O que deveria ter sido feito?
É inquestionável que o estado português tinha que intervir no BPN.
O problema é que a intervenção foi e continua titubeante: o BPN tem que ser liquidado e já.
O governo sabia desde o primeiro momento que o BPN tinha uma situação líquida muito negativa. Em termos contabilísticos, o relatório de contas do BPN refere no fim de 2008 uma situação líquida negativa de 1624 milhões de euros: grosso modo, o BPN devia 8000 milhões de euros e só tinha 6000 milhões de euros. Se assim não fosse não era preciso a intervenção do estado. E desde então tem acumulado mais prejuízos.
Um governo de coragem tinha, no momento em que nacionalizou o BPN, reflectido esse valor negativo nas contas públicas. Foi o que fizeram os governos da Irlanda e do Reino Unido com situações 10 vezes mais graves.
Assim, reportava o verdadeiro défice do estado de 2008 que foi de 5.0% do PIB: 2.7% validados pelo Eurostat + 1.1% das receitas extraordinárias + 1.2% da privatização do BPN.
Acontece que os governantes se acobardaram, pensando como um doente terminal: se metermos isto debaixo do tapete, ainda aguentamos as eleições que aí vêm. E deu resultado.
Agora o BPN são 4000 problema: 2000 milhões de euros de situação líquida negativa mais 2000 trabalhadores que é preciso dar destino.
O que fazer agora?
O negócio bancário em Portugal está muito diminuído. Não há novos depósitos, não crédito à habitação nem às empresas. Não há negócio bancário. Qualquer pessoa que entre num banco não vê lá cliente nenhum. Está tudo parado.
E os bancos têm que se redimensionar: reduzir o número de balcões e de funcionários.
Em particular, as agências do BPN não atendem uma pessoa por dia. Está completamente morto.
E o governo tem que ter a coragem de reconhecer que o BPN não tem mais futuro nenhum. Que tem que ser liquidado. As 220 agências fechadas, os 2000 trabalhadores despedidos, os activos e passivos consolidados na CGD e contabilizados os 2000milhões de euros como prejuizo.
O BPN apenas mexe no ping-pong entre o Cavaco e o Socrates: os culpados foram os outros ou são estes?
Mas o governo milita no eleitoralismo. É que mandar 2000 pessoas para o desemprego vai dar muitas noticias negativas. Mas não tem dinheiro para manter o monstro.
O Cavaco tem razão num ponto: já lá vão dois anos e continuam a andar por aí com o morto num carro fúnebre a gastar motorista, gasolina e pneus. É preciso enterrá-lo.
E os homens (e mulheres) conhecem-se nas horas dificeis e faz tempo de tomar decisões firmes e acabar com a discussão se primeiro foi posto o ovo ou nasceu a galinha.
Nota final: este texto está mais apimentado para ver se aumenta o número de seguidores do nosso blog.
Pedro Cosme da Costa Vieira
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