quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Os sábios catedráticos de economia não gostam que haja opiniões diferentes

O Governador do Banco de Portugal disse umas coisas.

Alegadamente, em Portugal existe liberdade de expressão. Digo que é alegadamente porque, quando alguém diz algo que não agrada, logo lhe caiem os cães em cima.

As pessoas diminutas (e que se intitulam como sábios) pensam que a liberdade de expressão é os outros poderem dizer o que elas querem ouvir mas estão enganadas. A liberdade de expressão é podermos dizer o que entendemos mas com a obrigação de ouvir o que os outros lhes apetece dizer mesmo que contrário ao que pensamos.

Se houvesse liberdade de expressão, o governador do Banco de Portugal teria a liberdade de dizer o que lhe vai no pensamento mesmo que contrário ao que pensam outras pessoas nomeadamente o sábio catedrático em economia, passo a singular porque neste momento só sobra um.


Vamos ver o que disse o Governador do Banco de Portugal.

Posso resumir tudo ao adágio popular "Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém".

Portugal não tem no orçamento de estado para 2025 qualquer verba de ajuda à Ucrânia, zero euros. Como não faz qualquer sentido serem os USA a financiar a Ucrânia, vai ser preciso Portugal meter alguns milhares de milhões de euros de parte para substituir o financiamento americano.

Claro que estou a ouvir o Montenegro afirmar que "é preciso manter o direito internacional e a integridade do território ucraniano" mas omite que a Rússia não vai aceitar isso só por bonitas palavras, que vai ser preciso muito dinheiro para forçar o Putin a respeitar a Europa. A palavra é mesmo "forçar".

Em particular, o governador disse que descer o IRC (e o IRS dos mais jovens) é um erro porque é preciso compensar a diminuição da receita fiscal com outros impostos.


Ai veio o sábio catedrático dar-se às dores.

Afirma o sábio que não é preciso compensar a descida das taxas de impostos porque a receita em impostos vai aumentar. Fundamenta esta atordoada com "é bem provável que estejamos na parte descendente da curva de Laffer no IRC".

Então um sábio não fazia um estudo, recolhia uns números, fazia umas contas para fundamentar a sua afirmação bombástica de que descer impostos aumenta impostos? 

Não, usa um achismo.

 

E depois vem com uns números totalmente errados.

Reparem bem, o crescimento do PIB é uma velocidade e, portanto, medido em percentagem por ano. Diz o governador, e estudou o assunto, que diminuir o IRC em 1 PONTO PERCENTUAL, aumenta a taxa de crescimento em 0.1%/ano.

Quer isto dizer que, se hoje a taxa de crescimento é de 2.0%/ano, passa a ser 2.1%/ano daqui para a frente. Daqui a 10 anos, a economia estará 1,0% acima do que estaria sem redução do IRC.

Não é que o crescimento está maior em 1.0%/ano (passar de 2%/ano para 3%/ano), é o PIB que está maior em 1.0%.


Por comparação, vejamos um carro.

Um carro estar a 100km de Lisboa é totalmente diferente de andar a 100km/h.

Já imaginaram serem mandados parar por um polícia e ouvirem "Vou multá-lo por excesso de velocidade porque está a 100km de Lisboa e nesta estrada só se pode circular a 50km/h"?

De igual forma, aumentar a distância em 1 km é muito diferente de aumentar a velocidade em 1 km/h.


O sábio transcreve então um estudo da  da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) 

"O Impacto do IRC na Economia Portuguesa"

"(...) uma redução de 7,5 p.p. da taxa [do IRC induz] um aumento do PIB em cerca de 1,44% no curto prazo (dois anos após a reforma), e 1,4% no longo prazo (após dez anos)". 

Primeiro, olhemos para as unidades. O aumento é de 1.4% ao longo de 10 anos (e não +1.4%/ano no crescimento) o que quer dizer que a taxa de crescimento do PIB aumentaria 0.14%/ano, passaria de 2,0%/ano para 2,14%/ano.

Segundo, olhemos para a magnitude, "redução de 7.5 pontos percentuais [no IRC]" quando a redução na taxa de IRC prevista no OE2025 é de 1.0 ponto percentual.

Pelo próprio estudo apresentado pelo Sábio catedrático em economia, a redução em 1 ponto percentual no IRC vai causar um aumento no crescimento no PIB, ao longo de 10 anos, de +0.02%/ano.

        Aumento na taxa de crescimento do PIB = 0.14/7.5 = +0.02%/ano

Reparemos que o resultado do estudo apresentado pelo sábio catedrático em economia é muito menor que o valor apresentado pelo governador do Banco de Portugal.

O governador diz que o impacto é de +0,1%/ano enquanto que o estudo diz +0.02%/ano.


O compadre Venâncio diz:

- Se o compadre der mais comida ao seu burro ele vai andar 3km/h mais rápido.

E o compadre Inácio responde "O compadre Venâncio não sabe o que diz, vai aumentar muito mais, tenho um estudo que garante que vai aumentar 1km/h."

Pergunta o compadre Venâncio "Mas 1km/h não é menos que 3km/h?"

E o compadre Inácio responde "Eu é que sou o sábio catedrático, o compadre Venâncio não sabe nada."


Acham que mais alguma vez vou voltar a trabalhar na UP? É que por lá só vingam os lambe cascos.


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Porque o Guterres, a Irlanda, a Espanha, a Noruega, a África do Sul, o Brasil, ... fecharam os olhos aos crimes do al-Assad?

Acho muito bem que defendamos as vítimas de violência mas todas.

Vamos supor que, num exame, nos colocavam a seguinte questão:

Seleccione os governos dos 2 países que nos últimos 100 anos mataram mais islâmicos.

     A) Israel      B) Irão     C) Síria    D) Rússia   E) Rússia

A resposta correta é Irão (na guerra contra o Iraque) e a Síria (nos massacres do al-Assad).

Israel está a uma distância muito grande e ainda muito abaixo da Rússia (na Chéchénia) ou do Iraque.


Porque razão a Irlanda, a Espanha, a Noruega, a África do Sul, o Brasil não reconhecem o direito à autodeterminação dos Curdos?

Curdos há só no Curdistão e árabes há em muitos países. 

Aos longos dos séculos, os Curdos têm sido vítimas de massacres pelos árabes, turcos e persas.

É neste momento, o maior povo nas vizinhanças da Europa que não tem país.

Não seria de a Irlanda, Espanha, Noruega, África do Sul, Brasil aceitarem uma embaixada do Curdistão?

Asia Ramazan Antar morreu aos 19 anos a combater pelo estado curdo e o Guterres nada disse


sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Com a ajuda de Israel, a Síria vai ser uma democracia próspera

É um pouco provocador começar por afirmar que Israel está a ajudar a Síria.

Como todos sabem, nos últimos meses, Israel tem bombardeado a Síria, destruindo equipamento militar que custou muitos milhões de euros. Em particular, nos dias a seguir à queda do al-Assad, Israel tem bombardeado dia e noite os equipamentos militares.

Afundou barcos, destruiu radares e aviões militares, aniquilou tanques, veículos de transporte militar e laboratórios, rebentou com paióis militares e quartéis. 

E também invadiu um bocado de território sírio, encostado aos Montes Golan.


O interessante é que o novo poder sírio nada disse.

Na última semana tenho estado a ouvir o canal Alzira (a palavra árabe al-jazeera quer dizer península e foi aportuguesada para Alzira) e aparece muita gente preocupada com os ataques de Israel na Síria. Até a ONU já se meteu ao barulho. 

Mas quem interessa, apesar dos pais serem originários dos Montes Golan que actualmente fazem parte de  Israel, o emir Ahmed al-Sharaa (tirou al-Julani do nome que quer dizer "dos Montes Golan") não fez uma única referência a Israel, aos palestinianos nem a Gaza.

