terça-feira, 21 de maio de 2019

A sondagem para as eleições europeias

Estimados amigos.
Bem sei que há muito tempo que não escrevo mas tal deveu-se ao trabalho mas também a algo de que não quero falar por agora.
Por agora vou falar da sondagem da RTP sobre as europeias.
Pegando nos dados dessa sondagem e fazendo 10000 re-amostragens, os resultados foram:

1 = Número de deputados mais provável
   PS = 9 (86,3%)  = Aumenta um
   PSD = 6 (91,9%) = Mantém
   BE = 2 ( 98,7%) = Aumenta um
   CDU = 2 ( 95,7%) = Perde um
   CDS = 2 (95,7%)  = Aumenta um
   PAN = 0 (93,5%) = Mantém zero
   Aliança = 0 (93,5%) = Mantém zero
   Marinho e Pinho = 0 = Perde dois (a sondagem não explicitou este caso)



2 - As probabilidades detalhadas
   PS = 8 (11,0%) // 9 (86,3%) // 10 (2,8%)
   PSD = 5 (2,8%) // 6 (91,9%) // 7 (5,2%)
   BE = 1 (0,2%) // 2 ( 98,7%) // 3 (1,1%)
   CDU = 1 (4,3%) // 2 (95,7%)
   CDS = 1 (4,3%) // 2 (95,7%) 
   PAN = 0 (93,5%) // 1 (6,5%)
  Aliança = 0 (93,5%) // 1 (6,5%)

#O código que utilizei
dados<-c(621, 433, 169, 151, 151, 56, 56, 245)
perc<-dados/sum(dados)
D<-matrix(1,7,1,FALSE)
for (j in 1:10000)
 {resul<-sample(1:8,1882,prob=perc,replace=TRUE)
 resul.t<-table(resul)[1:7]
 deputados<-rep(1,7)
 for (i in 1:21)
  {resul.x <- resul.t/deputados
  x<-as.numeric(which.max(resul.x))
  deputados[x]<-deputados[x]+1
  }
 deputados<-deputados-1
 D<-matrix(c(D,deputados),7,j+1,FALSE)
 }
D<-D[,2:ncol(D)]
for (i in 1:7)
 print(table(D[i,])/ncol(D))

domingo, 6 de janeiro de 2019

O esfumar do amor de Dave e a aprendizagem bayesiana.

Hoje vou falar de amor, conquista e decepção. 
Mas vou falar nisto para introduzir a "estatística bayesiana" que é muito combatida pela "estatística clássica" com o argumento de que tem pouco rigor teórico mas que tem permitido grandes avanços na "ciência da tomada de decisão sob conhecimento incompleto e imperfeito".
Falo do amor do Dave (e da Daniela) que se esfumou e do amor da Eliana que talvez tenha nascido.

A estatística bayesiana.
O conhecimento é incompleto quando não conhecemos todas as variáveis e imperfeito quando a variável é uma variável aleatória da qual se conhecem os parâmetros.
Na estatística bayesiana não existe distinção entre imperfeito e incompleto e tudo o que não conhecemos é transformado numa variável aleatória.
O problema começa com a necessidade de tomar de decisão quando não é conhecida informação relevante no momento em que a decisão vai ser tomada. Por exemplo, o Pinto da Costa está de olho num jogador e, para o contratar, precisa saber o seu valor (a eventualidade de o vender daqui a 3 anos). Essa informação é fundamental para decidir o salário, o prazo  e o valor da cláusula de rescisão do contrato.
O Papa Pinto, baseado na sua grande experiência e em alguns números, avança com "O meu nariz diz-me que o bicho vai render 25 milhões com uma margem de mais ou menos 10 milhões".
Vamos chamar Média, M, e Desvio Padrão, DP, a estes dois valores e acrescentar-lhes um índice temporal.
Vamos ainda assumir que esta variável segue a função de distribuição normal.
Baseado na sua fezada, o Pinto da Costa acaba por contratar o jogador pagando 10 milhões pelo passe, 3 milhões por ano, 5 anos de contrato com uma cláusula de rescisão de 30 milhões.

Qual a razão que levou o Papa Pinto a contratar o bicho?
Em 3 anos vai gastar 10 + 3*3 = 19 milhões e sendo verdadeira a sua fezada, a probabilidade de conseguir uma transferência por um valor maior do que este é de 72,6%, calculado no Excel com a expressão =1-NORMDIST(19;25;10;TRUE).
No entanto, existe a probabilidade de 27,4% de o negócio vir a dar prejuízo.

