As vantagens de ser first mover são conhecidas de quem estuda a Estratégia Empresarial, tal como são consensuais algumas vantagens de ser second mover. Vem isto a propósito do ensimesmamento dos europeus, conformados com o fatalismo das regras do Pacto de Estabilidade que vergam os governos e os obrigam a reduções absurdamente aceleradas dos respectivos défices públicos. Para quem tinha uma economia florescente (economia real e não a sustentada nas engenharias financeiras), a redução acelerada do défice pode colocar as contas em ordem e a economia real fará o resto quando os mercados financeiros se acalmarem e os investidores voltarem a abrir os cordões à bolsa.
Mas os europeus (famílias e empresas) estarão a sofrer de um pouco de miopia, parafraseando Levitt e o seu conceito de “marketing myopia”. Estará todo o mundo a sofrer de recessão ou com crescimentos anémicos do PIB? Estarão as bolsas todas de rastos?
Um artigo da Economist The emerging emerging markets vem abrir os olhos dos mais míopes. Um pouco exageradamente, digo eu, o Economist diz que Brasil, Índia e China já estão demasiado concorridos. A maior concentração de mercados negligenciados está em África (que é em muitos aspectos, um continente esquecido). As estrelas são a África do Sul, Egito, Argélia, Botswana, Líbia, Ilhas Maurícias, Marrocos e Tunísia. Colectivamente, esses países correspondem à média do PIB per capita dos BRIC. A revista chama ainda a atenção para Médio Oriente, Turquia e Arábia Saudita.
Mas se a forma de as empresas aproveitarem as altas taxas de crescimentos dos BRIC e dos países apontados pela Economist é evidente (exportação ou investimentos greenfield), para as famílias portuguesas o caso é diferente.
Suponha que tem algum pé-de-meia e quer poupar. Os tempos que vivemos a isso aconselham. Trabalhar, poupar, amortizar. Não querendo colocar tudo em investimentos sem risco (certificados do tesouro ou depósitos a prazo, por exemplo), uma família pode querer colocar alguns dos seus ovos noutros cestos na esperança de conseguir algum rendimento extra.
Sem necessidade de jogar directamente na Bolsa (nacional ou não), qualquer investidor amador pode recorrer a fundos de acções de mercados emergentes, falando com o gestor de conta se assim o entender. As rentabilidades destes fundos estão muito acima da média dos produtos financeiros disponíveis no mercado. Arriscado? Bom, se não colocar todos os ovos no mesmo cesto os riscos serão sempre limitados. E se os mercados são… emergentes não se antevêem quebras prolongadas.
Os produtos associados aos mercados emergentes ligam normalmente activos de grandes empresas chinesas, brasileiras e, por vezes, matérias-primas. Estamos a falar de taxas de rentabilidade anuais perto dos 30%. Imagine que é só metade (15%). Compare com os melhores depósitos a prazo. A miopia despreza, por vezes, oportunidades mesmo à mão.
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