Crime e Redenção
Pedro Cosme Vieira
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Ver o capítulo anterior (46 - A técnica)
47 – A infância
Bem,
já avancei muito no projeto – pensou o Rúben – já tenho os bebés algures no meio de África e, agora, preciso pensar o que lhes vou fazer para os
transformar em homens e mulheres adultos. Claro que poderia pensar em trazê-los
para aqui, para junto de nós, ou para a nossa aldeia na Europa mas isso ficaria
caríssimo e, na aldeia, não há pessoas suficientes para o acolhimento de tantas
crianças. Também não podem ficar em África pois, depois, não se sentirão parte
da nossa aldeia, é que as pessoas são como os peixes, sentem pertença ao
local onde foram crianças. A única solução será um misto de lugares, vão
viver em África até terem uma certa idade, talvez 10 anitos, para ser económico e, depois, vão para a
nossa aldeia até se tornarem adultos para ganharem ligação ao nosso povo. No entretanto, vêm passar uns tempos à
América para conhecerem a nossa confraria.
Vou
começar por me concentrar na infância. Primeiro, os gâmetas são recolhidos aqui e na
aldeia e, depois, em África multiplicam-se os zigotos e fazem-se os pré-embriões que
serão implantados nas mães de substituição. Por uma questão de
comodidade, todos os pré-embriões serão transferidos ao mesmo tempo o que fará
com que os 7 irmãos fiquem com a mesma idade o que, não parecerá natural mas não há nada que diga que causa problemas às crianças. Multiplica-se os zigotos até termos 42
pré-embriões que se transferem para 14 mães de substituição e das quais irão resultar
as 7 crianças.
Ser
mãe de substituição vai ser um emprego permanente. A mulher recebe um ordenado
mensal para ter a criança e tratar dela. Se, no entretanto, quiser prorrogar o
contrato de trabalho, irá tentar voltar a engravidar. Assim, as mães de
substituição vão poder ter um emprego estável até pelo menos aos 45 anos de idade.
Se
vão nascer 150 crianças por ano, haverá 180 mães de substituição que,
se as crianças partirem com 10 anos, vão tratar de 1500 crianças com idades
variadas. Dá 8 crianças por cada mulher, o que não me parece muito.
Mas
as crianças não poderão ser criadas apenas pelas mães de substituição porque vai
ser preciso ensinar-lhes a nossa língua e a nossa cultura. Vai então ser preciso
que um casal, com espírito de missão, já viver junto delas como seus
pais adotivos para não só serem professores como também para serem o elemento
de ligação familiar das crianças à realidade que vão encontrar quando forem
viver para a aldeia.
A
relação dos pais biológicos com as crianças será flexível, tanto podendo de ser
pais incógnitos como, no extremo oposto, irem viver em África e, depois, na aldeia com as suas
crianças. Como caso intermédio, manterão uma ligação diária com os filhos biológicos usando
a internet.
Em
termos naturais, um casal não pode ter muito mais de 20 filhos. Então, o
natural será que cada cada casal adote vinte e tal crianças, os filhos de 3
casais biológicos, passando assim a haver a necessidade de que partam para África 7
casais adotivos por ano. Para reduzir o tempo de permanência dos casais
adotivos em África, cada um vai receber 20 crianças recém nascidas e outras
20 crianças com 5 anos. Passados 5 anos, levarão as crianças mais velhinhas para
a Aldeia e, as mais pequeninas, passarão para o segundo casal adotivo. Se for
assim, será preciso haver em África 35 casais adotivos, o que será suficiente
para serem, além de pais adotivos de 40 crianças, os professores do ensino básico para todas as crianças em idade escolar.
Para produzir 150 crianças por ano será preciso uma comunidade com 180 mães de substituição, 35 casais adotivos e um total de 1500 crianças, um total de 1750 pessoas. Se fosse para produzir 150 mil crianças por ano, seria necessária uma cidade com 1,75 milhões de pessoas!
