Estes são os temas mais quentes da actual agenda mediática.
Por um lado, temos a França com protestos por causa de impostos. Por outro lado, temos o Reino Unido às voltas com o plano para sair da União europeia.
Vou começar pela França e, depois, ir ao Brexit (ou ao fim dele).
Os coletes amarelos.
A França é um país com muito elevado nível de vida, com um PIB per capita quase o dobro do nosso, tecnologicamente muito desenvolvido e onde as pessoas se sentem bem. Mas, como em todos os países excepto no Butão (que é o país do Mundo onde as pessoas se sentem mais felizes), as pessoas querem sempre mais.
Por vezes choca-me alguém vir dizer "Não consigo viver com 1200€ por mês" quando por esse mundo fora, milhões e milhões de pessoas têm que viver com 1200€ por ano e não vêm para a rua queimar coisas.
Mas a questão não está em as pessoas quererem mais e mais coisas, vamos aceitar que a ambição faz parte da humanidade. A questão está em as pessoas pensarem que:
1) Destruindo tudo a sua vida vai melhorar
2) Que o governo vai ser capaz de fazer com que as pessoas tenham mais rendimento sem produzirem mais.
A infantilização pela esquerda.
Como são coisas que vêm da esquerda, vou dizer que é uma infantilização já que não posso dizer que são ideias populistas e xenófobas pois ainda tenho algum processo.
São demagógicas porque prometem às pessoas, infantilizando-as, tornando-as mentecaptas, que o Estado pode diminuir os impostos e aumentar a despesa pública seja para pagar subsídios ou prestar serviços.
São xenófobas porque elegem uma parte da sociedade a que chama o "grande capital", o "grande patronato", o "explorador dos animais", a "especulação financeira", como justificação para que a maioria não tenha acesso ao que quer.
Diz a esquerda que "são direitos" mas nunca fala em quem vai dar cumprimento a esse direitos.
Faz lembrar as crianças que gritam "quero aquela merda" e os pais respondem "não tenho dinheiro" mas eles continuam com o berreiro "Mas eu quero, eu tenho direito".
O problema é que nem o bezerro que chora consegue mamar em vaca seca.
O Brexit.
O Reino Unido quer acabar com a "liberdade de circulação de pessoas" mantendo as liberdades de circulação de bens, serviços, ideias e capitais e ainda a inexistência de fronteiras entre as irlandas.
Isto está a ser muito difícil de conseguir, na minha opinião, por má vontade da UE.
Agora, veio o tribunal dizer que, não aceitando os parlamentares do Reino Unido o acordo de partida, podem a todo o tempo até ao dia 28 de Março de 2019 retirar o pedido de saída.
Se meterem um novo pedido de saída no dia seguinte, a saída fica adiada para 29 de Março de 2021.
Penso que, nas actuais circunstâncias, a Teresa May vai suspender sine die a votação do acordo (para que não seja explicitamente chumbado) e vai retirar a comunicação de saída para ganhar mais 2 anos.
(...) where a Member State has notified the European Council (...) of its intention to withdraw from the European Union, that article allows that Member State (...) - (...) for as long as the two-year period (...) has not expired - to revoke that notification unilaterally (...) and that revocation brings the withdrawal procedure to an end. (Ver o acordum na versão original)
O Reino Unido terá que alterar a "segurança social".
O desconforto dos países europeus quanto à movimentação de pessoas tem a ver com os apoios sociais.
Podemos dizer que é xenofobia e é mesmo. Os nacionais de um país criaram uma segurança social que apoia as pessoas em dificuldades e agora não aceitam que esse sistema seja usado por estrangeiros.
O mais fácil é alterar as regras.
Vai ter que implementar o sistema mobilete.
Mas o que é isto do sistema mobiliete?
É um sistema usado nas bicicleta eléctricas em que o motor apenas funciona se a pessoa pedalar.
Tem uma escala que vai de 1 a 9 e se, por exemplo, a pessoa carregar no 6, por cada quilograma de força que a pessoa fizer no pedal, o motor acrescenta 6 quilogramas de força, fazendo com que pessoas fisicamente débeis consigam vencer as subidas.
Se a pessoa deixar de pedalar ou a bicicleta atingir os 25km/h, o motor deixa de "ajudar".
As pessoas recebem "rendimento mínimo" porque são pouco produtivas.
Não têm escolaridade, são problemáticas, abusam do álcool ou vivem em regiões economicamente deprimidas. Sendo pouco produtivas, não conseguem produzir no emprego valor suficiente para auferir o salário mínimo (no Reino Unido, cerca de 8,8€/hora).
O sistema "mobilete" aplicado à segurança social vai atribuir um subsídio proporcional ao esforço da pessoa.
Uma pessoa vai à "inspecção da mobilite" e, por exemplo, é-lhe atribuída a relação 0,8/1. Neste caso, por cada euro que a entidade patronal lhe pagar, a segurança social vai-lhe dar mais 0,8€.
Eu Portugal temos um sistema deste tipo (Contrato Emprego-Inserção) em que são pagos 421,32€/mês mais subsídios de transporte e de alimentação para a pessoa "se inserir no mercado de trabalho", a maior parte paga pela Segurança Social.
No final, vai tudo ficar como está.
Mas a vida é mesmo assim, mantêm-se tudo e, na melhor das hipóteses, mudam-se os nomes.
O Passos Coelho chamava-lhe "cortes" e o António Costa chama-lhe "Cativações".
O Passos Coelho chamava-lhe "Aumento de Impostos" e o António Costa chama-lhe "Justiça Fiscal".
Todos nós já anunciamos variadíssimas vezes "Neste ano que vai entrar é vou ser um novo homem, vou mudar mesmo" mas, acabado o novo ano, olhamos para trás e fizemos tudo na mesma.
3 comentários:
nao vale a pena protestar?por isso o salario minimo frances ja aumentou 100 euros
"nao vale a pena protestar?por isso o salario minimo frances ja aumentou 100 euros"
Pagos pelo Estado! O paradoxo francêsé que as pessoas querem menos impostos e mais Estado. Se me explicarem isso pode ser uma coisa esplendida.
sr joaquim costa,a classe média que proteste também,quanto mais o povo pressionar mais o dinheiro tem de se buscar às grandes empresas,é o caminho.
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