quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A e-scooter é a maior inovação no transporte de passageiros dos últimos 100 anos.

Os ecologistas defendem que só podemos andar a pé.

Dizem essas pessoas que deveríamos viver próximo dos locais de trabalho, laser, estudo, etc. de forma a ser possível deslocarmo-nos apenas a pé.

Também os bens e serviços que consumimos também deveriam ser produzidos próximo de nós para não haver necessidade de os transportar.

Isto não faz qualquer sentido porque as pessoas têm gostos e capacidades diferentes e dão valor à diversidade de bens e serviços. Além disso, há bens que têm de ser obrigatoriamente produzidos longe de nós como, por exemplo, as bananas (que precisam de calor) e os cereais (que precisam de vastas pradarias que apenas existem no "novo mundo").

Se existem 100000 marcas e modelos de vestuário, não é  possível costurar todos no mesmo local. Bem sei que o Mao Tsé Tung defendia "um mesmo modelo, do mesmo tamanho e da mesma cor, feito do mesmo material para todos" mas a uniformização dos modelos não é o caminho para a felicidade das pessoas (que é o que a sociedade como um todo deve procurar).

Também a existência de economias de escala obriga a que certos bens sejam produzidos num local e distribuídos para todo o mundo. Todos nós já ouvimos falar dos processadores produzidos em Taiwan  e na Coreia do Sul e utilizadas nas máquinas feitas um pouco por todo o mundo.

Também bens como "ver a Torre Eiffel" e "comer peixe grelhado à beira mar" apenas são localmente produzidos (ver com os próprios olhos a Torre Eiffel obriga a deslocar a Paris).

Também as discotecas não podem ficar no mesmo local em que as pessoas dormem!!!!

Se alguém for feliz em ver ao vivo o seu "clube do coração", mesmo que viva no estádio, vai ter de se deslocar porque metade dos jogos são em locais distantes (como equipa visitante).


Para sermos felizes, as pessoas, bens e serviços têm de se deslocar.

Parece estranho eu "perder tempo" a explicar que somos mais felizes se nos pudermos deslocar e se os bens e serviços se deslocarem mas, na mente dos ecologistas, isso não é claro.

Tentei ensinar a alunos de letras, que todos ganhamos se exportarmos bens de "tecnologia intensiva" para África e importarmos de lá bens "de mão de obra intensiva". Não só nós europeus ganhamos (teremos acesso a bens pouco sofisticados a preços baixos) como ganham os africanos por terem acesso a bens de elevada tecnologia que não são capazes de produzir. 

Perguntei-lhes também porque quando vamos ao supermercado existem 100 marcas diferentes de detergente da roupa. Acontece que umas pessoas preferem cheiro a lavanda e outras cheiro a sabão. Também na gelataria há gelados de chocolate, de morango, baunilha e pistácio e vende-se de tudo. Isto traduz que as pessoas são diferentes nos gostos, preferências e capacidades.

Chamaram-me neo-colonialista, racista, xenófobo e fui despedido!!! Sim é verdade, ser professor em Portugal é hoje tão perigosa como o ser no Irão estando a diferença apenas no facto de as "verdades" em Portugal não serem as mesmas que as "verdades" no Irão.


Vamos ao que interessa, à movimentação das pessoas.

As pessoas não têm bem noção disso mas a primeira "invenção" nos transportes foi a domesticação do  burro que aconteceu há cerca de 7000 anos na África Oriental, para os lados da actual Etiópia / Sudão.

O burro foi uma grande inovação porque pode transportar um passageiro (ou uma carga de 60kg, ainda hoje o café se mede em "sacas" de 60 kg) a uma velocidade idêntica à de um humano, 4 a 5 km/h.

Claro que podem dizer "um humano consegue caminhar 60km num dia, exactamente a distância percorrida por um burro" mas a frase está incorrecta, deveria ser dito "há alguns humanos, poucos e bem treinados, que conseguem percorrer 60km num dia, de longe a longe" enquanto que, em cima de um burro, qualquer pessoa consegue percorrer essa distância, todos os dias.

Fig. 1 - Pedi ao Gabinete de Mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa para meter uma ciclovia por baixo da linha de comboio da Ponte 25 de Abril.

Pode parece estranho, mas a roda só foi descoberta 1500 anos depois da domesticação do burro.

A roda obriga a haver uma estrada pavimentada enquanto que o burro caminha pelo mesmo caminho que o humano.

Antes da roda foi inventada a "carroça de arrasto" que já era um melhoramento importante. Reduz em 75% a carga suportada pelo burro com a perda de haver atrito que, posteriormente, a roda veio a diminuir. Arrastar a carga sobre uma vara (um carro rudimentar) tem muito menos atrito que arrastar a carga e continua a permitir andar em caminho não pavimentado.

O Cantinflas viajava sempre assim!

Fig. 2 - Arrastar a carga em cima de uma vara diminui a carga suportada pelo burro em 75%.


A Câmara Municipal de Lisboa respondeu-me.

Disse que a ponte era da Lusopontes.


