Os nossos telemóveis usam o 4G e vem ai o 5G.
O 5G é um novo protocolo de transmissão para o telemóvel que tem vantagens (maior velocidade de tráfego, maior densidade de utilizadores e menos atraso) mas também desvantagens (menor distância entre o telemóvel e a antena).
Quanto maior a capacidade da rede 5G, mais próximas têm que estar as antenas que, no limite, têm que estar a menos de 100 metros uma da outra.
A grande densidade de torres introduz elevados custos físicos o que torna, em termos de engenharia, óptimo que haja apenas um operador monopolista.
O problema é difícil.
Por um lado, havendo um monopolista este vai explorar os consumidores e ter lucros supra-normais. Por outro lado, havendo vários operadores, os custos vão ser superiores.
Claro que os esquerdistas dirão que o Estado deve ser o fornecedor monopolísta do serviço mas, já vimos repetidamente, que os trabalhadores vão-se apropriar desse poder de monopolista e ainda impôr prejuízo à empresa de que a TAP é apenas um pequeno caso. Soma a isto gestores políticos incompetentes.
Num segundo patamar (também por imposição da UE), os esquerdistas defenderão um monopólio regulado mas também funciona mal porque o regulador tem dificuldade em conhecer a estrutura de custos do monopolista e a ingerência política (os tachos) é no sentido de haver uma má regulação.
Agora, o Estado (representado pela ANACOM) quer ter concorrência no mercado e, sabendo dos elevados custos físicos, quer que isso aconteça com o mínimo possível de antenas.
As frequências são um recurso natural que nos pertence.
Os nossos Wifi's usam frequências à volta dos 2,4GHz (e outros, à volta dos 5GHz). Como o alcance dos nossos equipamentos é pouca (praticamente, a radiação não sai das nossas casas), não faz mal "privatizarmos" essa frequência dentro das nossas casas sem pedirmos autorização a ninguém (a espaço dentro de casa pertence-nos).
No caso dos telemóveis, como vão ser usadas frequências no "espaço público", é necessário haver a privatização de canais. Assim, quando um operador quer "vender" comunicações móveis tem que comprar um canal.
O regulador decidiu dividir o mercado em "real" e em "virtual".
Vejamos o exemplo da WhatsApp ou da Skype (que são operadores virtuais).
Podemos realizar chamadas usando o nosso telemóvel que se liga ao equipamento Wi-Fi que pertence ao café. Depois, a nossa voz ou imagem vai pela a rede de fibra óptica que pertence à NOS, e, finalmente, a rede de dados móveis da Vodafone que se liga ao outro telemóvel.
A WhatsApp não é dona da infraestrutura por onde viajam os nossos dados nem paga qualquer valor pelo seu uso.
A ideia da ANACOM é fazer algo semelhante: quem comprar os canais vai ter que permitir que outros operadores virtuais entrem no mercado (como a NOWO), usem a sua infraestrutura mediante o pagamento de um valor a definir pela ANACOM (em comparação com outras empresas europeias em situação semelhante).
A tecnologia permite custos muito baixos mas ...
De facto, em termos tecnológicos, não é preciso instalar torres com antenas!
Quando "compramos" um serviços de televisão+Internet, a fibra óptica que entra em nossa casa permite tráfego acima de 1Gbps. Então, basta colocar na varanda uma antena 5G ligada à nossa box. O operador faz uma proposta, por exemplo, desconto de 50%, e ficamos todos contentes.
Além disso, nos grandes clientes (por exemplo, um estádio de futebol, uma universidade, uma fábrica, um hospital) pode a antena ser da responsabilidade do cliente.
Concluindo.
1 = A ANACOM tem razão, se vai privatizar um recurso que nos pertence, tem todo o direito a impor condições no sentido de nos favorecer. Se não houver ninguém interessado, nesse caso, a ANACOM terá que rever as suas condições.
2 = A ANACOM erra ao ser conservadora. As frequências que vai privatizar, 0,7GHz, são muito baixas o que não permitirá melhorias significativas relativamente ao actual 4G. Deveria juntamente privatizar canais nos 25GHz mesmo que essas frequências fossem apenas usadas nos centros das cidades (com as antenas nas varandas), estádios (onde se juntam 50 mil pessoas num pequeno espaço), universidades e escolas (para potenciar a investigação científica e aulas on-line), fábricas (para poder haver comunicação entre máquinas) e nas auto-estradas (para poder haver condução remota de veículos).
E como estamos do Covid-19?
Mesmo com todas as restrições, paramos num "planalto" com uma média de 4500 positivos por dia. É muito mas não há muito mais que possa ser feito.
É ter fé na vacina e esperar que não seja a nova hidroxicloroquina.
Casos de positivos em Portugal (zero é o inicio da pandemia em Portugal, 2.03.2020, dados, wiki).
Tenho um bocadinho de fé de que a vacina funcione.
Um problema são as as re-infecções por os anticorpos durarem pouco. Olhando para o que se passa na Índia onde actualmente o número de novos positivos é 20% do máximo observado em meados de Setembro, há a indicação de que as re-infecções são pouco significativas.
Outro problema são as mutações (em termos mais rigorosos, são recombinações de genes).
Daqui a um ou dois meses, olhando para os casos, já vamos ter respostas a estas duas questões.