As pequenas e médias empresas têm um Patrão.
Há um fulano que arrisca o seu trabalho, criatividade e dinheiro e arranca com 2 ou 3 empregados a fazer uma coisa qualquer sem qualquer impacto mediático ou elevada tecnologia. Faz uns sapatos, camisas, porcos, salsichas, barcos a remos, etc.
Em 90% dos casos, a coisa vai à falência não demora 5 anos e o fulano fica endividado para toda a vida e o seu salário penhorado até morrer.
Em 10% dos casos, depois mete mais um empregado, depois 5 e transforma-se numa empresas de sucesso.
Familiares meu seguiram este caminho nos anos 1960. Uns têm hoje 200 trabalhadores e exportam 95% da sua produção de sapatos para a Noruega e Finlândia. Outros faliram no "25 de Abril", foi-lhes tudo à praça, condenados a uns anos de cadeia por "Burla ao Estado" e, até hoje, têm os seus rendimentos penhorados em 1/3.
Como lançar uma emrpesa e procurar o seu sucesso é algo muito arriscado, tem que haver a esperança nas pessoas de que, tendo sucesso nos seus empreendimentos, terão uma vida regalada.
Não se pode prometer uma perseguição sem fim por parte dos credores quando não tem sucesso e outra perseguição sem fim pelo fisco e pela má lingua quando tem sucesso.
O Patrão tem todo o direito ao seu mercedes, à sua amante, ao seu palacete de mau gosto e ao andarzito de férias no Algarve.
As grandes empresas
São propriedade não de pessoas mas de outras empresas que, por sua vez, são propriedade de outras emrpesas. Estranho não terem pessoas como donos, o que na teoria da governação das empresas se denomina por "names".
Vejamos como exemplo o BCP.
Sonangol (11.57%) - pertence ao Estado Angolano. Funcionário
Ocidental Companhia de Seguros (9,60%) - pertence ao BCP (49%) e Ageas (51%) que é uma seguradora inglesa. Funcionário
Teixeira Duarte (5.68%) - pertence à TD sgps (52%) que é uma empresa familiar
Grupo Berardo (4.23%) - deve o dinheiro à CGD. Funcionário?
Grupo Sabadell ( 3.87%) - Banco espanhol. Funcionário
Pensõesgere - fundo de pensões (3.87%). Funcionário
Grupo EDP (2.99%). Funcionário
Caixa Geral de Depósitos (3.00%) - Pertence ao Estado. Funcionário
Se observarmos todas as outras grandes empresas, vemos que o controle das grandes empresas é feita por funcionários. O dinheiro vem, em última análise, dos nossos depósitos bancários e do Estado, depois os bancos e as empresas públicas são donos de outros bancos e de empresas empresas (onde os privados têm meia dúzia de acções que não permitem fazer nada) criando uma estrutura de participações cruzada que faz com que o domínio de facto de uma grande parte da economia esteja na mão de um conjunto limitado de altos funcionários que se elegem como "os iluminados".
Uma vez entrando nesses circuito, seja por indicação de um Estado
É o Golf, a Maçonaria, os clubes de futebol
Estas pessoas encontram-se e, como se vão reformando uns, captam novos iluminados em certos clubes.
Há os senadores (lembram-se dos senadores do PSD?) que governam o sistema e que parecem padrinhos.
Nos dias de hoje fala-se da maçonaria mas qualquer clube serve. A Opus Dei, o SCP, o FCP e SLM, o Golfe da Penina, etc. Uns dias estão na moda uns e outros dias, estão outros.
Pensam que alguém no Norte pode ascender a "iluminado" se não tiver camarote no FCP? Não.
Agora vem o Catroga
A Economia, não só em Portugal mas também, está a saque destas estruturas cruzadas. Por um lado ataca-se o pequeno patronato com inspecções das finanças e carga asfixiante de impostos.
Por outro lado, libertam-se as SGPS da Holanda dessas cargas.
Depois, como as participações na empresas grandes são cruzadas e representadas por funcionários iluminados,"agora aparas-me o pião e votas 50mil€/mês para mim que quando eu for à tua empresas, voto 50mil€/mês para ti".
É uma imoralidade total.
Como se pode resolver isto?
Primeiro. O rendimento do trabalho tem que ter uma Taxa Solidária.
É argumentado que o ordenado é um contrato privado pelo que não compete ao Estado regula-lo.
Também o horário de trabalho é um assunto privado e é proibido que ultrapasse 200h/ano a mais que o horário normal.
Como a principal função do Estado é distribuir rendimento dos mais afortunados para os menos, é preciso criar uma Taxa de Solidária que acabe com este saque.
claro que os políticos não vão querer porque fazem parte, têm esperança de virem a fazer parte ou estão reféns do grupo dos "iluminados".
Esta Taxa Solidária será usada para o financiamento do Rendimento Social de Inserção.
Salários acima de 15 SMN, TS = 33%
Corresponde aproximadamente ao salário do Cavaco
O valor acima de 7275€/mês tem que pagar uma TS de 33%.
Por exemplo, um salário de 10000€/mês terá que pagar de TS (10000-7275)*33% = 899€/mês.
Salários acima dos 30 SMN, TS = 66%
O valor acima de 14550€/mês vai pagar uma TS de 66%.
Por exemplo, o salário do Catroga, 45000€/mês, vai pagar
(14550 - 7275)* 33% = 2401€/mês
+ (45000 - 14550)* 66% = 20097€/mês
Total a pagar de TS 22498€/mês
Segundo. Deixar de perseguir os patrõezecos.
Nota Final.
Eu até pareço um comuna. Mas reparem que os comunas não querem avançar com medidas moralizadoras como esta. Falam, falam, falam, mas querem ser como aquele coronel angolano que, em pouco tempo, amealhou 340 milhões de euros para meter numa empresa qualquer.
Não há gente séria. Não garanto que se me "oferecessem" 45mil por mês eu não me vendesse.
5% aos pobrezinhos da China.
Isto vai de mal a pior.
Sendo que a minha esperança no antigo governo se perdeu e a neste governo nunca foi grande, está cada vez menor.
Isto não vai dar noutra coisa que não seja na bancarrota.
Sobra a questão da "re-indexação da taxa de juro" tenho que utilizar um poste inteiro.
Pedro Cosme Costa Vieira