No outro dia um amigo meu escreveu no JN sobre o populismo.
Já lhe disse que escreve mal no sentido de que são textos de difícil leitura mas o que interessa é que ele falou de populismo ligando-o à globalização, o que eu discordo porque o populismo é um fenómeno muito antigo, já existindo na Grécia Antiga.
Então, vou tentar neste poste explicar o que é o populismo, em que sentido o Costa e o Rui Rio são exemplos de populistas e como os incêndios são um exemplo disso.
O que é o populismo?
É democrático.
É um movimento democrata no sentido que os populistas precisam do apoio do povo para ganhar o poder contra o grupo que está no poder.
Historicamente, mais vezes o populismo apareceu para fazer face a ditaduras do que dentro do processo democrático.
Aproveita a nossa maluqueira animalesca.
Os animais, sejam insectos, peixes, anfíbios, répteis, aves, marsupiais ou mamíferos, quando se sentem atacados por um perigo não identificado, cada um foge para o seu lado o que, em termos estatísticos, favorece a sobrevivência da espécie. Se uns morrem porque fogem para a "toca do lobo", outros escapam porque fogem para o outro lado dando origem às gerações futuras.
Nós, sendo também animais, comportamo-nos da mesma maneira, quando há uma crise, nós queremos que aconteça uma mudança sem, necessariamente, usarmos o raciocínio.
Porque será que, volta e meio, as mulheres desatam a gritar de forma descontrolada?
Porque será que há jovens europeus que vão para a Síria explodirem-se?
Faz parte da nossa "maluqueira animalesca" que herdamos do processo evolutivo.
Aparece nas crises propondo soluções ERRADAS para os problemas do mundo.
Os movimentos políticos populistas estão sempre no "mercado" mas, quando há uma crise, seja económica ou de outro tipo, os nossos genes começam a empurrarem-nos para a "maluqueira animalesca". Então, esses movimentos começam a cativar seguidores e, mais importante, entram no espaço da comunicação social.
As soluções que apresentam são erradas no sentido que são contrárias ao que aponta o conhecimento científico mas têm alguma lógica e fazem sentido para as pessoas que têm poucos conhecimentos.
Essas soluções erradas parecem verdadeiros se usarmos o senso comum e uma lógica imediata e infantil.
Vamos a um exemplo do PAN.
Existe o gado bravo que nasce e é criado para ser toureado, com sofrimento para os bichos. Então, no imediato, proibir as touradas parece no melhor interesse dos bicho.
Mas demos um passo atrás.
Não havendo touradas, as vacas bravas serão abatidas não havendo mais nascimentos de bezerros bravos.
E todos os filósofos garantem que existir com sofrimento é qualitativamente superior a não existir.
Além disso, o gado bravo é importante no financiamento da floresta de sobro/azinho alentejana.
Então, o fim das touradas levará à extinção do gado bravo e ao fim da agricultura extensiva na floresta de sobro/azinho.
Em criança eu achava que, em África, deveriam matar os leões, hienas e demais carnívoros porque esses malvados matam com requintes de crueldade os indefesos herbívoros. Mas, no entretanto, deixei de ser criança.
Exemplo de populismos.
Nas guerras de libertação africana, os combatentes procuravam o apoio da população contra uma força colonizadora opressora com ideias erradas (a libertação do Homem pela ideologia marxista-leninista-maoista).
Vamos a um exemplo do PS.
Promete na campanha que vai acabar com a austeridade, bater o pé à Europa, descongelar carreiras, aumentar salários, melhorar o SNS, fazer a água do mar quente, ...
Como se combate o populismo?
Com paciência, convicção e pedagogia para mostrar aos eleitores que as soluções apresentadas pelos populistas parecem ter lógica mas que estão erradas.
Não é apoiando as soluções erradas, como aconteceu com o Rui Rio que, anos e anos, combateu as políticas do Pedro Passos Coelho, colando-se ao populismo do PS que se resolve o problema, é antes, atacando-o de frente com ideias verdadeiras e coragem.
Ter paciência como teve o Cavaco Silva que foi em 1995 "expulso" pelo PSD (que meteram lá o Fernando Nogueira, alguém se lembra deste?) e pelo Guterres para, passados 10 anos, ser eleito presidente da república com a simples pergunta "Se somos tão bem governados, porque será que a Espanha cresce tanto mais do que nós?".
Porque evolui o populismo para a ditadura.
Estando as ideias erradas, com o tempo, as pessoas começam a ver que o populista não consegue resolver nenhum dos problemas.
Em países com instituições democráticas frágeis, como a Venezuela, o populista alegando que as suas ideias precisam de mais tempo para darem resultado, os fracassos são fruto de acções estrangeiras e o povo não sabe o que faz, vai começando a destruir as instituições democráticas.
O Irão tem Israel como principal inimigo.
Então, será importante comparar o nível de vida no Irão em comparação com Israel.
Se, sobe o regímen monárquico, o nível de vida foi-se aproximando até ficar, em 1986, nos 61%, a revolução veio prometer que um regímen teocrático iria trazer liberdade (onde é que ela está?) e desenvolvimento económico (como disse?).
Desde então, o PIB per capita iraniano anda à volta de 20% do israelita mas já é tarde para o povo pedir que os ayatolas se vão embora.
Evolução do PIB per capita do Irão relativamente ao de Israel, 1960:2017 (dados, Banco Mundial)
É que, no fundo, todos os que mandam estão agarrados ao poder porque são Robins dos Robles, querem tirar um bocadinho a cada pobre para viver bem e ser rico.
Vamos aos incêndios.
Não era com multas, obrigando os velhinhos do interior a sair dos lares da terceira idade para desmatar as courelas, com plantações de árvores esquisitas, com aviões, com martas soares e com camiões cheios de água que iam acabar com os incêndios?
Afinal, não, veio um dia de calor e logo apareceram incêndios incontroláveis.
Não estará na hora de ver o que fazem nos outros países?
Não será que os marta soares não poderiam ir à Austrália ou África ver como funcionam os contra-fogos e como estão metodologia milenar é a única capaz de apagar incêndios florestais?
Mas o que vamos ver é mais meios, mais comissões, mais bombeiros, mais camiões, mais multas, mais desmatações, mais velhinhos a morrer em queimadas, e mais incêndios.
O Costa está a acompanhar os incêndios como eu: às voltas do comando a ver como mudar de canal.
A diferença é que tem fotógrafo e uma barriga de cerveja que mete medo.
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