quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O que era preciso fazer para Portugal crescer?

Vou aceitar este desafio e dizer como fazer um país crescer.

Para poder explicar este difícil problema vou ter que explicar qualquer coisa de economia.


1) O que cada pessoa produz é crescente com as suas competências.

Os trabalhadores são diferentes nas suas competências (os mentecaptos de letras acusaram-me de ser racista por afirmar que as pessoas são diferentes), então, a pessoa i com competências Ci vai produzir yi:

     yi = F(Ci), com F crescente com Ci

A competência não é a mesma coisa que escolaridade porque isso faz parte do capital (é capital humano). 

Competências tem a ver com as características do indivíduo (por mais que eu corresse e treinasse nunca jogaria como o Cristiano Ronaldo) e com questões culturais (passar de forma informal para o indivíduo formas mais eficientes de produzir).


2) O que cada pessoa produz é crescente com o capital na economia.

Dividindo todo o capital que existe na economia pelo número de trabalhadores, obtemos a intensidade em capital da economia, k.

Para um mesmo nível de competência, a produção do trabalhador será maior se houver mais capital na economia. Posso então dizer que

      yi = F(Ci,k), com F crescente com Ci e com k

Para aumentar a intensidade em capital é preciso haver investimento maior do que a depreciação do capital.

Capital não é apenas máquinas, é tudo que obriga a fazer um sacrifício no presente (por exemplo, o aluno estudar em vez de ir para a borga) em favor de um antecipado benefício no futuro (o aluno, quando trabalhador, vir a ter um salário mais elevado).


Aumentar o investimento não implica que os trabalhadores podem ter salários maiores.

Se a produção aumenta por causa do aumento no capital, como este tem de ser remunerado (amortização e juros), apenas haverá aumentos nos salários se o aumento na produção for maior do que o necessário para remunerar o capital.

Em particular, se o investimento for financiado com capital estrangeiro, como a remuneração do capital vai para o estrangeiro, até pode acontecer os nacionais verem os seus salários diminuídos.


3) O "nível tecnológico" aumenta ao longo do tempo.

Aqui surge um problema difícil de compreender que é saber o que é o "nível tecnológico".

Prova de que o problema é difícil de compreender é os comentadores e os políticos falarem em "investimento em tecnologia" porque investimento é capital.

O "nível tecnológico" aumenta quando se amortiza o capital (em termos contabilísticos, deixa de existir) e esse capital ainda não depreciou completamente.

O "nível tecnológico" é capital, físico ou humano, amortizado, isto é, que já não existe na contabilidade nacional.


Vejamos dois exemplos.

1 = Um trabalhador produz 1000€/mês e com uma máquina que custa 12000€, passa a produção a ser de 1200€/mês. A produção aumentou mas apenas por causa da máquina.

A máquina, como é normal na contabilidade, vai ser amortizada em 5 anos, 200€/mês. 

Se, decorridos os 5 anos da amortização, a máquina continuar a trabalhar bem, os 200€/ano do incremento da produção deixam de ser responsabilidade da máquina e passam a ser o "aumento no nível tecnológico".

2 = Um estudante tira um curso de medicina que, desde que entra na pré-primária, é um investimento de 480 mil € (o sacrifício do aluno a estudar afincadamente, o salário dos professores e o custo das instalações).

Quando médico, o vai produzir mais do que um analfabeto mas, como é preciso amortizar o capital humano em 40 anos, 1000€/mês são da responsabilidade do "capital humano".

Se decorridos os 40 anos da amortização, o médico continuar a trabalhar, o incremento na produção face ao analfabeto é por causa do "aumento no nível tecnológico".


O investimento directo estrangeiro.

Quando empresas de países mais ricos investem em países mais pobres, como nos países de origem o "nível tecnológico" é mais elevado (existe mais capital que já foi amortizado, não precisando de ser remunerado), o país pobre fica favorecido (vai aproveita "nível tecnológico" superior).

