quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Guerra dos taxistas, crises económicas, gajas

Por incrível que pareça, isto está tudo ligado!
O estimado leitor pode pensar que vou ter que fazer um truque de mágica para ligar isto tudo mas vai ver que não.

Vou começar pelas crises económicas.

No antigamente, no tempo do Homem Primitivo, já havia crises económicas que eram causadas pelas oscilações do clima (secas, inundações, geadas), incêndios e invasões.
Ainda mais antigo, no tempo do homem caçador/recolector, os animais podiam ser dizimados por doenças.
Estas crises combatiam-se com migrações e armazenamento (carne salgada, azeitonas, azeite, mel, cereais).
Importante para colocar em perspectiva é que, nesses tempos primitivos, o crescimento do nível de vida era muito lento, não mais de 0,035%/ano (duplicar o PIB per capita a cada 2000).

Depois o crescimento económico acelerou.
Se fizermos o que é costume fazer, produzirmos os mesmos bens, da mesma forma, até atingirmos a perfeição, não haverá crescimento económico porque os recursos naturais são limitados!
Para haver crescimento económico é preciso, usando os mesmos recursos naturais, fazer coisas novas.
Até os caçadores poderiam ter desenvolvido a capacidade de correr atrás dos bichos mas o aumento no nível de vida veio de, em vez de caçar os animais, domestica-los e cria-los em casa.
As pessoas, genericamente, não imaginam as fases da domesticação dos animais mas, tendo eu sido criado na aldeia, ainda consegui ver nas práticas diárias como foi esse processo. Pega-se nos animais em pequeninos, que são adoráveis (javalis, lobos, bisontes, galos, cabras, elefantes, cavalos, etc.), e capá-los para que se mantivessem infantis mas grandes.Depois, já é possível lidar com eles.
Andar pelo mato a recolher bagas e ervas comestíveis foi substituído pela agricultura. Arrancar as plantas fracas e tratar das plantas boas.

É uma prática comum capar os bois para reduzir a bravura (e dizem que melhora a carne)

O progresso económico obriga a haver propriedade privada.
Como os animais domesticados são mais fáceis de caçar que os bravos, se não tivessem dono, seriam os primeiros a ser mortos.
Também os campos agricultados seriam invadidos por toda a gente não valendo a pena cultiva-los.
Por isso, a domesticação dos animais e a agricultura só puderam acontecer depois de ter surgido a propriedade privada.

Nos últimos 70 anos houve 7 crises (já estou a contar com a de 2020), uma a cada 10 anos.
Em termos mundiais, as crises são pouco significativas (quebras relativamente à tendência inferiores a 2%), havendo na comunicação social uma cobertura bastante exagerada.
Entre cada crise, há crescimento do nível de vida.
Dados do Banco Mundial (PIB per capita a preços constantes), cálculos e grafismo do autor.


A guerra dos taxistas.
No meu carro, o custo de uma viagem é de 0,12€/km (incluindo o veículo, combustível, manutenção e algumas portagens).
O preço de um táxi anda na ordem de 1,00€/km.
Se um taxista fizesse 25km/h, teria um rendimento equivalente a um ordenado de 2000€/mês.
O problema é a concorrência fazer com que, a maior parte do tempo, tenha que estar parado à espera do próximo cliente.
Assim, a rentabilidade do taxista depende de não haver concorrência.
Se houver livre entrada, o rendimento vai ser nivelado pelo mínimo que, no conjunto da sociedade, os motoristas estão disponíveis a receber.
Vão entrando no negócio quem não se importa trabalhar por alguns euros por hora.
Por isso é que, em Londres, os taxistas são todos asiáticos. 

Mas isto é o progresso.
Inovações que permitam produzir os mesmos bens usando menos recursos.
No caso, é produzir transportes utilizando menos tempo de taxista.
A pessoa está na praia, em casa a ver televisão, a dormir na sua cama, a escrever em blogues e cai uma SMS no seu telemóvel a dizer "Tens um serviço".
A pessoa levanta a toalha, congela o filme, levanta-se da cama ou adia a escrita e vai fazer o servicinho.
Assim, pode estar ao serviço 24h sobre 24h sem precisar de estar na fila, dentro do táxi, aborrecido com a vida.
Isto é poupança de recursos escassos.

Os táxis, comboios e metropolitano estão condenados.
E não é por causa da UBER mas por causa dos carros autónomos.
Quando, mesmo que daqui a 10 ou 20 anos, os carros puderem circular sem condutor, as pessoas poderão ter um transporte ponto a ponto, passando a ser utilizados mesmo na movimentação de massas veículos pequenos em vez de comboios enormes.
Por exemplo, na auto-estrada A5 cruzam 150 mil veículos por dia que transportam cerca de 200mil pessoas para  espalhar por Lisboa. Com veículos com uma média de 5 passageiros, o transito reduzir-se-à para 40 mil veículos por dia.
Uma pessoa que precisa deslocar-se diariamente dos subúrbios para o centro tem hoje um passe com um custo mensal na ordem dos 100€. Com veículos de 9 passageiros autónomos, muito mais rápidos porque recolhem a pessoa na sua porta de casa e a levam até à porta do destino, o custo ficará em metade.
É o progresso.

Vou então acabar com gajas.
Para os homens, as gajas são um bem económico estando, por isso, disponíveis a pagar um preço.
Esse preço pode ser monetário (prendas, jantares, viagens) ou psicológico (aturar-lhes as maluqueiras, manias e gritarias).
Quando um homem tem dinheiro e pensa em aumentar a sua felicidade, pensa em comprar um carro novo, comer boas comidas, fazer viagens, comprar roupas mas também pensa em arranjar uma gaja boa, daquelas que fazem parar o trânsito.
Como dizia a ucraniana (já quase me esqueci dela) "uma mulher para ser bonita, cheirosa e apetitosa, gasta dinheiro".
Agora, as questões que coloco.
1) Será que existe progresso tecnológico nas gajas?
Será que as gajas de hoje são melhores do que eram as gajas de há 100 anos ou de há 1000 anos?

2) Será que as gajas têm mesmo a capacidade de melhorar a vida dos homens?
Como dizia um amigo meu (que era muito gordo), "Prefiro comer uma dúzia de pasteis a comer uma gaja".

Está na hora de ir lanchar.

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