Como poderemos acabar com a corrupção?
A corrupção apenas é possível quando existem proibições (cujo cumprimento é verificado por um agente) e a violação da proibição dá lucro a alguém (que, desta forma, tem incentivos para "comprar" o agente).
Vamos supor que eu tenho um terreno com 600m2 num local onde o preço das casas é de 2000€/m2; que a construção tem um custo de 1250€/m2 e que a "lei" me permite construir 3 pisos. Neste caso, o terreno vai valer:
Valor do terreno com 3 pisos = 600m2*3pisos*(2000€/m2-1250€/m2) = 1,35 milhões €.
Se eu conseguir autorização para fazer mais um piso, o valor do terreno vai aumentar para:
Valor do terreno com 4 pisos = 600m2*(3+1)pisos*(2000€/m2-1250€/m2) = 1,8 milhões €.
O poder fazer mais um piso aumenta o valor do terreno em 450 mil €. Então, eu tenho incentivos para dar 200mil € ao agente que vai fiscalizar o cumprimento da "lei" fechar os olhos (ou para alterar a "lei").
Acabar com a corrupção não está na criminalização mas na diminuição das proibições.
Se a "lei" não limitasse a altura dos edifícios, estando esta limitada apenas pelo interesse económico do promotor imobiliário e pela técnica, não haveria agente fiscalizador nem incentivos para que este fosse corrompido.
Vamos supor que, tecnicamente, o edifício pode ter 100 pisos e que a construção de mais um piso fica 10% mais caro. Agora, a decisão do promotor será construir 7 pisos, uma decisão totalmente económica pois é assim que maximiza o valor do terreno.
Noutro local mais valioso, com um preço dos imóveis de 5000€/m2, já será óptimo construir 17 pisos.
Qual a lógica para limitar administrativamente o número de pisos?
Nenhuma.
E este ponto é um dos mais importantes na corrupção. Se olharmos para às imparidades que levaram à falência dos bancos, estão lá apenas imóveis.
Tenho a certeza que se o limite fosse de 50 pisos, ninguém iria fazer 50 pisos pois em Portugal não seria economicamente viável.
Poderiam ser impostos limites como, por exemplo, a distância ao eixo da via ter que ser pelo menos igual a metade da altura do edifício. Neste caso, um edifício com 50 pisos (150 metros de altura) teria que se distanciar pelo menos 75 m ao eixo da via.
Se existe uma área de 10000m2 no centro de uma cidade, será mesmo melhor ter um edifício de 25 pisos que deixa 8000 m2 livres para zona verde (ocupação de 20%) do que um edifício de 4 pisos que ocupa o terreno todo (ocupação de 100%).
Será que dar liberdade às pessoas dá prejuízo ao país?
É esta a pergunta que o CHEGA e a Iniciativa Liberal têm que fazer e deixarem-se da criminalização da violação das leis, mal feitas, que existem.
E, em todas as proibições que existem apenas porque sim, porque já existem faz muitos anos, e em que não fique provado sem margem para dúvida que o seu fim causa prejuízo não compensável para a comunidade (seja isso o que for), devem acabar.
Fig. 3 - O pequeno edifício assinalado a vermelho em New York, uma das mais bonitas cidades do mundo, tem 18 pisos.Voltemos ao edifício da Fig. 1.
Vamos supor que existe um limite de 3 pisos porque fazer mais um piso causa um prejuízo à sociedade (por causa do aumento do trânsito, a obstrução das vistas dos vizinhos ou qualquer outra coisa) de 200 €/m2 de construção. Então, em vez da proibição, o promotor deve ser obrigado a compensar este prejuízo na forma de uma taxa (que vou assumir de 250€/m2, superior ao prejuízo). Agora, vai ser óptimo o promotor fazer 6 pisos e pagar 450 mil € de taxa.
O promotor terá um incremento no lucro de 1,35 milhões (Fig.1) para 1,77 milhões (Fig.2), a comunidade também vai ter lucro (recebe 450 mil € da taxa quando o prejuízo é de 360 mil €). Este benefício para a sociedade pode-se traduzir, por exemplo, pela diminuição do imposto municipal sobre os imóveis.
Mais importante é que a liberdade compensada por uma taxa acaba com os incentivos para a corrupção.
Vejamos o exemplo da China.
Na China os corruptos são executados, pena de morte, de joelhos, com as mãos atadas atrás das costas e um tiro na nuca que os familiares têm que pagar.
No entanto, a China é o 79.º país mais corrupto do Mundo quando Portugal é apenas o 29.º e, alegadamente, os corruptos não são penalizados.
