Analisar resultados eleitorais é uma arte de adivinhação.
Como a vitória é feita de muitos votos individuais, seria preciso ter informação sobre as motivações de cada uma das pessoas (em termos estatísticos) que votou e que deixou de votar para ser possível afirmar o que traduz cada uma das vitórias e das derrotas.
No entanto, existem três regularidades a retirar:
1) Um presidente que se recandidate tem a vitória certa.
2) Um partido que ganhou nas anteriores eleições tem uma elevada probabilidade de voltar a ganhar.
3) A mudança de partido resulta muito de erros (guerras internas) na escolha do candidato.
No Porto o Meneses foi derrotado.
Isso não há qualquer dúvida mas não acontece por o Meneses ser exageradamente mau mas antes por ser bastante idêntico (em termos políticos) ao novo presidente da câmara (Rui Moreira).
Apesar de o Rui Rio querer puxar para si parte da vitória, o Moreira, contrariamente ao Rio, é uma pessoa agradável, educada e com uma imagem muito mais polida, um gentleman.
Já são anos demais em que a cidade está associada à imagem de falta de polimeto (Paulo Vallada, Fernando Gomes e Rui Rio).
Penso que o Porto só tem a ganhar com uma pessoa assim polida.
O Meneses tinha uma propostas um pouco alucinadas.
Pontes, viadutos, túneis, recuperações urbanas que nunca surgiriam do papel porque ninguém empresta dinheiro à Câmara do Porto mas aquilo não era nada para fazer.
Na minha terriola o PS perdeu.
Em Ovar, depois de 20 anos de maiorias absolutas, porque o PS escolheu uma mau candidato (as tais guerras internas) abrindo as portas a uma vitória do PSD.
Eu não tive qualquer influencia nos resultados porque nem fiz campanha nem fui votar.
Não que eu seja contra a democracia mas porque tanto me dava.
A vitória mais amarga foi a de Lisboa.
O Costa teve uma grande vitória local mas uma astronómica derrota nacional.
O Álvaro Cunhal ensinou-nos que nunca uma derrota é uma derrota (dele) nem uma vitória é uma vitória (dos outros). O Costa pode declarar-se vitorioso puxando para si o muito bom resultado que o PS teve em Lisboa mas, à escala nacional, tem que entregar a vitória ao Seguro. Agora, que adaga vai o Costa puxar para retirar o Seguro do seu caminho a caminho de uma potencial vitória nas eleições legislativas de 2015?
Não surgiu uma única voz a pedir a cabeça do Seguro.
O "recuo estratégico" do Costa de há uns meses atrás (no XIX congresso do PS pensou que 2 anos de travessia do deserto ainda seria muito desgastante) vai-se transformar rapidamente numa aposentação pois a distancia ao plotão da frente está cada vez mais irrecuperável.
Mas serão as politicas dos vencedores diferentes das dos derrotados?
Não há dinheiro, não há vícios.
Olhemos para o Pires de Lima que dizia cobras e lagartos do Álvaro Santos Pereira.
O que o homem fez até agora daquilo que disse ser errado e dever ser suspenso imediatamente?
Nada.
Com os futuros governantes, sejam autarcas, ou ministros, nunca mais haverá a liberdade de gastar sem medida e mandar para endividamento.
Sabendo o mercado que Portugal se endivida se a taxa de juro estiver abaixo dos 7%/ano então, sempre que surge alguém que parece ir-se endividar, a taxa exigida salta logo para esse valor.
Pedro Cosme Costa Vieira
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