A Lusopontes respondeu-me.

Disse que a ponte era da Infraestruturas de Portugal.


A Infraestruturas de Portugal respondeu-me.

Num email extenso tentou provar ser impossível meter uma ciclovia na ponte. Gostei do cuidado tido na resposta, pessoas educadas. 

Se a ciclovia não pode ser por baixo por i) ter uma plataforma técnica e ii) a ponte ter de ter 70m até à água.

Fig. 3 - Tabuleiro da Ponte 25-de-Abril.

Mas se reduzissem 0,15cm em cada faixa de rodagem e aproveitassem a margem que ainda existe entre a faixa de rodagem e os cabos de suspensão, cabe uma ciclovia com 1m de largura em cada sentido.


Fui buscar estatísticas ao INE sobre passageiros em 2019 (ver Quadro III.37).

Relativamente aos transportes rodoviários de passageiros, 80% das viagens são urbanas/suburbanas nas quais cada português fez 45 viagens no ano, com um percurso médio de 5,8 km e em veículos com taxa de ocupação de 18,1%.

Em média, um autocarro de 50 lugares leva o motorista mais 9 passageiros! As pessoas pensam que os autocarros andam sempre cheios por causa do "enviesamento do observador": nos autocarros cheios andam mais pessoas (e nos vazios não anda ninguém) pelo que a maioria das pessoas observa que os autocarros andam cheios quando a realidade é o contrário.


Porque andam os autocarros vazios, dão tanto prejuízo e os passageiros estão insatisfeitos?

Porque a pessoa i quer-se movimentar do ponto Ai para o ponto Bi no momento Hi e, como as pessoas são diferentes, esses pontos e momentos são diferentes. O autocarro tem de recolher múltiplas pessoas com necessidades diferentes o que obriga a pessoa a andar a pé até apanhar o transporte e a ter de utilizar um horário que não é o pretendido.

O transporte tem um preço monetário, por exemplo, 0,50€/viagem a que temos de acrescentar um preço "psicológico" por ter que percorrer parte do percurso a pé e por ter que se ajustar ao horário. 

Na tentativa de satisfazer os passageiros (diminuir o "preço total" da viagem), tem de haver muitas carreiras e com elevada frequência de passagem o que torna a taxa de ocupação muito baixa e o sistema deficitário.


Porque a trotinete é revolucionária.

1 = É um transporte individual que pode ir exactamente do ponto Ai para o ponto Bi no momento Hi.

2 = Em ambiente urbano é muito rápido. Faz 25km/h enquanto que os transportes rodoviários fazem apenas 10km/h.

3 = Ocupa pouca via. Uma rua normal de cidade de 6 m de largura permite dois sentidos com 3 vias para cada lado, o que acomoda um tráfego de 6 mil trotinetes por hora. Em termos automóveis, a via não permite mais de 500 veículos por hora.

4 = Ocupa pouco lugar de estacionamento. Um lugar de estacionamento de um automóvel ao longo da via tem 2,2m de largura e 6 m de comprimento. Neste mesmo espaço cabem 25 trotinetes e ainda sobram 50 cm para alargar o passeio.

5 = Pode-se facilmente carregar até casa. Comparando com a bicicleta, a trotinete é fácil de transportar no elevador (o comprimento está dimensionado para caber em todos os elevadores) e pode ser transportado mesmo pelas escadas (pesa entre 12kg e 14kg enquanto que a bicicleta pesa mais de 20 kg).

6 = Gasta menos energia que os transportes públicos. O consumo médio de uma trotinete, medido na tomada, é de cerca de 1,5kwh/100km (ao preço de 0,20€/kwh, dá 0,03€/km) o que é equivalente a 0,5 litros aos 100 km. O autocarro gasta cerca de 2 litros aos 100 km por passageiro.

7 = Tem custo total muito baixo. 


Eu comprei a trotinete para experimentar a sensação.

Não tinha necessidade nenhuma mas queria avaliar este novo modo de locomoção. Comprei uma marca barata, Awovo pro, que, em termos físicos, é perfeita. 

Já posso dizer que sou um trotineteiro experiente pois já percorri 2187km. Nos meus percursos variados, em cidade, em estradas nacionais (Já fiz Aveiro-Ovar, Ovar-Espinho na N-109; Ovar-Torreira, Ovar - São João da Madeira e Oliveira de Azemeis na N-327 e muito mais, só ainda não andei em auto-estrada!) e mesmo em terra batida, aconselho a 100% pneus maciços. Apesar de tremerem um pedaço, é altamente aborrecidas ter um furo a 10km de casa e custa pelo menos 15€ remendar o pneu.

Pensei eu que o "brinquedo" não ia prestar, que eu não me iria conseguir equilibrar em cima da coisa e que não seria possível fazer viagens úteis mas enganei-me completamente.

Faz-se no meio da cidade, mesmo em hora de ponta, facilmente uma viagem de 8km em 30 minutos o que de autocarro demora uma hora e a pé 2h e deixa-nos cansados. 

O único problema que tive foi com a bateria mas deram-me uma nova que eu meti em paralelo.

