segunda-feira, 5 de agosto de 2024

As toxicodependências não têm solução policial mas medicamentosa

Os presidentes de Lisboa e Porto pensam que resolvem os problemas das drogas com mais polícias.

Dizem eles que os problemas de falta de segurança em resultado das toxicodependências que se vivem em Lisboa e Porto se resolvem com  mais 100 polícias municipais. Eu acho interessante pessoas que se pensa serem inteligentes continuarem a apostar numa táctica que tem mostrado aos longos dos anos que não resolve nada. É que até dentro das forças policiais e, como água no mar, nas cadeias há problemas relacionados com as dependências de drogas.

A toxicodependência é um problema de saúde mental semelhante ao suicídio. Se perguntarem a um fumador ou a um obeso se quer morrer mais cedo do que as outras pessoas, ele dirá que não mas a mente não permite que o corpo mude de vida.

Quando perguntaram às crianças que hoje são drogados em estado caquéctico "O que queres ser quando fores grande?", tenho a certeza que nenhum respondeu "Quero ser um drogado, ter o corpo podre, a cheirar pior que o Lázaro na sepultura, defecar na rua, viver sem abrigo, passar fome e frio, ter tuberculose, sida e hepatite, perder os dentes todos, guardar carros e prostituir-me para ganhar qualquer para comprar a dose e, aos 30 anos parecer que tenho 80."

Não, a mente traiu essas crianças.



Eu dou apoio a um esquizofrénico.

Dou-lhe roupa e sapatos que encontro (volta e meia, tem uma crise e deita a roupa  toda fora alegando que larga ou apertada), lavo-lhe da roupa, arranjei-lhe a incapacidade multiusos que lhe dá um complementozito na reforma e faço-lhe "psicoterapia".

A questão dele é "Vou deixar a medicação porque isto que tenho é bruxedo. É que eu fui saudável até aos 26 anos e, de repente, comecei a ouvir vozes e a pensar que tinha super poderes. Foi feitiço negro de uma bruxa qualquer."

Pois eu tenho de o convencer que tem apenas uma doença. Que não tem culpa nenhuma nem ninguém tem culpa, como há pessoas que sofrem de reumatismo, o cérebro dele não funciona bem é melhora com a medicação. E essa doença do cérebro sempre existiu, mesmo quando era criança, mas só se começou a revelar aos 26 anos. Digamos que é como o reumático que só se revela quando temos de fugir de um cão que nos persegue.

A droga é igual, as pessoas não querem a degradação do corpo e da vida mas não têm forças para lutar contra isso.


A drogaria é uma doença que tem cura com medicação.

A droga que mais "acalma" o cérebro do dependente é a Cocaína e, por causa disso, é a que causa mais dano no drogado e na sociedade (depois do tabaco e do álcool).

Mas o "dano total" causado pela cocaína tem de ser dividido em "dano químico" e "dano económico". 

Acontece que o "dano químico" é uma pequena parte do "dano total". O grosso do dano no drogado e na sociedade é o "dano económico" em que o drogado tem de roubar, matar e esfolar para poder "acalmar" o seu cérebro, num caminho suicida e destruidor de tudo o que o rodeia.

Uma dose de cocaína são 0,2g e tem um preço de 10€. Um drogado consome entre uma e cinco doses por dia o que dá um custo entre 300 e 2500€ por mês que compara com o Rendimento Mínimo, RSI,  que são 237,25€/mês. Sendo assim, um drogado tem de arranjar dinheiro em algum lado e ai é que surge o "dano económico" pois tem partir os vidros dos carros, assaltar caixas de esmolas, tem de roubar para alimentar a doença.

Vamos supor que o Zé Maluco não tomava a medicação (como muitas pessoas defendem alegando que os medicamentos psiquiátricos causam mais mal do que bem), empurrado pelas vozes que o atormentam, transformava-se num potencial assassino, capaz de cometer crimes hediondo.

Toma uma injecção mensal de Haldol (que tem um preço de meia dúzia de euros) e evita estar internado num manicómio ou na cadeia que tem um custo para o contribuinte de 60€/dia.

Quando tem crises, grita, chama "paneleiros e lésbicas" às pessoas que passam mas, depois, melhora e vem-me dizer "Desabafei como o professor que disse para eu fazer".


Vamos então aos dependentes de Cocaína.

O único medicamento capaz de curar a dependência da Cocaína, há variadíssimos estudos que o provam, é a Cocaína. Não vale a pena pensar em Metadona que mais não faz do que o álcool, é apenas um SOS quando estão sem acesso à Cocaína.

Para o SNS dispensar Cocaína aos drogados seria uma coisa muito barata.

A Cocaína é produzida por um gene que está na planta da coca cujas folhas têm um preço inferior a 0,7€/kg. Como são precisos 500 kg de folhas secas para extrair 1kg de Cocaína, o custo da matéria prima é de 350€ por cada quilograma Cocaína, 0,007€ por cada dose.

Juntemos o custo do processamento, embalagem, transporte, margem das farmacêuticas (que é pouca porque a molécula não tem patente) e estamos a falar em 2,50€ por uma tabelete com 15 doses.


A decisão de proibir seja o que for deve ser muito ponderada.

Em Portugal há milhares de coisas que são proibidas e, quando não são proibidas, logo arranjam uma norma ou um regulamento qualquer para fazer o efeito da proibição.

Em Portugal não existe limite ao número de pessoas que vivem numa casa. Também não existe qualquer proibição para as pessoas dormirem e mesmo montar tenda onde bem entenderem com a excepção da Rede Natura (e o meio das estradas).

Eu vivo sozinho no meu apartamento mas, se me der na gana, posso hospedar aqui 100 nepaleses ou bangladesheanos, não é proibido e ninguém tem nada com isso.

Mas o Rui Moreira, corrompendo o poder, manda a PSP e a polícia municipal expulsar pessoas de  casas particulares, que não incomodam ninguém com barulho ou maus cheiros, não cometem crimes e que trabalham a fazer entregas ou em lojas de lembranças, com o argumento de que violam um regulamento qualquer.

Mas esses bentas de burro que são presidentes das câmaras do Porto e de Lisboa não sabem que os regulamento camarários não se sobrepõem aos Direitos e Liberdades reconhecidos na Constituição da República Portuguesa?

E a PSP que vai expulsar essas pessoas não se preocupa com a legalidade das ordens?

Vou fazer uma queixa à Provedora de Justiça.


Um comentador anónimo disse:

"Escreva sobre economia e deixe a guerra de lado. Não queira ser mais um a só dizer parvoíces."

O problema é que quando eu escrevo sobre Economia (ou outra coisa qualquer), também só digo parvoíces. 

Para não pensarem que são só parvoíces é que refiro que as minha fonte são o Marques Mendes e o Marechal de Campo, General Brigadeiro Agostinho :-), fontes altamente credíveis e respeitadas :-).



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