Por exemplo, em Portugal não sabíamos fazer automóveis. Então, quando, em 1971, a Toyota veio para Portugal, transferiu capital do Japão para Portugal que não teve se ser pago por nós porque no Japão já estava amortizado (o saber fazer é capital humano).


Por aqui, pouco pode ser feito.

Para produzir mais, os trabalhadores têm de se esforçar mais o que custa.

Mais capital não aumenta os salários porque é necessário remunerar o capital.

Investimento directo estrangeiro não é fácil de captar. Por exemplo, a Intel vai fazer uma fábrica de processadores na Irlanda e ou outra em Israel e nós andamos entretidos com comboios, aeroportos e outras merdas que não nos aumentam o "nível tecnológico" (temos de pagar isso tudo com juros e alcavalas).


A economia cresce pelo "apanhar das oportunidades".

Os trabalhadores eficientes são capazes de melhorar o processo produtivo que existe, por exemplo, os trabalhadores da Toyota são capazes de melhorar a eficiência dos motores a gasolina.

Os empreendedores são capazes de fazer coisas radicalmente novas, por exemplo, o Musk não melhorou os motores a gasolina que existiam, fez algo radicalmente diferente.


O JN está falido.

Os trabalhadores do JN são capazes de melhorar a forma como se faz o jornal, melhorar o texto das notícias, diminuir o custo de impressão e de distribuição do jornal mas o Zuckerberg não melhorou a forma de fazer os jornais que existiam, criou o  Facebook que é algo radicalmente diferente.

O JN está falido porque a tecnologia da impressão em papel e da distribuição é muito cara em comparação com impressão/distribuição digital.

Eu escrevo este poste e quem o quiser ler pode-o ler. Tanto pode ser lido por uma pessoa como por mil milhões, em Portugal, na América ou na China que não tem qualquer custo de distribuição para mim e para quem o lê (bem, gasta um bocadinho de electricidade).

Alem disso, trabalho à borliex para o leitor.

Então, profissionais a escrever notícias que, depois, vão ser impressas e distribuídas não pode competir com a informação digital gratuita.


Mas, dizem que "a informação sem jornalistas é informação falsa".

Com toda a certeza que não ouvem a Aljazira (eu gosto de ver aqueles jornalistas a destilar ódio a Israel e aos USA :-).

E também não lêem o jornal o Pravda do PCP (Pravda quer dizer Verdade em Russo !!!!!!). Este não leio, prefiro ler o jornal das Testemunhas de Jeová que está ao mesmo nível de verdade (cuidado que os sinais mostram que o Mundo está para acabar). 

As notícias são todas falsas, o que é preciso é fazer a média.


E como pode Portugal crescer?

Vejamos o que diz a ciência económica.


A =  Aplicar o "princípio do utilizador-pagador".

Quando uma pessoa apanha um transporte público colectivos tem de pagar o custo verdadeiro. Não pode o Estado cobrar impostos para financiar os transportes públicos colectivos porque isso evita que sejam adoptados as soluções tecnológicas mais eficientes que vão surgindo.

É mais eficiente um jovem usar uma trotinete ou uma bicicleta eléctrica do que um autocarro. Adivinhando isso, os políticos tornaram os transportes públicos colectivos gratuitos para os mais jovens (de gratuito não tem nada mas quem paga é o contribuinte).

É preciso haver custo para os utilizadores na Saúde, Ensino, Transportes e tudo que o estado oferece de graça mas que tem custo elevado. 

Porque é que acabou a taxa moderadora de 20€ nas urgências?

Porque é que acabou a taxa moderadora de 5€ nas consultas dos centros de saúde?

Haverá alguém em portugal que não possa pagar 5€ por uma consulta médica?

Só assim pode aumentar a eficiência. 


Digam quanto vai custar o TGV ao contribuinte todos os anos.

Deveria ser assim: Os governantes que vão implementar o TGV dizem quanto vai custar e, se o custo for maior, têm de pagar do bolso deles.

