terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Terá mesmo Roman Abramovich origem portuguesa?

Como sabem, o multimilionário Roman Abramovich tornou-se português.

Abramovich defende que a origem da família é a comunidade judaica medieval da cidade do Porto, aquela comunidade cujas pessoas moravam, primeiro, junto às escadas da Sé, no princípio da Rua Escura, que depois foram mudados para o que é hoje a Cadeia da Relação e, finalmente, para poente do Jardim das Virtudes, para o que hoje se denomina o Monte dos Judeus. Dai foram expulsos.

Porque continuarmos a ser anti-semita, não existe nenhum registo histórico dessa  comunidade. Grandes vultos da humanidade como Uriel da Costa, David Ricardo ou Espinoza sempre se identificaram como portugueses mas, em Portugal, ninguém quer saber deles.

Para vermos se os antepassados de Abramovich poderão ser da cidade do Porto vou contar um bocadinho da história dos judeus.


Os judeus romanos e o politeísmo.

O Império Romano era formado pelos Cidadãos Romanos e por uma mistura de povos conquistados, os Escravos, onde se incluíam os judeus. Os povos escravos fugiam para além das fronteiras, para o que é hoje a Alemanha e para o Cáucaso (no caminho para a Índia e para a grande estepe sibéria). Desta forma, no fim do Império Romano os judeus estão divididos em três comunidades linguísticas: 

     Judeus Mizrah: Hebraicos e Árabes (a viver na Ásia Menor)

     Judeus Sephardic: Latinos (a viver nos territórios do Império Romano)

     Judeus Ashkenazim: Alemães (a viver para lá da fronteira norte do Império) 

Claro que poderão dizer que Sephardita quer dizer "judeu da Península Ibérica", verdade.  Mas isso acontece porque, por um lado, a cristianização do Império Romano leva à perseguição das minorias religiosas e, pelo contrário, na Península Ibérica, o Califa Abd-ar-Rahman III institui em meados de 900 a tolerância religiosa. Desta forma, os judeus latidos  desapareceram em quase todos os territórios excepto na Península Ibérica.

Sim, nos tempos medievais, os islâmicos eram tolerantes mas mediante o pagamento de um imposto!

Além disso, aquando da expulsão na década de 1490 dos judeus da Península Ibérica, a chegada às pequena comunidades latinas fora da Península foram praticamente absorvidas pela chegada dos "parentes" da ibéria.

Em Portugal, os judeus que vinham expulsos da Espanha eram vendidos como escravos. 


O que serão os judeus russos?

A Rússia está muito mais próxima da Alemanha (judeus ashkenazim) do que da Península Ibérica (judeus sephardic). Desta forma, o senso comum diz que são ashkenazim. E aqui é que está a raiz da polémica levantada pelos nossos "especialistas" que comentam nas televisões.

De facto, os judeus russos são sephardic!!!!!!!

É que quando os judeus foram, na década de 1490, expulsos da Espanha e de Portugal, foram recebidos de braços abertos no Império Otomano (pelos turcos) e nas terras geladas para lá  da Prússia. Posteriormente, as comunidades sefaditas otomanas "entraram" na Rússia pelo Sul (recordo que parte da Rússia foi conquistada ao Império Otomano, o Khazar Khaganate, onde viviam judeus sephardic). Os judeus otomanos caucasianos já tinham sido "absorvidos" pelos sephardic).

Notar que o primeiro judeu no Grande Principado de Moscovo é registado apenas em 1471.

Já os judeus da Ucrânia e da Bielorússia que são maioritariamente Askenasim.

Interessante que os nossos "especialistas" querem fazer valer o seu senso comum desvalorizando a wikipédia que diz "Within these territories [Russia] the primarily Ashkenazi Jewish communities of many different areas flourished and developed many of modern Judaism's most distinctive theological and cultural traditions". Notar


Como era feita a movimentação dos judeus.

Os judeus eram "vendidos" em comunidades. 

Imaginemos que na década de 1490 foram expulsos 300 mil judeus da Península Ibérica. A comunidade judaica de Amesterdão recebia em "sua casa" 100 famílias ricas e negociava com o imperador russo a entrada de 10000 famílias para povoar terras hostis mediante um pagamento por cabeça.


Vamos agora ao nome Roman Arkadyevich Abramovich.

Os judeus não tinham nome de família. Se lermos a bíblia, os nomes são sempre próprios e compostos, como na tradição russa, pela composição dos nomes próprios do pai e do avô. Por exemplo, um judeu que em Portugal se chamava Romano Abraão David traduzia que o seu nome era Romano, que era filho de Abraão e neto de David. Se hoje em português se escreve Abraão, no passado escrevia-se Abraham.

