Esta notícia é falsa.
O que foi votado foi o fim das trotinetes partilhadas que ficam espalhadas pelas ruas e passeios públicos.
O ano passado escrevi que as trotinetes partilhadas como existem vão acabar não por virem a ser proibidas mas porque as empresas têm prejuízos colossais (o modelo de negócios está errado, ver o poste).
Haverá razão legal para proibir as trotinetes partilhadas?
As trotinetes partilhadas da Bolt, BIRD ou CIRC são um negócio privado, idêntico a qualquer outro negócio privado que apenas pode ser exercidos em espaços privados. Se, por exemplo, um café tem uma explanada no espaço público, tem condicionantes e paga uma taxa à autarquia (que é quem gere os espaços públicos).
O modelo de negócio das trotinetes partilhadas usam o espaço público para estacionamento (sem pagamento de qualquer taxa) e foi a proibição desse uso que foi votada em Paris.
Continua a ser legal as trotinetes privadas.
Não será proibido uma pessoa ter a sua trotinete e usa-la no espaço publico, seja nas estradas ou nas ciclovias.
Também não será proibido o cliente entrar num espaço privado, alugar uma trotinete, ir dar uma volta e, depois, devolver ao veículo a esse ou a outro espaço privado.
Também será possível estacionar a trotinete nos locais destinados às bicicletas.
As trotinetes não poderão é continuar estacionadas de forma caótica, espalhadas pelo chão sem regra, a estorvar tudo e todos.
A trotinete elétrica é a maior inovação no transporte individual dos últimos 100 anos.
A bicicleta foi criada entre 1817 e o automóvel com motor a explosão apareceu em 1886. Duas grandes inovações.
As trotinetes elétricas, e-scooters, surgem nos inícios da década de 1970 mas não tiveram muita aceitação por dificuldades nas baterias e no controlo da velocidade, dificuldades que apenas foram ultrapassadas a partir do ano 2000 com o desenvolvimento das baterias de iões de lítio e a electrónica de potência.
Actualmente, as e-scooters são uma maravilha tecnológica num veículo barato e com dimensões diminutas e com peso inferior a 15kg. Por menos de 400€, conseguimos um "automóvel" que pode ser arrumado por baixo de um sofá, entrar facilmente num elevador, na mala de um carro ou ser transportada num transporte público e, ao mesmo tempo, transportar um indivíduo com 150 kg de peso a uma velocidade de 25km/h numa distância de 25km.
Dá para dois passageiros.
É proibido mas antigamente também era proibido andarem duas pessoas numa motorizada. Ninguém diz nada e penso mesmo que, no futuro, esta proibição, que não faz sentido, irá acabar.
Não dá para o transporte de duas pessoas desconhecidas porque têm de viajar muito coladas (a plataforma é curta para caber na horizontal nos elevadores) mas dá bem para duas pessoas. Se for para transporta um adulto e uma criança, é conveniente ter um volante pequenino para a criança se agarrar.
Se há a necessidade de transportar duas pessoa, o melhor é comprar uma e-scooter de 350W nominais.
Eu já fiz 3200km de trotinete.
Há um ano, fiz uma pesquisa no google e comprei a trotinete mais barata que encontrei, paguei 280€ por uma marca que nunca tinha ouvido falar, a AOVO. Pensei até que estava a deitar dinheiro fora mas correu bem, passados poucos dias, recebi a encomenda.
Anda bem, não tem furos, é rápida (atinge 32km/h) e resistente tendo "apenas" problemas na bateria (a autonomia é menor e, ao fim de um ano, reduziu bastante relativamente ao prometido). Prometem 30km de autonomia mas a verdadeira são 20km e sempre a diminuir. Agora ainda está mais barata (248€) mas talvez não aconselhe por causa da bateria. Mas para quem fizer poucos quilómetros, ..., tiver receio em investir 500€ numa Xiaomi, talvez seja uma boa opção mas tenho dúvidas.
Já fiz viagens em ciclovias, passeios, estradas urbanas e em estradas nacionais. A viagem mais longa que fiz foi ir a Espinho e voltar (40km) mas o percurso seguido foi entre as estações ferroviárias de Aveiro e de Ovar pela EN-109 (33km, fui de comboio e retornei de trotinete).