A única coisa que disse foi exactamente o contrário, que os inimigos são as milícias do Irão e do Hezbollah que, por mero acaso, são os inimigos de estimação de Israel (ver o vídeo).

O emir Ahmed al-Sharaa afirmou que não haverá mais guerras patrocinadas pela Síria

Mas porque os bombardeamentos ajudam o poder em Damasco?

Estou a pensar no que aconteceu na Líbia.

Quando um governo tirânico cai, é mais pela resistência do povo do que pela acção militar de um grupo particular que apenas funciona como espoleta. Como os soldados fazem parte do povo, a sua vontade é voltar a casa pelo que, quando a repulsa popular é elevada, à menor  dúvida quanto à capacidade de o tirano os castigar, fogem dos quartéis, deixando tudo para trás.

Mas com os quartéis vazios de militares e cheios de armas, decorridos alguns dias aparecem grupos que se apropriam das armas e desviam o curso da revolução.

Foi isso que aconteceu na Líbia e que quase aconteceu em Portugal. Sim, já ninguém fala do desaparecimento, em 1975, das metralhadores que foi patrocinado pelo Partido Comunista Português numa tentativa de tomar o poder pela força. Além se lembra da frase do Cunhal "[As metralhadoras] estão em boas mãos"? 


O emir Ahmed al-Sharaa parece-me boa pessoa.

Não vemos pessoas armadas a bater nas mulheres como vemos no Irão, não vemos discursos inflamados contra os "inimigos do Islão", vemos o povo na rua a pedir "A paz, o pão, habitação, saúde, educação" que os portugueses pediram em 1974 pela boca do Sérgio Godinho.


O Al-Assad morreu.

É por demais evidente que o al-Assad não está na Rússia. Se lá estivesse, qual a razão para ainda não ter aparecido?

O que eu penso que aconteceu.

O Al-Assad e generais próximos andaram na escola do Marchal Agostinho pelo que tinham a certeza que nunca os rebeldes conseguiriam tomar Damasco. Se Israel, ao fim de mais de um ano de bombardeamentos, se vê aflito para avançar em Gaza, como poderiam umas dúzias de furgonetas toyota fazer cair o maior exército do médio oriente, com mísseis, aviões de combate, carros blindados e até ogivas químicas?

O poder caiu nas primeiras horas da madrugada do dia 8 de Dezembro e o último avião partiu de Damasco, um Ilyushin Il-76, às 4:55 locais.

O al-Assad só se convenceu à última da hora que Damasco caiu pelo que se meteu à pressa, som os generais que andavam por ali e os familiares, num avião que partiu rumo a Moscovo.

O problema é que os americanos (ou os israelitas, nesta parte, não sei mas desconfio mais dos americanos) sabiam que o avião que rumava a norte levava a elite do governo e  decidiram abatê-lo.

O avião desapareceu dos radares à 5:32 locais, nos arredores de Homs.


E onde estão os destroços?

Destroços é o que não falta na Síria.

Daqui a uns anos, no meio do deserto, alguém vai descobrir os destroços do avião que levava o al-Assad.

Tenho pena da bonita mulher do al-Assad que pereceu toda queimadinha.

v



segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O al-Assad caiu porque destruiu a Síria ao tentar destruir Israel

Como os Israelitas são humanos, têm defeitos.

Os antigos começaram por escrever que tínhamos sido criados à imagem e semelhança de Deus para logo dizerem que ganhamos defeitos porque desobedecemos a Deus.

Isto não faz sentido nenhum porque, se fomos mesmo criados à imagem e semelhança de Deus e se Deus não obedece a ninguém, não tínhamos de obedecer a quem que fosse, nem mesmo ao Criador.

Os humanos são criados já com defeitos,  a criancinha quando nasce vem com todos que existem nos animais selvagens, o ódio, a vingança, o desprezo pelo outro, a ganancia, tudo o que é mau e, cabe aos adultos encaminhar a criança para a civilização.

Devemos ouvir os mais jovens mas sempre com a consciência de que ainda não estão totalmente civilizados, são terroristas em pele de pacifistas.


E isto para falar dos israelitas.

Imagine que os meus avós eram do Algarve mas foram viver para Lisboa há 500 ou 1000 anos porque chegaram pessoas da Beira-Alta. 

Trabalhei muito e tenho muito dinheiro enquanto que a vida dos que estão pobrezinhos.

Um  dia eu estou em Lisboa, dá-me na cabeça e arranco para o Algarve num carro do tamanho de um camião. Chegado ao Algarve, vou querer estacionar mesmo em frente ao mar. O problema é que já lá estão estacionados carros, tipo sucata, dos descendentes desses da Beira-Alta. 

O meu argumento é "Os avós destes são da Beira-Alta enquanto que os meus são daqui. Logo, eu tenho direito a este lugar". 

Reboco o carro deles, mete-o noutro sítio e estaciono lá o meu carro.

Mas isto vai dar uma guerra.


Como se pode resolve o problema?

Há duas maneiras de resolver o problema, à porrada ou a bem.

Se for à porrada, o fulano parte os vidros do meu carro, eu pego fogo ao carro dele, ele vem contra mim  com um pau, eu vou com dois, ele chama vizinhos, eu contrato seguranças de Lisboa, numa guerra em que nenhum ganha, é só destruição.

Se for a bem, eu compro-lhe o lugar de estacionamento, só temos de negociar o preço.


Os israelitas acham que aquele território lhes pertence.

É deles porque há 2000 anos era dos avós deles e, depois foram expulsos e agora querem aquilo tudo de volta.

Os que lá estavam argumentam que não têm culpa nenhuma do que fizeram os avós há 2000 anos e é muito tempo, esse direito já caducou.

E nenhum quer resolver a coisa a bem, é porrada, bombardeamentos, massacres, ora têm uns razão, ora têm os outros mas quem sofre é quem apanha com a bomba em cima da cabeça.


Nessa guerra, quem tem perdido mais é a Síria e o Irão.

Se olharmos para o nível de desenvolvimento (medido pelo PIB per capita) da Síria, Irão e Israel, em 1960 o Irão estava com 33% e a Síria com 6% do nível israelita.

Já nessa altura, já lá vão 64 anos, eram países muito mais pobres do que Israel que ainda era um país em formação (ainda só tinha 12 anos de existência). Acontece que, ao longo dos anos, mesmo tendo petróleo com fartura, afundaram as suas economias. Hoje o Irão está com 13% e a Síria está abaixo de 2% do nível de desenvolvimento de Israel.

Pior ainda é que não são directamente prejudicados já que não fazem parte do território reclamado por Israel.


O que deveriam fazer? Negociar uma compensação.

Em 1945 a Alemanha era muito maior, a Prússia Oriental era um ex-clave onde habitavam alemães há milhares de anos e esse território foi ocupado pela União Soviética e todo o alemão que lá vivia teve de ir para outro lugar ou sujeitar-se a morrer na Sibéria.

Alguém ouve os alemães a queixarem-se disso?

Não, aguentaram e seguiram a sua vida.

É como uma pessoa que tem cancro e que precisa de cortar uma perna, o importante é continuar vivo.

Lá deveria ser igual.

Em vez de gastarem dinheiro em armamento e sofrerem destruição, negociavam um preço, por exemplo, os Israelitas pagavam 10€/m2.

Poupavam o dinheiro das armas, não apanhavam com bombas na cabeça e, pegavam nesse dinheirinho, e seguiam com a vida noutro sítio.

Ficavam todos felizes.


Não foi isso que fez o ad-Assad?