A aprendizagem bayesiana.
A segunda característica da EB é haver um processo de aprendizagem, isto é, uma regra que vai incorporando na previsão a informação que vai sendo conhecida.
No exemplo, o bicho é avaliado no final de cada jogo e essa informação vai ser incorporada no valor do jogador a uma determinada "velocidade". Vamos supor que no primeiro jogo o bicho foi avaliado em 40 milhões e que o Papa Pinto "aprende" 1% por jogo. Então, o valor do bicho vai-se alterar ligeiramente para:
  M1 = 25*99% + 40*1% = 25,150 milhões
  DP1 = (10^2*99% + (40-25)^2*1%) ^0,5 = 10,062 milhões

Vamos supor que nos primeiros 6 meses o jogador fez 20 jogos, em todos avaliado em 40 milhões. Então, ao fim dos seis meses, o valor do bicho passa para M20 = 27,731 milhões e DP20 = 10,754 milhões.
Ao fim dos 6 meses, o Papa Pinto está contente e ainda está confortável com a clausula de rescisão (não é preciso falar em renegociações).
No entanto, se o Papa "fosse nervoso", por exemplo, aprendendo 5% por jogo, com a mesma informação, o valor do bicho já teria ultrapassado a clausula de rescisão (M20 = 34,623M e DP20 = 9,503M).

A previsão inicial e a velocidade de aprendizagem são características do "especialista" e são o que separa os "especialistas" de sucesso dos fracassados. 

Vamos ao amor.
Cada pessoa tem características únicas e, quando juntamos duas pessoas, existe um grau de compatibilidade que depende das características de A e de B. O Dave não fazia ideia do grau de compatibilidade com Eliana porque ainda não conhecia.
Na procura de uma parceira, a pessoa impõe um limite mínimo, umas impõem um valor mais elevado e outras um mais baixo mas todos temos um limite abaixo do qual dizemos "Não".
No primeiro momento, olhando para o físico, a fezada do Dave foi no sentido de haver fortes probabilidades o ajustamento estar acima do limite.

O namoro.
Ensinou-me a minha mãe que serve para conhecermos a outra pessoa. E umas pessoas aprendem mais depressa do que outras.
Mesmo tendo começado com uma avaliação em 18 valores, a cada discussão, a cada momento de mau humor, a cada amuo, a cada insulto, a cada problema que surgiu, a avaliação foi caindo.
Ao fim de 8 semanas em constante queda, o valor intuído indicava ser muito remota a probabilidade de o "verdadeiro valor" do ajustamento estar acima do limite mínimo.
Já não havia mais nada a fazer nem a conhecer. Blá, blá, blá, terás sempre um lugar especial no meu coração, mas como amigo.
Meteu-lhe o skate.

Será que aconteceu o contrário à Eliana?
Até pode ter sido. Até pode ser que a Eliana agora ame loucamente o Dave mas isso não melhora o ajustamento entendido pelo Dave.
A Eliana acha que tem um bom ajustamento mas o Dave acha que não e também acha que, por mais que o tempo decorra, a sua percepção nunca irá mudar.
A Eliana explicitou que pensa que o problema do Dave é falta de sexo mas não percebeu bem a mensagem.
Isso seria importante mas, na óptica do Dave, por melhor que seja em comparação com outra mulher, nunca será capaz de compensar o mau ajustamento nas outras componentes.

Pessoa emocionalmente imatura. 
A afirmação de que "o amor vence todas as barreiras" traduz que a pessoa vai alterar o seu limite assim que conhece a outra pessoa. Mesmo que o ajustamento não se aproxime do limite mínimo, a pessoa começa a pensar que o ajustamento vai melhorar no futuro. É o Francisco afirmar "Eu vou conseguir conquistá-la" ou o João "No fim vais achar isto bom" em frente de ajustamentos verdadeiramente maus.
É um erro total encarar as relações desta forma, dá dá, não dá, não dá, de forma equilibrada e simétrica, não é, como disse a Daniela "Eu dar tudo e ele não dar nada à relação".
O imaturo pensa que a outra pessoa vai mudar para melhor ou que ela própria é que tem um defeito qualquer que vai conseguir corrigir.
Alterar o limite é um erro total que só desaparece com a experiência e aprendizagem, com o ganhar de maturidade emocional.

A pessoa imatura corre riscos.
Quando a relação acaba, é com grande drama e a pessoa emocionalmente imatura fica "destroçada".
E corre o risco de destruir a sua vida se encontrar uma pessoa sádica, tóxica e manipuladora, como aconteceu ao João. Tenho pena desse banana que não tem amor próprio.
Compete aos amigos chamar o banana à razão e, nos casos mais graves, esbofeteá-lo até que ele acorde para a realidade.

Um homem emocionalmente imaturo é conhecido por "banana". 

