Educação para a Cidadania é uma disciplina do ensino básico.
Sendo obrigatória dos 6 anos de idade até aos 15 anos, pretende formatar o pensamento da criança no sentido que alguém acha como positivo para a sociedade, no sentido da maioria.
O problema desta disciplina é que as disciplinas que formatam o pensamento e os valores das crianças (e futuros adultos) de acordo com o que pensa a maioria são próprias de regimes políticos ditatoriais da esquerda à direita, como o fascismo, nazismo, salazarismo, leninismo, estalinismo ou maoismo e de correntes religiosas.
Ainda este ano, milhares de pessoas foram presas, torturadas e mortas por querem pensar de forma desadequada seja na Venezuela, na Bielorússia ou na Síria.
Hoje mesmo fecharam os tempos da IURD em Angola, por as pessoas terem um "errado" pensamento sobre Deus.
O pensamento não é o mesmo que a acção.
Uma pessoa é formada pelo pensamento (que vive dentro do seu cérebro) e pela acção (que vive no exterior do corpo).
A acção ainda pode ser privada (que tem impacto apenas em si próprio ou em quem o quer) e pública (que tem impacto nos outros).
Desde que a Inquisição queimou milhares de pessoa apenas pelo os seus pensamentos, sem a pessoa realizar qualquer acção, a civilização veio reconhecer a liberdade de pensamento.
Não estando provado que exista alguma relação entre o que uma pessoa pensa em termos filosóficos/religiosos/estéticos e a sua valia como cidadão, jamais devem as crianças ser formatadas para o pensamento da maioria.
Vejamos alguns exemplos.
Vou apresentar aqui alguns exemplos que essa disciplina pretende retirar da cabeça das pessoas.
Um casal homossexual.
Num país islâmico cortam-lhes a cabeça. Claro que achamos isso terrivelmente errado porque a sua acção é privada não tendo impacto em mais ninguém.
Agora vamos supor que alguém, por razão religiosa, cultural ou outra, pensa que a homossexualidade uma aberração da natureza mas que nada faz quando se depara com a situação.
Porque é que esta pessoa deve ser perseguida e normalizado o seu pensamento no nosso mundo livre? Estamos a ser iguais aos islâmicos mas do outro lado.
Alguém pensa que as mulheres são inferiores aos homens.
Pensa isso mas vamos supor que se fez médico especialista no cancro da mama salvando, no seu trabalho, muitas mulheres.
De que interessa o que ele pensa quando está a tratar de uma paciente?
Os ciganos.
Vivem em Portugal há pelo menos 500 anos e falam a língua que se falava em Portugal há 500 anos, parecido com o que nesses tempos escreveram Gilves Vicente ou Fernão Lopes.
Porque temos que obrigar as crianças ciganas na escola primária a ter aulas em português moderno?
Porque é que os ciganos não podem lutar pela preservação da sua "algarviada"?
O que a História mostrou.
Que as inovações disruptivas aparecem de pessoas com pensamento diferente da maioria.
Galileu pensava, contrariamente à maioria, que a Terra andava à volta do Sol.
Einstein pensava, contrariamente à maioria, que o povo judeu era o povo eleito por Deus.
Steve Jobs pensava, contrariamente à maioria, que era possível ter um computador em cada casa e, posteriormente, que o telemóvel poderia ser multi-média.
Na música, pintura, escultura, literatura, filosofia, na ciência e mesmo na paz, os prémios nobel são pessoas que pensam de forma diferente da maioria, que são capazes de ver soluções onde a formatação do pensamento da maioria só vê problemas.
Acabar com essa disciplina.
Por tudo o que a História nos mostra, também sou a favor que essa disciplina acabe.
Oscar Wilde foi condenado e acabou por morrer por pensar de forma diferente da maioria