Como sabem o governo da AD é escudado em sábios catedráticos de economia.
Esses sábios afirmam uma cadeia de eventos "virtuosa" que levará irremediavelmente Portugal a uma economia mais forte.
Menos IRC e IRS => Mais Investimento e mais Consumo => Mais indústria => Economia forte => mais salários.
O problema é que, apesar desses sábios serem catedráticos de economia, essa cadeia de eventos está totalmente errada. Vejamos ponto a ponto onde estão os erros.
Menos IRC e IRS => Menos receita fiscal => mais Défice => Captar as poupanças privadas.
Se o Estado diminuir o IRS e o IRC em 1000 €/dia, terá imediatamente uma diminuição da receita fiscal em 1000€. Mantendo-se a despesa pública, o Estado passa a ter défice de 1000€/dia que tem de financiar recorrendo às poupanças dos privados.
Claro que os sábios dizem "Mas no médio/longo prazo, aumenta o investimento ..." mas não é verdade pois o médio/longo prazo está dependente do que acontece no primeiro dia.
Vamos supor que os privados poupam 2000€/dia. Essa poupança vai para o investimento que será de 2000€/dia.
Mas o dinheiro que poupamos não fica nos bancos?
Em termos simplistas, as pessoas pensam que poupar é meter dinheiro no banco (ou no colchão) mas poupar é comprar bens que não têm consumo imediato. Por exemplo, comprar um frigorífico é poupar (e investir).
O banco é apenas intermediário, separando a poupança do investimento. Eu poupo 250€ em notas (faço a poupança), o banco empresta essas notas a outro que compra o frigorífico (faz o investimento). Estranhamente, mesmo que o banco guarde as notas no cofre, outros mecanismos vão entrar em funcionamento de forma a que o investimento aconteça (o Banco Central Europeu emite 250€ de novas notas até que o banco tire as notas do cofre).
Como "Verdade Absoluta da Economia", o Investimento é sempre igual à Poupança, nem mais nem menos um cêntimo (podendo ser involuntário, pelo aumento do inventário).
Savings = Investments
Os privados poupam 2000€/mês que são canalizados para o investimento.
Mas o Estado reduziu a receita fiscal em 1000€/dia. Como os privados foram "apanhadas de surpresa", amanhã vão poupar 3000€.
O problema é que amanhã o Estado vai precisar de se endividar em exactamente 1000€ para cobrir o défice. Desta forma, o Investimento continuará a ser 2000€ como hoje e em todos os dias anteriores.
Se antes a conta era Savings = Investments agora passa a ser:
Savings = Investments + Públic Deficit
Não percebo como os catedráticos não sabem disto que até tem um nome: Crowding Out.
Amanhã
Apesar de os privados terem rendimento aumentado, de tal levar a mais poupança dos privados, esse aumento vai exactamente para financiar a redução na despesa pública, ficando o investimento exactamente igual.
E o consumo não aumenta?
Se o investimento não aumenta e se as pessoas não estão disponíveis para trabalhar mais, amanhã o nível de produção vai ser exactamente igual pelo que o consumo não pode aumentar.
Se o consumo aumentar, será à conta de uma variação involuntária do inventário, reduzindo o investimento relativamente a hoje (ou de importações que têm de ser pagas).
Apesar de os privados terem rendimento aumentado e de tal levar a mais poupança dos privados, esse aumento vai exactamente para financiar a redução na despesa pública, ficando o investimento e o consumo exactamente iguais.
Ficou quebrada a implicação "Menos IRC e IRS" => "Mais Investimento e mais Consumo"
Ao não se verificar esta implicação no dia seguinte à descida do IRS e do IRC, também não acontecerá no dia a seguir ao seguinte e, repetindo o raciocínio, nunca acontecerá.
O que vai acontecer é uma "ilusão" em que os privados pensam que têm muitas poupanças mas, como o Estado está a acumular dívida pública que também pertence aos privados enquanto contribuintes, o saldo é nulo.
