sexta-feira, 31 de março de 2023

A inteligência Artificial não contém nenhum perigo.

Nos Lusíadas há um personagem, o Velho do Restelo, que tem medo do progresso.

Esta personagem é um representante da humanidade contra o empreendedor audaz.

Milhares de pessoas foram condenadas à morte por proporem ideias novas, talvez o mais famoso tenha sido o filósofo Sócrates, executado porque alguns alunos o acusaram de, com os seu método de ensino, corromper a juventude. Sim, foram os alunos que o acusaram.

Agora que surgiu um site, o ChatGPT, que responde a questões colocadas em linguagem natural, surgiram vozes a dizer "Meu Deus, parem com isso pois a humanidade está em risco".


Mas afinal o que é a Inteligência Artificial?

É apenas estatística. 

Existe um procedimento (a que chamam algoritmo) que agrega a informação disponível, e um critério de decisão. Depois, com muitos dados, resulta  uma regra estatística de decisão.


Vejamos um exemplo simples. 

Tenho de chegar ao emprego às 8:30 (por cada minuto atrasado, tenho de trabalhar 2 minutos) e posso apanhar o comboio das 7:00 ou o das 7:15.

A minha decisão vai ser "Apanhar o comboio mais cedo faz-me levantar 15 minutos mais cedo mas apanhar o mais tarde, obriga-me a trabalhar mais. Se a diferença for maior do que 10 minutos de trabalho, vou no comboio mais cedo".

Vamos à inteligência artificial.

Ao longo dos dias, registei o comboio e a hora a que cheguei ao trabalho (alguns exemplos de dados):

Agora, com estes dados, o computador calcula um facto estatístico:

Se apanhar o comboio das 7:00 tenho, em média, de trabalhar mais 3,6 minutos.

Se apanhar o comboio das 7:15 tenho, em média, de trabalhar mais 17,3 minutos.

Se apanhar o comboio mais tarde tenho então de trabalhar mais 14,7 minutos do que se apanhar o comboio mais cedo.

Como o meu limite são 10 minutos, a Inteligência Artificial vai decidir que tenho de apanhar o comboio das 7:00.


A Inteligência Artificial não me obriga a nada.

Diz que, usando os dados que eu lhe forneci e o critério que eu explicitei, o melhor é eu apanhar o comboio das 7:00. No entanto, posso apanhar o comboio das 7:15, consciente de que estou a violar o meu critério.


Identificação de impressões digitais.

O nosso telemóvel reconhece as impressões digitais o que cai dentro da Inteligência Artificial. E essa facilidade não se nos parece nada perigoso.

Quando encostamos o dedo ao leitor, um processamento de imagem vai identificar pontos notáveis (centro, bifurcações, ilhotas, pontas soltas). Depois, centra a imagem no "redemoinho central" da impressão digital e, em termos relativos, calcula a distância de alguns pontos notáveis a esse centro. Vamos supor que calcula 5 distâncias com 3 casas decimais. Então, a impressão digital vai ser, por exemplo, condensada no número 564.347.254.343.034.

O telemóvel não pode guardar o "nosso" número pois poderia ser copiado.

Mas precisa guardar qualquer coisa para, no futuro, conseguir validar que somos nós a meter o dedo. 

Vai guardar um número transformado com uma função a partir de 564347254343034 mas que não é este número. Vamos supor que a função são os primeiros 15 dígitos do logarítmico. Então, o telemóvel vai guardar 339666908771514. 

Se alguém conseguir copiar esse código e inseri-lo no telemóvel como a minha impressão digital, como vai ser calculado o seu logaritmo, não vai conseguir validar-se porque o resultado será 334589865732548, diferente do que está gravado.


Os computadores há muitos anos que fazem coisas impossíveis aos humanos.

Podemos usar o multibanco porque a máquina consegue ler um código secreto que está no nosso cartão, aceder a uma base de dados distante que tem milhões de registos e comunicar de forma segura com essa base de dados em fracções de segundo.

Quando fazemos uma pesquisa de uma palavra num documento Word e, de forma mais intensa, quando fazemos uma pergunta ao Google, a nossa palavra é comparada com milhares de frases quase instantaneamente, o que é impossível de fazer aos humanos.

Quando um jogo calcula a trajectória de uma bola de ténis para parecer realista (obdecendo às leis da física), realiza numa fracção de segundo cálculos que demorariam milhares de anos a um engenheiro (e resmas de papel).


Com mais dados, melhores algoritmos e mais poder de cálculo, a Inteligência Artificial diz coisas aparentemente mais humanas.

