Anunciaram mais 6 países para os BRICS que fica a chamar-se C10C.
Os BRICS são actualmente 5 países (a sigla vem de Brasil, Rússia, Índia, China e South-Africa) e 6 novos países vão entrar (Argentina, Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão).
Os esquerdistas acham que os BRICS já são economicamente tão importantes como o G7 (USA, Japão, Alemanha,Reino Unido, França, Itália e Canadá) e, com a entrada de mais 6, vão tomar a liderança do mundo.
Mas a afirmação dos esquerdistas está errada duplamente.
Primeiro erro = Consideram que o PIB mede a importância dos países na economia global quando este indicador agrega apenas quantidades e preços (não tem em consideração a qualidade tecnológica dos bens produzidos).
Segundo erro = Consideram o PIB em paridades do poder de compra quando este indicador pondera mais os bens não transaccionáveis, os que não estão em concorrência internacional, e que, por isso, são tecnologicamente mais atrasados.
Na economia falamos na diferença entre o PREÇO (que é o que é agregado no PIB) e o VALOR que traduz a imprescindibilidade do bem e para o qual não existe indicador. Sabemos PREÇO é sempre menor do que o VALOR mas pode ser muito menor ou apenas um pouco menor. Por exemplo, o VALOR da água que bebemos é muito superior ao PREÇO que pagamos por ela.
A diferença entre o VALOR e o PREÇO é o "ganho do consumidor" e a diferença entre o CUSTO e o PREÇO é o "lucro do produtor".
Por exemplo, o PIB em paridade do poder de compra da Etiópia é o dobro do da Holanda mas, em termos tecnológicos, nenhum processador moderno pode ser feito sem as máquinas de litografia que são produzidas na Holanda e apenas na Holanda. Tenho a certeza que se, hipoteticamente, a Etiópia desaparecesse não dávamos conta mas se a Holanda desaparecesse, o fabrico dos processadores andava pelo menos 10 anos para trás.
Os países são como um carro eléctrico.
Uma trotinete com um cavalo de potência consegue transportar duas pessoas numa rampa com 10% de inclinação a uma velocidade de 15km/h. Por comparação, se o Testa tivesse um cavalo de potência subiria a rampa com uma velocidade de 1,5km/h. Esta diferença resulta de, além do peso das pessoas, ser necessário transportar o veículo (a trotinete pesa 15kg enquanto que o Tesla pesa 1500kg).
O PIB dos países é usado, primeiro, para suprir as necessidades básicas dos habitantes (tecnologia muito baixa) que é equivalente a "transportar o veículo" e apenas o "remanescente" é de bens de tecnologia média e intensiva que é equivalente a "transportar os passageiros". Em particular, os bens não transaccionáveis fazem parte dos bens necessários para suprir as necessidades básicas dos habitantes locais tendo tecnologia baixa (fazer pão usa menos tecnologia do que fazer baterias de lítio).
Apenas meia dúzia de países no Mundo produzem bens de tecnologia intensiva e esses países estão no G7 mais a Coreia do Sul e alguns outros países do norte da Europa.
Mas vamos aos BRICS.
Os BRICS foram fundados em 2009. Nesse ano, o PIB da China era 60% e o do Brasil 14% do total do PIB do BRICS (que é, em USD de 2015, 1.13 "trillions"). Até 2022, os BRICS cresceram mas esse crescimento apenas se verificou na China e na Índia. Nos últimos 23 anos, o peso do Brasil, da Rússia e da África do Sul nos BRICS afundou 40%.
O Lula da Silva não deveria encher o papo e parecer ser o líder dos BRICS pois o peso do Brasil afundou de 14,0% em 2009 para 13,3% em 2022.
A queda do Muro de Berlim foi bom para a China.
Em 1989, a Rússia (que ainda fazia parte da URSS e os BRICS ainda não existiam) pesava 32% nos BRICS e o Brasil estava taco a taco com a China nos 25%. Decorridos 33 anos, a Rússia está reduzida a 6%, o Brasil a 8% e a China saltou para 71%.
Se isto, nas cabeças do Putin, do Lula da Silva e dos demais esquerdistas, é sucesso, só posso concluir que não sei nada de economia. Ou eles têm uma relação estranha com a realidade.
Faz-me lembrar a relação com a realidade do nosso Marechal General Agostinho Mohammed Saeed al-Sahhaf, "Sr.a Doutora, o Putin está a ganhar, só não vê quem não for cego".
Leia novamente "só não vê quem não for cego"!
Os 6 novos países não acrescentam nada.
Cada vez mais temos a China junta com países que, na tourada, se designam por Chocas. São aquelas vacas que entram na arena para que a bravura e perigosidade do touro fiquem aparentemente amaciadas.
E a China está arrefecida.
Entre 2011 e 2019 a economia chinesa cresceu 7,1%/ano mas nos últimos 3 anos e meio, o crescimento caiu para 4,6%/ano. Continua a crescer mas é uma queda de um terço.
No pós-guerra a economia Japonesa cresceu a grande velocidade atingindo em 1991 a percentagem de 37% da economia americana com um PIB per capita de 76%. Nessa altura parecia imparável mas algo aconteceu.
No seguimento da crise da Quarta-feira Negra de 1992, a economia japonesa caiu um bocadinho toda a gente pensava que era um fenómeno idêntico a 1973 e 1984 mas foi totalmente diferente. A partir dessa pequena queda, a economia japonesa nunca mais parou de cair relativamente à economia americana.
E tentaram de tudo, políticas de esquerda (a abe-economics tão aplaudidas pelos nossos comentadores de economia mas que, como não deu em nada, caiu no esquecimento) e de direita mas nada parou a queda relativa. Em 2022 a economia japonesa vai nos 21% da economia americana e o PIBpc desceu para 57%.
A economia é imprevisível e, de repente, pode haver uma quebra inexplicável na Série e a China estagnar (o PIBpc está nos 20% do americano).
Não estou a dizer que vai acontecer mas apenas que pode acontecer e, ai, vai haver problemas identicos aos que aconteceram na URSS depois da estagnação da década de 1980.
Se eu soubesse o que vai acontecer no futuro ...
Fazia o Euromilhões.
Como não sei, não meto dinheiro nisso.
Já aconteceu no Japão e na URSS mas não sei se vai acontecer na China. Só o Professor Doutor Futuro sabe (e o Marechal General Agostinho).