quarta-feira, 29 de julho de 2020

Novo Banco - A "Fraude" na avaliação dos imóveis.

Ficou sabido que o Novo Banco vendeu imóveis com desconto.
A questão é se será aceitável a venda de imóveis a uma preço de 364 milhões € quando a avaliação feita pelo falecido BES era de 631 milhões €.
Vamos ver se isto faz lógica.

A tecnologia dos bancos.
Os bancos são uma "casa de passe" de dinheiro. Pedem dinheiro a uns (os depositantes, obrigacionaistas, ...) e emprestam a outros (para a aquisição de imóveis, crédito pessoal, investimentos em empresas, ...).
Para manter a segurança da operação, os bancos têm que ter capitais próprios, cerca de 10% dos empréstimos concedidos.
Por exemplo, o Banco tem 1000€ de capital próprio, pede emprestados 9000€ à taxa de juro de 0,1%/ano e empresta 10000€ a 2,0%/ano.
Neste caso, a margem será de (10000*2,0% - 9000*0,1%)/1000 = 19,1%/ano
Esta margem vai pagar os custos de operação e cobrir as perdas causadas pelos caloteiros. O que sobrar é o lucro dos accionistas.

Uma pessoa pediu 500€ para comprar uma casa.
De facto, a casa só custou 400€ mas a pessoa ainda comprou um carro e mobilou a casa.
A avaliação não foi rigorosa porque o interesse do "gestor de conta" do banco é emprestar o máximo possível de dinheiro (ganha uma percentagem). Assim, só são chamados avaliadores "criativos" e o "gestor de conta" garante que o cliente tinha um muito bom emprego.
O Imóvel foi avaliado em 750€ para o crédito ser classificado como de Baixo Risco.

A pessoa calotou.
Esteve uns meses sem pagar a prestação pelo que a dívida já vai em 550€ e o imóvel só vale 350€.
Agora, o "gestor de conta" vai ser descoberto porque causou neste negócio um prejuízo de 200€ para o Banco.
Este prejuízo vai obrigar os accionistas a meterem mais dinheiro no banco, sendo pedidas responsabilidades a toda a hierarquia do banco, desde o avaliador até aos director.
Estão criados os incentivos para que a avaliação seja mantida nos 750€ e o banco ofereça, em praça, 550€ pelo imóvel.
Desta forma, não são assumidas perdas e ainda há "mais valias" de 200€ que vão ser usadas para cobrir outros buracos.

No balanço do banco diz que esta carcaça é um "Edifício de 20 andares localizado no centro da cidade com 35 fracções T3, 25 fracções T2 e 200 lugares de estacionamento, avaliado em 13,6 milhões €"

Dou aqui um exemplo de negócio imobiliário ruinoso na Caixa Geral de Depósitos.
A CGD tem o Estado como accionista a 100%.
Desta forma, deve haver um controlo muito superior ao que se verificava no BES (que, diz o tribunal, era governado por criminosos).
Acontece que a CGD fez um negócio imobiliário com a Birchview que deu uma pancada de 300 milhões de euros.
Agora, a CGD fico com carcaças de edifícios avaliados em 300 milhões € e que vale nada.

Perceberam?
Os esquerdistas não falam das perdas na CGD, TAP, Comboios, RTP, STCP, CARRIS, Metro do Porto, etc. porque "é preciso salvar as empresas estratégicas". Mas sobre os privados, é fogo cerrado com a ajuda do Bacoco Rio.
Não é por uma pessoa com um atestado médico a dizer que está saudável morrer que fica garantido que houve um assassinato.

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