A ver se ficou lá a apanhar com as bombas na cabeça. Pegou nas malas cheias de dinheiro e foi para Moscovo onde vai levar uma vida de luxo.

Fig.1 - O al-Assad não quis ter o mesmo destino dos que ele incentivou a ficar.


Fig. 2 - Evolução do PIB per capita do Irão e da Síria em relação a Israel (dados, WB)














Se Deus não obedece a ninguém, 


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O Marechal Agostinho tem a certeza que não mas o Bashar al-Assad vai mesmo cair.

Em Outubro de 2024 o Irão mandou uns misseis contra Israel.

Imediatamente, o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, avisou que a retaliação de Israel seria letal e que os iranianos nem iriam compreender o que aconteceu nem como aconteceu.

Discuti isso com o meu amigo Paulo e surgiu-me a ideia de que Israel ia liquidar o Bashar al-Assad.

O que vejo agora é que a ideia não era acabar com o Bashar al-Assad mas terminar em definitivo a Síria como aliado do Irão.


Mas, diz o Marechal Agostinho que Israel não está envolvido.

Pois ai está, o mensageiro do eixo do mal Irão-Rússia não compreende o que está acontecer nem como os israelitas o estão a fazer.

Os aviões sírios não levantam voo!!!!

Os mísseis sírios não saem das baterias!!!!

Os alegados 150 mil mísseis do Hezbollah continuam no chão!!!!

A chuva de fogo do Irão continua apagada!!!!

Os russos fizeram dois ou três bombardeamentos aéreos e desapareceram!!!!

Não há comunicações entre Damasco e o resto do país!!!!

As armas sírias não funcionam!!!!

O interessante é ninguém conseguir parar umas dúzias de Toyotas a circular ao longo de uma auto-estrada. 

Aumentam as portagens e o assunto está resolvido.

Então Agostinho, onde estão esses exércitos maravilhosos, com centenas de milhar de homens e armas hipersónicas que nem os americanos conseguem parar?

Se alguma vez existiram fora da imaginação dos esquerdistas, foram enviados pelo Bibi para junto do Nasrallah.

Com os brilhantes planos do Marechal Agostinho, vamos dar cabo de Israel.
Agostinho, mostra os planos à doutora, vamos inundar Israel com baba, ranho e catota.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Porque é tão difícil acabar com o Dólar Americano como referência monetária international?

É uma questão muito difícil mas vou tentar o meu melhor, passo a passo.

É muito difícil responder a esta questão porque as pessoas confundem as variáveis nominais (os euros, dólares, meticais, reais, rublos, etc.) com as variáveis reais (batatas, arroz, ovos, horas de trabalho, etc.) porque nas economias modernas as variáveis reais estão denominadas em unidades monetárias.

Por exemplo, quando perguntam "Quanto ganhas por mês?" a pessoa diz "Ganho 987.65€/mês" quando deveria dizer "Ganho bens e serviços cuja soma dos preços é 987.65€/mês".  Ao pensar sempre em unidades monetárias, passamos a pensar o salário como um punhado de notas quando é uma quantidade de bens e serviços.


1 = O nível geral de preços e a sua estabilidade.

Vou esquecer a poupança e assumir que a pessoa esgota o salário de 987.65€/mês na compra bens e serviços, 10 kg de arroz, 2 kg de massa, 8.32 kg de frango, 8 aulas de judo, um bilhete de autocarro, uma entrada num museu, etc.  

Se pegar nos 987.65€ e dividir pela quantidade de bens (10+2+8.32+8+1+1+... = 523.25un.) vou obter o preço médio dos bens que a pessoa comprou.

      Preço médio = 987.65€ / 523.25un. = 1.888€/un.

Comprando mês após mês o mesmo cabaz de bens e serviços, o preço médio pode aumentar, manter-se ou diminuir.

INFLAÇÃO = Se o preço médio aumentar de um mês para o outro temos 

DEFLAÇÃO = Se o preço médio diminuir de um mês para o outro temos 

ESTABILIDADE DE PREÇOS = Se o preço médio se mantiver de um mês para o outro


2 = Os contratos de longo prazo e a estabilidade de preços.

Vamos supor que a pessoa tem 20 anos e faz um contrato de trabalho de longo prazo:

O trabalhador não se pode despedir nem ser despedido e recebe 987.65€/mês até fazer 70 anos.

Como o contrato está em termos nominais e não pode ser revisto, não havendo estabilidade de preços, não há forma de saber a quantidade de bens que o trabalhador vai poder comprar com o seu salário.

Mais grave ainda é se o contrato é feito com a autoridade que controla a estabilidade dos preços. Por exemplo:

Empresto 1 milhão de rublos à Rússia que se compromete a devolver-me 200 milhões de rublos daqui a 50 anos.

Com a Rússia controla a inflação em rublos, se quiser, os 200 milhões daqui a 50 anos não vão valer quase nada (o banco central russo vai fazer os preços em rublos aumentar muito).


3 = Contratos noutra moeda.

Vamos supor que vou comprar  30 mil toneladas de soja a uma empresa brasileira para entrega em 2030 no porto de Paranaguá.

Posso fazer o contrato em reais brasileiros:

30 mil toneladas de soja no porto de Paranaguá, dia 15/06/2030, a 2425 reais/tonelada.

Em alternativa posso fazer o contrato em dólares americanos:

30 mil toneladas de soja no porto de Paranaguá, dia 15/06/2030, a 400 usd/tonelada.

Qual será o contrato que tem mais risco?

Se o contrato fosse de curto prazo, isto é, a compra, o pagamento e a carga eram feitos hoje, não havia qualquer diferença em fazer o contrato em reais ou em dólares porque 2425 reais têm exactamente o mesmo poder de compra que 400 usd. O problema está nos contratos de longo prazo e, para isso, é preciso ver, nas séries históricas, a capacidade dos governos dos países manterem a estabilidade dos preços e a consequente estabilidade cambial.

Eu, enquanto vendedor, não faria o contrato em reais porque em 2019 bastavam 4 reais para ter um dólar e hoje são precisos mais do que 6 reais!

Fig. 1 = Quantidade de reais brasileiros necessários para ter um dólar americano

4 = Concorrência entre moedas pelo mercado internacional.

O povinho tem de fazer contratos na moeda local mas os agentes que operam nos mercados internacionais podem escolher a moeda dos contratos. Por exemplo, a soja de uma empresa brasileira pode ser vendida a um comprador de Hong Kong usando o metical moçambicano como moeda!

A questão está no rico cambial.

Se olharmos para a evolução histórica da taxa de inflação em dólares, tem oscilado ao longo do tempo mas com tendência abaixo de 5%/ano (ver figura seguinte). Já o metical é uma montanha russa dependente de vontades administrativa e nada garante que, de um momento para o outro, não desvalorize 90%.

Fig. 2 = Evolução da taxa de inflação americana nos últimos 90 anos

No pós-1945 foi decidido que a moeda internacional seria o dólar americano.

Mostrava estabilidade ao longo do tempo, os USA eram a economia mais forte do mundo e tinha ganho a guerra sofrendo pouca destruição. Além disso o Reino Unido, que tinha a Libra, estava muito endividado, havendo dúvida que conseguisse liderar o sistema financeiro internacional.

Foi então decidido que o FMI, uma organização internacional e não americana, teria o dólar como referência.

O FMI pertence tanto aos americanos como pertence aos portugueses.


Porque não se decidiu criar uma moeda internacional usando um cabaz de moedas?

Vamos imaginar que se criava uma moeda, o FMI, cujo valor/cotação era uma média das moedas das 10 maiores economias.