A capacidade das máquinas (de que o nosso cérebro é um exemplo) resulta do somar de muitos processos simples. Se o computador consegue articular milhares de milhóes de regras, vai-nos parecer inteligente.

O nosso cérebro e o da mosca da fruta tem neurónios idênticos mais somos mais capazes que a mosca porque temos um milhão de vezes mais neurónios (apenas).

Se eu tiver muitos dados, por exemplo, a informação sobre todos as decisões judiciais tomadas pelos tribunais portugueses nos últimos 10 anos, algoritmos mais capazes de partir o texto em frases com significado e agregar essas frases, mais poder de cálculo para combinar e relacionar as milhões de frases, mais capaz será o computador de responder às nossas perguntas.

Mas o mais complexos e potente dos computadores é menos capaz do que o cérebro da mosca, é diferente, consegue realizar operações algébricas que a mosca não consegue mas é computacionalmente menos capaz (não consegue realizar um voo, com reconhecimento óptico dos obstáculos, num espaço diminuto como a mosca faz).

Como o computador consegue fazer coisas que os humanos não conseguem (consultar bases de dados enormes e realizar milhares de milhões de cálculos numa fracção de segundo), parece que são mais inteligentes que a mosca mas ainda estão muito, muito, muito longe.


Não devemos ter medo do ChatGPT pois sabe pouco.

Existem sites que têm exemplos de programas em várias linguagens de programação, bem estruturados, com perguntas e respostas. Então, como o ChatGPT tem acesso a essa informação, consegue programar bem. Por exemplo, eu não consigo programar em Assembler mas, se fizer uma pergunta, obtenho uma resposta boa (o compilador faz melhor trabalho e não é "inteligente").

Mas eu fiz um teste um pouco mais difícil e o ChatGPT falhou completamente. Questionei-o sobre uma técnicas de judo e não conseguiu dizer nada. O Google (e o youtube) conseguiram mostrar informação muito mais rica, focalizada e informativa sobre as minhas dúvidas de judo do que o ChatGPT.


No meu cálculo, serão precisos muitos e muitos anos.

O cérebro humano tem 100 mil milhões de neurónios, cada neurónio tem 10000 ligações e cada ligação tem a capacidade de 10000 transístores. Temos então de ter um computador com 100x10000x10000 mil milhões de transístores. A manter-se a duplicação da densidade dos transístores a cada 26 meses, o que ninguém sabe se é possível, esse computador apenas vai aparecer no ano 2100.

Se há tantas pessoas más (penso que a maioria), capazes de invadir países, matar milhares de pessoas ou, apenas, no dia a dia fazer pequena maldades como atropelar propositadamente ciclistas ou piões na passadeira, não devemos ter medo de, no ano 2100, haver carros que atropelam de forma propositada ciclistas. Essa maldade já existe, todos os dias ouvimos falar de assassinatos, violações, assaltos, insultos e não são feitos por computadores.

E existe o consolo de, até 2100, mais de 90% da população actualmente viva ir morrer de outras causas que não a inteligência artificial (e ninguém se preocupa, por exemplo, pedindo "Não nasçam mais crianças porque vão estar condenadas a morrer").

Este morreu mas continua a haver muitos estalines espalhados um pouco por toda a parte.


Deixo uma pergunta sobre a guerra russa.
O Putin começou a invasão da Ucrânia em princípios de 2022  com 120 mil soldados. Em meados de 2022 arranjou mais 300 mil soldados e, agora, vai arregimentar mais 150 mil.
Será que os 420 mil soldados já morreram?

quarta-feira, 29 de março de 2023

Dizer que o atacante teve um surto psicótico prejudica os esquizofrénicos

Em Lisboa, um homem atacou 3 à facada matando duas mulheres.

Quando houve a Invasão da Academia do Sporting, os jovens energúmenos foram tratado como terroristas. Não tinham armas, não professavam nenhuma ideologia esquisita, apenas se deixaram tomar pela paixão e foram acusados de terrorismo.

Agora, um homem entra numa comunidade religiosa minoritária, esfaqueia quem lhe aparece pela frente matando duas mulheres que não representavam qualquer ameaça física para o atacante e é apenas um "crime comum de alguém tomado por um surto psicótico".


Eu dou assistência a um esquizofrénico.

O Zé Alberto é fisicamente forte, trabalhava numa fábrica e, pouco depois dos 30 anos, teve um surto psicótico muito grave, esteve internado um mês no "manicómio" e, depois, passou a ambulatório. Como não é capaz de controlar a medicação, desde então, todos os meses vai ao centro de saúde tomar uma injecção para controlar a doença.

