eléctrico na rede, e as suas baterias, se ficarem mais duráveis e baratas, irão fornecer electricidade a sistemas "fora da rede" à noite e nos dias nublados.
O problema é saber se a redução no preço dos painéis solares vai continuar nas próximas décadas.
E por ninguém saber o que vai acontecer no futuro é que estamos em presença de um "risco tecnológico".

Fig. 3 - É boa mas tem risco, é mais seguro investir numa professora do secundário.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Lutar pela relação e Jujitsu (Casados à 1.a Vista)

Num episódio qualquer, foram a uma aula de Jujitsu.
Nesse episódio, um especialista disse, mais ou menos, "o Jujitsu ensina-nos a lutar, coisa que precisam fazer nas nossas vidas e nas vossas relações".
Tudo isto está errado e vou tentar explicar porquê.

Primeiro, o Jujitsu.
O Jujitsu é formado por dois caracteres japoneses, Ju que traduz Suavidade e Jitsu que traduz Conhecimento. 
Foi criado pelo Mestre Jigoro Kano na década de 1880 e, apesar de ser uma evolução a partir da milenar arte japonesa de combate corpo a corpo, não foi pensada como uma arte marcial mas apenas como uma actividade para a juventude.
A Suavidade vem exactamente em oposição à dureza do treino militar "aplicado" aos jovens japoneses  de então que os transformava em pessoas duras, sérias, rígida, inflexível, conflituosas e beligerantes. Basta ver os "treinos com bastão flexível" da GNR para verem como ainda hoje os jovens estão a ser formados na brutalidade e sem respeito pelo outro ser humano.
Jigoro Kano transforma a brutalidade numa actividade física com raízes tradicionais mas que forma jovens suaves, alegres, livres, criativos, pacíficos e tolerantes para com os outros.

De Ju-Jítsu a Ju-Do.
Pegando na filosofia socrática de que o sábio é aquele que procura e não o que o sabe, a palavra Jitsu (o Conhecimento) foi substituída pela palavra Do (o Caminho).
Assim, o "Saber da Suavidade" transformou-se no "Caminho para a Suavidade".
Desta forma, o Judo / Jujitsu é um exercício físico no qual uma pessoa, o Tori, executa rotinas físicas complexas, o Gokyo, com a ajuda de outra pessoa, o Uke, de forma mais ou menos colaborativa. 
Sendo um desporto de contacto entre duas pessoas, o Uke serve sempre para podermos  melhorar (em termos físicos e mentais) e nunca para a piorarmos (causando-lhe ferimentos ou vergonha).
No caso de o Uke desenvolver em nós raiva, pensamentos negativos, risco de lesão física e a tendência para a violência, temos que dizer "Desculpa mas isto está-se a tornar desagradável para mim pelo que tenho que interromper o treino". Depois, dizemos ao mestre "Por favor, dispense-me de 'jogar' com o fulano porque é negativo para a minha formação".
Só muito mais tarde é que surgiu o "combate" no qual não existe colaboração entre os atletas mas, ainda assim, cheio de regras para reduzir ao mínimo a possibilidade de haver lesões físicas ou mentais.

A ideia do Judo é evitar o conflito.
E não transformar a nossa vida numa guerra que temos que ganhar.
Quando, na vida, nos aparece uma pessoa pela frente, temos que a "utilizar" para nos tornarmos melhorares pessoas, isto é, mais compreensivos, pacientes, calmos e respeitadores da individualidade do outro.
No entanto, sempre que a pessoa despertar em nós pensamentos destrutivo e violentos, nos causar mal estar, nos está a tornar uma pessoa pior ou mesmo acharmos que a estamos a prejudicar, temos que riscar essa pessoa do nosso convívio.

E quando precisamos dessa pessoa?
Há situações em que, para termos acesso a umas coisas, temos que lidar com pessoas difíceis.
Por exemplo, para mantermos o nosso emprego, temos que lidar com chefes e colegas que nos rebaixam, nos tratam injustamente e nos causam mal-estar. Nesta situação, devemos evitar totalmente o conflito e a luta "externa" e fazer essa luta "internamente" (contra o nosso amor-próprio).
Há um pensamento oriental que diz que "Apenas o muito forte é capaz de pedir desculpa quando tem razão".
A força do Judo serve para pedirmos desculpa a uma pessoa que nos insultou sem razão sabendo que a conseguíamos matar.

Devemos sempre, desinvestir emocionalmente.
Se no nosso emprego nos sentimos mal, nada de lutar por aquilo mas antes desinvestir emocionalmente.
Temos que lutar contra nós, contra o pensamento "Eu sou boa pessoa, vou provar a essa pessoa que está enganada" pois quem não gosta de nós não está aberto a argumentação.
Desinvestir nesses chefes e colegas que nos causam desconforto, evitando falar com eles e reduzindo as conversas ao mínimo possível.
Como há muitas pessoas no Mundo, temos que desinvestir de quem não gosta de nós e canalizar o nosso esforço para as pessoas desconhecidas e de que, no futuro, uma percentagem vai gostar de nós.
Temos que excluir o emprego da nossa vida passando a pensá-lo como "a coisa que deposita dinheiro na nossa conta para o papá poder comprar brinquedos."
Sempre que possível, devemos começar a procurar outro emprego.

