segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Até que ponto o novo presidente da Argentina é economicamente louco?

A Argentina tem novo presidente que se auto-intitula "ultraliberal".

A Argentina é um país enorme, é do tamanho da Zona Euro, mas a sua economia está há muitos anos com muitos problemas. 

Nos últimos 30 anos ter sofrido 3 grandes crises (1990, 2002 e 2020) e a evolução do nível de vida, medido pelo PIB per capita, tem piorado 1.4 pontos percentuais relativamente à média mundial. Desta forma se em 1960 o nível de vida era ligeiramente superior ao dobro da média mundial (210%), actualmente está nos 110%.

Fig. 1 - Evolução do PIBpc da Argentina relativamente à média mundial (dados, Banco Mundial)


Controlar a inflação é fácil mas os políticos não o conseguem fazer.

A inflação é má para as pessoas porque prejudica a comparação dos preços o que leva a conflitos sociais (as pessoas não sabem bem como ajustar os preços e os salários).

Além disso, a inflação faz com que as pessoas possuam menos "notas" o que prejudica as transacções económicas.

Quando há inflação acima do aceitável (entre 1% e 3%), por um choque real como, por exemplo, uma seca ou uma guerra, para diminuir a inflação é necessário diminuir a quantidade de "notas" em circulação o que se traduz por um aperto nas finanças das pessoas através das taxas de juro.

O aumento da taxa de juro faz com que as pessoas consumam menos e, desta forma, haja tendência para que os preços não aumentem por falta de procura.


O problema está no populismo.

Os políticos pretendem ganhar eleições e, pensando os eleitores como crianças desmioladas, prometem dar tudo a todos e durante todo o tempo. Desta forma, o controlo da inflação, principalmente porque um tal Phillips publicou nos anos 1950 um trabalho que relaciona mais desemprego com menos inflação mas que se provou estar totalmente errado mas que se continua a ensinar nas escolas de economia!!!!!, é difícil em países com pouca literacia económica.

Surge então a ideia de darmos a moeda a outra organização, no caso português, ao Banco Central Europeu. Desta forma, o problema da taxa de juro é causado pela Lagarde e o governo populista nada pode fazer para mudar as coisas.


Está aqui o problema da inflação na Argentina (e em demais países como a Venezuela).

A Argentina tem como modelo de estabilidade económica o Dólar Americano e, por isso, pensa combater a demagogia financeira passando a usar o dólar como nós usamos o Euro.

Depois, a culpa das taxas de juro serão do Banco Central Americano.


E onde vai a argentina arranjar dólares?

A Argentina tem um PIB nas ordem dos 500 mil milhões de USD e precisa cerca de 10% deste valor em circulação, isto é, 50 mil milhões de USD.

Mas não tem problemas porque o FMI empresta este quantitativo sem juros.

De facto, isto não é um empréstimo porque não se traduz em bens e serviços pelo que, em termos técnicos, se denomina por "cedência de liquidez". Estas notas são impressas pelo Banco Central Americano e cedidas ao FMI que as cede à Argentina.

Um dia que a Argentina decida abandonar o USD, terá de devolver ao FMI as "notas".


A Argentina já usou o USD e falhou porque também tem riscos.

Como deixa de ter política monetária, terá de haver uma gestão mais rigorosa dos salários e preços que serão denominados em USD.

Se, como tem acontecido em Portugal nos últimos anos, o governo tentar que os salários aumentem de forma administrativa, os preços em dólares vão aumentar o que prejudica as exportações, desequilibrando a economia.

Havendo, no futuro, uma crise, terá de haver um ajustamento em baixa dos salários o que também não é politicamente fácil.

Fig. 2 - Só tirando a roupa é que se sabe no que vai dar

1 comentários:

Silva disse...


Espero que Milei implemente, rapidamente e em força, reformas estruturais:
1º Abolição do salário mínimo
2º Liberalização dos despedimentos
3º Abolição dos descontos
seguindo-se ainda outras reformas estruturais, e, obviamente a permissão da circulação de moeda estrangeira, tanto ao nível comercial como ao nível laboral.

O investimento estrangeiro irá começar a entrar em grande escala, com a entrada de dólares e outras divisas nomeadamente euros e reais brasileiros, moeda uruguaia e chilena também.

Não emitir mais pesos argentinos e ir queimando essa moeda à medida do possível (já agora seria bom que fossem queimando reais brasileiros, pesos uruguaios e chilenos).

A possibilidade de criação de riqueza aumentaria significativamente reflectindo-se também nas contas públicas, sendo possível mais tarde eventuais operações com o FMI ou mesmo com os próprios EUA.

Apenas uma nota pelo que vi na televisão, Milei diz que é a favor do comércio livre, mas espero que não caia na esparrela do comércio livre com países comunistas e apenas com os países " tendencialmente normais".

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