A família, com medo, meteu-o na rua, a segurança social atribuiu-lhe uma pensão que actualmente vale 300€/mês e meteu-o numa pensão a 100 metros de minha casa pela qual o próprio paga 120€/mês. Actualmente tem 54 anos e continua na pensão. Vai comer à Misericórdia, dou-lhe roupa que compro nos ciganos ou encontro no lixo, lavo-lhe a roupa e dou-lhe comida quando o descontrolo não lhe permite ir à Misericórdia comer dou-lhe também terapia.


Sim, dou-lhe terapia porque as "vozes" respeitam-me.

O Zé Alberto tem muitos surtos psicóticos, dentro da cabeça dele existem muitas pessoas, principalmente mulheres, que o insultam, não posso repetir aqui o que ele relata pois, por relatar coisas muito menos graves, fui despedido (se eu disser o que ele ouve, irão dizer que fui eu que disse, como fizeram os meus alunos de letras). Posso apenas dizer que as mulheres o insultam naquilo que lhe mais dói (sobre a sua sexualidade) e os homens o ameaçam de morte.

Sim, os alunos são perigosos, este atacante esfaqueou o seu professor e, em 2020, em França, os alunos contrataram um tchetcheno para decapitar o professor Samuel Paty. Vendo bem as coisas, até tive sorte.

Em frente a minha casa há um parque e, muitas noites, estou a ver televisão e ouço-o gritar contra pessoas imaginárias. Desço e mando-o subir um pouco para conversarmos. Interessante que as vozes "respeitam-me", assim  que começo a falar, as vozes calam-se e ficam caladas pelo menos 24 horas.

Ontem esteve aqui em casa e, porque acha que está a ficar muito velho, estive a pintar-lhe o cabelo.

Agora mesmo fui à janela e ele está lá em baixo a guardar carros a ver se arranja um eurito (porque o guardador "oficial" foi almoçar).


Vejam agora o problema. Será que estou em perigo?

Se alguém mata outros à facada e vêm todos dizer "coitadinho, foi apenas um surto psicótico", quer dizer que as pessoas esquizofrénicas, porque sofrem muitos surtos psicóticos, são um perigo para as outras pessoas!!!!!!!

Como os nossos dirigentes pensam que o povo português come os sorvetes

Eu ando no judo há 12 anos.

Sei muito judo e, apesar de ter quase 60 anos, tenho 75 kilos de força bruta. Por exemplo, tenho um colega de judo que tem 40 anos, 100kg de peso e pratica várias horas de boxe por semana e dou cabo dele em três tempos (ele sabe pouco judo, começou há 6 meses).

A questão do judo é que se eu não tivesse confiança física no que sou capaz, não poderia receber o Zé Alberto em minha casa.

Algumas vezes, quando está num estado mais perturbado, o Zé Alberto tenta agarrar-me não sei com que intenções mas eu esquivo-me e domino-o numa fracção de segundo. Eu penso que ele é gay mas fiquemos por aqui.


Precisamos ter confiança física.

No outro dia estava a falar com uma pessoa sobre o judo que me disse "Eu desvio-me assim que vejo algum perigo potencial, por exemplo, não vou ao parque à noite" mas isso é excluirmo-nos de muitas situações que, afinal, não têm perigo nenhum.

As crianças e jovens precisam de ter confiança física para crescerem de forma saudável, não podem viver com o medo constante de serem vítimas de bulling.

É altamente negativo viver com medo e, para isso, temos de ter confiança no nosso físico.

Se as vítimas soubessem artes marciais talvez hoje estivessem vivas. Bem sei que, mais dia, menos dia, todos iremos morrer, mas quanto mais tarde melhor.


E agora?

Como vão actuar as pessoas que dão assistência média e social a pessoas com problemas mentais?

quinta-feira, 23 de março de 2023

E preciso alojamento para os alunos do ensino superior.

As universidades são em cidades e os alunos estão deslocados.

Todos os concelhos têm ensino secundário pelo que os alunos estão em casa com os pais mas, quando entram na universidade, a situação altera-se, havendo necessidade em ir para uma escola longe de casa.

O problema actual é que alguém que não precisa de um alojamento decidiu que o estudante não pode residir "sem dignidade".


No meu tempo.

Quando cheguei ao Porto, fui viver numa garagem, sim, numa garagem, juntamente com outra pessoa. Estive lá um mês e, depois, a minha mãe foi chorar aos serviços sociais, sim, literalmente, e consegui ir para uma residência universitária.