Para quem não quer correr riscos nem experimentar marcas desconhecidas, no meu intender e sem ter experimentado, a melhor solução actual é a XIAOMI Mi Pro 2 que tem boa potência, 300W, muito boa autonomia. 

Uma pessoa com 80kg, para entrar em rotundas, vencer as subidas e arrancar no semáforo precisa de 300W. E consegue, com facilidade, atingir 35km/h que é a velocidade máxima aceitável para viajar numa trotinete em segurança (o máximo que fiz foi 40km/h, em piso muito bom, e fiquei assustado).

A autonomia tem de ser "exagerada" porque o vendedor dá valores optimistas e vai diminuir ao longo da vida da trotinete. Por exemplo, uma pessoa que faz um percurso num sentido de 7,5km e tem de voltar sem carregar precisa dos 45 km anunciados pela XIAOMI Mi Pro 2. Os 45 km anunciados são 35 km reais. Pensando que ao fim de 500 cargas a capacidade está reduzida a 50%, estamos a falar de 17km em "fim de vida", uma pequena margem relativamente aos 17km de "fim de vida" da bateria.
Quem fizer 15 km/dia, 6 dias por semana, "esgota" as 500 cargas em cerca de 4 anos. Se a autonomia for menor, também a bateria irá durar menos tempo.

Consegue-se hoje XIAOMI Mi Pro 2 por 480€ na Worten. 

A XIAOMI Mi Pro 2 só tem um problema, é que tem um "rated power" de 300W e nos comboios só permitem o transporte de trotinetes com "potência máxima contínua" de 250 W. Actualmente não há problema pois não está regulamentado como se mede a "potência máxima contínua" e se é a mesma coisa que "rated power" mas ninguém sabe como será o futuro mas não estou a ver o pica a ver o modelo para garantir que a potência é 250W e não 300W.


Não aconselho trotinetes mais potentes.

Mais potencia leva o preço para os 800€ a 1000€ e não compensa porque "é proibido transportar nos comboios", têm muito mais peso (já não se conseguem carregar pelas escadas) e estão muito mais sujeitas a serem roubadas!!!!

Além disso, não é seguro andar a mais de 30km/h. digo isto porque já tive um acidente a cerca de 18km/h e a coisa é perigosa (levei 3 pontos no sobrolho).


Aconselho a que experimente.

A minha primeira experiência foi com uma trotinete "alugada" mas que estava desligada. Sim, as trotinetes andam mesmo que não a aluguemos. montei-me em cima de uma de dei ao pé a ver se me equilibrava. 

Depois, aconselho a que experimentem uma já eletrificada e que, nos primeiros 500km, andem a uma velocidade máxima de 15km/h.

Finalmente, nunca, em qualquer circunstancia, retire uma das mãos do guiador. Se precisar tirar a mão, pare primeiro pois se não parar, vai malhar no chão com a cabeça (que foi o que me aconteceu).

Fig. 3 - Há muitas coisas que se podem fazer só com uma mão mas andar de trotinete não é uma dessas coisas.

Imaginemos uma cidade 20x10 km2.

Uma cidade rectangular com 20 km de comprimento e 10 km de largura, com as ruas formando uma rede perpendicular.


Fig. 4 - A cidade de Lisboa cabe num rectângulo 20km x 10km

Imaginando que as pessoas estão uniformemente distribuídas pela cidade e que se deslocam de um qualquer ponto A para outro qualquer ponto B, escolhidos de forma uniforme, o percurso médio será de 10km (em 80% dos casos será < 15km).

Se a pessoa caminhar a 4km/h, cada viagem média vai precisar de 2h30m.

Se for utilizada uma trotinete a 15km/h, cada viagem média vai precisar de 40m e em 80% dos casos menos de 1h.

Fig. 5 - Distribuição das distâncias percorridas 

Vamos agora meter uma linha de BUS a cortar a cidade.

A linha de BUS vai cortar a cidade a meio no sentido do comprimento, havendo uma paragem a cada 1000 metros. Neste caso, a distância média percorrida a pé reduz-se para 5,5 km e o percurso médio de BUS será de 6,7 km. 

Se a pessoa caminhar a 4km/h e o BUS viajar a 15km/h, cada viagem média vai precisar de 1h50m (sem contar com o tempo de espera na paragem).

Para reduzir a distância média percorrida a pé para 1000m, terá de haver 10 linhas de BUS espaçadas 1000 metros entre si. Neste caso, o tempo da viagem média reduz-se para 42m (sem contar com o tempo de espera na paragem), mesmo assim, superior ao tempo da viagem de trotinete porque esta vai evitar andar a pé (vai exactamente deste a origem até ao destino).

Ao haver mais linhas, a frequência terá de ser menor (o tempo de espera na paragem será maior) e a taxa de ocupação acabará por ser pequena, o que encarece o sistema de transportes colectivos.


Eu a mandar, metia uma ciclovia na Ponte 25 de Abril.

Para meter uma ciclovia na Ponte 25-de-abril existem duas soluções técnicas.