Isto foi feito na criação do Euro e, como sabemos, tem problema na governação das moedas. Como os eleitores não sabem bem como funciona a moeda (pensam que a inflação é uma coisa boa, até lhes ir ao bolso), mesmo que acreditando que os políticos percebem do assunto (não percebem), iria criar muitas tensões na governação das moedas.

O mais fácil e estável é escolher a "melhor moeda" e no pós-1945 foi decidido que essa moeda seria o dólar americano.


Há alguma vantagem para a América em o dólar ser usado como referência?

Há quem diga que sim, principalmente os esquerdistas, mas não.

É que qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pode fazer um contrato denominado em dólares sem haver notas em jogo. No dia em que o contrato se cumpre, vê-se a cotação do dólar e realiza-se a transacção.

Mesmo as reservas em dólares dos bancos centrais, apesar de serem notas físicas, são emprestadas sem juros pelo FMI, não havendo qualquer lucro para o tesouro americano (havendo lucro ou prejuízo é para o FMI) 

E se um pais decidir passar a usar o dólar americano como moeda circulante, não tem de "comprar" as notas pois o FMI também as empresta sem juros (e ainda dá paga as compensações devidas à inflação).


Então, porque será que os esquerdistas do Sul querem uma nova moeda?

Porque são uma cambada de ignorantes.

Alguém acredita que o Lula sabe seja o que for de economia?


Fig. 2 = Já cheira a bacalhau, já cheira a Natal



sábado, 30 de novembro de 2024

Fará sentido económico o Trump cobrar tarifas sobre as importações?

A resposta só pode ser "Não faz qualquer sentido mas..."

A questão que vou discutir é o "mas...".


Os esquerdistas acham o comércio internacional mau mas estão errados.

Os esquerdistas acham que o comercio internacional destrói as economias mais fracas a tal ponto que, quando nas minhas aulas de introdução à economia em letras provei que estavam errados apresentando o caso limite em que entram bens a preço zero, roupa usada, numa economia pobre os nativos ficam a viver melhor, acabei acusado de ser racista e xenófobo.

Se duas economia estiveram fechadas e, de repente, abrirem as fronteiras, haverá necessidade de ajustar as economias e isso, no curto prazo, causa prejuízo nos sectores menos competitivos face à outra economia. No entanto, como o conceito de competitividade é relativa, o país que perde no sector menos competitivo vai ganhar mais do que proporcionalmente no sector em que é mais competitivo.

Este facto deve-se a David Ricardo, um dos mais brilhantes economistas da história da humanidade e que era português mas que em Portugal ninguém se lembra disso porque era judeu.

Sim, os portugueses são do mais anti-semita que existe no mundo, mais do que os iranianos, porque é algo entranhado no povo sem necessidade de patrocínio do Estado.


Então, só podemos concluir que as tarifas sobre os bens importados é mau para as pessoas.

Como regra, qualquer tarifa sobre os bens importados ou subsídio sobre os bens exportados é mau para o nível de vida das pessoas porque não permite que a economia se especialize nas actividades em que as pessoas são, em termos relativos, mais produtivas.


O caso concreto dos Estados Unidos da América.

Os USA estão com um grave problema de défice das contas públicas!!!!!!!!!!!!!!!

Estão com uma dívida pública de 125% do PIB e vão fechar 2024 com um défice público próximo dos 7% do PIB.

O Trump tem de controlar a coisa e só existem duas formas de o fazer, subir impostos ou cortar nas despesas.


Quais os impostos que o Trump pode subir?

O IVA, o IRS, o IRC ou as tarifas sobre as importações.

Sendo que cobrar impostos é a "arte de arrancar as penas sem o ganso grasnar muito", as tarifas é a melhor forma de, no curto prazo, corrigir o défice das contas públicas sem o povo dar conta.

O povo pensa mesmo que as tarifas vão ajudar a economia americana a crescer ainda mais.


OS USA têm défice nas contas com o exterior.

O défice nas contas com o exterior mede-se dividindo o total exportado pelo total importado. Um país equilibrado deve ter este rácio próximo de 100%. Acontece que nos USA esse equilíbrio já não se observa desde os anos 1970 e tem estado numa trajectória de constante degradação. Neste momento, por cada 100€ importados pelos USA, apenas são exportados 70€ o que se traduz num endividamento face ao exterior cada vez maior.

Em termos simples, se os USA aplicarem 10% às importações, vai ter 10€ de receita fiscal mas se os países visados responderem com os mesmos 10% só vão ter 7€ de receita fiscal para fazer face às tarifas americanas, havendo um "lucro" para o Trump de 3€.

fig. 1 - Evolução do grau de cobertura das importações pelas exportações.


Está na hora de avaliar o "mas..."

As tarifas sobre as importações vão ser uma coisa má para os americanos mas serão ainda piores para os países porque os USA importam mais do que exportam.

Tenho a certeza que o Trump teria perdido as eleições se prometesse subir o IRS, o IVA ou o IRS porque estes impostos têm um impacto negativo no ganso. No entanto, o aumento das tarifas vai permitir corrigir as contas públicas e o défice externo e teve impacto positivo na votação.

O mais certo é os países exportadores para o USA tentarem uma política de desanuviamento, tentando apaziguar o ímpeto do Trump.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

O Estado financiar um "chatGPT português" é uma parolada que só serve para dar dinheiro a amigos do PSD.

O problema de Portugal é o Estado ir sempre a reboque das modas.

O povo português gosta de viver na mentira da grandiosidade. Se exageramos a história mais exageramos o nosso futuro potencial. 

Sines vai ser o porto mais importante da Europa, o Aeroporto de Lisboa vai movimentar mais passageiros  do que o Aeroporto de Paris, o TGV vai transportar mais de 100 mil pessoas por dia entre Lisboa, Porto e Madrid. 

Nessa loucura colectiva, quem não se lembra da declaração do Galamba de que Portugal vai ser o grande fornecedor de "hidrogénio verde" para a Europa e que levou  à entrega de milhões e milhões aos amigos do PS e dos quais só resultou em prejuízo para o contribuinte (Fusion Fuel insolvência)?

Outra loucura é a dessalinização de água para o Algarve que é uma tecnologia caríssima, pelo menos 10 vezes mais caro em comparação com a construção de barragens e o uso de água do Alqueva?

Apesar de, considerando os 25 anos desde que entramos no euro, o crescimento médio da economia ser de 1,9%/ano, não faltam anúncios de que, com as "novas políticas", vamos quadruplicar esta taxa dos últimos 25 anos passando a crescer acima dos 3,5%/ano.

Fig. 1 - Evolução do PIB português, valores trimestrais a preços constantes de 2021 (dados, INE)

Os parolos que agora controlam o Estado vão "fazer o chatGPT português".

Uns parolos, onde se incluía o reitor da universidade do porto, tudo com letra pequena pois os parolos não merecem mais, fizeram uma reunião em Macau para defender o uso da língua portuguesa na universidade de Macau.

O problema é que o parolo reitor parece que se esqueceu que já praticamente não se ensina em português nos cursos de mestrado da universidade do porto. Com a ideia parola da "internacionalização", os brasileiros têm de assistir as aulas ministradas em inglês!!!!!!!!!!!!!!!


Ninguém avaliou a vantagem para Portugal de ter alunos estrangeiros nas universidade públicas!

Qual a vantagem de ter alunos estrangeiros, que entram com notas muito inferiores às dos portugueses, a frequentar as nossas universidades?

As universidade privadas, tudo bem, é um negócio financiado pelos alunos e têm no mercado internacional uma oportunidade de realizar "vendas". As universidades públicas são financiadas pelos nossos impostos, não faz qualquer sentido estar a financiar pessoas dos outros países.

Mesmo que os estrangeiros paguem um pouco mais de propinas, esses lugares, com essas propinas, têm de ser disponibilizadas aos portugueses em condições de igualdade.

