terça-feira, 28 de abril de 2020

As dificuldades da vacina para o Corona-19

Confinamento ou vacina.
Tem-se falado que, para acabarmos com o confinamento e voltarmos a ter a nossa vida normal, tem que ser desenvolvida uma vacina eficaz contra o Corona-19.
O problema é se não aparece a tal vacina. 
E se nunca aparecer do nevoeiro o D. Sebastião do Corona, o que vamos fazer?

Vamos continuar todos fechados em casa?
Quando começaram a aparecer algumas centenas de casos, todos foram a favor do confinamento, o fecho de tudo, o derrotar da economia porque as vidas valem mais do que a economia, excepto o Trump, o Bolsonaro e eu.
Agora, continuam todos a dizer que o Trump, o Bolsonaro e eu estamos errados mas já todos dizem que o confinamento vai acabar e a economia reabrir.
Diz o Costa que vai abrir aos poucos quando antes dizia que ia ficar tudo fechado enquanto não desaparecesse o vírus.
Quando caminharem para os meus números (eu disse que o PIB ia cair 20% em 2020 quando o Banco de Portugal dizia que eram 3,7% e, já ontem, se falou em 17%), o Costa der conta que o défice caminha para os 30%, que há necessidades de financiamento na ordem dos 60 mil  milhões € e a Europa nos empresta 8 mil milhões, esse "pouco a pouco" transforma-se em "à força toda".

Como funciona o sistema imunitário.
Quando somos atacados por um vírus, existem umas células no nosso sangue que o vão tentar destruir construindo uma moléculas que se chamam Anticorpos.
As células são os famosos Linfócitos que aparecem na folha das nossas análises ao sangue.
No primeiro ataque que sofremos, os linfócitos vão desenvolver, a partir do "anticorpo em branco", um anticorpo à medida do atacante, uma espécie de chave que bloqueia a capacidade do vírus entrar nas nossas células e, assim, impossibilitando a sua reprodução. Estes anticorpos demoram alguns dias (entre 3 e 14) a serem feitos e, no entretanto, o vírus vai ganhando terreno, matando mais e mais células a ponto da pessoa poder morrer.
Os anticorpos M, da mesma forma que aparecem rapidamente e em força, também rapidamente desaparecem do nosso corpo.
Mas alguns dos linfócitos guardam o anticorpo na membrana (são os linfócitos memória).
Quando formos atacados uma segunda vez pelo mesmo vírus, os linfócitos memória são capazes de responder em questão de minutos produzindo o anticorpo mas que não é bem igual ao anticorpo M e, por isso, denomina-se por anticorpo G.

Primeiro problema - Será o anticorpo G eficaz e durante quanto tempo?
Se a pessoa conseguiu sobreviver ao primeiro ataque, fica provado que o anticorpo M é capaz de controlar a infecção mas não fica provado que o anticorpo G tem a mesma eficácia. Além disso, com o passar do tempo, os linfócitos começam a perder a "memória" sendo menos capazes de produzir o anticorpo G.
No caso da Herpes, o anticorpo G acaba por perder capacidade para fazer face ao vírus que está escondido no cérebro do paciente e este volta a atacar.
No caso da SIDA, o anticorpo G (e mesmo o M) é de todo incapaz de fazer face ao vírus, indo este, lentamente, avançando até a pessoa morrer.

Não será possível haver vacina
Se o anticorpo G for incapaz de neutralizar o vírus.
E isto sabe-se se, ao fim de 2 ou 3 meses em que teve a doença e ficou curada, a pessoa novamente exposta ao vírus consegue resistir à infecção.

Segundo problema - O tempo de validade da vacinação.
Devem perguntar "porque demora 5 anos a desenvolver uma vacina"?
Porque é preciso avaliar, ao longo do tempo, se a pessoa está mesmo imune.
Vamos supor que ao fim de 2 meses, a pessoa está imune. Será ainda preciso saber se continua imune ao fim de 6 meses, 1 anos, 5 anos, para saber a duração da vacina.
E isso apenas pode ser verificado deixando passar o tempo.
Se queremos saber se a vacina é eficaz durante 10 anos, vamos precisar de 10 anos de observação!
Ao fazerem agora testes e dizerem que, se os resultados forem positivos, em Outubro já será possível haver uma vacina (isto é, daqui a 6 meses), apenas fica garantido que essa vacina é protectora durante 4 meses (pois demora 2 meses a produzir à escala industrial).
E, veremos, uma vacina que dure 4 meses não serve para nada.