E a China, mesmo corrupta, tem um crescimento económico invejável enquanto que o nosso é zero.
Portugal é ainda menos corrupto que Taiwan (31), Espanha (41) e Coreia do Sul (52), países mais desenvolvidos do que nós.
A grande mentira de que nos desenvolvemos com a revolução do 25-de-abril-de-1974.
Em 1973 Portugal tinha um PIB per capita nominal de 2000USD/pessoa. Em comparação a Coreia do Sul tinha 407USD/pessoa e Taiwan tinha 706USD/pessoa. Fazendo a média, Portugal tinha 360% de PIB per capita destes dois países asiáticos.
Em 2019 Portugal tem 23252USD/pessoa enquanto que a Coreia do Sul tem 31846USD/pessoa e Taiwan tem32219. Em termos médios, Portugal desceu para 73% de PIB per capita.
Nestes últimos 48 anos, cada ano que se passou ficamos 3,9 pontos percentuais mais pobres do que a Coreia do Sul e Taiwan. Imaginem se estes países fossem governados por esquerdistas como nós!! na propagando deveriam já ter crescido até à Lua.
A Economia e a Finança.
A generalidade das pessoas não compreende a diferença entre a economia e a finança, sejam professores, deputados ou trabalhadores rurais. Para tentar explicar as diferêncas vou dar um exemplo meio estúpido.
Vamos imaginar uma pessoa que nasce, vive e morre.
Comecemos pela Economia!
Durante a sua vida a pessoa vai consumir 300kg de coisas por mês, sempre, desde o dia em que nasce até ao dia em que morre, com 85 anos.
Além de consumir, a pessoa vai trabalhar e produzir 600kg de coisas por mês entre os 20 anos e os 65 anos de idade.
Temos um problema! Nos primeiros 20 anos de vida a pessoa vai ter que se endividar e nos últimos 20 anos vai ter que viver das poupanças. Será então necessário que esta pessoa viva no meio de outras que lhe emprestem quando ela precisa e a quem ela paga nos anos em que trabalha.
A taxa de juro.
A vida económica da pessoa que represento na Fig.5 acaba com uma pequena herança (18000kg) para poder introduzir o conceito de taxa de juro.
Porque a pessoa pode morrer sem pagar, por causa de outro qualquer risco ou apenas porque a poupança é um recurso escasso e existem alternativas de afectação, normalmente os empréstimos pagam uma taxa de juro.
No caso, se as dívidas pagarem uma taxa de juro de 1,65%/ano, a pessoa já morre sem deixar herança.
Vejamos a Finança.
A finança considera os bens e serviços não como quantidades, seja kg, m2 ou outra unidade qualquer, mas como uma quantidade monetária.
A primeira fase da Finança é a monetarização (transformar tudo em euros).
A pessoa em vez de consumir 300kg/mês passa a consumir 300€/mês que é a "monetarização" das quantidades em unidades monetárias feita a preços de mercado. Quer isto dizer que vou ver os preços de mercado de cada bem e multiplico os preços pelas quantidades produzidas.
Consumo = 100kg batata *0,70€/kg + 100kg de couves * 1,20€/kg + 100 de maçãs * 1m10€/kg = 300€
Também a pessoa não vai produzir 600kg/mês mas quantidades que se transformam, aos preços de mercado, numa quantidade de unidades monetárias.
Os bens e serviços que a pessoa consome não são os mesmos que produz mas, em termos de preços de mercado, é tudo medido na mesma unidade, em euros.
A monetarização da economia já traduz a Finança pois transforma grandesas físicas, reais, económicas em grandezas monetárias, nominais, financeiras.
A segunda fase da Finança é a titularização (transformar tudo em títulos).
Quando transformamos as quantidades em euros estamos a transformar os bens e serviços em notas que são títulos representativos do "valor" dos bens e serviços.
Agora, a pessoa diz "consumo 300€/mês" como se consumisse notas e também diz "produzo 600€/mês" como se produzisse notas. O que a pessoa está a dizer é que o que consome ou o que produz está transformado em unidades monetárias, em notas.
Quando empresto uma nota de 20€ não estou a emprestar a nota mas sim os bens e serviços que ela titulariza.
Assim, para eu ter a nota tenho que produzi bens e serviços e não os consumir para que a pessoa a quem empresto a nota os possa ter disponíveis para consumo.
Fazer mais notas não resolve o problema da fome porque as pessoas não comem notas!!!!