No novo aeroporto dizia-se à dona dos aeroportos "É preciso aumentar a capacidade aeroportuária em Lisboa em 50% e as taxas não podem subir, resolva o melhor que souber e puder".

Não é um governante totalmente incapaz ou uma "comissão técnica" que vive num gabinete a olhar para uma parede cinzenta sem janela (como eu vivi 33 anos da minha vida) a dizer onde se deve fazer o aeroporto ou se devemos ter um TGV. Quem tem de dizer são os investidores que vão lá meter o dinheiro deles e, se não der, ficam sem ele.


B =  Não pode ser o Estado a decidir os "sectores estratégicos".

O do PS tem a promessa de que vai decidir os sectores estratégicos em que Portugal tem de investir e, depois, remata que "a aposta do PS nas energias renováveis foi uma aposta ganha".

Mas isso é totalmente falso. Nos últimos 20 anos houve um enorme investimento em energias renováveis e o PIB per capita cresceu 0,7%/ano. Isto é nada, e muito se deve à liberalização do mercado de arrendamento do Passos Coelho e, o consequente, aumento do alojamento local.

Meter dinheiro no "hidrogénio verde" é condenar-nos à pobreza, é deitar o dinheiro dos contribuintes ao lixo porque isso não vai dar em nada. É por demais evidente que o futuro está nas baterias de sódio e nunca houve ninguém falar em estudar este assunto.

É tudo maluqueiras.


C =  É preciso deixar que as pessoas "apanhem as oportunidades" e ganhem com isso.

Os esquerdistas odeiam o lucro. Dizem eles que o lucro está a ser roubado aos trabalhadores.

Mas quando dá prejuízo já é incompetência do patrão.

Se um empreendedor apanha uma "oportunidade", uma nova tecnologia, uma nova forma de fazer dinheiro e fica rico, deve-se dar-lhe uma medalha não é carrega-lo com inspecções das finanças e da ASAE,  impostos e taxas extraordinárias e campanhas a chamar-lhe "explorador e corrupto".


O exemplo das "cadeiras de rodas" em segunda mão.

Havia um velhote  de 65 anos de nome Carlos Quaresma que descobriu que nos países nórdicos deitavam cadeiras de rodas, camas articulas e outras coisas ao lixo que, em Portugal, custavam muito dinheiro. A minha mãe recebeu uma dessas cadeiras de rodas, totalmente de borla.

O velhote esforçava-se e pensou pedir uma contribuição de 6000€ por cada camião TIR carregado com material no valor de 300 mil euros.

Uma cama articulada custa mais de 3500€ e ele cobrava 70€. Uma cadeira de rodas custa 300€ e ele cobrava 10€.

Acontece que o velhote conseguiu, com o esforço dele, arranjar que um fundação sueca pagasse o transporte pelo que os 6000€ iam para o seu bolsinho.

Os esquerdistas descobriram que ele metia os 6000€ ao bolso e arrasaram o velhote.

Houve 35 câmaras que receberam material pagando quase nada, 2% do preço de mercado, e que atacaram o velhote.

Meteram-lhe um processo crime (dado como inocente), foi enxovalhado, ficou arrasado e os esquerdistas foram buscar o tal material de graça?

Não, nem pensar nisso, a missão deles é dar cabo de quem encontra formas de criar valor. Coisas que iam para o lixo, tinham muito valor em Portugal.

Agora, se os lares da terceira idade precisam de cadeiras de rodas ou de camas articuladas, têm de pagar balurdios, em vez dos 6000€ têm de pagar os 300 mil €.

E o Zé Povinho aplaude estes esquerdistas.


O exemplo do "alojamento local".

O alojamento local causou uma explosão no turismo nas cidades portuguesas.  O que fazem os esquerdistas do governo? Taxas, impostos, proibições, problemas, ASAE, inspecções das finanças, campanhas de desinformação de que as cidades estão a perder residentes por causa disso.

Querem destruir porque alguém tem lucro.


C =  O mercado de trabalho.