Estive a ouvir a música Aqui Estou da Eliana.
Lembram-se da Sandra Pereira, a fulana que ganho os ídolos em 2010 e que cantava a pacotes?
Está desaparecida desde Junho de 2011!
Depois de aturada investigação descobri que mudou de nome para Jahde, de quem nunca ninguém ouviu falar.
O mundo da música é muito difícil, se cantores consagrados como o Rui Veloso estão praticamente a passar fome, qual será o futuro da Eliana na Música?
Boa sorte mas prevejo que será como o Pepe Rápido "Isto vai ser tão bom não foi?"
Daqui a umas semanas, já ninguém se lembra deles.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Como estará a evoluir a natalidade?

Um anúncio da Wells anuncia que a natalidade aumentou em 2018.
Dizem eles que "Portugal cresceu como há muito tempo não crescia. Em 2018 estima-se que tenham nascido mais mil bebés do que no ano de 2017, o que representa um crescimento médio de cerca de 100 bebés por mês." 
Eu gosto de mostrar frases destas aos meus alunos de "introdução à escrita científica" para mostrar como podemos escrever coisas bombásticas mas que estão erradas.
A primeira frase, "Portugal cresceu como há muito tempo não crescia" é mentira porque Portugal não cresceu nada, está na mesma com 92212km2, é uma colagem ao governo (que afirma que, com eles, a economia tem crescido como nunca) e é vaga pois não sabemos o que é "há muito tempo". Se para um geólogo, muito tempo são mil milhões de anos, para um velocista como o Obikwelu, muito tempo são 11 segundos para fazer 100 metros.
A segunda frase "Em 2018 estima-se que tenham nascido mais mil bebés do que no ano de 2017" não corresponde à verdade.

A agenda mediática.
À comunicação social interessava dizer que, no tempo do Passos Coelho tudo correu mal, incluindo a redução na natalidade, e que no tempo do Costa, tudo correu bem, com aumento explosivo dos nascimentos.
Como, com o tempo, a natalidade não aumentou, este tema saiu da agenda mediática e dos discursos dos políticos.
Para termos uma população estável nos 10 milhões de habitantes, em 2018 deveriam ter nascido 125 mil crianças e nasceram apenas 86300 crianças. Uma perda na ordem das 40000 crianças e, mesmo assim, está tudo bem.
Reparem bem como as coisas funcionam.
Em 2018 morreram 5 pessoas numa pedreira qualquer perdida no meio de nenhures e foram horas e horas de notícias e de intervenções do Sr. Presidente Marcelo.
Morreram mais de 500 pessoas em acidentes rodoviários e ninguém ligou.
Desapareceram 40000 crianças e ainda dizem "Portugal está a crescer como há muito tempo não crescia."

Vamos aos dados.
Na primeira metade da década de 1960 nasceram 220 mil crianças por ano.
Em 2018 nasceram 86 mil crianças, uma redução de 60%.
Metendo os dados disponíveis no Banco Mundial e no INE para os nados vivos, observamos oscilações conjunturais em torno de uma contínua tendência de redução de 1,65% por ano (ver, Fig. 1).

Fig.1 - Evolução do número de nascimentos em Portugal, 1960:2018 (dados: Banco Mundial e INE)

Relativamente ao aumento da natalidade anunciado em 2017 pelo governo e em 2018 pela Wells, vou ter que ampliar a figura anterior.

Fig. 2 - Ampliação da figura 1 para 2000-2018.

Podemos verificar que no período da crise, 2011-2013, houve uma redução vais violenta que a tendência mas que a recuperação foi pífia, estando ainda abaixo da tendência o que traduz que não houve qualquer recuperação dos "nascimentos adiados".
Em 2018 o número de nascimentos foi inferior em 3000 aos nascimentos de 2012, ano em que a crise foi mais profunda.
Olhando apenas para 2000, é brincar com os números esquecer uma redução de 15 mil nascimentos e concentrarmos-nos numa estimativa muito martelada poder indicar um aumento de meia dúzia de almas.
Os dados do INE dizem mesmo que, nos últimos 3 anos, a natalidade reduziu de 86734 nascimentos em 2016, para 86498 em 2017 e 86303 em 2018 (para 2018, o valor ainda não está fechado).
Mais interessante é que nos 4 anos de mandato do Passos Coelho nasceram tantas crianças por ano como nos 3 anos e tal que já leva o Costa.

A minha previsão para 2019 e seguintes?
Continuará a queda na natalidade.
Como eu costumo dizer atribuindo à sabedoria popular, as pessoas não têm filhos porque é melhor criar um porco do que uma criança porque o bicho, uma vez gordo, dá matança.
Isto só inverterá  quando tivermos, tal como em França têm, uma percentagem razoável de árabes que ainda vêm o "Crescei e multiplicai-vos" como o principal mandamento da Lei de Deus.

Fig. 3 - Venham barcos destas pois nem são mazitas de todo.

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