terça-feira, 25 de maio de 2021

Vou falar um bocadinho de "energia com água do mar" e dessanilização em Odemira

A energia com água do mar.

Vamos supor que, no futuro, a electricidade com origem solar fica muito barata, quase zero.

Existem três formas de resolver o problema de só haver energia solar durante o dia.

 

 Solução 1 = Construção de uma linha eléctrica de alta-tensão à volta do Mundo.

Como quando aqui é noite, do outro lado do Mundo é dia, se houver uma linha eléctrica a ligar-nos ao outro lado do Mundo, poderemos ter electricidade durante a noite.

 

Solução 2 = Armazenar a energia durante o dia.

Seja em baterias, em barragens ou noutra forma qualquer, guarda-se parte da energia produzida durante o dia para usar durante a noite.

 

Solução 3 = Não gastar energia durante a noite.

Fazendo um sistema de preços variável ao longo do dia, "convencemos" as pessoas a consumir electricidade apenas durante o dia. Durante a noite, será usado, por exemplo, gás natural.


Pumped-storage hydroelectricity (PSH)

Neste momento, a forma mais económica de guardar e utilizar grandes quantidade de energia eléctrica ao longo do dia é em barragens reversíveis.

Nesta tecnologia, existem duas barragens a cota diferente. Durante o dia (quando há energia solar) a água é bombeada da barragem de baixo para a barragem de cima e, durante a noite, quando não há energia sola, a água é turbinada da barragem de cima para a barragem de baixo.

Este sistema apenas precisa da água que evapora mas precisa de condições topográficas especiais e raras, em que haja uma grande diferença de altitude numa curta distância.

Portugal tem boas condições em Alvarenga, no Rio Paiva (ver o estudo de Afonso Sousa Soares, 1986), com capacidade para armazenar energia suficiente para toda a electricidade que consumimos durante a noite.

Por isso, não nos podemos preocupar com o futuro pois o recurso natural está lá, em Alvarenga.


Um comentarista falou em dessalinizar água do mar e bombeá-la para montante.

No geral, não existem junto ao mar boas condições geográficas para construir barragens reversíveis pelo que esta questão não se coloca. No caso de haver, num local onde não haja água doce, a água do mar pode ser bombeada directamente para cima, salgada!

 

A dessanilização da água do Mar para usar na agricultura em Odemira não é económico.

Em Odemira ou em outro qualquer local do Mundo porque fica muito caro.

Por exemplo, "para os regantes de Alqueva (...) o preço da água em alta pressão é de 0,059€/m3 e de 0,032€/m3para a baixa pressão (...), para abastecimento público é de 0,045€/m3 e para abastecimento
industrial é de 0,06€/m3" (ver).

Dessanilizar tem um custo de 0,60€/m3 à saída da fábrica (ver) que é 20 vezes o custo de tirar água de Alqueva.


A agricultura não é rentável com água a 0,60€/m3.

Para produzir milho são precisos 7000 m3 que terão um custo de 4200€ mais o custo da distribuição da água. E o milho vale para produzir 3000€.

Nem estufas dá.

Dá para beber porque as pessoas não olham ao custo. basta ver que há pessoas que bebem água que vem de Vergèze, no sul da França (as garrafinhas de perrier).

 


A agricultura tem que se mudar para onde há água.

A agricultura tem que se adaptar ao clima, ao terreno e á disponibilidade de água.

É errado produzir bananas em Portugal e maçãs no Brasil.

É errado transportar água ou dessalinizar água do mar para fazer agricultura no deserto.

Em Odemira existe água disponível para 10 mil ha, existem terrenos, o clima é bom, usa-se o que há.

2 comentários:

Silva disse...

Milho? Para quê milho quando é preciso oliveiras e após a colheita mecanizada das azeitonas (olival super intensivo e em fila), semeiam-se favas e/ou tremoços que serão apanhadas na Primavera (favas) e Verão (tremoços), pois estas culturas são culturas de sequeiro, ou seja, só precisam dumas chuvas no Inverno. Estas também enchem o solo com nitrogénio.

Em último caso existem cactos tipo figo da índia que obviamente não precisam de muita água.

Nuno disse...

A Iberdrola está a construir o aproveitamento do Alto Tâmega com bombagem entre Daivões e Gouvães. São 650 metros de desnível e 3 barragens com 1158 MW.

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