O Corona já cá chegou.
No momento em que escrevo há 13 casos confirmados e, pela experiência dos outros focos de infecção, quando se atingem mais de 10 casos, a coisa fica rapidamente descontrolada.
Não falemos de Itália que é vista como uma desorganização total.
A Alemanha, exemplo da excelência, reconheceu 14 infectados no dia 24 Fev. e, passada uma semana, tinha 150 casos (um aumento de 970%).
A França, país também muito organizado, reconheceu 13 infectados no dia 25 Fev. e, passada uma semana, tinha 212 infectados (um aumento de 1530%).
A Koreia do Sul reconheceu 31 casos no dia 18 Fev. e, passada uma semana, tinha 1261 infectados (um aumento de 3870%).
A Itália realmente é um caos, reconheceu 20 casos no dia 22 Fev. e, passada uma semana, tinha 880 infectados (um aumento de 4300%).
Fazendo a média, prevejo que daqui a uma semana teremos 340 infectados, milhares em quarentena e escolas a fechar à força toda.
Será que aprendemos alguma coisa com a China?
A China foi apanhada de surpresa mas os restantes países não.
Se os chineses foram surpreendidos de uma dia para o outro com uma nova doença totalmente desconhecida não se sabendo sequer os sintomas, será de esperar que a evolução na China tenha sido, inicialmente, muito mais descontrolada.
A China reconheceu 45 infectados no dia 16 Jan. e passada uma semana tinha reconhecido 830 infectados (um aumento de 1750%). Mesmo que digamos que a metodologia chinesa de contagem foi, na primeira semana, deficitária, não prejudica a taxa de aumento.
Assim, comparando a evolução na China, com a evolução nos países mais desenvolvidos, afinal, ninguém se preparou. Só após 12 dias (com a Itália a fechar todas as escolas e universidades) é que se começa a notar uma divergência relativamente à evolução na China.
Comparação da evolução dos casos na primeira semana depois de anunciados mais de 10 casos na China e nos outros países (França, Alemanha, Itália e Koreia do Sul).
Porque pergunto se somos como o Irão.
Porque no Irão usam a Lei da Rolha. Decidiram que saber-se que havia por lá Corona era mau para a imagem do país e tentaram tapar o problema com um muro de silêncio.
Mas eu vou relatar uma parte do e-mail que recebi da minha entidade laboral (que não posso referir qual é pois já apanhei um mês sem salário por "por ter prejudicado o prestígio da instituição").
"Solicita-se aos senhores docentes que, caso sejam contactados por estudantes que queiram colocar questões relacionadas com o COVID-19 e/ou solicitem orientações relativas a situações concretas, que lhes indiquem que contactem os serviços académicos e se abstenham de transmitir indicações não oficiais."
Isto é textualmente verdadeiro.
A rolha que se mete nos defuntos é capaz de evitar os gases durante um certo tempo mas a barriga acaba por rebentar.
Sendo que este email não é segredo (foi mandado a centenas de pessoas) e a transcrição é exacta, penso que não estou a prejudicar o prestígio da instituição!
3 comentários:
Exactamente o que eu penso. Acho que as medidas e campanhas de informação são claramente insuficientes face aquilo que já se sabe de outros países. A chamada fase de contenção está a falhar. E já nem falo das falhas habituais dos nossos diversos sistemas de apoio ao cidadão. Mais controlo nos aeroportos, obrigatoriedade de uso de máscara em espaços públicos para quem tivesse uma simples constipação, mais campanhas de informação deviam já estar ONTEM imementados.
"Implementados".
Só mais uns detalhes: dizem os especialistas que a taxa de propagação exponencial aponta para valores de 2,3 ao passo que a gripe comum é de 1,3. A taxa de mortalidade mais optimista para os já infectados é 7 vezes superior. Mas há um pormenor que é pouco falado. Está COVID-19 deixa sequelas muito chatas naqueles que sobrevivem á doença. Quando vamos por um caminho e nos aparece uma cobra não pensamos: "só 5% das cobras é que são legalmente venenosas. Vou avançar...". Como se nada fosse! Não sei qual o valor real, mas precisamente por isso é que se costuma ser cauteloso perante o desconhecido. É estúpido ignorar as cobras!
Odeio correctores automáticos. "EstA COVID-19" e "leTalmente".
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