Como a titularização em notas confunde a mente das pessoas, principalmente dos esquerdista, pensam que se o Banco Central Europeu emitir mais notas, ficaremos mais ricos.
Mas as notas não são bens e serviços pelo que haver mais ou menos não têm impacto no que podemos consumir.
A terceira fase da Finança é a titularização em "acções" e "obrigações".
Pega-se na realidade económica que já está denominada em euros e vamos criar um título que condense essa realidade económica.
Peguemos na pessoa à nascença, vou "titularizar" a pessoa em 1000 "acções".
Quem "comprar" uma destas acções vai ter que entregar 0,30€/mês durante 20 anos à pessoa, vai receber depois 0,30€/mês durante 45 anos e, no final, "entregar" 0,30€/mês durante 20 anos.
Qual é o valor da "acção"?
Vai depender da taxa de juro (e da idade da pessoa).
0,0%/ano -> 18€/acção.
0,5%/ano -> 13,25€/acção
1,0%/ano -> 7,54€/acção
1,5%/ano -> 1,73€/acção
2,0%/ano -> -3,71€/acção (pago para me ver livre da acção e não da criança).
A idade é importante no valor a acção porque quando a criança tem 5 anos, são menos 5 anos a comer. Neste caso, teremos
0,0%/ano -> 36€/acção.
0,5%/ano -> 31,82€/acção
1,0%/ano -> 26,38€/acção
1,5%/ano -> 20,55€/acção
2,0%/ano -> 14,83€/acção (a acção que titulariza a criança com 5 anos já tem valor positivo).
O mercado financeiro.
Quando nasce uma criança (aparece um investimento em capacidade produtiva), a criança emite 1000 acções que vão ser compradas pelos aforradores. Um aforrador pode comprar 10 acções da pessoa A, 15 da pessoa B e 8 da pessoa C, fazendo uma carteira de investimentos. Este chama-se o "mercado primário".
Como já vimos, a cotação das acções vai depender da taxa de juro e da "maturidade" (a idade da criança) do investimento.
Mas os aforradores podem, depois vender e comprar acções entre si, em função das suas necessidades. Neste caso já não são as crianças a vender as acções mas trocas entre aforradores. Este chama-se o "mercado secundário".
O que acontece no mercado secundário em nada afeta a criança, isto é, o seu consumo e trabalho não se altera (as empresas não alteram as suas decisões).
Podem ainda surgir "produtos derivados" como alguém comprar 1 acção de cada criança, num total de 1000 acções, fazer um "fundo de investimento" e, depois, criar 1000 acções sobre o fundo.
Quando uma pessoa comprar 1 acção do fundo vai ter, indirectamente, 0,001 acções de cada uma das 1000 crianças e, ainda mais indirectamente, 0,000001 de cada uma das 1000 "criança".
Agora é que vou ao Berardo discutindo se a sua acção causou prejuízo de 1000 milhões €.
Os bancos em si são apenas "Finança". São créditos concedidos (que se traduzem nuns papeis guardados no cofre) financiados com os depósitos dos clientes (que se traduzem no saldo das contas).
Quem pede crédito pensa que, no futuro, vai ter lucros suficientes para pagar a dívida.
Sabemos então que o investimento pode ser de dois tipos, económico ou financeiro.
1) No investimento económico (produção de máquinas, barcos, fábricas, estradas, casas, estudos, investigações), o processo produtivo vai no futuro dar lucros suficientes para pagar os créditos. Se os investimentos falharem, o banco fica a arder em parte do crédito.
2) No investimento financeiro (compra de títulos de investimentos económicos), a futura venda dos títulos ou o recebimento de dividendos vão ser suficientes para pagar os créditos.
O Berardo comprou acções de bancos (que são formados por "acções" de empresas e de particulares devedores) a outras pessoas pedindo dinheiro a bancos.
Fig.6 - Esquema de como a Economia (os imóveis) se traduziram em Finança.
Ao comprar as acções do BCP às "pessoas", o Berardo evitou que essas pessoas tivessem prejuízos quando o BCP desvalorizou..
Quando os devedores do BCP disseram que os imóveis não valiam o que eles pensavam, essas perdas foram transmitidas em cascata até ao Berardo e, depois, até aos contribuintes .
Fig.7 - Perdas na Economia (os imóveis) levaram a perdas nos bancos que levaram o Berardo à falência, sem poder pagar os crédito aos bancos (mais perdas). As pessoas que venderam ficaram sem perdas.
O Berardo perdeu e, com isso, evitou que as pessoas que lhe venderam as acções tivessem essas perdas, na exacta quantidade.