Sendo eu candidata a Miss Universo, digo que os professores têm de ganhar mais.
Pegando na tabela dos docentes do ensino secundário, um docente do 4.º escalão tem um salário bruto de cerca de 2000€/mês o que, num solteiro sem filhos, se traduz em cerca de 1400€/mês. Se o docente conseguir progredir na carreira, conseguirá um salário ligeiramente maior.
Mas a questão não é se este salário é pequeno, é se o Portugal tem capacidade para cobrar impostos capazes de pagar um salário superior aos docentes da das suas escolas públicas.
Sim, porque os salários dos docentes vêm apenas e tão só dos impostos cobrados ao Sr. Zé Contribui Ou Levas Com Uma Penhora em Cima Que Nem Sabes Onde Vais Cair Morto.
O salário médio líquido em Portugal é de 1000€/mês.
Se juntarmos todas as profissões, desde os que ganham o Salário Mínimo até à Jamila, os assalariados levam uma média de 1000€/mês para casa.
Os docentes ganham mais 40% do que um assalariado médio, e este incremento acontece não só durante os 44 anos de trabalho como ainda nos 16 anos da reforma.
Será este incremento no salário suficiente e justo?
Vamos fazer umas contas.
Em média, os portugueses têm 9 anos de escolaridade pelo que os docentes, acrescem 3 anos de secundário mais 4 anos de universidade.
Vamos supor que estudar tem custos e despesas pessoas equivalentes a trabalhar. Então, nestes 7 anos, os docentes perdem 1000€/mês*14 meses/ano*7 anos = 98000€.
Podemos então afirmar que um professor acabadinho de sair da universidade tem dentro de si 100 mil € de capital humano que é preciso amortizar.
Em termos económicos, valerá a pena ser professor se ganhar +200€/mês.
Se amortizarmos os 100 mil€ nos 60 anos em que o professor vai trabalhar e estar aposentado, para uma taxa de juro de 2%/ano acima da inflação, dá 200€/mês.
Os professores do 4.º escalão levam mais 400€/mês que o assalariado médio.
Pensando que um professor do 4.º escalão tem inteligência semelhante ao assalariado médio, que o esforço de ser professor é semelhante ao esforço do emprego médio, só posso concluir que actualmente estão bem remunerados.
Não é politicamente correto afirmar isto!
Pois não é, o próprio António Costa está sempre a anunciar (para os outros) que os salários têm de subir. O problema é que o Sr. Zé Contribui Ou Levas Com Uma Penhora em Cima Que Nem Sabes Onde Vais Cair Morto não pode pagar mais impostos.
O problema está em a economia crescer apenas um nadinha!
O António Costa está sempre a anunciar que crescemos mais do que toda a gente mas a verdade é que o nosso PIB per capita tem crescido, nos últimos vinte e tal anos, a uma média de 0,8%/ano, o que é poucochinho para tanta bazófia esquerdista.
O que a carreira docente precisa.
1 = Horários completos.
Quando a escola contra um docente tem de ser a 100%. Depois, tem de lhe arranjar serviço compatível capaz de preencher o seu horário de trabalho. As pessoas são inteligentes e, por exemplo, um professor de física também pode dar matemática ou biologia e um professor de português também pode dar história. Custa um bocadinho mais preparar as aulas mas não é nada do outro mundo.
2 = Vinculação imediata mas prevendo a "extinção do posto de trabalho".
Um docente entra na escola e, se não for em substituição, fica logo vinculado. Esta vinculação terá de prever a eventualidade de deixar de haver alunos. Neste caso, terá de haver um esforço por parte do docente e da escola para adaptar o docente às necessidades.
3 = Facilitada a transferência entre escolas.
Abrindo um lugar numa escola, os docentes vinculados noutras escolas têm de ter prioridade na colocação. Uma vez colocados, se não for em substituição, ficam logo vinculados na nova escola.
4 = Acabar com os directores.