Em Portugal usamos uma tradição parecida, adaptada ao facto de, a partir do Sec. XV, as pessoas terem que ter nome de família. A tradição é termos um nome próprio mais um nome de família da mãe e outro do pai.

D. Afonso I é Henriques por ser filho de D. Henrique. Filho de Fernando é Fernandes, em Inglês, filho de David é Davidson. 

Esse judeu foi para a Rússia e, como em russo Vich que existe no fim dos nomes quer dizer filho e Ov quer dizer "descendente", o seu nome passaria a ser ser Roman Abramovich Davidov. Com o passar das gerações, os nomes próprios transformaram-se em nomes de família (por exemplo, existem muitos portugueses que o último nome é Jorge, Henriques, Fernandes).

A Heba Nabil Iskandarani tem um nome muito mais esquisito e é uma arquitecta que viveu parte da sua vida "disfarçada" de palestiniana islâmica e que hoje é judia portuguesa.

O Rabi David Aboab da Fonseca nasceu em Castro Daire no dia 1 de Fevereiro 1605, filho de David Aboab e de Isabel da Fonseca. Aboab não parece nada português mas os judeus portugueses tinham nomes que hoje consideramos estranhos como Abithbal, Amzalak, Anahory, Athias, Auday, Azaniel, Azevey, Azancot, Azulay, Bedunas, Benazon, Benahim, Benara, Benatar, Benchimol, Bendaham, Bendavid, Benoliel, Benrós, Bentubo, Boaruna, Bohana, Bodana, Brigham, Cagy, Elasry, Eleaim, Ezaguy, Gabay, Ismini, Izaqui, Lassarine, Lasene, Malka, Levy, Maman, Naury, Niune, Pairmy, Sabbat, Serruya, Urbin, Wahnon, Zaffrany ou Zagury.

Por exemplo, o nome de família bensaude tão açoreano é uma "corrupção" do nome judaico Hassiboni (de Abraão Hassiboni).

Se Roman quer dizer "romano" e Abramovich quer dizer "filho de Abraão", Arkadyevich quer dizer "filho de Arcádia" que é uma região do sul da Grécia (e é o nome próprio do pai, Arkadiy Abramovich).


Comparemos com o nome dos ciganos.

Os nossos ciganos, alegadamente, talvez tenham origem na Índia, Punjab cujos nomes de família são qualquer coisa como Bhanja, Bhatiji, Dewarani, Dhothi, Jethani, Kordum, Kordum, Narandoyia, Patani, Potha, Pothi, Puthar, Sadhu, Salehar, Sali ou Sora.

Em Portugal não há um único cigano com um nome do Punjabe ou sequer indiano.


Acresce que existem registos de "baptizado" (Bar Mitzvá).

Quando uma criança judaica faz 8 dias, vai à sinagoga fazer o Bar Mitzvá, sendo registado num livro. Esse livro é copiado sempre que a comunidade dá origem a outra comunidade (se, por exemplo, 10 pessoas da cidade do Porto vão fundar uma comunidade em Moçambique, levam uma cópia do livro com toda a sua ancestralidade). É por essa razão que se sabem os nomes de todos os judeus mortos no holocausto e não se sabe o nome dos ciganos igualmente mortos.


Lembram-se do Gulbenkian?

Era arménio, não falava português, nunca tinha vindo a Portugal mas, quando foi a queda de Constantinopla em 1453, a cidade do porto recebeu cristão arménios (que trouxeram as relíquias de São Pantaleão).

Em 1942, com a França ocupada e o senhor com mais de 70 anos, perguntou a Caeiro da Mata, cônsul português em Vichy, se Portugal lhe daria visto para passar aqui uns dias. O cônsul mandou um telex para o ministro dos negócios estrangeiros e, na resposta, recebe um telex do Salazar a dizer "Meta o Zr. Gulbenkian e a sua família no carro consular e traga-o pessoalmente a Portugal, IMEDIATAMENTE."

Será necessário dar algum subsídio ao Roman?

Será que Portugal só pode receber refugiados pobres e desdentados, a precisar de subsídios e sem vontade de trabalhar?


Concluindo!

A sinagoga do Porto garante que fez aturadas investigações documentais que incluem os "registos de baptizado" (Bar Mitzvá), fotografias de campas judaicas e testemunhos. E que, depois destas aturadas investigações, concluíram com grande certeza que o Roman tem ancestralidade portuguesa.

Pronto, aceita-se e espera-se que crie uma fundação qualquer (parece que já financiou o Museu Judaico do Porto).

Se tem dinheiro, quer-nos ajudar e é capaz de ter origem portuguesa, longos anos para o Romano de Arcádia e Abraão.


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