Nessa residência, cada quarto tinha 3 ou 4 pessoas e um dos meu colegas de quarto e de curso vinha de um alojamento em que estavam 25 estudantes num T2, sim, 25 pessoas num apartamento com 2 quartos.

Nesse tempo, a maior parte do povo safava-se com as "velhotas" que pagavam 0,50€/mês de renda, em casas a cair de podre, e que metiam 3 estudantes (que era o máximo permitido pelo senhorio) para poderem sobreviver. 


Hoje, tudo isso mudou.

As velhotas morreram, as casas foram recuperadas e têm lá pessoas que não precisam de ter hospedes e as residências universitárias "ganharam dignidade", isto é, reduziram substancialmente o número de camas por quarto.

Também os transportes melhoraram, quase todos os estudantes têm carro.

Mas não é a mesma coisa viver próximo da universidade, a 10 ou 15 minutos a pé, ou viver a uma ou duas horas de distância de carro ou de comboio.


Para resolver o problema da falta de alojamentos é necessário diminuir as proibições.

O Isaltino de Morais falou hoje numa das minhas propostas para resolver o problema da falta de habitação: Permitir a construção de habitação na Reserva Agrícola Nacional.

Começaria então por retirar as residências universitárias das limitações do PDM.


Eu enterrava as residências universitárias.

A "minha" ideia de fazer construções sem janelas não é verdadeira minha pois já existe. 

A Munger Graduate Residences na Universidade de Michigan é uma residência universitária com 630 quartos que não tem janelas nos quartos (mas tem janelas na sala).


Os estudantes não se queixam.

Estive a procurar testemunhos e, quem está de fora, diz que é uma prisão mas os estudantes que lá viveram não se queixam da falta de janelas.
Eu, por exemplo, tenho o estore da janela do meu quarto totalmente fechado há mais de 10 anos (a janela poderia estar fechada a tijolo).


Mas há projectos mais ousados.
A Universidade da Califórnia em Santa Barbara tem em projecto uma residência universitária com 4500 quartos com uma área bruta por quarto de 35m2, sem janelas.
Se pensarmos um terreno da universidade, que o custo de construção é de 1000€/m2, amortizável em 30 anos e com uma taxa de juro real de 2%/ano, teremos um custo de capital de 130€/mês por quarto. Se cada quarto tiver dois estudantes, com água, electricidade e internet, teremos um custo  100€/mês por estudante.


Para uma residência com 500 alunos, são precisos 18 milhões €.
Eu fazia a residência enterrada sob uma zona verde ou um estacionamento das faculdades, metia 5 pisos enterrados com 3500m2 de implantação, naturalmente sem janelas, e nem se dava conta de que estava ali uma construção tão importante.


Para resolver problemas novos, temos de usar estratégias novas.
Algures na sua vida, Einstein deparou-se com o problema da "onda-crepúsculo" (a proposta é do De Brogeli). Em termos simples, o electrão, quando se "olha" para ele (quando está parado), é uma partícula mas, quando não se "olha" para ele (quando está em movimento), é uma onda.
Em particular, o electrão não cai no núcleo do átomo porque, enquanto está "agarrado" ao átomo, é uma onda (de energia) e não uma partícula.
Para poder explicar a "onda" em torno do núcleo, Einstein imaginou o electrão como água de um aquário que está em toda a parte ao mesmo tempo. Quando paramos a "onda" a energia condensa-se numa partícula.
A solução matemática para a densidade do electrão (como o electrão se divide no espaço) deve-se a Erwin Schrödinger.
Agora a questão é, onde está o electrão?

O electrão está em toda a parte!!!!
Está em toda a parte ao mesmo tempo mas não com igual densidade. É quase como o nosso cabelo que cobre todo o corpo mas a densidade não é a mesma em todos os pontos da pele.
Da mesma forma que, quando viramos uma panela, a água está em toda a parte, o electrão está em toda a parte mas, como os mortais não compreendem como uma mesma coisa pode estar em vários sítios ao mesmo tempo, Einstein propõe que a densidade fosse interpretada como uma probabilidade. 


Estava criada a Física Estatística.
Na física estatística, a mesma acção pode dar lugar a resultados diferentes.
Parar o electrão faz com que ele apareça em qualquer lado, de forma aleatória.
A física estatística veio resolver muitos problemas da Mecânica Quântica (por exemplo, como o electrão atravessa um isolante) mas, na mente do Einstein, não existe de facto, é apenas um artifício da mente humana em resposta a uma dificuldade de compreensão da Natureza.