Aqui está o pior problema porque parece que o governo ao aumentar o salário mínimo está a dar alguma coisa a alguém quando, de facto, está a destruir as empresas e as oportunidades de trabalho para as pessoas mais pobres (e menos capacitadas).

O salário mínimo deveria pura e simplesmente acabar.


Comparemos com o futebol.

O Benfica paga aos futebolistas um salário médio de 193665€/mês, mais do dobro do que pagam o Porto e o Sporting. O estrela da amadora para 8413€/mês, 23 vezes menos.

Exactamente com a mesma profissão, todos treinam, esforçam-se, correm 90 minutos como malucos e dão pontapés na bola mas as diferenças de salário são enormes, entre o Di Maria que recebe 687143€/mês e o Jerome Osei Opoku (e outros) que recebe 1230€/mês é uma diferença de 481 vezes.

Exactamente com a mesma profissão, todos correm 90 minutos e dão pontapés na bola e as diferenças nos salários são enormes.

As diferenças no mérito não acontecem apenas no futebol mas os esquerdistas querem fazer crer que, como todos trabalham as mesmas horas, têm todos o direito ao mesmo salário.


Trabalho igual, salário igual.

Compare a fotografia final com a inicial. Qual contratava? 

A de azul água marinha parece bem mais simpática (que se foda a simpatia).



D =  Imigração.

Aqui vou apresentar algo polémico mas que também está tratado pela ciência económica.

Um trabalhador nepalês no Nepal produz pouco (só produz 0.50€/hora).

Porque em Portugal temos mais intensidade de capital e "nível tecnológico" do que têm no Nepal, se esse trabalhador vier para Portugal, consegue nos nossos sectores menos produtivos (a agricultura) produzir muito mais do que 0.50€/hora, vamos supor que produz 5.00€/hora.

Mas o aumento na produção não resulta do mérito do nepalês mas antes de em Portugal termos mais capital. Então, o incremento de 0.50€/h para 5.00€/h tem de ser dividido entre o trabalhador e os portugueses (porque somos os donos do "nível tecnológico" e do capital).

Sempre que entre em Portugal um trabalhador do Nepal que ganhe 3.00€/mês, a economia cresce e os portugueses ficam a viver melhor. 

Se tivéssemos 1 milhão de nepaleses a ganhar 3.00€/hora, os nepaleses ficariam melhor, os portugueses ficariam melhor e os consumidores de produtos agrícolas (do norte da Europa) também´me ficariam melhor.

Se o nepalês for proibido de trabalhar, vai ficar pior, sobrecarrega a segurança social e os portugueses ficam a viver pior.


1 comentários:

Silva disse...

O crescimento económico baseia-se na criação de riqueza e esta baseia-se na inovação e produtividade.

Inovar (nem que seja copiando) e melhorar a produtividade são objectivos que qualquer gestor mediano sabe como fazer.

Ora, implementar, rapidamente e em força, reformas estruturais, a começar pela abolição do SMN, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos seriam um tremenda "INOVAÇÃO" (não esquecer que há vários países europeus sem salário mínimo) que resultariam num crescimento acelerado da produtividade.

Outras consequências seriam o brutal aumento do investimento tanto a nível interno como a deslocalização de recursos do exterior para o país, resultando em mais empresas novas (inovação) e melhoria da produtividade.

Obviamente isto é simples e pode ser dito por qualquer economista/gestor minimamente lúcido.

Ora, eu vou além disto.

Pela minha experiência de vida,
negociar com comunistas/socialistas/esquerdistas é mau, muito mau a todos os níveis.

Ainda me lembro de Thatcher ter dito que era possível fazer negócios com Gorbachev. Foi um grande erro. Caiu numa armadilha.

Assim como comprar/vender um pão e um pacote de leite a um comunista é mau.

Uma compra/venda é simples de ser contabilizada e pode-se determinar o lucro contábil, mas posso garantir que não negociar com comunistas é melhor ainda.

Pode implicar menos receitas e menos lucros no imediato mas entre o médio longo prazo é muito superior.








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