Aprendi com o Professor Teixeira dos Santos que a política é a arte de escolher.
As decisões de um humano dividem-se em dois tipos, as decisões técnicas e as decisões políticas.
Nas decisões técnicas, existe apenas uma decisão possível, por exemplo, quero dar uma volta de automóvel e o veículo está sem gasolina, seja um condutor esquerdista ou direitista, a única solução possível é meter gasolina.
Nas decisões técnicas, são feitos estudos e cálculos rigorosos que mostram determinam a solução óptima e, de forma automática, o decisor humano implementa essa solução.
Nas decisões políticas não há uma solução óptima. Até podem ser feitos estudos e cálculos rigorosos mas há muitas soluções possíveis, por exemplo, quero emagrecer e tanto posso diminuir a quantidade de calorias que ingiro como aumentar a quantidade de exercício físico que faço.
Os esquerdistas querem mais Estado e os direitistas querem menos Estado.
Para os esquerdistas, a resolução dos problemas das pessoas passa por haver mais Estado, isto é, haver mais despesa pública (e mais impostos). Se há falta de casas, o Estado tem de construir casas; se há elevado tempo de espera na saúde, o Estado tem de ter mais médicos, enfermeiros e hospitais; se a gasolina está cara, o Estado tem de fazer mais transportes públicos.
Para os direitistas, a resolução dos problemas das pessoas passa por haver menos Estado, isto é, haver menos despesa pública (e menos impostos). Se as pessoas têm problemas, o dinheiro que têm no bolso por haver menos impostos será individualmente usado para os resolver.
Mas haver mais ou menos impostos é melhor ou pior para as pessoas?
O bem-estar médio das pessoas é aproximado pelo PIB per capita. Isto traduz que, num pais com um PIB per capita maior, as pessoas têm maior nível de bem-estar (porque podem adquirir mais bens e serviços).
O que se observa é que, nos países semelhantes a Portugal (países europeus), não existe relação entre a despesa pública (em percentagem do PIB) e o nível do PIB pc. Portugal tem (média desde 2010) um PIB per capita de 20000 USD(2015) e uma despesa pública de 43% do PIB e, por exemplo, a França é mais rica dos que nós (tem 37000 USD, 2025) e mais despesa pública (48% do PIB).
Em termos de PIB, Portugal (é o ponto a vermelho) está abaixo da média (linha a preto da figura seguinte) mas isso não se deve à despesa pública elevada ou baixa, são outras coisas.
Fig. 1 - Relação entre a despesa pública e o PIB per capita, médias 2010-2021, países europeus (dados, Banco Mundial)
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