E aqui vêm as frases!!!
Einstein trabalhou os últimos anos da sua vida sem nada fazer de útil porque queria destruir a sua física estatística.
Trabalhou, trabalhou, trabalhou mas nunca a conseguiu destruir.
Quando, próximo da morte, se deu por derrotado pelo "monstro que criou" avançou com a razão.

1) Não é inteligente pensar que fazendo a mesma coisa duas vezes, obtemos dois resultados diferentes.
Mas porque é que não é inteligente?

2) Porque Deus não joga aos dados.
Quem o garante?

Morreu antes de o conseguir responder.


O plano do Costa de criação de habitação não vai funcionar.
É que não estamos a falar de Mecânica Quântica em que da mesma acção podem resultar coisas diferentes.
Se há um problema de falta de habitação, não é mantendo os PDMs, a fiscalidade, os mecanismos de loteamento, blá, blá, blá, que o problema vai ser resolvido.


Já ninguém se lembra do Marcelo Caetano.
Nos anos 1950 e 1960 surgiram enormes problemas de falta de habitação nas cidades. O Salazar fez os bairros sociais, permitiu o aparecimento de barracas como solução provisória e, nos anos 1970, o Caetano introduziu a "propriedade horizontal".
Agora, também é preciso fazer algo de diferente a começar por reduzir substancialmente o PDM e a Reserva Agrícola.
Fora dos "centros históricos", o PDM deve pura e simplesmente desaparecer.

terça-feira, 14 de março de 2023

Taiwan, Ucrânia e a guerra nuclear

Estou um bocadinho assustado.

Historicamente, sempre que um país se tornou uma potência, aconteceu uma guerra devastadora. Esse processo histórico está a acontecer com a China.

A China está a ocupar ilhotas à procura de domínio no Pacífico, exactamente o que aconteceu nos anos 1930 com o Japão.

Agora, temos a invasão pela Rússia que vai ser totalmente derrotada se a China não a ajudar massivamente. A ideia escondida da China é trocar a ajuda militar pelos territórios russos da "Ásia profunda".


As ditaduras tomam decisões que não são racionais.

Sempre pensei que a invasão da Ucrânia nunca iria acontecer porque não há nem nunca houve qualquer ganho imaginável para a Rússia pela invasão e anexação da Ucrânia.

Passa-se o mesmo com Taiwan, não há qualquer ganho para a China em invadir e anexar Taiwan (ou a Malásia invadir Singapura). Mas, vendo como me enganei na questão russa, o mais certo é estar enganado e a China ir mesmo aliar-se à Rússia e invadir Taiwan.

Comparando com a Ucrânia, Taiwan tem a vantagem de ser uma ilha mas tem a desvantagem de  não ter "profundidade estratégica", é uma cidade costeira (Thaichug+Chiayi+Tainan+Kaohsiung) virada para a China, com 30 km de profundidade face ao mar e 200 km de comprimento ao longo da costa.


Será que os USA vão defender Taiwan?

Defender Taiwan de um bloqueio naval e invasão por parte da China obriga a tomar medidas de força por parte dos USA que representam uma guerra total. Pior ainda, se a China decidir usar armas nucleares.

Será que os USA vão entrar numa guerra total contra a China, possivelmente usando bombas atómicas? Não sei, tenho mesmo muitas dúvidas que os USA vão defender Taiwan.

Esta questão colocou-se nos anos 1950 aos europeus, "Em caso de um ataque nuclear por parte da URSS será que os USA nos vão defender?" Como a resposta foi "não sei" a França, com 290 bombas atómicas, e o Reino Unido, com 235, decidiram pela "independência estratégica": se formos atacados, não estamos dependentes dos USA para retaliar.

Se Taiwan não consegue resistir a uma invasão chinesa e se têm dúvida que os USA entrem em confronto directo com a China para os defender, só lhes resta a "independência estratégica".


O que é uma bomba atómica?

Em termos práticos, há 2 tipos de bombas atómicas, as bombas de Urânio 235 e a bomba de Plutónio 239. Actualmente, em cada 20 bombas atómicas, 19 são de U235 e apenas uma é de Pu239.


A bomba de U235.

O Urânio natural é formado por dois isótopos, 99,3% é U238 que é inerte e 0,7% é U235 que é activo. Uma bomba atómica precisa que se concentre o Urânio a 95% de U235 o que é difícil de fazer e de esconder. 

A bomba de U235 tem duas vantagem sendo que a primeira é ser estável (enquanto está armazenada não produz calor) e a segunda é não "abortar" durante a ignição.