Na primeira solução técnica, reduz-se as actuais 6 faixas de rodagem, 3 em cada sentido, para 5 vias mais uma ciclovia com dois sentidos (cada pista com 1,6 m de largura). Esta solução é simples de implementar mas acanhada porque reduz uma faixa de rodagem para os automóveis e apenas permite uma ciclovia com 3,2m de largura.

Na segunda solução técnica, suspende-se sobre o canal do comboio um novo canal com 7,5 m de largura e 3,5 m de altura, o que permite manter as actuais condições de tráfego rodoviário e rodoviário e acrescentar uma ciclovia com capacidade para 12000 veículos por hora. 

O canal da ciclovia começaria a descer numa rampa com 6% de inclinação ficando os acessos distantes dos acessos rodoviários à ponte. 

O percurso seria de 4km e o atravessamento demoraria de cerca de 10 minutos.


O problema é que não há decisores políticos audazes.

Portugal não cresce porque estamos sempre no mesmo marasmo.

Mais autocarros, mais linhas de metro, mais barcos mas de tudo que meta dinheiros públicos mas nada de soluções audazes e que poderiam fazer a diferença.

Meter uma ciclovia na Ponte 25 de Abril? Preferem falar numa terceira ponte ou num TGV onde vão ser enterrados milhares de milhões de euros.


sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Afinal, de que trata a Ciência Económica?

Fala-se muito de Economia e de Ciência Económica mas o que é isso?

Eu fui acusado de ser racista e despedido porque referi numa aula a alunos de letras que nos países africanos as pessoas são pobres enquanto que nos países da OCDE são ricas.

Mas todos sabemos que, apesar de haver pobres nos países da OCDE e ricos em África, o africano médio é pobre (tem acesso a poucos bens e de baixa qualidade) e "ocidental" médio é rico (tem acesso a maior quantidade de bens e de melhor quantidade).

Claro que ninguém se acredita no que acabo de relatar mas aconteceu mesmo.

A Ciência Económica procura compreender porque existem sociedade pobres em oposição às sociedades ricas.

Vamos ver se consigo dar alguma intuição para o problema (o que não é fácil).


1 = O valor resulta dos gostos do consumidor.

Eu entro numa frutaria. 

Eu gosto mais de umas frutas do que de outras o que, em termos económicos, traduz que dou mais valor às frutas de que gosto mais.

O valor sendo subjectivo, está profundamente escondido no nosso cérebro. Desta forma, quando entro na frutaria, ninguém sabe a que frutas dou mais valor. 

Vamos supor que dou mais valor às maçãs do que às pêras. Apesar de à entrada ninguém saber desta minha preferência, quando faço a compra, revelo os meus gostos. 

Vamos supor que as pêras estão a 1,00€/kg.

A) Em termos qualitativos, se as maçãs estiverem 1€/kg, eu ao comprar maçãs revelo que prefiro as maçãs às pêras. Dou mais valor às maçãs mas ainda ninguém sabe quanto mais.

B) Vamos aumentando o preço das maçãs. Se eu comprar maçãs até um preço de 1,50€/kg e se a 1,51€/kg ou mais eu passar a comprar pêras, em termos quantitativos, estou a revelar que o valor que dou às maçãs é 1,5 vezes o valor que dou às pêras.

Se uniformizarmos o valor das pêras como 1, para mim, as maçãs valem 1,5.


2 = Numa economia eficiente, os bens são consumidos por quem lhes atribui maior valor.

Na frutaria há 300 kg de pêras e 700 kg de maçãs que vão ser consumidos por 1000 pessoas, 1kg por pessoa.

Vamos supor que o valor das pêras é uniformizado a 1 e que cada pessoa dá um valor às maçãs relativamente às pêras, por exemplo, 1,32; 1,56; 1,22; 0,96; 0,74: 1,20; 0,85; ...; 1,29; 1,23. Como já vimos, uma pessoa que dá às maçãs o valor relativo de 0,74 compra maçãs quando o preço está relativamente inferior a este valor e pêras quando está superior.

Agora, tenho de atribuir a fruta de forma a ser máximo a soma dos valores individuais. Assim, será óptimo atribuir os 30 kg de pêras às 30 pessoas que atribuem menor valor às maçãs.

Numa simulação que construí no Excel, o valor é uniforme entre 0,30 e 1,70. Se atribuir aleatoriamente a fruta, o valor médio será 1 enquanto que se atribuir as maçãs a quem lhes atribui mais valor, a média será 1,14.


Parece simples mas é muito complicado.

Na simulação, serão atribuídas maçãs a quem lhes dá um valor superior a 0,70. Uma pessoa com valor 0,90 atribui maior valor às pêras mas vai ficar com maçãs pois há menos pêras.

Isto traduz que, se numa fila indiana (será racismo dizer fila indiana?), perguntar às pessoas "Maçãs ou pêras?", a entrega não vai ser óptima pois todas as primeiras com valor inferior a 1 vão querer pêras quando estas apenas devem ser entregues às pessoas com valor inferior a 0,70.