Há pessoas que defendem que os directores devem ter ainda mais poderes mas cada director é um pequeno ditador que apenas quer infernizar a vida de parte dos colegas. O poder corrompe e como não há controlo sobre os directores (toda a gente tem medo e assina de cruz), cada escola tem o seu pequeno hitler ou estaline, conforme as preferências.
Eu sei do que estou a falar porque nos últimos anos tenho sido vítima desses estalines.
O que é que faz o director além de infernizar a vida de uns e beneficiar a vida dos amigos? Nada.
Contrata-se um não docente para "gestor da escola" e ele trata do funcionamento e dos horários.
Depois, os docentes de cada área científica, em conselho, gerem as suas turmas dando prioridade aos mais antigos na escola.
Não precisei de falar de aumentos salariais.
OS salários estão bem mas é preciso estabilidade no emprego, facilidade nas transferências, justiça na governação e as pessoas serem bem tratadas.
Cumprido isto, não será preciso aumentar os salários para tornar a profissão de docente apelativa e enriquecedora.
3 comentários:
A classe social dos professores, está condenada à extinção.
Já há vários anos que existe meios e tecnologia para alterar radicalmente o ensino.
A partir disto o que interessa saber é quem terá a vontade política de acabar com este sistema de ensino completamente esclerosado.
Como não há vontade política (nem aqui nem em lado nenhum) só resta a pressão financeira para continuar a orientar as coisas no sentido correcto.
Entretanto, irão suceder-se as manifestações da treta com os professores a chorar baba e ranho. Não esquecer que esta gente andou há anos a votar para o empobrecimento do país, por isso, que continuem a chatear o Governo.
Os professores como classe social estão condenados seja rapidamente ou daqui a várias décadas.
Se as coisas forem rápidas será preciso arranjar postos de trabalho para toda essa gente e só haverá postos de trabalho se houver um brutal investimento, ou seja, para haver um brutal investimento é preciso que hajam condições para haver esse brutal investimento e para isso é preciso haver reformas estruturais a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos.
Bom, aqui vai acabar a minha convivência com o sr. Prof.
Sou professora. Um professor trabalha muito todos os anos porque tem de adaptar materiais, seguir as orientações do ministério da educação, desenvolver atividades adaptadas para os alunos com muitas dificuldades de aprendizagem. Claro que há professores que não fazem nada, mas não podemos considerar uma profissão pelos maus exemplos, mas sim pelos bons. Os professores têm também de fazer instrumentos de avaliação adequados aos alunos que efetivamente têm em cada ano escolar. Tem horas à sua frente para corrigir testes, preparar tarefas de recuperação.
Muitas vezes tem de colaborar na educação mais básica de alguns alunos. Tem de ser paciente, digamos assim, pois os jovens são, digamos, muito ativos.
É necessário que ensine os alunos a pesquisar, a elaborar trabalhos, a apresentar o seu trabalho.
Há visitas de estudo, diversas atividades.
Dizer que o trabalho do professor é de qualidade e quantidade média é muito errado! Um professor não é um funcionário de secretaria, um lojista, entre outros exemplos. Trabalha a um ritmo diferente, ora muito intenso, ora muito longo. O desgaste que sofre é imenso.
Resolveram, há uns anos, aumentar o período de permanência na escola aos professores, cometendo um erro de avaliação. Após anos a fio a olhar para a parede em vez de estar em sua casa a trabalhar, os professores agora têm todas as horas na escola a dar apoio aos alunos que apresentam a maior diversidade de problemas possível.
No fundo, se o professor era invejado porque não reconheciam o seu trabalho, passou a ser sobrecarregado a um nível irracional, até porque o seu esforço não é o que é necessário para os alunos. É uma maneira de esconder ou de adiar a reforma da escola, que está há décadas desadequada face às reais necessidades do nosso país e dos nossos alunos.
Dizer, ainda por cima, que os professores ganham bem é absolutamente inaceitável e demasiado injusto para os professores.
Para aumentar os salários dos professores é necessário aumentar a carga fiscal.
Portugal não cresce porque, quando se discorda, não se procura racionalizar um argumento, pura e simplesmente cancela-se a questão.
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