A massa crítica de U235 é 52 kg mas, com reflectores de neutrões, essa massa mínima pode diminuir para 20kg.


A bomba de Pu239.

Não existe Pu239 na natureza, sendo necessário produzi-lo em reactores nucleares. Dentro do reactor  nuclear,  U238 inerte é atingido por um neutrão e transforma-se em Pu239. Depois, é necessário processar o material para retirar o Pu239.

A bomba de Pu239 tem a vantagem de ser relativamente fácil (?) produzir Plutónio mas tem três desvantagens.

A primeira desvantagem é que juntamente com o Pu239 cria-se Pu240 que é muito activo, produzindo muito calor.  Assim, o armazenamento é difícil pois é preciso refrigeração constante. 

A segunda desvantagem é que, para haver pouco Pu240 misturado no Pu239, é preciso interromper o funcionamento do reactor nuclear a cada 3 meses o que é detectável e muito dispendioso. A forma de resolver isto é usar reactores CANDU.

A terceira desvantagem é que o Plutónio é "muito rápido" o que causa o "abortar" da explosão. 

A massa critica de Pu239 é 10kg (e de Pu240 é 40kg).


O que é o "abortar" da explosão nuclear?

Para acontecer a explosão, o material físsil tem que estar compacto. Assim que a explosão começa, o material aquece e expande-se, deixando de estar compacto. No caso do U235 quando a expansão acontece, já a reacção está "muito bem encaminhada" enquanto que no caso do Pu239, a reacção ainda está no princípio. 

Com a expansão, a reacção nuclear para.

A bomba atómica de Pu239 tem de conter o material confinado da expansão usando um "super-explosivo" de confinamento.


Taiwan tem muito Plutónio mas ...

Tem uma central de reprocessamento de combustível dos seus reactores nucleares, produzindo toneladas de Plutónio mas é "reactor grade", isto é, tem 80% de Pu239 e 20% de Pu240.

Isto explode mas é impossível de armazenar pois produz muito calor. Para termos uma ideia, 20kg de Plutónio 80/20 (que é uma esfera com 10cm de diâmetro) produz 1000 KW de calor o que é uma enormidade, não dá para refrigerar.


Se fosse eu a mandar em Taiwan, o que faria.

Comprava um território à Indonésia, parte da Papua Ocidental e mudava o governo e todas as instituições criticas para o novo território.

Nesse território, podia-se pacificamente declarar como estado independente e, lentamente, criar infraestruturas e mudar tudo para lá.

Na eventualidade de Taiwan ser invadida, os cidadãos poderiam "fugir" para esse novo território.

Eu se mandasse em Taiwan, comprava a Papua Ocidental e refazia lá o país.


sexta-feira, 10 de março de 2023

O aumento nos preços dos produtos alimentares é culpa do António Costa

Subir o salário mínimo e prejudicar a "imigração ilegal" tem custos para os consumidores.

Interessante o esquerdismo defender "escola pública", "transportes de passageiros públicos", "sistema de saúde público" mas não defender supermercados públicos!

Eu penso que os supermercado são mais importantes para a vida das pessoas do que a TAP. Logo, penso eu, existo, o António Costa e demais esquerdistas deveriam fazer supermercados.

Só não os fazem porque, senão, a quem metiam as culpas da sua má governação?

Só restariam os ucranianos.


O esquerdismo é como o catolicismo (e demais religiões).

Meter aqui um bocadinho de polémica.

Esquerdistas e religião são inimigos porque ambos se baseiam (e obrigam os outros a aceitar) em factos falsos. As religiões baseiam-se no "facto" de que Deus existe quando não existe. O esquerdismo baseia-se no "facto" de que é possível dar tudo a todos a todo o tempo e sem custos.

Neste momento, obrigada pelos esquerdistas, parece que a hierarquia da nossa santa igreja tem de reconhecer, pedir perdão e indemnizar por pecados (e crimes) que pessoas cometeram. Mais seria de os obrigar a reconhecer que Deus não existe.

Já os esquerdistas, as mortes causadas directamente pelo Ótelo e associados e, indirectamente, os prejuízos causados pelas políticas erradas que implementam, ninguém precisa de se responsabilizar.


1 = Salário Mínimo

A agricultura dos "frescos" incorpora muita mão de obra pouco diferenciada que ganha salário mínimo. Esse salário é a principal componente do custo de produção agrícola.