Mais uma vez, não compreendo como os catedráticos em economia não o sabem já que até tem um nome, é a Equivalência Ricardiana.
O objectivo será Menos IRC e IRS => Reindustrialização => Ficamos todos ricos
Quando compramos um bem, por 1000€, seja um televisor, um telemóvel, um painel solar feito na China, pensamos que a industria China se apropria desses 1000€. Mas a grande maior parte desse valor vai para as empresas de serviços que desenharam esse bem através de pagamento pelas patentes e direitos de autor.
Dos 2020,25€ cobrados pelo iPhone 15 Pro Max de 1TB na Worten, o IVA de 377.77€ que vai para o Estado mais a margem da loja, soma mais do do dobro do que vai para a industria chinesa que o produzir.
China 330 € (produzir leva 16%)
Apple 983 € (desenhar leva 50%)
Loja 330 € (vender leva tanto ou mais que fazer)
IVA 378 € (para pagar os suplementos)
Total 2021 € (preço pago)
Como não tenho credibilidade, preciso armar-me com dados.
Fui ao Banco Mundial buscar informação sobre Industry (including construction), value added (% of GDP); GDP per capita (constant 2015 US$) e Population, total e calculei as média de cada país para os anos 2018-2022. Depois calculei o logaritmo do PIBpc e lancei num gráfico juntamento com a reta de tendência (W-MMQ sendo o ponderador a população).
Não há qualquer razão entre a industrialização e o desenvolvimento.
Alguém consegue ver alguma tendência significativa capaz de explicar a diferença no nível de desenvolvimento dos países?
Não.
Apesar de, em média, o aumento de 1 ponto percentual em industrialização leve a um aumento de 1% no PIB per capita, não é significativo dada a oscilação dos valores (o nível de industrialização apenas explica 0,9% da variância do PIBpc).
A França (com 16.9% de indústria) tem o mesmo nível de desenvolvimento que o Japão (com 28.6% de indústria) e muito maior que o nosso português (com 19.1% de indústria).
Os USA tem menos indústria (com 17.8%) e é muito mais desenvolvido do que nós portugueses.
Vou ainda falar um bocadinho de produtividade.
A produtividade calcula-se dividindo o PIB pelo número de pessoas que estão empregadas. Agora fui ao INE e retirei as variáveis
População empregada com idade entre 16 e 74 anos (Ajustada de sazonalidade - N.º) por Sexo; Mensal
Produto interno bruto dados encadeados em volume (B.1*g) (Base 2016 - €); Trimestral
Dividi o PIB pelo número de pessoas empregadas no último mês de cada trimestre.
Depois de 8 anos de discurso do António Costa... vamos a caminho da bancarrota.
Podem não acreditar mas os dados não mentem, a produtividade hoje por pessoa empregada é exactamente igual ao que era em Julho de 2012.
Decorridos 12 anos, está tudo na mesma.
Com estes dados, como pode o Montenegro só falar em baixar impostos, dar complementos a tudo que mexe, meses extras de pensões e abonos, dizer que vai resolver os problemas da saúde valorizando os médicos, blá, blá blá, blá?
Estamos à beira do precipício de paredes íngremes, do abismo, a caminho do despenhadeiro e a banda continua a tocar com a letra "Gasta, gasta, gasta" (até já pareço do PS, cruzes canhoto).
E do Pedro Nuno que parecia um samurai mas que, afinal, é um Dalai Lama.
Punha as pernas dos banqueiros alemães a tremer, em 2012 expulsava o Seguro do PS se este fizesse algum acordo com a PSD, e agora é velo mudo e calado.
Diz umas coisas de circunstância e fica-se por ai.
Penso que é a medicação que o está a tornar impotente.
Larga essa merda camarada e vai à luta contra o grande capital e a exploração do povo pelo patronato.