Mas complicado se torna se houver muitas frutas diferentes. Se, por exemplo, houver 100 frutas diferentes, cada pessoa terá um valor diferente para cada uma das 99 frutas (as pêras têm o valor 1).

Desta forma, o socialista que vai entregar as frutas tem de conhecer os 99 valores atribuídos por cada uma das pessoas (havendo 1000 pessoas, será preciso conhecer 99000 valores). Depois, é fácil fazer as contas que fazem resultar da entrega da fruta o máximo o valor possível.

 

E onde entra o dinheiro das pessoas?

No exemplo apenas considero a compra da fruta contra dinheiro mas cada agente económico faz compras e vendas. A maior-parte de nós vende trabalho e compra bens e serviços.

Podemos então estender o problema considerando quantidades positivas (as compras) e quantidades negativas (as vendas).

Uma pessoas decidem vender mais trabalho tendo, assim, mais rendimento que lhes permite comprar mais bens enquanto que outras decidem vender menos trabalho tendo, assim, menos rendimento, comprando menos bens.

A restrição orçamental obriga a que a soma de tudo o que vendemos tenha de ser igual à soma de tudo o que compramos (mais a poupança/endividamento).

A soma das poupanças das pessoas é exactamente igual à soma do endividamento das pessoas. Se alguém poupa, terá que alguém se endividar e vice-versa

 

Mas pode um país ser rico sem produção?

Claro que não.

A produção é um "problema da transformação". A produção é a destruição  de alguns bens (aquisição de inputs) para produzir outros bens (venda de outputs) a que os consumidores atribuem maior valor. 

Vamos supor que uma pessoa dá um valor de 1,00/kg de maçãs, 1,00/kg de açúcar e 1,50/kg de doce de maçã. Então, transformando 1kg maçãs + 1kg açúcar em 2kg de doce de maçã, aumentamos o valor de 2 para 3.

A relação de transformação traduz a tecnologia.

A economia são milhares de milhões de decisões individuais que têm de ser compatíveis



A economia de mercado.
Há milhões de bens e serviços, milhões de processos produtivos e milhões de trabalhadores / consumidores e, para a economia ser eficiente, é preciso conhecer os gostos de cada um relativamente a cada bem e as tecnologias disponíveis.
A única forma de nos aproximarmos da eficiência é havendo um sistema de preços (e salários) onde vão ser compatibilizadas as possibilidades de produção, as tecnologias e os gostos das pessoas.
Para uma economia ser rica é necessário que o mecanismo de preços funcione bem, não havendo preços determinados de forma administrativa pelos governos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Fala-se novamente na Energia Nuclear mas já não faz sentido

Durante anos fui defensor da Energia Nuclear mas não mais faz sentido fazer centrais nucleares.

Se decidíssemos hoje fazer uma central nuclear e as pessoas estivessem maioritariamente convencidas que era o melhor para Portugal, com projecto, avaliações de impacte ambiental e construção, não estaria a funcionar antes de 2030.

O investimento total numa central de 1000 MW seria na ordem dos 7000 milhões €. Esse investimento seria então amortizado em 60 anos, resultando um encargo (com taxa de juro de 2%/ano) de 200 milhões € / ano.

Assumindo uma "carga" de 85% do tempo, estamos a falar num custo de 0,03€/kwh a que temos de acrescentar 0,01€/kwh para combustível e funcionamento.

No total, conseguiríamos electricidade a 0,04€/kwh, o que é um valor bastante baixo.

Fig. 1 - No últimos 365 dias, na Península Ibérica a electricidade foi transaccionada a uma média de 0,1896€/KWh, variando o preço ao longo do dia.

Qual é então o problema?

Esqueçamos o armazenamento dos resíduos e o risco de acidente.

O problema é ser um investimento de longo prazo o que introduz atraso na resposta ao problema de HOJE e introduz risco tecnológico!

Por um lado, apenas haveria produção em 2030 quando precisamos de energia hoje mesmo. Por outro lado, seria necessário pagar 0,04€/kwh até 2090, podendo haver inovações tecnológicas que tornem este valor demasiado elevado.


O risco tecnológico vem dos painéis solares.

Vamos supor que o investimento solar é de X€/KW, que a produção é de 1250h/ano, que a amortização é em 20 anos com uma taxa de juro de 2,5%/ano e que os custos de manutenção são 20%.

Para termos um custo menor do que os 0,04€/kwh da energia nuclear, o valor do investimento terá de ser inferior a 625€/kwh e, por incrível que possa parecer, nos dias de hoje o investimento já é ligeiramente inferior a este valor.


Tenho então que concluir em favor da energia solar.

Pois se hoje o custo solar se compara ao custo nuclear e a tendência do solar é descer, pensando num horizonte temporal até 2090, com toda a certeza que a electricidade produzida com painéis solares vai ficar bastante mais barata que a produzida com centrais nucleares.


Mas a electricidade nuclear é diferente da electricidade solar!

Apesar de electricidade ser sempre electricidade, como bem económico, não é bem assim. 

