Se ouvirmos os políticos, os últimos 20 anos têm sido de grande sucesso económico.
O problema é a realidade!
Se olharmos para as estatísticas ....
Ainda no Estado Novo, entre a nossa entrada na EFTA e 1974, crescemos 6,7%/ano.
Já em democracia, entre 1974 e 2000, que a propaganda esquerdista diz ter sido um período de grande crescimento económico, crescemos metade, 3,2%/ano.
Depois de 2000, praticamente que estamos parados, estagnados, como diz o crioulo da Guiné-Bissau, estamos arretados, com um ténue aumento de 0,3%/ano.
Pior ainda, desde a Crise-do-sub-prime, regredimos 0,1%/ano.
Fig. 1 - Evolução do PIB português relativamente ao ano 2000 (dados, World Bank)
Por "coincidência", estagnamos quando entramos no euro.
As coincidências estatísticas com apenas uma observação têm o problema de poderem ser acidentais, serem relações espúrias.
Detalhando a evolução do crescimento do PIB, reparamos que não existe um instante caracterizado por um acontecimento específico (o 25-de-abril, a entrada na UE, o início do Euro ou a crise do sub-prime) mas uma constante degradação ao longo do tempo da nossa capacidade de crescer.
Assim, começando em 1960 com um crescimento de 6,7%/ano, crise após crise, ano após ano, governo após governo, a nossa taxa de crescimento tem caído estando em terreno negativo há mais de 10 anos.
Fig. 2 - Evolução da taxa de crescimento do PIB português (dados, World Bank)
O que poderíamos fazer para voltar a crescer?
Ontem estive a ver um programa na RTP1 com sábios de economia, "O que ficará depois dos fundos europeus", e, sem qualquer admiração, apenas se referiram acções do Estado.
Era muito afirmado "Portugal deveria fazer isto e isto e aquilo" referindo-se sempre ao que o Estado deveria fazer.
Mas é sabido que é nos países em que o Estado faz mais coisas que o crescimento económico é mais pequeno!
Porque o Estado é pernicioso para a Economia?
Existe vasta literatura que prova que as intervenções do Estado são negativas para a Economia. Interessante os nossos esquerdistas estarem sempre a falar da ciência mas não aplicarem o que diz a ciência económica.
Eu, porque apresentei estes estudos num curso de introdução à economia, fui saneado. Lembrei-me de Sócrates, o filósofo, estava a corromper a juventude.
1 = O Estado é uma pessoa, um governante, que tem gostos e preferências pessoais, não representando os gostos e as preferências das pessoas que governa.
Por exemplo, um qualquer governante maluco gosta muito de comboios. Então, vai gastar milhões dos impostos a fazer comboios (que ninguém quer usar), impostos esses cobrados sobre os combustíveis dos automóveis que as pessoas adoram usar.
2 = Mesmo que o governante quisesses satisfazer os gostos e as preferências das pessoas, não tem como os medir.
As pessoas revelam os seus gostos e o processo produtivo os seus custos através do sistema de preços.
Se, por exemplo, as pessoas gostam mais de pêras do que maçãs, se é mais custoso produzir pêras do que maçãs, então, o preço de mercado das pêras vai ser superior ao preços de mercado das maçãs.
Se, por exemplo, as pessoas gostam mais de vermelho do que amarelo e se é igualmente custoso produzir vermelho ou amarelo, inicialmente, o preço do vermelho será superior ao do amarelo o que vai fazer com que, a prazo, se deixe de produzir amarelo.
3 = O governante, ao ser apenas uma pessoa, não usa da experimentação para descobrir o caminho do progresso.
O crescimento da economia resulta de aparecerem novos bens. Durante o processo de investigação e desenvolvimento não é certo o impacto que o novo bem vai ter na economia.
Pro exemplo, o computador.
O primeiro computador apareceu em 1943 com um objectivo em mente de resolver o problema do ataque à "Ponte sobre o Rio Kwai" (mais ou menos:-). Os bombardeiros tinham que voar a grande altitude de forma a não serem atingidos pelo fogo anti-aéreo. Então, quando largavam uma bomba, era remota a probabilidade de atingir um alvo pequeno como uma ponte. A ideia seria, sabendo a velocidade do avião, conseguir calcular a altura em que deveria ser largada a bomba para atingir o alvo.
Teria que ser medida a altitude, 12000m, e a velocidade do avião, 600km/h, e a velocidade média do vento e a sua direcção relativamente ao solo, 35km/h a 35º. A partir dai seria dada a direcção do voo e o instante em que a bomba seria lançada.
A velocidade e direcção do vento seria calculada resolvendo o "problema inverso": era lançada uma bomba e, observando o local de queda, calculada a velocidade do vento.