É bom ter pneus sólidos pois, apesar de tremer bastante mais do que quando o pneu tem ar, é muito aborrecido ter um furo (ficamos a meio do caminho, não há onde concertar e fica mais caro do que reparar o pneu de um carro).
A experiência da condução em combinação com o comboio é maravilhosa.
Desde casa até apanhar o comboio, 90% das pessoas precisam viajar uma média de 3 km.
Usando a trotinete eléctrica a uma média de 18km/h, são 10 minutos.
Usando o carro particular, fazer o trajecto a uma média de 45km/h demora apenas 4 minutos mas se somarmos o tempo de ir até ao carro (na garagem), arranjar lugar para estacionar próximo da estação e fazer o caminho desde o estacionamento até ao comboio, demora mais do que 10 minutos.
A pé demora 40 minutos.
Chegado ao destino, inverte-se a situação mas, agora, não temos automóvel, temos de apanhar um transporte público ou ir a pé (o que demora 40 minutos).
Mas a trotinete vai connosco, saímos do comboio e não é preciso comprar bilhete, perguntar onde se apanha o autocarro para o nosso destino nem esperar na paragem. Montamo-nos na coisa e toca a andar (é proibido circular em cima da trotinete dentro das estações mas ... enquanto ninguém disser "Óh chefe, é proibido usar a trotinete!", usa-se com discrição :-).
Chegado ao destino, há sempre um local onde guardar o veículo mais não seja, agarrada nas proximidades a uma árvore, um gradeamento um poste com o cadeado.
E a chuva!
É um problema mas também é um problema andar de autocarros (ou a pé) quando está a chover.
Leva-se uma gabardine ou um impermeável de plástico, apanha-se um bocado de chuva no lombo e aguenta-se.
Não tem perigo mais do que estar vivo!
Viajamos na berma da estrada ou encostados à linha de guia e os condutores são muito respeitadores.
Claro que pode haver acidente e, por causa disso, aconselho a usar capacete (sempre protege um bocadinho).
Tive um acidente porque tirei uma mão do guiador mas, se mantivermos as duas mãos no guiador, estivermos atentos aos buracos e não tentarmos saltar obstáculos, não há perigo nenhum.
Não se pode tirar a mão do guiador nunca, nem para fazer sinal de mudança de direcção. Olha-se para trás e, em caso de dúvida, paramos e esperamos que seja seguro mudar de direcção.
Para comprar uma.
Primeiro, aconselho que experimente sem preconceitos.
Eu tenho quase 60 anos e, à partida, estava excluído (a velocidade máxima recomenda são 50 anos). Mas não em dei por vencido pois nunca mais ficarei mais novo. Experimentei numa alugada (mas sem o motor ligado!!) para ver de me conseguia equilibrar. Depois, dei uma volta na trotinete do meu sobrinho (uns 20m porque diz que só aguenta 50kg) e, vai dai, comprei uma.
Peça a um amigo e dê uma volta.
Se tiver dificuldades de dinheiro ou medo de a comprar e ter de a encostar, peça uma emprestada durante um dia (a quem a usar pouco) e experimente fazer a viagem para o seu emprego.
Arrisque, experimente e vai ver que a sua qualidade de vida aumenta substancialmente.
Eu vivi sempre longe da escola e era um calvário.
Para os jovens, uma e-sccoter será a autonomia para ir para a escola, as actividades pós-escolares e voltar a casa a qualquer altura e sem aborrecer ninguém.
Pode ir ao judo, à música, à piscina, ao futebol ou ao basquetebol sem incomodar os horários dos pais.
A criança pode usar a trotinete de criança desde os 8 anos de idade com a velocidade limitada a 10km/h (dá até aos 50kg). A criança já tem discernimento para fazer viagens curtas por trajectos conhecidos e com pouco trânsito (por exemplo, para a escola).
Para usar uma trotinete de adulto (guiador a 1m da plataforma) é aconselham que o jovem tenha uma altura mínima de 130 cm e 12 anos de idade.
Este fim de semana fui com o meu sobrinho ao infantário.
Tem 25 meses. Meti-o à frente na minha trotinete e disse-lhe, vamos à tua escola que eu não sabia onde era. O interessante foi a criança tão pequenina ter sido capaz de me dizer o caminho de ida e de volta. Foram cerca de 1,5 km da casa da minha irmã sem qualquer dúvida ou engano.
As crianças têm mais juízo do que os adultos pensam.
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