Artigo 13.º (Princípio da igualdade) 1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual (CRP).


Vamos agora à parolada do "chatGPT" português (chat_amália).

O chatGPT tem por base um modelo de tratamento de dados. Eu escrevi um texto sobre esse modelo mas é muito complexo para o apresentar aqui na sua globalidade, desculpem, mas vou dar apenas uma pequena ideia usando um modelo antigo e pouco poderoso.

Pegando num conjunto grande de textos, começo por dividir todas as frases em sequências de 6 palavras (6 é um número exemplificativo). Por exemplo, decomponho a primeira frase do parágrafo anterior em 7 sequências de palavras:

1) O chatGPT tem por base um 

2) chatGPT tem por base um modelo

3) tem por base um modelo de

4) por base um modelo de tratamento

5) base um modelo de tratamento de

6) um modelo de tratamento de dados

7) modelo de tratamento de dados.

Depois, com milhões e milhões de sequências, vou construir uma tabela com todas as sequências que têm as primeiras 5 palavras iguais como a "origem" (é o contexto) e a última palavra como a "seguinte" (é o texto gerado). A tabela vai ter todas as alternativas possíveis, com uma frequência relativa associada a cada uma das alternativas.

Fig. 2 - A aprendizagem do modelo traduz-se na construção de uma tabela com todos os casos possíveis

Agora, quando escrevermos "Quando fui à praia pensei que não há nada como o", o algoritmo vai propor "amor" como a palavra seguinte (por ser a mais frequente nos textos usados na aprendizagem).

O chatGPT é um modelo muito mais sofisticado e que usa um contexto muito grande, talvez 4000 palavras, para prever cada uma das palavras seguintes. Além disso, não usa as palavras directamente mas uma "transformação" (no chatGPT, PT quer dizer Pre-Training Transformer).


Não é possível fazer um "chatGPT" português.

Para treinar o modelo, isto é, para construir a "tabela", são necessários milhões e milhões de textos o que demora muito tempo e é um trabalho repetido, isto é, se a chatGPT já gastou milhares de milhões de euros, sim, milhares de milhões de euros e não os 20 ou 30 milhões que falam os parolos, para aprender todos os textos disponíveis na internet, será uma perda de tempo e de dinheiro voltar a aprende-los, fica muito mais barato usar o que a chatGPT.

É equivalente ao Irão estar a gastar milhares de milhões no desenvolvimento da tecnologia nuclear que já foram gastos pelos países ocidentais (ficaria muito mais barato o Irão usar gás natural ou mesmo comprar uma central nuclear à França).

Também, muitos dos textos são privados, havendo necessidade de pagar direitos de autor. O chatGPT já negociou o acesso a esses documentos, sendo muito difícil fazer contratos com todas as partes que têm direitos de autor.

Finalmente, muito conhecimento está escrito em línguas estrangeiras pelo que não é possível um modelo em português ter acesso a esse conhecimento. A chatGPT tem um modelo de tradução entre línguas altamente potente, capaz de "ler" e "escrever" de forma perfeita nas mais diversas línguas do mundo.


Será que o chatGPT escreve mal em "Português de Portugal"?

Não, escreve de forma perfeita. Se pedirmos "Guarda na memória que quero textos em português de Portugal", a partir daí, sai um perfeito "português de Portugal".

Se disser, "Guarda na memória que quero textos em ucraniano", sai ucraniano perfeito!


Para quê essa parolada do "português de Portugal" e da "informação correcta"?

Isso é apenas para dar 20 ou 30 milhões de euros aos amigos do PSD que mais não vão fazer do que uma interface ao chatGPT usando a API.

Não será isto também o sonho de todos os ditadores? Controlar a "verdade", excluindo dela todos os que pensam de forma diferente? Interessante que no meu processo, o parolo do reitor começa por dizer "a universidade do porto defende a liberdade de expressão e diversidade de pensamento" mas borra logo a pintura com a palavra que vem a seguir "mas".

A liberdade de expressão e de pensamento é termos de ouvir o que não concordamos e mesmo aquilo que temos a certeza de estar errado pois o passado demonstra que parte do que o poder achou errado, executando pensadores de forma cruel, acabou por se afirmar como o verdadeiro. Nem tudo que se afirmou no passado se afirmou como verdadeiro mas, mesmo que tenha sido pouco, mostra ser provável que o que os poderosos de hoje assumem como a verdade pode estar errado.

Os parolos decidem os textos que vão ser aprendidos e, depois, os amigos do PSD carregam esses textos no chatGPT pagando por palavras introduzida e palavras resultantes.

Fig.3 - O chatGPT tem um precário para quem pretende "acrescentar" informação privada ao modelo. Em média, cada palavra são cerca de dois tokens.

Quando faz sentido "comprar" aprendizagem do chatGPT?

Quando uma empresa tem informação privada e que não quer disponibilizar para consulta geral e em que a informação não interessa a quase ninguém.

1) Quando uma empresa desenha um novo processador, para reduzir custos e aumentar a produtividade, tenta usar partes já desenhadas nos processadores mais antigos. Estas partes comportam-se como se fossem "tijolos" que vão ser combinados de forma diferente para fazer a "nova construção". Como interessa que os "tijolos" sejam mantidos secretos, a empresa precisa construir um sistema pericial que aprenda com os desenhos dos processadores anteriores mas que a informação se mantenha dentro da empresa.

2) Uma empresa que monta computadores faz combinações personalizadas de componentes, diferentes disco, memória, processador, placa-gráfica, sistema operativo, software, etc. e precisa comunicar as características particulares de cada componente e o preço a pedido de cada cliente potencial. Esta informação está em documentação privada e não interessa a quase ninguém sendo necessário "mastigar" toda essa informação de forma a construir um call-center que responda de forma automática aos pedidos.

3) Uma sociedade de advogados tem uma base de dados com todas as acções que patrocinou (e que é informação confidencial) e pretende, quando tem um novo caso, construir o articulado recuperando parte do trabalho já feito nas acções que estão na base de dados e cujo resultado foi favorável.

4) Um hospital tem uma base de dados clínicos de todos os doentes que, no passado, foram admitidos e tratados. Esta informação é confidencial e o hospital pretende usar a informação para construir um sistema automático de triagem que, de forma automática, atribua um nível de gravidade a cada novo paciente.


O que faria sentido?

Ensinar as pessoas a usar os modelos que existem no sentido de criarem mais valor.

Mas para isso é preciso redesenhar todo o conteúdo programático das escolas, de cima a baixo, e isso vai contrariar a estagnação que existe nas mentes dos mandantes.

O mais fácil e cómodo para quem manda é proibir sobre o argumento de que "essas coisas só dizem mentiras", fakenews.


Mas será que a verdade existe?

Todos queremos a creditar que a Verdade é o que é verdadeiro e, logo, existe em absoluto.

Mas a verdade no concreto não é  colecção dos factos, vai para além disso porque os factos observados são apenas uma amostra da realidade (quantas estrelas haverá no universo?). 

A verdade tem de ser compatível com os factos mas é uma construção, organização, codificação que é feita no cérebro, com ligações entre neurónios, que abarca os factos da amostra mas que também é uma generalização que abarca o que vai existir fora do observado seja no futuro em em locais distantes.

Todos aceitamos que a Lei da Gravidade observada na Terra se aplica a todo o Universo, mesmo à parte que não é observável.

Como a codificação não existe sem informação prévia (uma criança apenas compreende a língua de quem a rodeia), a verdade vai ser diferente para cada indivíduo.


Vejamos um exemplo gráfico.