Ambas as tecnologias são "não controláveis", isto é, não é possível o gestor da rede decidir aumentar ou diminuir a quantidade produzida em função das necessidades. Mas as tecnologias são "contrárias", a electricidade produzida numa central nuclear é em quantidade constante ao longo do dia e da noite enquanto que a electricidade produzida com painéis solares só está disponível enquanto há luz solar.

Se houvesse apenas energia nuclear, seria preciso "destruir" energia durante os períodos de menor consumo (durante a noite) enquanto que se um dia houver apenas energia solar, será preciso armazenar energia durante o dia e durante o verão para gastar durante a noite e durante o inverno.

A energia solar obrigará a controlar o mercado do "lado da procura" (quando houver pouca eletricidade, o preço terá de ser superior) porque armazenar energia tem custos.


Uma solução económica e ecológica para armazenar calor para o Inverno.

Os países do Norte da Europa precisam de calor durante o Inverno. Vamos supor uma comunidade com 1000 casas em que cada casa gasta 10kw em aquecimento durante 6 meses. Estamos a falar de 45000 MWh o que é uma imensidão de energia para guardar em baterias (corresponde a 1 milhão de baterias de 45KWh).

Mas podemos guardar toda essa energia num "poço" com 60 metros de diâmetro e 100 metros de profundidade, cheio de granito britado. Durante o Verão e nas horas em que há produção excedentária de electricidade solar, o granito vai ser aquecido a uma temperatura na ordem dos 650.º C. Depois, durante o Inverno, a energia acumulada vai ser utilizada no aquecimento das casas. 

Tecnologicamente simples, não utiliza recursos naturais importantes, não tem impacte ambiental significativo e é bastante económico.

É preciso pensar em soluções deste tipo para podermos, no futuro, utilizar mais a energia eléctrica com origem solar pois no Inverno e de noite, não há luz solar.

Fig. 2 - Da mesma forma que os nossos governantes querem vender gás natural à Alemanha sem sermos produtores, também podemos utilizar mega solários para produzir electricidade solar durante a noite.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O que a Liz Truss tentou fazer no Reino Unido não é liberalismo, é socialismo

A nova primeira-ministro do UK tentou descer impostos e fracassou.

Como o governo do UK é conservador, vieram logo os nossos esquerdistas, onde se inclui o Pacheco Pereira, gritar "Perguntei à Iniciativa Liberal se o que se está a passar não é o que eles defendem como a solução para Portugal".

Os da IL nada disseram porque são "filhos" deste blog e eu ainda não expliquei verdadeiramente o que é o liberalismo e como isso não tem nada a ver com diminuir os impostos das empresas e dos que ganham mais.

Para isso, vou usar como exemplo a "habitação".


1 = Um estado totalmente não liberal.

O Estado constrói as casas onde bem entende, reparte as casas pelos candidatos como bem entende, cobra a mensalidade que bem entende.

Agora, temos duas situações quanto ao financiamento. 

Na primeira, existe "equilíbrio orçamental" em que os custos das casas são integralmente pagos pelas rendas. 

Na segunda, existe "défice orçamental" em que os custos das casas são parcialmente pagos pelas rendas e outra parte são pagos por um "imposto" sobre os lucros das empresas onde os residentes trabalham.

Em qualquer das formas de financiamento, não existe liberalismo porque é o Estado quem decide a localização, a atribuição e o financiamento. 

Fig. 1 - Liberalismo é deixar a criança brincar na lama (mesmo que não gostemos).


2 = Um estado totalmente liberal.

São os particulares quem decide onde vão ser localizadas as casas, cada comprador decide onde quer morar e quanto está disponível para pagar de mensalidade. 

Todas estas decisões são tomadas de forma livres e individual com com restrições. Por exemplo, a escolha livre de um individuo que ganha 1000€/mês não tem a mesma liberdade que a escolha de outro indivíduo que ganha 10000€ por mês.

Digamos que é como comparar o caracol com lagartixa. Ambos têm total liberdade para se deslocarem mas o caracol tem mais restrições (anda mais devagar, não pode circular em superfícies secas nem pode apanhar sol directo).


3 = Um estado parcialmente liberal.

O estado vai limitar a liberdade do indivíduo com "regulamentação". Por exemplo, vai limitar a altura dos edifícios a 22,5 m e a profundidade das caves a 10m.

A regulamentação faz sentido quando existem "falhas de mercado" (vou já explicar com um exemplo) mas, geralmente, não faz sentido.

Mesmo quando faz sentido, a ciência económica prova que deve ser feita com "grandezas do mercado".

No exemplo, a Câmara Municipal impor ao construtor do imóvel uma taxa crescente com o número de pisos é economicamente melhor do que proibir a construção em altura.


Vejamos um exemplo numérico (valores razoáveis).

A construção de um imóvel de um piso é 800€/m2.

A construção em altura tem um sobre custo de 5% por piso. 

A Câmara Municial cobra uma taxa por m2 que aumenta 50€/m2 por piso. 