Também a distribuição (recolha, preparação, transportes, reposição de prateleiras, operadores de caixa, manutenção das instalações, etc.) incorporam muita mão de obra pouco  diferenciada que ganha salário mínimo.

Em 2015 o salário mínimo era de 505€/mês e, actualmente, é 760€/mês, um aumento de 50%.


E quanto subiram os produtos agrícolas?

Entre 2015 e 2022, o SMN subiu 40% e os preços dos bens agricolas (bens alimentares excepto bebidas) subira 9%!!!!!!!!!!!!!

Chegado a 2022, os produtores agrícolas estavam a sofrer prejuízos enormes,  daí, abateram o gado e abandonaram os campos. Não vi os esquerdistas dizerem que os bens agrícolas estavam baratos de mais, apenas diziam que "subir o salário mínimo não tem qualquer impacto negativo na economia".

A subida que observamos entre o principio de 2022 e agora, ainda não recuperou os aumentos no SMN, ainda falta aumentar 5% e incorporar os futuros aumentos para os anunciados 900€/mês em 2025.

Evolução do Salário Mínimo Nacional e dos preços dos bens agrícolas (dados: INE)

2 = Imigração (ilegal)

Pegar nos 760€/mês, somar a TSU, multiplicar por 14 e dividir pelos dias de trabalho, resulta que o SMN são 60€/jorna de 8 horas. 

Não é rentável, mesmo para os preços aumentados, produzir frutas e horticulas a este salário, PONTO.

Como um trabalhador agrícola no Nepal ganha menos de 8,00€/jorna de 12 h, ficam todos contentes e sentem-se muito bem remunerados se receberem os 60€ do "trabalhador legal" mas trabalhando 12h/jorna. 

Esses 5€/h não é nenhuma exploração nem escravatura porque os trabalhadores vêm de livre vontade e esse valor é o nosso SMN de 2015.

Para termos bens agrícolas a preços de 2015, precisamos desse "trabalho sob condições desumanas e escravo"


O que é a escravatura?

É uma relação laboral em que o trabalhador não pode abandonar o posto de trabalho nem decidir o que faz.

Aquilo que os esquerdistas referem como escravatura (o trabalhador é "obrigado" a trabalhar porque precisa do salário) também se aplica ao empregador (o empregador é "obrigado" a contratar o trabalhador porque precisa do seu trabalho).

Esta "necessidade" é a força que faz a economia funcionar.

A Arábia Saudita vende petróleo porque precisa do nosso dinheiro. Nós vamos ao supermercado e compramos coisas porque quem as vende precisa do nosso dinheiro. Mas nem os árabes nem os do supermercado são nossos escravos.


A falácia da "desintegração".

As Testemunhas do Senhor Jeová vêem o anúncio do fim do mundo em tudo o que mexe. Chove, é o anúncio do fim do mundo, mas se não chove também é o anúncio do fim do mundo.

Os esquerdistas, decompondo os processos produtivos, chegam à conclusão que o peso dos salários nos custos é muito baixo. Vou refazer a conta.

Um agricultor cultiva um campo para produzir milho que dá às suas vacas. Depois, tira o leite e, com ele faz queijo. Finalmente, vai ao mercado e vende o queijo por 1000€. Todo é feito com as suas mãos pelo que o custo de produção é apenas salários, 100%.

Agora, o processo produtivo vai ser dividido. O agricultor "B" paga 200€ ao "capitalista A" pelo terreno e vende o milho por 250€ (o seu salário é 50€, 20% da facturação) ao vaqueiro "C" que vende o leite por 350€ (o seu salário é 50€, 14% da facturação, e paga 50€ ao capitalista pelas instalações) ao queijeiro "D". Este processo continua até o queijo chegar ao consumidor final por 1000€.

No final, A, B, C, D, E, ... vão receber enquanto capitalistas, ficando tudo igual.

Mas se, empresa a empresa, fizermos a média do peso dos salários na facturação, este diminui de 100% para 20% ou menos porque os bens adquiridos (também feitos com trabalho) são considerados como não incorporando salários.


Se SMN aumenta ...

Vai haver aumentos em cadeia ao longo de todo o processo produtivo sendo o resultado final exatamento o mesmo que caso fosse uma única empresa a fazer tudo.

É apenas a falácia de que dividir, baralhar e voltar a dar faz aumentar o número de cartas.

Isso só os mágicos e, todos sabemos, é apenas uma ilusão.


Acabando com um bocadinho de polémica.