Quando
as crianças tiverem 10 anitos e a escola primária concluída, os pais adotivos e
as suas 20 crianças vão viver para na nossa aldeia como se fossem uma família. Vão
frequentar a escola, calcorrear aqueles mesmos caminhos do monte que eu
calcorreei quando era criança e, assim, tornar a dar vida à nossa aldeia.
Com
10 anitos as crianças ainda vão a tempo de desenvolver uma ligação forte de
pertença à aldeia e já são autónomas o suficiente para que seja possível um
casal dar atenção e apoio a 20 crianças. Não vai ser uma família como estamos habituados
a ver porque as crianças terão todas a mesma idade e serão, em termos genéticos,
filhas de 3 casais diferentes mas, mesmo
assim, vai ser uma família funcional.
–
Sr. Rúben. Sr. Rúben ! Por favor, acorde que está aqui o Sr. Alberto para o
levar a casa – disse uma das empregadas da confraria.
– Sim,
sim, eu não estou a dormir, passei um bocadinho pelas brasas mas estava com o pensamento
ativo! Oh Alberto, sobre a conversa que tivemos esta manhã, estive a falar com
o Dr. Cerejeira e já avancei bastante, existe uma solução técnica para fazermos
as 150 crianças por ano sem haver necessidade que as nossas mulheres tenham que
estar grávidas!
–
E isso é mesmo possível Sr. Rúben? Não estará a confundir?
–
Não, não, disse-me o Dr. Cerejeira que podemos contratar mães de substituição!
–
Ah, assim já ouvi falar nisso mas será praticável!
– sim,
é praticável, arranjam-se as mães de substituição num país pobre, talvez em África,
está tudo pensado!
– Mas
isso, provavelmente, vai custar muito dinheiro!
– Custa
o que custar e vamos fazer como o Sr. Dessilva fez quando nos trouxe para cá, cada
criança vai, ao longo da vida ativa, pagar o seu custo de produção.
–
E o Sr. Rúben está a pensar que serão as crianças a pagar a sua vida?
–
Exatamente! Vão ser as pessoas a pagar o custo de as darmos à vida, arranjamos
quem financie o projeto como se fosse um investimento normal e, depois, as
crianças quando forem adultas amortizam esse investimento!
–
E acha ético fazer um contrato com pessoas que ainda não existem?
–
Claro que sim, calculo que cada criança vai custar 50 mil € pelo que será preciso
que paguem 100€ por mês durante 50 anos. Nenhuma pessoa se vai recusar a pagar 100€
por mês sabendo que é para compensar o ter sido trazida à vida.
–
E depois o que vai fazer às crianças?
–
Já está tudo pensado. Agora, só preciso de combinar com o Dr. Cerejeira para
fazermos uma apresentação à confraria. Ficam em África até aos 10 anos e, depois,
vão viver na aldeia com um casal adotivo, cada casal vai tratar de 20 crianças.
– Então
o Sr. Rúben acha mesmo que isso é possível? Acha mesmo que vamos poder aproveitar
a abertura que aconteceu nas mentalidades dos europeus? Acha mesmo que essa lei
que aprovaram lá na Europa vai permitir o renascer da nossa aldeia?
–
Sim, sim, penso que temos aqui uma oportunidade única na História de repormos o
que foi destruído, agora só preciso que marques uma reunião da confraria para
que eu possa apresentar o meu plano para que as pessoas possam decidir.
–
Concerteza que sim, vou já anunciar essa reunião.
Capítulo seguinte (48 - A apresentação)
2 comentários:
Boas Pedro!
Não costumo andar pela Net, mas queria partilhar contigo duas ligações interessantes em que se discute esquerda e facismo e a Constituição portuguesa:
Sobre a questão de ser proibido o facismo... e o comunismo? Pq é legal?
No segundo o próprio Octácio fala sobre o assunto
http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,4249.msg221710.html#msg221710
http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,4249.msg221759.html#msg221759
partilho tb este link do costa em 2011 e oq dizia do BE: https://www.facebook.com/BrujessoMor/videos/856144131160100/
ab
jma
https://youtu.be/plzdU6F3Dgw?list=PLwwfs0zUhl7THFiyCUkjRoMkz2AB2Yc2e
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