Etimologicamente, peregrino é "aquele que vem do estrangeiro" e romaria "é um grupo de romanos em viagem à Terra Santa".
Como as pessoas tinham que pernoitar em algum lado porque, garante o povo, "A noite foi criada pela Coisa Ruim para que lá possa andar o que não pode andar de dia" (i.e., as coisas demoníacas e as almas danadas), uma das obra de misericórdia corporais da Santa Madre Igreja é "Dar albergue aos peregrinos" para que possam pernoitar debaixo de telhado.
Notar que, realmente, não foi Deus quem criou a noite!
"No princípio criou Deus o céu e a terra (...) [e, então,] "havia trevas sobre a face do abismo (...) [Depois] disse Deus: Haja luz (...) e fez Deus separação entre a luz e as trevas (...) e às trevas chamou Noite" (Ge 1:1-5).
Motivado por a Noite ter sido criado por alguém que não Deus, talvez a Força do Mal, e contra essa força Deus nada poder fazer, durante muitos séculos discutiu-se se Deus é realmente Omnipotente e omnipresente. E ficou a dúvida até que Espinoza matou Deus.
Continuando.
Nos tempos das peregrinações, as casas eram fracas, mais barraca que outra coisa, pelo que o peregrino se contentava a pernoitar com muito poucas condições. Bastava pão de centeio com um caldo de couves e alguns feijões engrossado com farinha regado com um copo de vinho carrascão para jantar, um balde com 2 ou 3 litros de água morna para tomar um banho, um monte de palha para fazer de cama e uma manta grossa para quebrar o frio para se ter um albergue de 5 estrelas.
E havia quem prometesse ir a "pão e água".
Cada cidade, terriola ou lugar tenta identificar uma particularidade mais que não seja o nome para aproveitar uma fatia do mercado do "Tenho que ir lá tirar uma fotografia no meu smartphone".
Não se aposta mais no mercado da repetição. Se há 500 milhões de pessoas na União Europeia com possibilidade financeira para fazer pelo menos duas viagem de avião por ano em low-cost, se conseguirmos que 10% desses visitem a nossa terriola uma vez na vida mesmo que apenas para a "fotografia", vamos ter 3500 visitantes por dia a precisar de comer e dormir.
Como se faz um hostel.
Pega-se num imovel qualquer, uma casa, um apartamento, um anexo onde antigamente se guardava forragem ou gado, esteja em bom estado ou não pois o típico também tem clientela.
Depois, metem-se uns beliches, um quarto com 13 m2 aguenta com 6 hóspedes (3 beliches de dois andares e um pequeno armário com 6 divisões).
Depois, basta uma casa de banho com chuveiro.
Serão os hosteis a galinha dos ovos de ouro?
Pelo menos em Portugal, os hosteis estão a ser vítimas de um grande ataque por parte do governo e autarquias esquerdistas com taxas, taxinhas e impostos e ainda uma campanha de que este tipo de turismo está a retirar as casas do mercado de arrendamento para habitação.
Vejamos se então a economia de um hostel.
Vamos fazer hostel num T3.
Destinam-se 2 quartos e uma casa de banho para mulheres (12 lugares) e 1 quarto, a sala e a outra casa de banho para homens (12 lugares). Fica ainda a cozinha para fazer os hospedes poderem fazer cozinhar qualquer coisa simples.
Transformamos um T3 com 100m2 num hostel com 24 camas, uma média de 4m2 por cama.
No mercado de arrendamento, este apartamento se bem localizado e numa razoável cidade custa pelo menos 600€/mês.
Qual o preço de uma noite num hostel?
Estive a ver no Booking.com e o preço ronda os 10€/noite.
Para hoje, encontrei os seguintes preços (o mais baratos):
Roma => 9 €
Madrid, Londres, Berlim, Lisboa => 10 €
Paris => 14 €
Moscovo e Kiev => 3 €
Que margem dá cada hóspede?
Lavar a roupa e passar os lençóis, fazer a cama e arrumar a casa gasta pelo menos 20 minutos de tempo de trabalho. A 6,00€/h são 3,00€ por dormida.
Depois, acrescenta a água, eletricidade e internet, 1,00€ por dormida
Ainda temos o custo do Booking.com que vou assumir como 1€ por dormida.
Dá uma margem de 5,00€/dormida.
Vamos à conta final do lucro do negócio.
Era bom se a ocupação fosse a 100%
Lucro = 30 dias * 24 camas * 5€/dia - 600€/mês = 3000€/mês
O problema é a taxa de ocupação
20% => 120€/mês
25% => 300€/mês
30% => 480€/mês
Este lucro vai ser o pagamento para a pessoa que recebe os hóspedes (o hostel está aberto 24 horas por dia), zelar pela segurança das pessoas e dos bens.
24 camas já é um negócio grande, equiparado a um pequeno hotel e não dá nem o salário mínimo.
Só dá para um casal de chineses. A mulher faz as camas e arruma a casa (ai meu Deus, que estou a ser sexista) enquanto o homem lava e passa os lençóis e faz a segurança.
Já estão a ver porque é que em todos os hosteis está um chinês: é o patrão que dorme no meio dos hospedes abatendo 2 camas à lotação.
Aquilo do "livro para meninas" é uma perigosa loucura dos esquerdistas.
Se não pode haver descriminação de género, porque obriga a lei a haver casas de banho para homens e para mulheres nos establecimentos comerciais e industriais?
Porque há provas físicas diferentes para homens e para mulheres quando se candidatam à tropa, PSP ou GNR?
Porque é que a maior parte das lojas de roupa são para mulheres?
Porque é que os homens têm que usar fato escuro e gravata e as mulheres não?
E quanto será a taxa de ocupação?
Aqui é que está o problema maior.
Uma colega minha perguntou-me "O que achas de eu fazer um hostel? Herdei uma casa em Espinho com 8 quartos e gostava de rentabilizar aquilo".
Se consultarmos o Booking.com hoje às 22h, o mês mais forte do turismo, em Paris ou Londres, há N hosteis com vagas disponíveis.
Se nesses locais existem vagas, será que em Espinho se consegue uma ocupação média de 20%?
Eu ainda disse à ucraniana "Os teus pais podiam vir por ai abaixo e explorarem o hostel" mas a moça não tem cabeça, fez de conta que não ouviu.
Só dá para monhés.
Deixem os hosteis em paz.
Porque não são eles que estão a ter ganho por causa do turismo.
Quem está a ter ganho são os outros, cafés, restaurantes, táxis, e outros apoios ao turista, que exploram as massas que esmagaram o preço da estadia.
Assim, cobrar taxas é a esses e não às albergarias pois o 1€/dia que cobra Lisboa são 10% do preço de uma estadia e os 2€/dia que o Porto quer cobrar é uma aberração.
Finalmente, será que o MPLA ganhou as eleições em Angola?
Concerteza que sim e com maioria absoluta.
Será que o MPLA foi o partido mais votado nas eleições de Angola?
Se em 1992 o MPLA não conseguiu 50%, ia conseguir agora, depois de 25 anos de desgaste executivo, conseguir 61%?
Concerteza que não e perdeu por muitos.
Mas nunca jamais os esquerdistas, sejam angolanos, venezuelanos, cubanos ou portugueses, deixarão o poder podendo mantê-lo mesmo que por meios violentos.
Acontece é que os nossos esquerdistas ainda não atingiram esse patamar pois de democratas não têm nada.
Boas férias e tratem bem o chinês.