Por vezes, é necessário haver apoios públicos a empresas nascentes.
Imaginemos que temos uma carruagem (cheia de passageiros) parada na estação e que a queremos juntar ao comboio que vai passar a 120km/h (sem paragem).
Se deixarmos a carruagem parada no meio da linha, vamos ser trucidados!
A única hipótese de sucesso é pedir ao chefe da estação que nos ajude a ganhar velocidade para, quando o comboio colidir connosco, já estarmos próximos dos 120km/h.
Este é um argumento para haver ajudas de estado ao nascimento e desenvolvimento de empresas consideradas estratégicas. Por exemplo, o mercado dos automóveis é muito competitivo, tecnologicamente avançado e difícil de entrar mas o Cavaco Silva tendo achado que seria estratégico para Portugal produzir automóveis, concedeu apoios de estado para que a Autoeuropa se instalasse em Portugal.
Mas haver apoios do estado não obriga a que a empresa seja de propriedade pública.
Todos os países que apostaram numa economia centrada em empresas públicas empobreceram.
Este empobrecimento acontece por diversas razões sendo a principal a questão dos incentivos. Como o governo é eleito por maioria, não procura a eficiência económica das empresas públicas mas apenas manter-se no poder (agradar à maioria).
Ter mais votos implica sempre atacar poucos (os ricos, o grande capital, os lucros das grandes empresas e os patrões que ganham milhões que paguem a crise) e proteger muitos (os trabalhadores, os reformados, os desempregados, os velhinhos e as criancinhas não contribuíram em nada para a crise).
Vamos ver o que aconteceu com a TSMC.
Até 1987, uma empresa de processadores ou memórias desenhava o chip e, depois, ela própria, produzia esse chip. Era um mercado integrado verticalmente. O mercado era dominado pela Intel nos USA, a Sony no Japão e a Samsung na Koreia do Sul.
Nessa altura apenas a Apple e a AMD não tinham produção de chips, tendo de "pedir ajuda" às empresas concorrentes.
Em 1987 Morris Chang teve uma ideia de negócio, produzir chips em Taiwan sem os desenhar. A empresa tinha por objectivo "desintegrar" o mercado dos chips, abrindo a possibilidade, por um lado, de aparecerem mais empresas de desenho de chips e, por outro lado, a empresa concentrar-se na eficiência do processo produtivo.
Mas a tecnologia era altamente sofisticada e o mercado muito concorrencial.
Em 1987 o processador topo de gama era o Intel 80386 que tinha 275 mil transístores num chip com 104 mm2 (por comparação, uma moeda de 1 cêntimo tem o dobro desta área).
Não seria possível uma empresa partir do nada e começar a produzir chips tão complexos, havia necessidade de grandes investimentos e de aguentar longos anos de prejuízos.
Taiwan deu uma "carta de conforto" mas o dono era o Morris Chang.
Inicialmente, a empresa deu muito prejuízo mas nunca Taiwan imaginou uma "operação harmónio" (como o PS fez na TAP) para reduzir a participação do Morris a zero e o Estado ficar com a empresa.
Com muito investimento, dedicação, sagacidade e apoio, hoje a TSMC é líder de mercado na fabricação de chips.
Em 1987 a Intel conseguia meter 275 mil transístores em 104 mm2, hoje a TSMC consegue meter 30 mil milhões no mesmo chip.
O Morris Chang ficou podre de rico mas isso não interessa.
O que interessa é que a TSMC tem 70 mil trabalhadores bem remunerados, o país Taiwan, a reboque da TSMC privada, é o líder mundial na produção de chips sofisticados e é um país mais rico e seguro por essa empresa estar localizada no seu território.
Sempre que a China ameaça invadir Taiwan, logo os principais líder mundiais dizem "Temos de defender Taiwan por causa da TSMC".
Vamos ver o que aconteceu com a TAP.
A TAP não é nada estratégica para Portugal porque não é uma empresa tecnológica (a tecnologia está nos aviões que são importados), as vendas são principalmente importações (de aviões e de combustível) e não tem potencial para criar um ecossistema tecnológico (os bens e serviços adquiridos em Portugal são de baixa intensidade tecnológica).
A incorporação nacional são refeições horríveis feitas "de plástico" e os salários dos pilotos e dos assistentes de bordo que não têm qualquer potencial de desenvolvimento tecnológico.
Um exemplo do que é estratégico para Portugal?
Temos um importante sector de bicicletas "clássicas", Portugal é mesmo o maior produtor europeu de bicicletas mas a China está a inundar o mercado com soluções tecnologicamente mais avançadas (bicicletas e trotinetes eletrificadas).
Era aqui que se deviam investir recursos públicos, no aumento da tecnológica incorporada nas bicicletas e a expansão para as trotinetes.
O problema é a inveja esquerdista.
Os esquerdistas não aceitam que haja pessoas ricas, mesmo que essas pessoas ajudem a economia nacional.
Para os esquerdistas, o lucro é um pecado capital e, por isso, tudo o que é lucrativo tem de ser propriedade do Estado, passando a dar prejuízo porque faz "economia social".
Reparem que os esquerdistas nunca justificam a nacionalização da TAP dizendo "os privados iriam enfiar a TAP num buraco de 3200 milhões de euros que os contribuintes seriam chamados a pagar".
Não, o contribuinte meteu 3200 milhões na TAP porque havia o perigo de os privados terem lucro.
Mais vale uma TAP, EFACEC, CP, CARRIS, STCP, whatever, a dar prejuízo ao contribuinte do que ter privados a ganhar dinheiro com o negócio.
Como deveria ter sido gerido o problema da TAP.
Quando a TAP foi privatizada pelo Passos Coelho, devia 2126 milhões € (o Estado devia pois era o seu proprietário) e o valor líquido foi avaliado em cerca de 600 milhões € NEGATIVOS.
Vamos supor que estes 600 milhões € negativos eram verdadeiros (penso que o buraco era muito maior), este dinheiro tinha de ser metidos pelo Estado porque era a situação negativa no dia da venda.
No entretanto veio a crise e todas as empresas de aviação tiveram prejuízo.
Vamos supor que a TAP precisava dos 3200 milhões € mesmo se fosse privada. Isso não obrigava a que a TAP passasse a ser de propriedade pública.
O Estado fazia um empréstimo sem ficar proprietário.
O Estado metia na TAP 600 milhões € (para cobrir o buraco) mais um empréstimo de 2600 milhões € à taxa de juro média de remuneração da dívida pública (mais 0.5 pontos percentuais para despesas).
Anualmente, a TAP teria de amortizar o empréstimo num valor igual a 90% do lucro da empresa.
Lembram-se da Ground-Force?
Era uma empresa com problemas mas que era portuguesa, gerida por portugueses e que fazia o seu trabalho. Acontece que os esquerdistas que nos desgovernam decidiram mandar esta empresa à falência o que causou graves prejuízos aos contribuintes (via TAP que perdeu a cota e os créditos que lá tinha). E isto tudo porque o Casimiro tinha lucros e os esquerdistas não aguentam ver povo com lucros.
Tudo, tudo mas lucros não.
Agora, é uma empresa estrangeira, gerida por estrangeiros e o lucro vai para os estrangeiros.
Na mente dos esquerdistas já pode ter lucro porque são estrangeiros e os portugueses ficaram mais pobre.
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