Hoje vou falar de amor, conquista e decepção.
Mas vou falar nisto para introduzir a "estatística bayesiana" que é muito combatida pela "estatística clássica" com o argumento de que tem pouco rigor teórico mas que tem permitido grandes avanços na "ciência da tomada de decisão sob conhecimento incompleto e imperfeito".
Falo do amor do Dave (e da Daniela) que se esfumou e do amor da Eliana que talvez tenha nascido.
A estatística bayesiana.
O conhecimento é incompleto quando não conhecemos todas as variáveis e imperfeito quando a variável é uma variável aleatória da qual se conhecem os parâmetros.
Na estatística bayesiana não existe distinção entre imperfeito e incompleto e tudo o que não conhecemos é transformado numa variável aleatória.
O problema começa com a necessidade de tomar de decisão quando não é conhecida informação relevante no momento em que a decisão vai ser tomada. Por exemplo, o Pinto da Costa está de olho num jogador e, para o contratar, precisa saber o seu valor (a eventualidade de o vender daqui a 3 anos). Essa informação é fundamental para decidir o salário, o prazo e o valor da cláusula de rescisão do contrato.
O Papa Pinto, baseado na sua grande experiência e em alguns números, avança com "O meu nariz diz-me que o bicho vai render 25 milhões com uma margem de mais ou menos 10 milhões".
Vamos chamar Média, M, e Desvio Padrão, DP, a estes dois valores e acrescentar-lhes um índice temporal.
Vamos ainda assumir que esta variável segue a função de distribuição normal.
Baseado na sua fezada, o Pinto da Costa acaba por contratar o jogador pagando 10 milhões pelo passe, 3 milhões por ano, 5 anos de contrato com uma cláusula de rescisão de 30 milhões.
Qual a razão que levou o Papa Pinto a contratar o bicho?
Em 3 anos vai gastar 10 + 3*3 = 19 milhões e sendo verdadeira a sua fezada, a probabilidade de conseguir uma transferência por um valor maior do que este é de 72,6%, calculado no Excel com a expressão =1-NORMDIST(19;25;10;TRUE).
No entanto, existe a probabilidade de 27,4% de o negócio vir a dar prejuízo.
A aprendizagem bayesiana.
A segunda característica da EB é haver um processo de aprendizagem, isto é, uma regra que vai incorporando na previsão a informação que vai sendo conhecida.
No exemplo, o bicho é avaliado no final de cada jogo e essa informação vai ser incorporada no valor do jogador a uma determinada "velocidade". Vamos supor que no primeiro jogo o bicho foi avaliado em 40 milhões e que o Papa Pinto "aprende" 1% por jogo. Então, o valor do bicho vai-se alterar ligeiramente para:
M1 = 25*99% + 40*1% = 25,150 milhões
DP1 = (10^2*99% + (40-25)^2*1%) ^0,5 = 10,062 milhões
Vamos supor que nos primeiros 6 meses o jogador fez 20 jogos, em todos avaliado em 40 milhões. Então, ao fim dos seis meses, o valor do bicho passa para M20 = 27,731 milhões e DP20 = 10,754 milhões.
Ao fim dos 6 meses, o Papa Pinto está contente e ainda está confortável com a clausula de rescisão (não é preciso falar em renegociações).
No entanto, se o Papa "fosse nervoso", por exemplo, aprendendo 5% por jogo, com a mesma informação, o valor do bicho já teria ultrapassado a clausula de rescisão (M20 = 34,623M e DP20 = 9,503M).
A previsão inicial e a velocidade de aprendizagem são características do "especialista" e são o que separa os "especialistas" de sucesso dos fracassados.
Vamos ao amor.
Cada pessoa tem características únicas e, quando juntamos duas pessoas, existe um grau de compatibilidade que depende das características de A e de B. O Dave não fazia ideia do grau de compatibilidade com Eliana porque ainda não conhecia.
Na procura de uma parceira, a pessoa impõe um limite mínimo, umas impõem um valor mais elevado e outras um mais baixo mas todos temos um limite abaixo do qual dizemos "Não".
No primeiro momento, olhando para o físico, a fezada do Dave foi no sentido de haver fortes probabilidades o ajustamento estar acima do limite.
O namoro.
Ensinou-me a minha mãe que serve para conhecermos a outra pessoa. E umas pessoas aprendem mais depressa do que outras.
Mesmo tendo começado com uma avaliação em 18 valores, a cada discussão, a cada momento de mau humor, a cada amuo, a cada insulto, a cada problema que surgiu, a avaliação foi caindo.
Ao fim de 8 semanas em constante queda, o valor intuído indicava ser muito remota a probabilidade de o "verdadeiro valor" do ajustamento estar acima do limite mínimo.
Já não havia mais nada a fazer nem a conhecer. Blá, blá, blá, terás sempre um lugar especial no meu coração, mas como amigo.
Meteu-lhe o skate.
Será que aconteceu o contrário à Eliana?
Até pode ter sido. Até pode ser que a Eliana agora ame loucamente o Dave mas isso não melhora o ajustamento entendido pelo Dave.
A Eliana acha que tem um bom ajustamento mas o Dave acha que não e também acha que, por mais que o tempo decorra, a sua percepção nunca irá mudar.
A Eliana explicitou que pensa que o problema do Dave é falta de sexo mas não percebeu bem a mensagem.
Isso seria importante mas, na óptica do Dave, por melhor que seja em comparação com outra mulher, nunca será capaz de compensar o mau ajustamento nas outras componentes.
Pessoa emocionalmente imatura.
A afirmação de que "o amor vence todas as barreiras" traduz que a pessoa vai alterar o seu limite assim que conhece a outra pessoa. Mesmo que o ajustamento não se aproxime do limite mínimo, a pessoa começa a pensar que o ajustamento vai melhorar no futuro. É o Francisco afirmar "Eu vou conseguir conquistá-la" ou o João "No fim vais achar isto bom" em frente de ajustamentos verdadeiramente maus.
É um erro total encarar as relações desta forma, dá dá, não dá, não dá, de forma equilibrada e simétrica, não é, como disse a Daniela "Eu dar tudo e ele não dar nada à relação".
O imaturo pensa que a outra pessoa vai mudar para melhor ou que ela própria é que tem um defeito qualquer que vai conseguir corrigir.
Alterar o limite é um erro total que só desaparece com a experiência e aprendizagem, com o ganhar de maturidade emocional.
A pessoa imatura corre riscos.
Quando a relação acaba, é com grande drama e a pessoa emocionalmente imatura fica "destroçada".
E corre o risco de destruir a sua vida se encontrar uma pessoa sádica, tóxica e manipuladora, como aconteceu ao João. Tenho pena desse banana que não tem amor próprio.
Compete aos amigos chamar o banana à razão e, nos casos mais graves, esbofeteá-lo até que ele acorde para a realidade.
Um homem emocionalmente imaturo é conhecido por "banana".
Estive a ouvir a música Aqui Estou da Eliana.
Lembram-se da Sandra Pereira, a fulana que ganho os ídolos em 2010 e que cantava a pacotes?
Está desaparecida desde
Junho de 2011!
Depois de aturada investigação descobri que mudou de nome para
Jahde, de quem nunca ninguém ouviu falar.
O mundo da música é muito difícil, se cantores consagrados como o Rui Veloso estão praticamente a passar fome, qual será o futuro da Eliana na Música?
Boa sorte mas prevejo que será como o Pepe Rápido "Isto vai ser tão bom não foi?"
Daqui a umas semanas, já ninguém se lembra deles.