Existe o ponto 0 que foi construído pelo cérebro usando toda a história vivida e pensada pelo indivíduo. Como a história dos indivíduos é diferente, este ponto também é diferente de indivíduo para indivíduo.

Depois, existem 3 pontos que são observados por toda a gente e que traduzem o que existe e é observável, é a Natureza de hoje, a realidade (pontos vermelhos). 

Por causa de os indivíduos terem a priori diferentes, apesar de ambas as verdades serem capazes de abarcar os factos observados, a verdade enquanto construção que explica a natureza na sua globalidade, isto é, o ponto 4, é diferente para indivíduos diferentes.

Fig.4 - Representação algébrica da verdade enquanto uma construção sempre compatível com a realidade mas diferente porque usa um a priori que traduz a história de cada indivíduo.


Verdade 1 = 5 - 4.167x + x^2 + 0.167x^3 
Verdade 2 = 0 + 5x - 4x^2 + x^3

Será a verdade absoluta aquela que é construída sem a priori?

Pois seria se fosse possível de ser construída.

E ainda há o problema do Princípio da Incerteza: quem observa altera o observado.


Vemos as diferentes verdades quando explicamos coisas complexas.

Quando, enquanto professores, estamos a expor um certo conteúdo pedagógico, na nossa mente pensamos que os cérebros dos alunos estão a construir uma verdade semelhante à nossa. Acontece que quando damos um exemplo numéricos para os alunos resolverem, o resultado vai ser diferente porque a sua verdade é diferente da verdade do professor.

A diferentes verdades de cada aluno é compatível com a explicação mas dá resultados diferentes quando aplicadas ao exemplo.


Vou acabar com uma anedota ilustrativa (a rã está bem porque isto é apenas uma anedota).

Um cientista pegou numa rã e gritou "Salta para a água" e a rã saltou.

O cientista cortou as patas à rã e voltou a gritar "Salta para a água" e a rã não saltou.

O cientista repetiu a experiência 30 vezes e, com os resultados empíricos, escreveu uma comunicação que foi apresentar a uma conferência. O título da comunicação era "Afinal, as rãs ouvem pelas patas".

Fig. 5 - "Salta para a água" e a rã não saltou :-) 


terça-feira, 12 de novembro de 2024

As sondagens americanas falharam - Como se avaliam sondagens?

Tenho as sondagens e os resultados e agora vou comparar as coisas.

É normal ouvir dizer que a estatística não é uma ciência exacta mas, mesmo que só dê probabilidades, os seus resultados podem ser avaliados. 

Claro que um aluno que fez uma cadeira de estatística não ficou com ferramentas conceptuais que o tornem capaz de fazer esta avaliação, limitação que não se coloca a mim :-)



Tenho que desenhar a experiência estatística.

Começo por identificar H0 e, por oposição, H1.

    H0: As sondagens foram retiradas da população (que são os resultados);

    H1: As sondagens não foram retiradas da população (estavam erradas).

Depois, repito a experiência.

O resultado deu 0,00% de probabilidade de se observar H0, isto é, de as amostras na sua globabilidade estarem correctas.


Código R utilizado.

dados <- data.frame(

  Estado = c("Arizona","Georgia","North Carolina","Pensilvania","Nevada","Wisconsin","Michigan"),

  Respostas = c(34311, 37616, 38732, 57342, 60630, 19176,43634),

  Harris = c(0.4666, 0.4851, 0.4780, 0.4856, 0.4748, 0.4897, 0.4848),

  Trump = c(0.5230, 0.5072, 0.5117, 0.5048, 0.5061, 0.4984, 0.4986),

  Outros = c(0.0104, 0.0077, 0.0103, 0.0096, 0.0192, 0.0119, 0.0166),

  dif_sond=c(0.0190,0.0127,0.0112,0.0010,-0.0001,-0.0021,-0.0047)

  )



# Função para realizar o sorteio e calcular a soma dos deputados de quem ganhar em cada estado

simula_votos <- function(dados) {

   #Avalia se poderiam sair sondagens iguais ou piores que as publicadas 

   avalia=TRUE

   # Percorre os 7 estados

   for (i in 1:nrow(dados)) {

      # Sorteia amostras dos resultados para Harris, Trump e Outros

      votos= sample(c(1,2,3), dados$Respostas[i], replace = TRUE, prob = c(dados$Harris[i],dados$Trump[i],dados$Outros[i]))

      votos = table(votos)

      # diferença na amostra sorteada

      def_TH = (votos[2]-votos[1])/dados$Respostas[i]

      avalia = (avalia) & (def_TH <=  dados$dif_sond[i])

      }

    if(avalia) 1 else 0

    }



niter=10000

avalia=rep(0,niter)

for (i in 1:niter){

    avalia[i]=simula_votos(dados)

    print(i)    

    }

mean(avalia)










quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Os sábios catedráticos de economia erram porque usam como verdadeiras teorias que estão erradas.

Em 1929 houve uma crise económica muito grave, a Grande Depressão.

Hoje, quem sabe economia sabe que a grande depressão foi uma pequena crise económica que foi amplificada por o modelo de controlo do sistema monetário não ser adequado (na altura, a política monetária era manter  fixa a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central"). No então, um país "bem governado" só poderia aumentar a quantidade de moeda em circulação se o banco central adquirisse ouro para funcionar como contra-valor das notas. 

Só posteriormente, com Muth (1961) e  Phelps (1968), é que se compreendeu verdadeiramente que a quantidade de moeda em circulação contabilisticamente "fora do banco central", tem de aumentar durante as crises de forma a manter a quantidade de moeda a circular na economia constante conseguindo-se assim a estabilidade dos preços.

A estabilidade dos preços é fundamental para "estancar" a crise porque há uma dificuldade em ajustar os salários nominais, em termos de euros, para baixo (aquilo que tentou o Passos Coelho).


Vejamos o mecanismo de amplificação que aconteceu em 1929.

1 = Quando há uma crise económica motivada por um choque adverso na produção (por exemplo, uma seca, um cataclismo natural ou uma guerra), há menos produção.

2 = Se há menos produção, as pessoas têm de consumir menos.

Se tenho duas garrafas de vinho e uma parte-se, tenho de beber metade. 

Se no ano passado comi 4 maçãs por dia porque a minha árvore deu 1460 maçãs, se este ano só deu 1095 maçãs, só posso comer 3 por dia.

Esta é uma verdade irrefutável mas, na opinião dos sábios catedráticos de economia, apenas em quem não sabe nada de economia. 

3 = Para as pessoas consumirem menos, há duas possibilidades:

     3.1 = O poder de compra dos salários vai diminuir (o que levou a cabo o Passos Coelho). 

     3.2 = A taxa de juro vai subir (o que aconteceu no mercado). 


Deixar a taxa de juro subir é errado porque destrói o investimento.

Ao subir a taxa de juro, diminui o investimento o que traduz que as pessoas estão disponíveis para consumir o capital. Mas isso destrói a capacidade produtiva do ano seguiste.

Se um agricultor precisa guardar 100 kg de sementes para a safra seguinte, havendo um ano de seca, tem de dar prioridade a guardar os 100 kg de sementes mesmo que para isso, nesse ano passe fome de cão.


Quando há uma crise, aumenta o receio das pessoas.

A generalidade das pessoa vê a moeda como um activo real, tal e qual como se fossem bens. Então, quando há uma crise:

4 = As pessoas, à cautela, guardam mais dinheiro, notas, do que é normal.

5 = Ao guardarem moeda, apesar de a quantidade de moeda em circulação "fora do banco central" ser a mesma (e dependente da quantidade de ouro em reserva), passa a haver menos quantidade de moeda em circulação na economia (parte da moeda está parada no colchão).

