🙏A floresta não rende quase nada.
As estatísticas mostram que a área florestal e de mato ardida tem uma média de 125 000 ha por ano o que representam 1,4% do território nacional (
ver).
Estes 1,4% traduzem que um terreno arde a cada 70 anos.
Em termos económicos, se tivermos um pinhal de 10000m2 com 500 árvores com 30 anos avaliados em 4000€ (um rendimento de 133€/ano) e a madeira queimada perder 50% do valor, um seguro contra incêndio custará qualquer coisas como 30€/ano/ha.
Comparando com a despesa de "limpar o mato", é melhor gastar os 30€/ano no seguro pois este dinheiro só dá para 3 horas/ano de limpeza que não dá nem para aquecer a roçadoura.
Resumindo, em termos médios, um hectare de pinhal rende 100€/ano.
Para se ver quão miserável é o rendimento da floresta, para cobrir o meu custo salárial seriam precisos 650 ha de pinhal o que é uma enormidade.
E eu a trabalhar 24h por dia, 7 dias por semana não conseguiria limpar esses 650ha de pinhal de forma a evitar o risco de haver um incêndio florestal!
Fig. 1 - O meu custo salarial corresponde a um pinhal do tamanho de grande parte da Cidade do Porto
Gastam-se 200 milhões€/ano em combate florestal.
Se a floresta, como dizem, rende 1300 milhões €/ano este custo corresponde a 15% do rendimento da floresta o que traduz que o decisor político pensa que os meios de combate reduzem a área ardida em pelo menos 90%.
Vejamos de onde tirei este número.
Para ser economicamente racional, gastam-se os 200 milhões porque, se não se combatesse os incêndios, o rendimento da floresta seria inferior a 1100 milhões€.
Rendimento Potencial sem incêndios = 1300/(1-1,4%) = 1320
Daqui tira-se que o risco de incêndio, x, resolve a desigualdade seguinte
1320*(1-x) < 1100 <=> x > 1100/1320 - 1 =16,7%
A redução terá que ser de pelo menos 16,7%/(16,7%-1,4%) - 1 = 91,5%
Venham mais 4 aviões.
O Costa resolveu a guerra da propaganda encomendando mais 4 aviões com capacidade para combater fogos florestais.
Mas ninguém ainda deu conta que o modelo de combate aos fogos florestais está errado?
Que daqui a nada se gasta mais dinheiro a combater os fogos florestais que todo o prejuizo possível de acontecer?
Se um ha rende 100€/ano, como se pode obrigar os velhinhos do interior a cortar o mato?
E para quê gastar tanto dinheiro se o mato não tem qualquer valor?
Ordenar a floresta não é destruir o coberto vegetal.
Ordenar será dividido a zona florestal em favos e desenhadas "faixas de corta-fogo" onde, em caso de incêndio num favo, possa ser garantido que o fogo não sai dessa área.
Se os favos tiverem 1000 ha e a faixa de conta-fogo de 25 metros, teremos um desmatamento de 1,6%.
Naturalmente, o combate ao incêndio seria apenas na faixa de corta-fogo e o corta-fogo feito contra o vento e a subir.
Deixar os bombeiros à espera que a frente de fogo chegue é uma perda de tempo pois vai passar e um perigo de vida.
Fig. 2 - O contra-fogo deve ser feito contra o vento para "cortar" o caminho à frente de fogo.
Os bombeiros garantem com os auto-tanques que o contra-fogo não atravessa a "faixa de contra-fogo" o que é muito mais simples do que enfrentar a frente de fogo.
Fig. 3 - Em terreno inclinado, o contra-fogo deve ser feito a subir (e contra o vento).
É mais fácil um contra-fogo em terreno acidentado (exactamente o mais difícil de apagar com meios convencionais) porque a inclinação ajuda a encaminhar o contra-fogo.
Será que alguma vez veremos corta-fogos?
Não acredito nisso.
Claro que deveria ser feito um ensaio de combate com contra-fogo massivo mas não temos governantes com estaleca para isso.
O que veremos é mais e mais aviões, helicópteros, autotanques e bombeiros.
E também veremos mais e mais incêndios florestais porque há cada vez menos pessoas nas zonas florestais e a floresta cada vez rende menos.
Fig. 4 - Só vos peço que não pensem mais em fogos e que descansem a mente com um pouco de ioga.
iooooooooooooooooooooooooooo
Que par de pés ;-)