O aumento dos custos e a taxa traduz que os edifícios com mais pisos ficam mais caros:

Fig. 2 - simulação do custo total de cada piso


Numa área nobre da cidade onde os imóveis valem 3000€/m2, o promotor irá fazer edifícios com 1+19 pisos, já noutra área onde valem apenas 1000€/m2, o edifício já só terá 1 + 2 pisos.

Se o decisor político quiser edifícios mais baixos, aumenta o valor da taxa.

A imposição de uma taxa é economicamente mais eficiente do que a proibição porque: 

A) Nos locais de maior valor serão construidas mais casas (e nos locais de menor valor menos casas)

B) O dinheiro recebido pelo Estado vão ser usados na construção de parques, vias de comunicação, equipamentos sociais e ainda na ajuda às pessoas com menores recursos.

C) O sistema está menos sujeito a corrupção.


Mas o que é uma falha de mercado?

No Mar existem peixes e se se pescarem muitos peixes num ano, no ano seguinte não haverá peixes. Se a pesca for livre e houver muitos pescadores, os peixes não têm tempo para crescer e se reproduzirem e podem mesmo desaparecer.

Os automóveis a velocidade elevada causam acidentes cujo prejuízo não é totalmente pago pelo automóvel. Se, por exemplo, atropelam e matam um peão, não existe forma de compensar esse prejuízo. Mesmo quando o ferido é o condutor, causa despesa nos hospitais. Desta forma, o Estado impõe limites à velocidade máxima dos veículos.


A Liz Truss não é liberal.

Pretendia descer os impostos das empresas e das pessoas com rendimentos mais elevados mas nunca falou em dar mais liberdade aos cidadãos.

Por exemplo, no Reino Unido pode-se andar em trotinetes partilhadas mas é proibido andar em trotinetes particular (alguém é capaz de imaginar um argumento válido para esta proibição?). A Liz não veio dizer que esta proibição vai acabar.

Se as proibições e regulamentos sobre as empresas e os particulares se mantinham os mesmos, não podemos dizer que o plano da Liz é liberalizante.

Pelo contrário, a Liz Truss é socialista pois pensa que havendo défice público, vai estimular a economia. Isto não é mais do que o "multiplicador keynesiano" tão invocado pelos socialistas e que está mais do que provado que não existe. Um estimulo económico público hoje tem como efeito o aumento da inflação e das taxas de juro e um futuro aumento dos impostos.


Ser liberal não é diminuir impostos mas diminuir as proibições.

Na União Soviética não havia impostos. Não havia IVA, IRS, ISP nem imposto sobre o tabaco.

Na Coreia do Norte ainda não há impostos.

E estas economias são totalmente não liberais, isto é, o indivíduo não pode decidir onde vai trabalhar, o que vai fazer, o que vai consumir, onde vai morar ou como se vai deslocar. 


Os da Iniciativa Liberal têm-se enredado no IRS e nas contas do estado.

Concentram o liberalismo em "IRS de 15% para todos" e no Orçamento do Estado e perdem-se.

A agenda liberal tem de passar pela identificação das proibições que não fazem qualquer sentido.

Têm de perguntar "Porque é proibido fazer edifícios 50 pisos?" e nunca aceitar "Porque é assim há muitos anos", "Porque eu quero assim" ou "Porque acho os edifícios feios".

Não basta descer o IRC para incentivar o investimento, é preciso acabar com as proibições.

sábado, 15 de outubro de 2022

Pedi à Câmara de Gaia uma ligação para trotinetes na Arrábida

O problema da micro-mobilidade é que os decisores políticos andam de carro.

No longínquo 1988 fui mineiro, melhor dizendo, fui "trainee mining engineer" numa empresa sul-africana. Uma coisa que aprendi é que regularmente o engenheiro tem de ir à frente de trabalho usando os mesmos meios de um mineiro pois só assim consegue identificar os problemas destes trabalhadores.

Com a micro-mobilidade (bicicletas e trotinetes) passa-se o mesmo, o decisor político apenas consegue melhorar o sistema global de transportes se utilizar todos os meios que gere.


Vejamos o exemplo do TGV e comparemos com o IC-19.

Os decisores políticos andam a grande velocidade, com batedores em mota, excedendo largamente os limites de velocidade do cidadão normal. Sendo assim, a sua visão está concentrada na velocidade.

Em Lisboa no IC-19 / A - 37 que liga Lisboa a Sintra ao longo de 16 km. Nesta via circulam uma média de 200 mil pessoas por dia (enquanto que entre Porto e Lisboa circulam 20 mil pessoas por dia) que  nas horas de ponta demoram bem mais de uma hora a percorrer. Esta velocidade média é menor do que a velocidade de uma viagem em bicicleta ou trotinete e os decisores políticos não se preocupam porque não andam por lá!!

Os autocarros em Lisboa transportam uma média de 400 mil passageiros por dia a uma velocidade média de 10km/h (demora 40 minutos a fazer uma viagem de 7km).

Vamos supor que uma decisão política qualquer diminuía o tempo médio de viagem nos autocarros lisboetas em 5 minutos, isso compararia com a diminuição do tempo de viagem entre Porto e Lisboa em 100 minutos!!!!!!!!