6 = Se a quantidade de moeda a circular na economia diminui, então, a moeda fica mais valiosa o que é a mesma coisa que dizer que os preços dos bens e serviços vai diminuir, é a deflação.


O problema da deflação é que os salários não diminuem em termos nominais.

As pessoas refilam, fazem manifestações, greves e incendeiam carros.

Se os preços diminuem e se os salários se mantêm, então:

7 = O poder de compra dos salários aumenta durante as crises!!!!!!!!!!!!!

Mas durante a crise as pessoas têm de consumir menos porque há menos produção!!!!!!!

aumentar o poder de compra dos salários vai contra o que é necessário para estabilizar a economia.

 

Agora vem a multiplicação da crise.

Se o poder de compra dos salários aumenta e os preços diminuem, então:

8 = As empresas vão à falência o que leva a despedimentos, ainda menos produção, mais queda de preços e maior amplificação da crise até à destruição total.


O que sabemos hoje.

O Banco Central tem de manter a estabilidade de preços, custe o que custar porque não é possível descer os salários em termos nominais e subir a taxa de juro é destrutivo da economia. 

Sabemos também que, se for entendido pelas pessoas que o governador do banco central tem a mais pequena dúvida quanto a controlar a inflação, esta dispara imediatamente para níveis estratosféricos.

Como exemplo, na figura seguinte mostro a taxa de inflação implícita no PIB para a Argentina onde se observa que, em 2000, a taxa começa a subir lentamente de cerca de 10%/ano até que atinge 50%/ano em 2020 e, depois, dispara atingindo um máximo mensal de 1430%/ano em Dezembro de 2023.

Em 10 de Dezembro Javier Milei entra para presidente da Argentina e, mantendo a quantidade de moeda controlada, em Setembro de 2024 a inflação já só foi de 51%/ano.

Fig. 1 - Evolução da taxa de inflação na Argentina, 2000-2023


Mas vamos à ignorância dos sábios catedráticos de economia.

Naturalmente que diziam que o Milei era um doido varrido e que ia destruir a Argentina.
a Economia tem algumas "leis na natureza" sendo a primeira:

A) Quanto maior o rendimento, maior o consumo.
Podemos, em termos empíricos, dizer que uma percentagem elevada do rendimento das pessoas vai para o consumo e outra percentagem, menor, vai para poupança. Por exemplo, 
      Consumo = Rendimento * 80% 
      Poupança = Rendimento * 20%
Se considerarmos toda a economia, o rendimento é o PIB subtraído da depreciação do capital (vou-lhe chamar PIL-produto itnerno líquido).
      Consumo = PIL * 80% 
      Poupança = PIL*20%


Erro. Mais consumo não leva a mais rendimento.
Na expressão da "lei da natureza" tenho uma igualdade mas, de facto, é uma implicação já que não pode ser invertida.
Isto é, se aumentarmos o rendimento, implica que vamos aumentar o consumo mas tal não garante que aumentando o consumo vamos aumentar o rendimento.
Pois o primeiro erro é dizer que se o consumo aumentar, o PIB também aumenta segundo um multiplicador:
      PIL = Consumo * 125%


Vejamos o que seriam erros semelhantes:
Ninguém no seu juízo perfeito incorre nos erros seguintes mas, sábios, incorrem no erro anterior que é em tudo semelhante.

Quando a temperatura está elevada,há mais pessoas na praia. Mas irem mais pessoas à praia não faz com que a temperatura aumente.

Quando um bem está com desconto de 50%, mais pessoas se juntam para o comprar. Mas se se juntarem muitas pessoas para comprar um bem, tal não faz com que o preço desça para metade.

Um jogador de futebol muito bom, tem um salário elevado. Mas aumentar o salário de um jogador com "dois pés esquerdos" não faz com que este passe a ser um jogador muito bom.


Este erro tem implicações catastróficas.
O consumo mais a poupança é sempre igual ao rendimento, não há volta a dar a esta igualdade.
Ao dizer que o rendimento é o consumo vezes um multiplicador, algebricamente, esquecem-se desta lei da natureza económica e começam a teorizar fora da realidade.


1) É possível aumentar a despesa pública e diminuir os impostos.

2) É possível aumentar o investimento e aumentar o consumo.

3) É possível aumentar os salários e aumentar os lucros.


A decisão de investir depende do lucro e não dos impostos.
De nada interessa descer o IRC se se aumenta artificialmente o salário mínimo nacional.
Não interessa descer o IRS se se aumenta o imposto sobre os combustíveis.
Será que ninguém vê isto?
Será que em Portugal ninguém sabe economia?
Se calhar não.






 

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TRUMP GANHOU. Agora, a Nato-Europa tem de duplicar a sua despesa militar.

Os Estados Unidos da América gastam uma enormidade de dinheiro para garantir a nossa defesa.

Fui buscar umas estatísticas à Wikipédia e os USA gastam 3.36% do PIB em despesa militar. Não sei se isto é muito ou pouco, é apenas uma percentagem do PIB.

Por comparação, na Europa Ocidental gastamos 1.74% do PIB, praticamente metade do que gastam os americanos.

Claro que os europeus habituaram-se a ter defesa a preço de saldo, choram por causa dos 2% quando os americanos gastam 3.36% do PIB.

No caso português, o Orçamento de Estado para 2015 prevês uma despesa militar de 3065 M€ que representa pouco mais de 1% do PIB tendo então, para acompanhar a despesa americana, de triplicar para 9700 M€.

Lá se vai o excedente de 1000 M€ e ainda é preciso ir buscar mais 5600 M€ a um sítio qualquer para manter as contas públicas equilibradas.

Todos queremos mamar na vaca do vizinho mas não pode ser

A maioria dos europeus comporta-se como uma criança mimada que quer tudo e mais alguma coisa e quem quiser que pague a factura.

Como os americanos pagam grande parte da defesa europeia e, alegadamente, os Democratas iriam continuar com isso, os europeus preferiam que tivesse ganho a Kamala.

Mas temos de ser sérios e temos de gastar mais, muito mais, na defesa contra o Putim.

Quando o Trump avisou os europeus "Não comprem gás aos Russos pois isso fortalece o Putin e obriga os americanos a gastar mais em defesa."

Os esquerdistas europeus gritaram "O Trump quer vender gás à Europa, os russos é que são nos nossos amigos."

E agora, a criança mimada quer que sejam os americanos a pagar os estragos que a política de os europeus comprarem gás à Rússia fez na Europa?

Diz o povo que "Quem não chora, não mama" mas parece-me que não faz sentido.

País = Despesa militar: 

Poland = 3,8%;  Greece = 3,2%; Estonia = 2,9%; Lituania = 2,6%;  Finland = 2,4%;  United Kingdom = 2,3%; Letonia = 2,3%;  France = 2,1%;  Denmark = 2,0%; Hungria = 2,0%; Chipre = 1,8%; Montenegro = 1,8%; Macedónia = 1,7%; Bulgaria = 1,6%;  Italy = 1,6%;  Norway = 1,6%;  Romania = 1,6%; Czeq = 1,5%;  Germany = 1,5%;  Netherlands = 1,5%;  Spain = 1,5%;  Sweden = 1,5%;  Turkey = 1,5%; Croacia = 1,4%; Luxemburgo = 1,3%;  Belgium = 1,2%; Portugal = 1,0%; Austria = 0,8%;  Switzerland = 0,7%; Malta = 0,4%; Irlanda = 0,2%; Islandia = 0,1%

(Dados, Wikipédia e SIPR, 2023)

Média ponderada dos valores europeus


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

A uma semana das eleições, Trump vai na frente com 77% de probabilidade

Faltam 7 dias e o resultado das presidenciais americanas ainda está em aberto.