Actualmente, os do Jujitsu são arruaceiro.
Pessoas que discordam da filosofia pacifista do Ju-Do, retomaram o Ju-Jitsu esqueceram o Ju.
Aí, o Dave teve toda a razão.
Na aula de demonstração nunca poderia haver um combate como uma "aplicação prática". A aplicação prática foi o que fez o Dave: sendo que até poderia vencer o combate, excluiu-se porque isso iria desenvolver nele a raiva. Pelo contrário, desenvolveu a humildade de dizer à gaja, "estou doente do joelho."
A gaja apenas viu ali uma oportunidade de o humilhar, de lhe chamar cobarde.

Segundo, as relações amorosas e a vida.
Nunca ninguém deve lutar por uma relação amorosa (como fez o Hugo) pois esta deve ser simétrica e harmoniosa (como defende o Dave).
Uma relação amorosa é entre duas pessoas e ambas têm que entender isso como uma partilha e não um contra o outro em que o homem tem que lutar e conquistas o amor da mulher.
Isso é Sec. XIX e só leva a violência doméstica.
Não quer, a andar, haverá mais quem queira.
Vendo o Dave que a Eliane não gosta dele (caso contrário, não faria uma discussão por causa do frango, teria ido à rua comprar outro e nem falaria no assunto), vendo o Cláudio que a Isabel não gosta dele (caso contrário, não estava sempre a falar "quero ver acção e não palavras" quando nada faz e não consegue ver qualquer qualidade no Cláudio, uma pessoa extraordinária), só têm que desinvestir e abandonar a relação.
Claro que, sendo manipuladoras, essas mulheres vão chorar e deitar ranho, mas é tudo falso.

Não passou de um teste.
O Dave ter avanços sexuais ou humilhar-se foi uma forma de a Eliane se sentir confortável, baixar a guarda e mostrar a verdadeira pessoa que é, conflituosa e sem carácter.
De repente, o Dave tomou consciência de quem tem e disse:

"Faltou-me ao respeito".
Houve um episódio em que o Dave disse desistir da Eliane  "porque faltou-me ao respeito".
Como os antigos dizem do Salazar "Nesse tempo havia respeito", perguntei à minha mãe que está totalmente chonézinha da cabecinha "O que será que o Dave quer dizer com 'faltou-me ao respeito'?".
- Meu filho, quer dizer que a rapariga lhe meteu os cornos.
Os episódios de agora foram gravados no princípio de Novembro e, realmente, nessa altura, as revistas anunciaram que "Eliane corneou o Dave."

Figura 1 - Eu sou easy-going mas também é demais, o gajo a meter-lhe a bandarilha e eu a fazer gaiolas. Será que aquilo não dava para dois? Será que se rompe com o uso?

No dia 20 de Outubro, quando foi visitar o pai doente(desejo-lhe as melhoras), meteu a bandarilha do Tiago em sítio proibido ao Dave.
Como é que uma gaja não quer brincadeira com o marido e vai brincar a torto e a direito com outro?
"Se querias brincadeira, era comigo que sempre estive disponível -  disse o Dave - Agora, acabou e não vale a penas choro e ranho pois não nasci para ser corno e fazer gaiolas".
A mesma pergunta fez o Hugo!

Sobre o PAN e os ditados populares.
O Dave confessou que "Como não consigo dormir, tenho que abater o bicho, fazer uma gaiola".
Isto de "abater o bicho" e "fazer uma gaiola" vai passar a ser crime porque é a promoção da violência contra os animais. Diz o PAN que tem que um tem que ser mudado para "abater o guincho" e o outro para "desentupir a viola".
"Meter-lhe os cornos" também terá que ser mudado pois atenta contra a dignidade dos touros. Terá que ser "Meter-lhe as bandarilhas".

Figura 2 - Abater o guincho

No próximo poste vou dizer porque a França anunciou que vai encerrar 14 reactores nucleares até 2035 (ver, TVI24).

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Os problemas da França e o Brexit

Estes são os temas mais quentes da actual agenda mediática. 
Por um lado, temos a França com protestos por causa de impostos. Por outro lado, temos o Reino Unido às voltas com o plano para sair da União europeia.
Vou começar pela França e, depois, ir ao Brexit (ou ao fim dele).

Os coletes amarelos.
A França é um país com muito elevado nível de vida, com um PIB per capita quase o dobro do nosso, tecnologicamente muito desenvolvido e onde as pessoas se sentem bem. Mas, como em todos os países excepto no Butão (que é o país do Mundo onde as pessoas se sentem mais felizes), as pessoas querem sempre mais.
Por vezes choca-me alguém vir dizer "Não consigo viver com 1200€ por mês" quando por esse mundo fora, milhões e milhões de pessoas têm que viver com 1200€ por ano e não vêm para a rua queimar coisas.
Mas a questão não está em as pessoas quererem mais e mais coisas, vamos aceitar que a ambição faz parte da humanidade. A questão está em as pessoas pensarem que: 
 1) Destruindo tudo a sua vida vai melhorar
 2) Que o governo vai ser capaz de fazer com que as pessoas tenham mais rendimento sem produzirem mais.

