Hoje é o dia "depois das eleições" e é tempo de fazer contas.
Como sabem, ao longo das semanas fui construindo intervalos prováveis para os resultados eleitorais das legislativas do dias 10 de Março de 2024 a partir das sondagens que foram sendo publicadas.
Como referi, as minhas colegas da estatística são totalmente contrárias à minha metodologia, dizem elas que o que eu faço não é estatística, é uma coisa qualquer que elas não compreendem mas que está errada. Em alternativa, nada são capazes de fazer porque "os resultados eleitorais são parâmetros e um parâmetro, não é uma variável aleatória" (muitos dos leitores ouviram esta conversa nas aulas de Econometria e de Estatística".
Interessante que, quando as pessoas não sabem, não compreendem, não procuram estudar e compreender, atiram logo com a assumpção de que os outros estão errados!!!!
Vamos então à comparação entre as previsões e a realidade.
(Actualizado em 20/03/2024 com os votos da emigração, 2 deputados do CHEGA, 1 deputado da AD e outro do PS).
Chegou agora a hora de fazer o balanço, comparando as minhas previsões com os resultados eleitorais reais. Essa avaliação terá de ser actualizada daqui a 15 dias porque ainda não sei os resultados da emigração.
O maior erro de previsão foi de 4 deputados no CHEGA.
A AD e o PS estiveram dentro da margem de previsão de +-3 deputados. A AD ficou no valor inferior (a tendência de subida anunciada pelos analistas não era verdadeira) e o PS quase ficou no cenário central.
Considerando o intervalo entre o valor de confiança, em termos de deputados, o erro maior foi no CHEGA que teve mais 4 deputados (o melhor cenário indicava 46 deputados e teve 50 deputados) e do BE que teve menos 4 deputados (o pior cenário indicava 9 deputados e teve 5 deputados).
A iniciativa Liberal foi, nas previsões do seu chefe, uma desilusão (pensava que iria ter pelo menos 12 deputados) mas o erro foi de apenas menos 1 deputado (o pior cenário previsto indicava 9 deputados e teve 8 deputados).
O Livre e o PAN conseguiram ficar 1 deputado acima do melhor cenário previsto.
A esquerda ganhou à direita (AD+IL) por 2 deputados.
Esta questão ficou, com as sondagens, dentro da margem de erro, disse eu que o resultado seria "moeda ao ar". E assim foi, calhou a "vitória" para a esquerda com 92 deputados contra os 88 deputados da AD+IL.
Posso dizer que acertei e que, por isso, não houve surpresas na noite eleitoral.
Acertei eu e acertaram as sondagens como um todo mas erraram todos os analistas que procuraram uma leitura individualizada de cada sondagem e interpretar tendências que nunca existiram.
As sondagens têm de ser compreendidas como um fenómeno da Ciência da Informação e não ser reduzida a uma discussão sobre médias e desvios padrão.
Em 2015 eu avisei o PCP de que apoiar o PS era suicídio.
Quando em 2015 o Passos Coelho teve 108 deputados (a AD teve agora 80 deputados !!!!!!), o PCP (com 17 deputados) e o BE (com 19 deputados) correram para os braços do Costa que, com 89 deputados, formou governo.
Decorridos 9 anos, o PCP está reduzido a 4 deputados e o BE a 5 deputados, perdendo 3 em cada 4 deputados que tinham (de um total de 36 deputados para 9 deputados).
Eu avisei-os que a esquerda radical deixaria de fazer sentido se apoiassem o governo do PS. É que os radicais precisam de inimigos para poderem singrar.
Não me quiseram ouvir, f...deram-se ao comprido.
E como será o futuro?
O governo do Montenegro não tem qualquer futuro porque não lhe basta a abstenção do CHEGA porque a esquerda (PS+BE+PCP+Livre+PAN) tem mais 4 deputados do que a AD+IL.
Mesmo que a esquerda não se una ao CHEGA numa moção de censura, a Assembleia da República não vai funcionar porque, mesmo na melhor das hipóteses para o Montenegro, haverá chumbo a todas as propostas do governo com os votos contra da esquerda e a abstenção do CHEGA.
Cortei aqui alguns parágrafos (em 20/03)
A IL sofreu uma derrota de longo prazo.
A IL elegeu um deputado em 2019 e, numa dinâmica de crescimento, elegeu 8 deputados em 2022.
Decorridos 2 anos, com muito mais espaço mediático, se o seu programa estivesse a cativar "clientes", seria obrigatório ter agora mais deputados mas manteve.
Isto traduz que as ideias chegaram as mais pessoas, aos eleitores distraídos, mas não conseguiram convence-lo. Como as ideias não estão a entrar no "eleitorado distraído", a IL está condenada a ser um partido de nicho, juntando-se ao BE, PCP, PAN e LIVRE.
Prevejo que a IL vai seguir o caminho do BE que, entre 1999 e 2019 parecia que estava numa subida imparável e, no entretanto, caiu rapidamente para a irrelevância.
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