Nos anos 1950, 1960, 1970, a ideia era a "libertação da sexualidade" e a Igreja martelava "é um enorme pecado". Agora, a coisa inverteu-se, chegando a ser pedido que uma violação (e cada vez mais coisas se incorpora neste termo) deve ser condenada com pena de morte.

Para alguém que entra numa escola, matar mil crianças, acham bem 25 anos de cadeia. Mas se violar uma ou duas, já se deve aplicar a pena de morte.

Não estou a defender nem ninguém pode, no seu juízo perfeito, defender a violação seja de adultos ou de crianças mas devemos ter como medida que o homicídio é muito mais grave e, por isso, a pena no caso de violação tem de ser menor, muito menor, que no caso de homicídio.

Ou se quiserem mudar o lado da moeda, a pena no caso de homicídio tem de ser muito maior, muito maior, que no caso de qualquer outro crime. Diria que tem de ser pelo menos o dobro.

Se se quer condenar "por uma coisa qualquer que não homicídio" a uma pena de 20 anos de cadeia, a um homicida tem de ser aplicados pelo menos 40 anos de prisão ou o contrário. Não pode é haver nas nossas prisões pessoas condenadas por "burla, fraude fiscal e evasão fiscal" a penas superiores a pessoas condenadas por homicídio.  

quinta-feira, 9 de março de 2023

A invasão da Ucrânia não vai acabar com negociações

Os "peritos da comunicação social" afirmam que uma guerra só acaba com negociações.

Mas estão completamente errados já que a ciência (sim, existe estudos científicos sobre a guerra e a paz) e a evidência, não o mostram.

Vejamos o que diz a ciência sobre a guerra.


A guerra começa quando... 

O país A (atacante) pensa que atacando o país B vai ter um custo Xa0 (em vidas humanas, equipamento, reputação, etc.) e um benefício Ya0 (em ganhos territoriais e de recursos naturais). O país A ataca o país B se pensar que o ganho líquido é positivoYab-Xa0>0.

O país B (atacado) pensa que sendo atacado pelo país B vai ter um custo Xb0 (em vidas humanas e em equipamento) se se defender e um prejuízo Yb0 se perder. O país B defende-se do país A se as perdas da invasão são maiores do que as perdas de não se defender, Xa0-Yab > zero.

X10, Xb0, Ya0 e Yb0 são conhecidos com erro (com informação incompleta)



Durante a guerra. 
Vai sendo revelada informação. 
O país A vai actualizar o que pensa sobre o custo e o benefício da invasão. Se o custo aumentar (Afinal, o país B é mais forte do que pensava) ou o benefício diminuir (afinal, o país B não tem recursos interessantes), o "ganho líquido da guerra" vai diminuir relativamente ao pensado antes da guerra começar.
O país B também vai actualizar o que pensa sobre o custo da defesa e as perdas da invasão. 

A guerra acaba. 
Quando o ganho líquido para o atacante se passar a revelar como negativo. Uso a palavra "revelar" porque o ganho foi sempre negativo mas o país A não tinha informação que o permitisse calcular sem erro.
Sendo que não há ganho em continuar o ataque, o país A vai parar a sua acção beligerante.


E o que faz o país B?
Se o país A acabou com o ataque, o país B não tem prejuízo se terminar a defesa activa. Assumindo que não tem incentivos para atacar o país B, acaba com a defesa activa.

Quando o país B passa a atacar o país A?
Apenas quando a situação se inverte, isto é, a informação revelada durante a guerra diz que o país B tem um ganho líquido se invadir o país A.
Normalmente, a invasão é justificada pelo pagamento de compensações de guerra que podem ser na forma de território (o caso da perda da Alemanha da Prússia Oriental e da RDA para a URSS) ou de futuro fornecimento de bens.

O que vai então acontecer na guerra da Ucrânia.
A Rússia vai tomar consciência de que a invasão da Ucrânia foi um erro total e vai retirar as suas forças.
Fase 1 : A Rússia vai começar por retirar as forças até à linha de 23 Fevereiro de 2022.
Como a Ucrânia vai continuar as hostilidades, decorridas algumas semanas, a Rússia vai recuar para as fronteiras reconhecidas internacionalmente.
Fase 2: A Rússia, decorridos alguns anos, vai acordar pagar compensações de guerra para que sejam levantadas as sanções.
O Ocidente vai ser "meigo" e exigir apenas compensações simbólicas porque, nessa altura, o Putin já não estará no poder. A maioria das despesas de reconstrução serão pagas pelos países ocidentais (UE e USA).

Haverá um situação como nas Coreias.

Nunca chegou a ser declarada a guerra, nunca chegará a ser declarada a paz.

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