sexta-feira, 17 de junho de 2011

A integração com o mercado de trabalho espanhol

A balança comercial

À Escala do Planeta Terra não se importa nem se exporta nada. Assim, somando o saldo comercial de todos os países, dá obrigatoriamente zero: Para um país ter défice comercial, outro tem que ter superávite.
Um país não é eficiente a produzir todos os bens e serviços sendo a mais óbvia das razões o haver diversidade de clima. Por exemplo, em Portugal não se podem cultivar bananas de forma eficiente.
As trocas comerciais entre os países são um factor muito importante no incremento do bem-estar das suas populações sendo tanto mais importante quanto mais pequenos forem os países.
Fig.1 - Balança desequilibrada

Como se equilibra a balança comercial?
Quando os preços internos diminuem relativamente aos externos, as exportações aumentam e as importações diminuem corrigindo-se assim o défice comercial.
Se o país tiver moeda própria, a alteração dos preços relativos é feito facilmente com uma desvalorização da moeda.
No caso português em que temos euros, os preços internos têm que cair o que só é possível se os custos do trabalho diminuírem (os salários).
E se o custo do trabalho não diminuir?
Primeiro, o país endivida-se enquanto puder.
Depois, a taxa de juro sobe o que também leva a balança comercial a equilibrar-se.
Mas a taxa de juro é uma variável muito perigosa porque se, por um lado, faz com que as pessoas poupem mais e consumam menos bens importados, por outro lado, faz com que o consumo interno diminua e com que as empresas invistam menos.
Estes dois efeitos são garras numa tenaz que destrói os postos de trabalho.
Fig.2 - A taxa de juro esmaga o emprego


No final, o salário vai diminuir na mesma porque as pessoas, para arranjar novo emprego, têm que se sujeitar a um salário menor. Mas, no entretanto, há a destruição das empresas, o que tem um efeito muito mais negativo que permitir logo que os salários desçam.
Supondo um trabalhador que gera 1500€ usando máquinas de que resulta um encargo de 300€ de juros então, o empresário pode pagar um salário de 1000€ e ter 200€ de margem.
Se a taxa de juro aumentar 50% e as receitas diminuírem 20%, se o salário não diminuir para 900€, a empresa vai à falência.
Apenas as pessoas mais produtivas conseguirão manter os seus empregos ao salário vigente.

E se mesmo a taxa de juro não conseguir equilibrar? Emigração.
Existindo uma legislação laboral muito rígida, um subsídio de desemprego muito avantajado ou um salário mínimo superior a 30% do PIBpc, o mercado de trabalho só ajusta com taxas de desemprego muito elevadas. Há países com taxa de desemprego na ordem dos 85% da população activa.
Neste caso entra a mobilidade internacional do factor trabalho: os desempregados de longa duração têm que emigrar.
Uma vez emigrados, mandam remessas para os seus países o que permite que se mantenha a balança comercial deficitária. 
Mas este mecanismo de correcção não funciona no logo prazo porque , com o tempo o emigrante vai-se integrando no país de destino, os filhos vão crescendo lá, e acaba por perder as ligações com o país de origem. No caso português, as transferências dos emigrantes medidas pelo peso no PIB tiveram um máximo em 1979 (9.6% do PIB) e têm caido continuamente à taxa de 7.1%/ano.
Fig.3 - Evolução das remessas dos emigrantes (PorBase - Banco de Portugal)

A emigração, no longo prazo, destroi os países pois diminui a sua população a zero.
Por exemplo, a Irlanda tinha, nos princípios do sec. XIX, 8 milhões de habitantes e, no fim desse século, ficou reduzida a pouco mais de 2 milhões.

A integração no mercado de trabalho espanhol obriga a repensar a segurança social.
Será preciso promover um acordo com Espanha para que o trabalhador emigrado possa continuar a manter a sua ligação com a nossa segurança social. Assim, a Espanha transfere a TSU para SS portuguesa e o tempo de serviço em Espanha conta para a reforma, assistência médica e protecção no desemprego do trabalhador.



Também podemos promover o que é nacional.
Fig.4 - Não queira essas galdérias estrangeiras. Esta portuguesa é séria e faz-lhe o servicinho.

Pedro Cosme Costa Vieira

1 comentários:

Fernando Monteiro disse...

Caro Professor,

Será que a Espanha estará interessada num acordo desta natureza? A nossa vizinha Espanha enfrenta taxas de deemprego bem superiores à nossa..!

Cumprimentos

P.S Fotos como estas salienta claramente a qualidade dos produtos Portugueses!

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