Não.
No mercado dos transportes públicos de passageiros existem as empresas públicas e as empresas privadas.
Os transportes privados têm que cobrar um preço capaz de cobrir os seus custos.
Os transportes públicos têm uma vantagem "desleal" face aos privados porque recebem subsídios do Estado para cobrir a diferença entre o custo de produção e o preço cobrado.
Descer ainda mais o preço dos passes dos transportes das empresas públicas tem dois efeitos negativos na economia:
1) Os consumidores não pressionam os gestores das empresas públicos no sentido do aumento da eficiência e da qualidade do serviço.
2) Dá aos consumidores (aproveitado por políticos demagógicos) a falsa ideia de que os privados são ineficientes e que a qualidade do serviço é má "em comparação com os transportes geridos pelo Estado".
A Gondomarense é uma das vítimas disso.
A Gondomarense, empresa de transportes que serve populações nos subúrbios do Porto, não recebe dinheiros do Orçamento do Estado, como os STCP e o Metro-Porto, para cobrir prejuízos. Então, o serviço que presta ao cliente tem, naturalmente, menor qualidade.
Eu proponho um túnel no Rio Tejo.
Em vez de andarem às voltas com os preços, melhoravam o sistema de transportes.
Uma boa ideia é um túnel entre Cacilhas e a Praça do Comércio, uma coisa com apenas 2 km de extensão que iria revolucionar os transportes de passageiros entre a Margem Sul e Lisboa.
Fig. 1 - Local da ligação Cacilhas-Praça do Comércio
Vejamos como seria feita a coisa de forma barata.
Os 2 km são divididos em 4 caixotões com 500 m de extensão, pré-fabricados em betão armado na Noruega, que são, posteriormente, transportados para a zona da obra e afundados.
Uma draga abre um sulco no fundo do rio a 30 m de profundidade, os caixotões são inundados, afundados e enterrados na vala previamente aberta e ligados uns aos outros de forma estanque.
Fig. 2 - Esquema da secção do túnel (via simples)
Porquê na Noruega?
Porque os caixotões são construídos na vertical e, para isso, é preciso um local muito profundo (com mais de 500m de profundidade), com águas calmas e com bom acesso ao mar o que se verifica nos fiordesda Noruega.
Depois, os caixotões são colocados na horizontal para poderem navegar.
Fig. 3 - A Noruega é especialista em construir coisas compridas nos fiordes
Não poderia o metro passar por ali?
Não porque o metro tem rodas de aço e é preciso um veículo com rodas de borracha!
Todos sabemos que o metro anda com rodas de aço sobre carril permite poupar um pouco de energia mas tem o problema de não conseguir vencer inclinações superiores a 2%.
Para descer da cota de superfície à cota menos 30 m, com uma inclinação de 2%, seria precisa uma rampa de cada lado com 2 km de extensão, triplicando o custo da obra.
Com rodas de borracha, é aceitável uma rampa de acesso com uma inclinação de 20%, reduzindo-se a rampa a uma extensão de 200 m.
Via simples ou via dupla?
Via simples é mais barato e é suficiente para o tráfego previsto.
Um veículo com 100 m de extensão e 2,5 m de largura transporta 1000 pessoas de pé.
Se o sistema funcionar totalmente em via simples, só terá um veículo que anda para a frente e para trás.
A uma velocidade de 25 km/h, a travessia demora 5 minutos. Juntando o tempo de entrada e de saída dos passageiros, permite uma cadência de uma viagem de ida e volta a cada 30 minutos (uma capacidade de 2000 pessoas por hora).
Se tiver via dupla no meio permitindo o cruzamento de dois veículos, permite duplicar a capacidade (uma viagem a cada 15 minutos, 4000 pessoas por hora).
Já imaginaram os ganhos de bem-estar?
Em vez de demorar os actuais 35 minutos, passar a demorar apenas 5 minutos, sem os problemas causados pela ondulação e vento forte do Inverno?
Este bocadinho ainda vai melhorar a rentabilidade do Metro do Sul que tem enorme falta de clientes.
Isto sim, seria zelar pelo bem estar das pessoas e não tonteiras de políticos demagógicos.
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