No entanto, os esquerdistas querem enterrar milhares de milhões de euros numa linha ferroviária Porto e Lisboa onde circulam menos de 20 mil pessoas por dia. E além disso, vai ser um buraco de prejuízos (não há no Mundo nenhuma linha de TGV que seja rentável). 

Voltemos à trotinete / bicicleta.

Estive a estudar como poderia ir desde o Porto até ao Arrábida Shopping de trotinete. Estudei mapas e descobri um caminho bom que liga a Rua do Campo Alegre ao shopping (são apenas 1700m).

Do lado Poente toma-se a Travessa de Estrecampos e do lado Nascente toma-se a Rua da Gólgata.

O problema é do lado de Gaia pois o passeio / berma não tem continuação, acaba contra o Rail!!!!

As pessoas correm o risco de andar na via rápida para poderem entrar no passeio já em cima da ponte onde existe uma pequena fresta entre o rail metálico e o rail de betão.

Fig.1 - Ligação pedonal entre a Rua do Campo alegre e o Arrábida Shopping

O que pedi à Câmara Municipal de Gaia.

Pedi que faça a ligação entre o passeio/berma nascente da Ponte da Arrábida à Rua Manuel Moreira Barros.

Essa ligação pode ser logo feita no princípio da rua ou por uma rampa o início do viaduto.

Basta cortar uns arbustos, meter uma máquina a nivelar e compactar as terras e despejar um bocado de cimento.

Com muito pouco investimento vai ser possível melhorar em muito a micro-mobilidade na travessia  poente do Douro.

A ligação foi interrompida quando há 30 anos a ponte passou de 2 para 3 faixas e nunca mais foi reposta porque, no entretanto, nenhum engenheiro / doutor fez aquele percurso a pé ou de bicicleta.

Falta em Portugal a cultura do decisor "ir ver no terreno", coisa que aprendi com os anglo-saxónicos.

Fig.2 - Ligação pedonal entre a Ponte da Arrábida e a Rua Manuel Moreira Barros


O vereador da mobilidade deveria meter-se numa trotinete.

Fosse em Lisboa, Porto ou na mais remota das terriolas, o vereador deveria meter-se numa trotinete e ir dar uma volta pela sua cidade. Só ai é que poderia ganhar consciência de onde estão os problemas.

Onde está o empedrado que não deveria estar, onde estão os buracos que deveriam estar tapados, onde é preciso colocar parqueamento e locais de carregamento para os micro-veículos (sim, as trotinetes  e bicicletas eléctricas também precisam de ser carregadas, não são apenas os carros eléctricos).


Agora tenho uma questão!

Será que as bicicletas/trotinetes podem circular nas vias rápidas?

Vamos imaginar o IC-19 / A-37. Vamos supor que se alargava 2 metros de cada lado e metia-se ali uma ciclovia separada dos carros com um rail de betão. Nas entradas/saídas, metiam-se semáforos. 

Talvez fosse possível e seria uma obra muito mais mais barata e importante para diminuir o tempo médio que as pessoas gastam em viagens do que meter milhares de milhões de euros para se poder ir do Porto a Lisboa em 1h15m. Chegados a Lisboa, gasta-se uma ou duas horas a ir da Estação do Oriente ao Rossio.

Fig. 3 - O meio sonho é fazer pirâmides, como os estúpidos do CHEGA não deixam, faço TGVs.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Será que as pessoa congelam se não tiverem aquecimento?

Aproximamo-nos do tempo frio e há falta de energia.

Vivemos um crise energética que se traduz, junto do consumidor, pelo aumento do preço. A questão que se coloca é, se a Rússia cortar totalmente o gás à Europa Ocidental, as pessoas poderão viver sem aquecimento?

A resposta é "Com certeza que sim" mas vestidos com roupa com 10 cm de espessura:

Camisola interior + camisa + três camisolas + 2 anorakes;

4 pares de ceroulas + 2 pares de calças;

Meias e pantufas;

Barrete;


Vejamos as contas.

Vou considerar a temperatura mais extrema possível dentro de uma casa, 30 graus negativos, e ver o balanço energético.

Perdemos calor quando respiramos a aquecer o ar que expiramos. Respiramos cerca de 600 litros por hora, cada litro tem 1,3g de ar e um calor específico de 0,24kcal/g.

A respirar perdemos cerca de 15W.

Perdemos calor através da  pele, o que protegemos com roupa. Usando 10cm de roupa (bem sei que é muito), com uma perda de 0,05kW/m/ºK, perdemos 60W. 

Somando as duas parcelas, dá 75W o que, traduzidos em calorias por dia, são 1600 kcal por dia, mais do que a energia que um adulto usa diariamente.


Com roupa grossa, os esquimós aguentam o rigor do inverno dentro de uma casa feita de gelo. 


Conclusão!

Roupinha no corpo poupa dinheiro, evita emissões de CO2 e é eficaz a afastar qualquer frio.

E roupa não me falta.


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