O Fernando Medina parece que quer meter BUS na auto-estrada A5.
Apesar de não me parecer uma pessoa extraordinariamente inteligente (conheço-o enquanto estudante universitário), a ser verdade que quer meter um corredor BUS na A5, tenho que reconhecer que é uma ideia inovadora e que vem quebrar a ideia esquerdista de que temos que voltar para o passado, para os comboios.
É uma ideia boa mas não é suficiente pois, além disso, é preciso construir terminais intermodais carro-BUS com 5000 lugares de estacionamento (do lado do mar) e , do lado de Lisboa, BUS-Metro (em Lisboa).
Fig. 1 - A A5 tem uma extensão de 25 km e serve liga toda a "linha"
Um bocadinho da história dos comboios.
O comboio, nascido nos princípios de 1800, foi muito importante como "motor" da revolução industrial.
Foi importante porque os processos industriais precisam de grande escala de produção (por exemplo, uma siderurgia) e, consequentemente, de mercado alargados.
Então, o comboio sobre caminhos de ferro puxados por máquinas a vapor, ao diminuírem muito significativamente os preços do transporte, permitiram o aparecimento de grandes zonas industriais que serviam vastos mercados.
O problema da máquina a vapor é que é muito pesada e tem pouca densidade de potência (w/kg).
Por esta razão, os comboios a vapor têm que andar em caminhos de ferro (menor atrito na ligação roda/piso) e o declive das "estradas" tem que ser pequena, nunca mais do que 1%.
Um bocadinho da história dos automóveis.
O automóvel aparece 100 anos depois do comboio, nos princípios dos anos 1900, e o seu aparecimento só foi possível depois do desenvolvimento do motor a explosão (que é muito mais denso).
Em termos físicos, o motor a explosão é idêntico à máquina a vapor mas, em vez de entrar vapor a alta pressão dentro da câmara do motor, dá-se ai mesmo uma explosão de uma mistura de ar e gasolina.
Assim, num espaço do tamanho de um copo é possível meter a fornalha e a caldeira que, na máquina a vapor, são de enorme dimensão e peso.
Ao ser denso em termos de potência, o motor a explosão permitiu o aparecimento de veículos sobre pneus que transitam em todo o tipo de terreno vencendo declives até 25%.
O motor dos nossos carros têm densidade de potência na ordem dos 1kw/kg enquanto que um motor de Formula 1 tem densidade de potência na ordem dos 7kw/kg.
O motor do meu carro são 3 copos de 33 cm3
O caminho de ferro está 100 anos atrasado.
Porque já havia caminhos de ferro feitos e porque há a falsa verdade de que sobre ferro os veículos gastam menos energia, os comboios foram-se aguentando, subsidiados pelo poder político.
A tecnologia tem destas coisas, como foi um investimento grande feito ao longo de dezenas e dezenas de anos, com infraestruturas de grande monta, vai-se remendando aqui, colando um bocadito acolá, estendendo mais um quilometro, electrificando, e a tecnologia mesmo que obsoleta vai perdurando no tempo.
Tirando a falsa verdade de que consome menos energia, o veículo de estrada é muito superior ao veículo de carris.
Esta verdade do menor consumo de energia é falsa porque, por um lado, para se aguentar nos carris sem saltar, o comboio tem que ser muito mais pesado.
Assim, enquanto um autocarro pesa 200kg/ passageiro, um comboio pesa 500kg/passageiro.
Por um lado, o comboio não vence declives o que reduz a comparação a locais planos.
É uma boa ideia.
Mas tem algumas infraestruturas que é necessário construir e, sem as quais, o sistema não vai funcionar.
Passo 1 = Terminais intermodais Carro-BUS
É preciso construir terminais intermodais onde, de manhã, a pessoa que vai na A5 possa parar o seu carro, apanhar o BUS e, voltando à noite de BUS, retomar o seu carro fazendo inversão de marcha para voltar a casa. Se houver 5 terminais (1 a cada 5 km), cada terminal terá que ter lugar para 5000 automóveis (uma área de 100 mil m2).
Passo 2 = Terminais intermodais Metro-BUS
Quando as pessoas chegarem a Lisboa é preciso escoar as pessoas garantindo a fluidez dos autocarros ligando-os ao metropolitano. Vai ser difícil fazer esse terminal no Marquês do Pombal mas talvez seja possível subterrâneo.
Passo 3 = O tal corredor BUS.
Para ser competitivo em termos de tempo face ao automóvel (que vai da porta da pessoa à porta do destino), o BUS não pode estar dependente dos congestionamentos. E aqui é que surge a ideia do Media de construir um corredor BUS na A5.
O óptimo será construir mais uma faixa mas, numa primeira fase, é aceitável que o corredor BUS seja na actual configuração e apenas nas horas de maior tráfego.
Passo 4 = Estender a experiência a outras auto-estradas.
Depois de ver os resultados, estender as ligações a mais autoestradas em redor de Lisboa.
Estou ansioso por ver o "Volvo Gran Lisbon" com 200 lugares sentados a circular na A5
1 comentários:
A ideia foi do Carreiras presidente da CM Cascais.
O medina é apenas front de uma religião.
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