Depois disso, e porque essa tecnologia foi "vazada" para empreendedores privados, enormes novas oportunidades foram exploradas.
A economia é como um formigueiro.
A governante, a formiga mestre do formigueiro, não tem políticas. De manhã, as formigas não sabem onde está a comida mas saem "feitas tontas", cada uma para o seu lado, afastando-se até 100 metros do buraco, à procura de comida. Regularmente, volta ao buraco para "recolher informação".
Quando uma formiga, por sorte, encontra comida, chegando a casa, transmite às irmãs que encontrou comida e, a partir dai, uma percentagem das "formigas tontas" imitas essa viagem.
Desta forma, um processo totalmente aleatório transforma-se num algorítmo inteligente de procura.
Para haver inovação são precisas muitas pessoas em concorrência.
Em vez de um governante "iluminado" a apostar 10 mil milhões em Hidrogénio Verde, Comboios ou outras maluqueiras quaisquer, haverá 1000 pessoas a apostar cada uma 10 milhões em produtos e tecnologias concorrentes e alternativas.
De entre essas 1000 pessoas, 900 vão falhar totalmente, com perda total, 90 vão conseguir uma inovação capaz de cobrir os custos, 9 vão conseguir ter lucros razoáveis e uma vai conseguir uma inovação disruptiva, capaz de induzir um avanço na humanidade.
A inovação disruptiva não acontece por essa pessoa ser mais inteligente que as restantes 999, o Steve Jobs, o Bill Gates, o Mark Zuckerberg e tantos outros não são mais inteligentes que tantos outros que falharam mas, juntaram a sua capacidade à probabilidade o que, em termos populares se chama sorte.
A inovação tem risco e do risco surge a sorte e o azar.
Vamos fazer uma aplicação ao Futebol.
Meter uma criança no futebol tem, para os pais, um custo de 1000€.
A criança tem a probabilidade de 99,99% de não dar nada e uma probabilidade de 0,01% de ganhar 15 milhões €.
É positivo os pais meterem o filho no futebol porque, em termos médios, o lucro será de 500€:
(15000000€*1 - 1000€*10000)/10000 = 500,10€
Mas os pais de 9999 das crianças vão ter um prejuízo de 1000€.
Vamos fazer uma aplicação às vacinas para a Covid-19.
Muita gente meteu-se a investir na produção de vacinas mas só alguns conseguiram resultados.
Agora os esquerdistas querem o fim das patentes das empresas que tiveram sucesso mas não querem as patentes das vacinas cubanas, russas ou chinesas! Também já não querem da Astrazeneca nem da Jhonson! Querem só bife do bom!
Um colega meu do Judo, o Pedro Madureira, meteu-se a fazer uma vacina (a Immunethep). Não me perguntou nada porque acha que eu sou um nabo, mas a minha opinião teria sido "vai ter perda total porque a primeira vacina que aparecer vai excluir do mercado todas as outras e não tens capital nem tecnologia para seres o primeiro a desenvolver a vacina".
Meteram-se, os resultados são promissores mas o mercado já está inundado com milhares de milhões de vacinas que usam tecnologia superior. Deram agora de cabeça contra um muro de 20 milhões € necessários para começarem os testes clínicos. Perda total.
Muitos perderam, poucos ganharam mas a humanidade progrediu.
Vamos fazer uma aplicação ao Vieira e ao Benardo.
O Vieira, o Benardo e tantos outros arriscaram e perderam.
Num país que assuma que o risco é fundamental para o desenvolvimento, as pessoas seriam compreensivas. Pensariam "falharam porque esbanjaram dinheiro ou porque foram vítimas as circunstâncias?". Se foram vítimas das circunstâncias, tem que se lhes perdoar para que possa continuar a haver pessoas que arriscam.
A comunidade como um todo, ao aceitar a existência de Empresas de Capital Limitado está a limitar as perdas potenciais dos empreendedores.
Se os esquedistas são mesmo a favor da ideia de que quem tem perdas tem que ficar reduzido à miséria, que acabem com as Empresas de Capital Limitado.
Mas os esquerdistas meteram, em nome dos portugueses, na TAP, CGD, METRO, CARRIS, STCP, etc., e perderam dezenas de milhar de milhões de euros e continuam a dizer que fizeram tudo bem e que essas empresas são estratégicas.
O que tem que acontecer para a economia portuguesa voltar a crescer?
Dar liberdade às pessoas,
Diminuir o peso do Estado na economia,
Como sociedade, passarmos a dar valor a quem arrisca e tem lucro,
Como sociedade, passarmos a perdoar a quem arrisca e tem prejuízo.
Será isto possível?
Penso que não, enquanto derem importância a pessoas como as Mortáguas ou o Pedro Nuno Santos e sanearem pessoas como eu!