Quando o futuro é desconhecido, em termos estatísticos, podemos fazer uma ideia do que vai acontecer, isto é, podemos atribuir uma probabilidade a cada uma das contingências futuras.

Naturalmente, há coisas que são quase certas como chover no Outono tem uma probabilidade de quase de 100%, e outras que são quase impossíveis, como a probabilidade de nos próximos 100 anos um asteróide colidir com a Terra.

Para conseguirmos "ver" melhor o resultado eleitoral futuro, usamos sondagens que, apesar de terem problemas, permitem-nos prever melhor do que usando a técnica de atirar uma moeda ao ar.

Peguei então nas sondagens publicadas entre os dias 21 e 29 de Outubro dos 7 "estados em dúvida"(https://www.270towin.com/2024-presidential-election-polls/) e, usando o Método de Monte Carlo de re-amostragem, calculei a percentagem de vezes em que o Trump ganha. Cheguei a um valor de 77%.

Representação gráfica da probabilidade de o Trump ganhar


Não está mal para quem é acusado de ser fascista, racista, xenófobo, misógino, machista ... 

Isto só mostra a credibilidade que na América dão às pessoas que acusam o Trump de tudo e mais alguma coisa.


Valores usados

Código R usado

dados <- data.frame(
  Estado = c("Arizona","Georgia","North Carolina","Nevada","Pensilvânia","Wisconsin","Michigan"),
  Respostas = c(8748,11004,9535,6919,10185,8309,7967),
  Harris = c(4111,5211,4517,3286,4897,3994,3854),
  Trump = c(4299,5365,4629,3322,4926,3983,3763),
  Outros = c(338,428,389,311,362,332,350),
  Deputados = c(11,16,16,6,19,10,15)
  )


# Função para realizar o sorteio e calcular a soma dos deputados de quem ganhar em cada estado
simula_votos <- function(dados) {
   # Inicializa a contagem de deputados para cada simulação
   Trump=0  
   # Percorre os 7 estados
   for (i in 1:nrow(dados)) {
      # Sorteia votos com reposição para Harris e Trump
      votos= sample(c(1,2,3), dados$Respostas[i], replace = TRUE, prob = c(dados$Harris[i],dados$Trump[i],dados$Outros[i]))
      votos = table(votos)
      if (votos[1]<votos[2])
         Trump = Trump+dados$Deputados[i]
      if (votos[1]==votos[2])
         Trump = Trump+dados$Deputados[i]/2
      }
    219 + Trump
    }

niter=10000
Trump=rep(0,niter)
vitoria=0
i=0
for (i in 1:niter){
    Trump[i]=simula_votos(dados)    
    if (Trump[i] >=270){
       vitoria=vitoria+1}
    }
vitoria/niter
table(Trump)
hist(Trump)
 



segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O passe de comboio é a maior aberração económica jamais imaginada.

Chamou-lhe o governo "passe ferroviário verde"

Mas deveria ter chamado "passa ferroviário castanho" pois é a cor da bosta.

Imaginemos que uma pessoa se desloca entre Paramos e Coimbra. Uma viagem  ida e volta no comboio regional são 214 km, tem um preço de 16,00€ e demora 2h40. 

Se a mesma pessoa pretender ir de Paranhos a Campanhã. Uma viagem  ida e volta no comboio regional são 53 km, tem um preço de 4,40€ e demora 1h15.

Ir de Paramos a Coimbra, pode comprar o passe "verde" por 20,00€/mês.

Ir de Paramos ao Porto, tem de comprar o passe normal de 4 zonas pagando 46,60€/mês.

Qual é a lógica disto?

O conselho de ministro que aprovou o "passe ferroviário da bosta"


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A probabilidade de o Trump ganhar está em 77%

Como os USA são uma federação, o presidente americano é proporcionalmente eleito pelos estados.

Cada estado vota no presidente que pretende e, depois, os resultados são transformados num certo número de "deputados federais" que, numa sessão única, elegem o presidente (perdem imediatamente o mandato).

O presidente é eleito se tiver pelo menos 270 votos (num total de 548).

Nos EUA é tudo muito contra os esquerdismos, comparando com os nossos partidos, o Partido Republicano está  entre o CDS, a IL e o CHEGA e o Partido Democrata está entre o CDS e o PSD.

Pegando nos resultados históricos, há estados que votam sempre no candidato de um determinado partido, uns no candidato do Partido Democrata (Azul) e outros no candidato do Partido Republicano (Vermelho).


Os 548 deputados são distribuídos pelos estado proporcionalmente à população.

Como, além dos estado, existem os "distritos federais", e o mínimo de cada estado é 3, a distribuição não traduz totalmente a proporção da população.

Os 10 estados mais deputados, Califórnia (54), Texas (40), Florida (30), Nova-York (28), Illinois (19), Pensilvânia (19), Ohio (17), Carolina do Norte (16), Geórgia(16) e Washington (12), concentram 46% dos "deputados".


Pegando nas sondagens e nos dados históricos, já estão distribuídos 83% dos deputados.

O total de deputados é 548 e já estão certos 226 para a Harris e 219 para o Trump. Falta então distribuir os deputados de apenas 7 estados que se denominam por Swing States.  

Fig. 1 - Soma das últimas 10 sondagens (a terminar em 13/10/2024)

Em termos médios, o Trump está com vantagem mas quero quantificar, usando bootstrapping, qual a probabilidade de ser ele a ganhar.
Usando um programa de re-amostragem estatística, obtenho 74%.


Programa em R:

# Definir os dados
dados <- data.frame(
  Estado = c("Arizona", "North Carolina", "Georgia", "Michigan", "Pensilvânia", "Wisconsin", "Nevada"),
  Respostas = c(6575, 7137, 10833, 7445, 7837, 7152, 6522),
  Harris = c(3120, 3407, 5119, 3521, 3761, 3437, 3171),
  Trump = c(3230, 3494, 5191, 3558, 3756, 3416, 3124),
  Outros = c(225, 236, 523, 366, 320, 299, 227),
  Deputados = c(11, 16, 16, 15, 19, 10, 6)
)

# Função para realizar o sorteio e calcular a soma dos deputados de quem ganhar em cada estado
simula_votos <- function(dados) {
   # Inicializa a contagem de deputados para cada simulação
   Trump=0  
   # Percorre os 7 estados
   for (i in 1:nrow(dados)) {
      # Sorteia votos com reposição para Harris e Trump
      votos= sample(c(1,2,3), dados$Respostas[i], replace = TRUE, prob = c(dados$Harris[i],dados$Trump[i],dados$Outros[i]))
      votos = table(votos)
      if (votos[1]<votos[2])
         Trump = Trump+dados$Deputados[i]
      if (votos[1]==votos[2])
         Trump = Trump+dados$Deputados[i]/2
      }
    219 + Trump
    }

niter=10000
vitoria=0
for (i in 1:niter){
    Trump=simula_votos(dados)    
    if (Trump >270){
       vitoria=vitoria+1}
    }
vitoria/niter

Actualizando para o dia 21/10, está tudo na mesma, com o Trump nos 75% de probabilidade de ganhar.

Fig. 2 - Soma das últimas 10 sondagens (a terminar em 21/10/2024)


Actualizando para o dia 26/10, está tudo na mesma, com o Trump nos 77% de probabilidade de ganhar.

A 10 dias das eleições, o Trump está em trajectória ascendente, tendo 77% por cento de probabildiade de ganhar.

Fig. 3 - Soma das últimas 10 sondagens (a terminar em 26/10/2024)

Também, a nível de voto nacional, nos últimos 30 dias (60 sondagens), o Trump tem diminuído a desvantagem para a Harris. Recordo que, motivado pelo sistema de eleição ser estado a estado, é menos importante  


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