quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A solução para as cheias do Rio Trancão é instalar uma Bomba de Venturi na foz.

Lisboa tem muitas cheias porque o clima é de transição.

Se nos recordarmos das notícias, nunca se vêm cheias catastróficas em Paris ou em Londres porque o clima é bem definido, chove lentamente e por um período de tempo elevado. Como chove constantemente, não há a possibilidade de construir no leito de cheia.

Lisboa tem um clima mediterrânico, com poucos dias de chuva mas com chuva muito intensa de vez em quando. Como pode haver anos seguidos em que a chuva é pouca, há a tendência para ocupar os leitos de cheia.


Será que Lisboa é mal governada?

Quando foi feito o tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís I no Porto, foram procurados os caudais históricos registados dos últimos 2000 anos pois, se a água atingisse o tabuleiro, a ponte cairia. 

Mas as pessoas não pensam assim. Se no tempo dos pais nunca a água inundou uma determinada área, pensam que essa área está a salvo das cheias, o que não é verdade. Mas esta forma de pensar está correcta pois, havendo apenas necessidade de incorporar na decisão (e na gestão dos negócios) este risco.


Façamos umas contas.

Durante o verão, um restaurante a 500 m do mar tem um lucro de 1000€ enquanto que um restaurante mesmo em cima do mar tem um lucro de 10000€. O problema é que, no inverno, o mar atacar o restaurante mais próximo causando um prejuízo 8000€.

Na decisão de fazer o restaurante sobre o mar, o lucro líquido será 10000€-8000€ = 2000€ enquanto que o restaurante distante se fica pelos 1000€.

Neste caso, vale a pena assumir o risco da destruição.


As cidades foram feitas nas margens das linhas de água.

Isto quer dizer que a parte central das cidades é uma zona de inundação. Estas área, por serem centrais, começaram a ser ocupadas com imóveis e as linhas de água metidas dentro de tubos incapazes de transportar os caudais extremos que, muito raramente, acontecem.

Ao fazer mais estradas e casas, mais rapidamente a água das chuvas chega à linha de água e, ao mesmo tempo, os "tubos" por onde passa a água vão ficando cada vez menores.


Em particular, temos o Rio Trancão.

O Rio Trancão drena 293km2. Pensando um dia extremo em chovem 60 mm, será preciso escoar 18 milhões de metros cúbicos de água, 200m3/segundo (por comparação, o caudal médio do Rio Tejo na foz é de 500m3/segundo).

Quando aumenta o caudal do Rio Trancão e, em simultâneo, aumenta o caudal do Rio Tejo e a maré está alta, não é possível descarregar 200m3/segundo para o Rio Tejo.


A Bomba de Venturi.

A Bomba de Venturi usa a velocidade de um jacto para arrastar a água que está à volta. Vamos supor que com a maré baixa (nível do Tejo em 0m), o caudal do Rio Trancão é de 200m3/s (velocidade de 5m/s) mas que quando o nível do Rio Tejo sobe (para 2m), o caudal diminui para 50m3/s (velocidade de 1,25m/s). A Bomba de Venturi injecta no meio do ria um tacto a 20m/s que vai arrastar a água, aumentando o caudal do rio.

Utilizar a Bomba de Ventiri será equivalente a descer no nível do Rio TEjo em 2 metros (para o nível da maré baixa).

Em termos energéticos, elevar um caudal 200m3/s uma altitude de 2 metros, com um rendimento de 40%, precisamos de duas bombas de 5 MW cada, o que não é nada de extraordinário, tem um preço inferior a 1 milhão € cada e resolve-se os problemas das cheias nas margens do Rio Trancão.

Fig. 1 - Corte da foz do Rio Trancão onde se esquematiza a Bomba de Venturi; o canal do rio aprofundado e revestido a betão liso para diminuir a erosão e a perda de energia; e o ganho de cota de 2 metros para o Rio Tejo.

Mas o canal vai-se encher de sedimentos.

Isso é verdade, quando o caudal for pouco, o canal aprofundado vai-se encher de sedimentos, terra e areia, mas, quando houver necessidade de ligar a Bomba de Venturi, todos esses sedimentos serão rapidamente atirados para o Rio Tejo.


1 comentários:

Silva disse...

Não choveu assim tanto.
Tenho essa certeza, porque o poço não subiu muito, aliás já vi o nível da água desse poço muito mais elevado anos atrás e nesse ano não houve nenhuma cheia no concelho de Loures.

A CMLoures nem sequer limpam as sarjetas e muito menos limpam as ribeiras.


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