A infantilização pela esquerda.
Como são coisas que vêm da esquerda, vou dizer que é uma infantilização já que não posso dizer que são ideias populistas e xenófobas pois ainda tenho algum processo.
São demagógicas porque prometem às pessoas, infantilizando-as, tornando-as mentecaptas, que o Estado pode diminuir os impostos e aumentar a despesa pública seja para pagar subsídios ou prestar serviços.
São xenófobas porque elegem uma parte da sociedade a que chama o "grande capital", o "grande patronato", o "explorador dos animais", a "especulação financeira", como justificação para que a maioria não tenha acesso ao que quer.
Diz a esquerda que "são direitos" mas nunca fala em quem vai dar cumprimento a esse direitos.
Faz lembrar as crianças que gritam "quero aquela merda" e os pais respondem "não tenho dinheiro" mas eles continuam com o berreiro "Mas eu quero, eu tenho direito".

O problema é que nem o bezerro que chora consegue mamar em vaca seca.

O Brexit.
O Reino Unido quer acabar com a "liberdade de circulação de pessoas" mantendo as liberdades de circulação de bens, serviços, ideias e capitais e ainda a inexistência de fronteiras entre as irlandas.
Isto está a ser muito difícil de conseguir, na minha opinião, por má vontade da UE.
Agora, veio o tribunal dizer que, não aceitando os parlamentares do Reino Unido o acordo de partida, podem a todo o tempo até ao dia 28 de Março de 2019 retirar o pedido de saída.
Se meterem um novo pedido de saída no dia seguinte, a saída fica adiada para 29 de Março de 2021.
Penso que, nas actuais circunstâncias, a Teresa May vai suspender sine die a votação do acordo (para que não seja explicitamente chumbado) e vai retirar a comunicação de saída para ganhar mais 2 anos.

(...) where a Member State has notified the European Council (...) of its intention to withdraw from the European Union, that article allows that Member State (...) - (...) for as long as the two-year period (...) has not expired - to revoke that notification unilaterally (...) and that revocation brings the withdrawal procedure to an end. (Ver o acordum na versão original)

O Reino Unido terá que alterar a "segurança social".
O desconforto dos países europeus quanto à movimentação de pessoas tem a ver com os apoios sociais.
Podemos dizer que é xenofobia e é mesmo. Os nacionais de um país criaram uma segurança social que apoia as pessoas em dificuldades e agora não aceitam que esse sistema seja usado por estrangeiros.
O mais fácil é alterar as regras.

Vai ter que implementar o sistema mobilete.
Mas o que é isto do sistema mobiliete?
É um sistema usado nas bicicleta eléctricas em que o motor apenas funciona se a pessoa pedalar. 
Tem uma escala que vai de 1 a 9 e se, por exemplo, a pessoa carregar no 6, por cada quilograma de força que a pessoa fizer no pedal, o motor acrescenta 6 quilogramas de força, fazendo com que pessoas fisicamente débeis consigam vencer as subidas.

Se a pessoa deixar de pedalar ou a bicicleta atingir os 25km/h, o motor deixa de "ajudar".

As pessoas recebem "rendimento mínimo" porque são pouco produtivas. 
Não têm escolaridade, são problemáticas, abusam do álcool ou vivem em regiões economicamente deprimidas. Sendo pouco produtivas, não conseguem produzir no emprego valor suficiente para auferir o salário mínimo (no Reino Unido, cerca de 8,8€/hora). 
O sistema "mobilete" aplicado à segurança social vai atribuir um subsídio proporcional ao esforço da pessoa.
Uma pessoa vai à "inspecção da mobilite" e, por exemplo, é-lhe atribuída a relação 0,8/1. Neste caso, por cada euro que a entidade patronal lhe pagar, a segurança social vai-lhe dar mais 0,8€.
Eu Portugal temos um sistema deste tipo (Contrato Emprego-Inserção) em que são pagos 421,32€/mês mais subsídios de transporte e de alimentação para a pessoa "se inserir no mercado de trabalho", a maior parte paga pela Segurança Social.

No final, vai tudo ficar como está.
Mas a vida é mesmo assim, mantêm-se tudo e, na melhor das hipóteses, mudam-se os nomes. 
O Passos Coelho chamava-lhe "cortes" e o António Costa chama-lhe "Cativações".
O Passos Coelho chamava-lhe "Aumento de Impostos" e o António Costa chama-lhe "Justiça Fiscal".
Todos nós já anunciamos variadíssimas vezes "Neste ano que vai entrar é vou ser um novo homem, vou mudar mesmo" mas, acabado o novo ano, olhamos para trás e fizemos tudo na mesma.

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