O Costa prometeu muitas coisas mas não executou.
A arte do Costa foi prometer que ia acabar com a "austeridade" do Passos Coelho (levando-nos novamente à bancarrota) mas, não cumpriu.
Anunciava uma certa despesa no Orçamento de Estado mas, logo a seguir, vinham as cativações e a coisa ia ao sítio.
Não mexeu nas "vespas" e, por isso, foi fazendo algumas coisas. Se foi pouco ou muito, não sei dizer, sei que conseguiu manter a trajectória de consolidação orçamental iniciada pelo Passos Coelho.
Vejamos como tem evoluído o Défice Público.
Para compreendermos melhor a magnitude do défice, vou traduzi-lo a preços de 2023 e calcula-lo no valor diário per capita (o défice diário de cada português). Os dados do défice corrente, inflação e população é da Pordata.
Em 2010, o défice quase atingiu 7€ por pessoa por dia. Quer isto dizer que a despesa pública foi maior em 7€/pessoa/dia do que a receita do Estado (os impostos).
Como o Estado não pode gastar mais do que recebe, foi obrigatório iniciar uma trajectória de consolidação orçamental, primeiro com a "ajuda" da Troika (no governo do Pedro Passos Coelho) e, depois, com supervisão dos nossos parceiros europeus (nos governos do António Costa).
O Passos Coelho, com muito esforço dos portugueses, conseguiu diminuir o défice de 7€ para 2,50€ (em 2015). Nessa altura seria sempre difícil reduzir o défice porque estávamos com contracção do PIB, em crise económica mas lá se conseguiu.
O António Costa herdou este défice de 2,5€ e entrou com a promessa de que ia reverter tudo e acabar com a austeridade. Mas com as cativações, lá conseguiu manter a trajectória de equilibro das contas.
Em 2019 e, depois, em 2023, o Costa equilibrou o barco tendo mesmo um superavit de 0,84€/pessoa/dia (cobrou de impostos a cada pessoa mais 0,84€/dia do que fez despesa).
O que o Costa fez em termos de finanças públicas foi notável.
Não vou poupar palavras, o que o Costa conseguiu em 2023 foi extraordinário.
O Costa cometeu muitos erros, mesmo muitos erros (subir o SMN, acabar com as taxas moderadores na saúde, diminuir as propinas do ensino superior, nacionalizar a TAP, etc.), mas temos de lhe perdoar porque foi a forma que encontrou para manter a "paz social", manter as vespas dentro do vespeiro.
Mas ter conseguido conter o défice público, o que não acontecia desde o 25-de-Abril-de-1974 e parecia impossível dadas as promessas eleitorais, foi notável.
Mas foi apenas em 2023, um "acidente" de percurso.
Se voltarmos a 2019, o défice estava equilibrado e uma pequena perturbação, a crise-do-Covid-19, atirou as contas públicas novamente para valores muito negativos.
Para termos contas públicas equilibradas é obrigatório ter superavit nos anos "normais" para fazer face ao deficit dos anos de crise.
O Montenegro prepara-se para desbaratar todo o esforço do Passos Coelho e do Costa.
Nos anos pós-crise-do-sub-prime até 2022, somando todos os défices, o Estado endividou-se em 14520€ por pessoa. O superavit em 2023 foi de 305€ por pessoa. Se mantivéssemos este superavit para todos os anos futuros, seriam precisos 48 anos apenas para pagar o que se gastou a mais em resposta à crise-do-sub-prime.
Quando cada português ainda tem de pagar 14215€ para cobrir os prejuízos da crise do sub-prime (e ainda fica a faltar o resto que está para trás), não sei como o Montenegro pode estar a prometer cortar impostos e a aumentar os salários da função pública.
Estarão os do PSD malucos?
Ninguém pões mão no manicómio em que se tornou o governo de Portugal?
Como podem os conselhos dos professores doutores catedráticos serem "gastar mais e cobrar menos"?
Só falta dizerem "Volta Sócrates que, afinal, o PSD acha que estavas certo".
Bem, sempre foi essa a ideia do Alberto João Jardim (ver)!
Afinal, o IRS só vai diminuir 173M€!
Uma fonte do FMI (um antigo aluno) disse a alguém que já tinha sido enviada uma nota ao Montenegro a perguntar o que se está a passar por aqui.
Parece que alguém começou a meter juízo na cabeça do Montenegro.
0 comentários:
Enviar um comentário