Terceiro problema - o protocolo de teste.
O teste da vacina começa por pegar em 1000 pessoas, umas novas, outras velhas, umas saudáveis e outras doentes, e dividi-las em 2 grupos com pessoas semelhantes. Depois, dão uma injecção com a vacina a 500 delas e uma injecção com água destilada às outras 500.

Está aqui o primeiro problema do protocolo.
Como a doença é muito mortal para as pessoas mais velhas e com doenças do coração ou diabéticas, essas pessoas não podem fazer parte da população a testar. 
Os testes são apenas em jovens adultos saudáveis.
E se não fazem parte, a vacina não poderá ser dada às pessoas mais vulneráveis!
Como apenas poderão ser vacinadas as pessoas saudáveis e novas, se a vacina só proteger durante 4 meses, acaba por não servir para nada pois, quando chegarmos a velhos ou ficarmos doentes, não poderemos mais ser vacinados pois não foi testada a segurança da vacina no grupo de risco!!!

Segundo problema.
A segunda fase do teste deveria ser injectar o vírus Corona-19 nas 1000 pessoas e ver se as vacinadas resistiam mais (em termos de terem menos sintomas ou mesmo nenhum) do que as não vacinadas.
O problema é que, como a doença pode ser mortal, não é ético infectar as pessoas de forma deliberada.
E se morre alguma delas? É que mesmo que a vacina seja 100% eficaz, 500 não estão vacinadas!
As 1000 pessoas não poderia ser infectadas ao mesmo tempo. Para avaliar a duração da protecção ao longo de 5 anos, seria preciso infectar 100 pessoas por ano, 50 vacinadas e 50 não vacinadas.

Ainda o segundo problema.
Depois de injectarem as 1000 pessoas, mandam-nas para casa e vão vendo, ao longo do tempo, quem fica infectado naturalmente.
O problema aqui é que, como a taxa de infecção na população é baixa, o número de infectados vai ser sempre baixo e ainda mais baixo nos "jovens adultos saudáveis"

Vamos supor o caso português.
Nas últimas 4 semanas são infectadas uma média de 600 pessoas por dia.
Vamos supor que esse número se mantém para o futuro.
Então, a cada semestre, serão infectadas 10 pessoas em cada mil.
Vamos supor que no grupo das 500 vacinadas é infectada uma pessoa o que, em média, traduz uma eficácia de 80%. Mas a média este resultado é enganador pois tenho que comparar com o número de infectados no grupo das 500 não vacinadas.

Evolução de novos positivos diários, Portugal

Concluindo, ainda falta muito para termos uma vacina.
O Trump estava certo e será isso que vamos ter que fazer.
As pessoas de risco escondem-se onde puderem e as outras terão que se expor ao risco de ser contaminadas e seja o que Deus quiser.
Uns hão-de morrer e outro hão-de escapar.
No entretanto, a nossa sociedade vai-se alterar radicalmente.
Menos contactos sociais, menos festivais de verão e mais telefonemas.
Mais vendas on-line, mais robotização, menos turismo, menos viagens.

Há o perigo do comunismo votar a atacar.
O comunavírus está semrpe à espreita para atacar em falas mansas e soluções simples para todos os problemas.
Os governos já todos falam em nacionalizações e na diminuição das liberdades individuais.
A doença comunista é muito apelativa porque é infantiloide, são as crianças que querem tudo (nós) contra os pais forretas (o grande capital, os bancos, as grandes empresas, os especuladores, etc.) que ninguém conhece e, com meias verdades, promete que atacando esses, resolve o problema dos outros. Neste caso, o grande inimigo é o contaminado, o outro, que não tomou as devidas cautelas.

Reparem bem.
Se não existe internamento obrigatório para os tuberculosos que não querem fazer tratamento ou para os esquizofrénico que ameaçam matar toda a gente, como pode haver confinamento obrigatório para quem tem um bocadinho de tosse? 

Todos os governantes querem poder.
Os governantes são governantes porque querem mandar nas nossas vidas.
E como somos todos um pouco conservadores, querem que tudo se mantenha como era em 2019 e isso não mais vai ser possível.
Tudo o que meta pessoas juntas e não seja imprescindível, sejam restaurantes, livrarias, viagens de avião, cruzeiros no mar, grupos de turismo, vai acabar e os governos batem na tecla de que tem que voltar tudo ao que era em 2019. E para isso, vai ter que obrigar as pessoas a fazerem exactamente o que faziam.
Não vai ser preciso o Costa obrigar os restaurantes a diminuir a lotação para 1/3 porque ninguém vai mais a um restaurante.
Eu não vou a um barbeiro há 35 anos porque, nessa altura, um professor meu ficou contaminado com hepatite no barbeiro. Nunca mais.

As pessoas não são suicidas nem mentecaptas.
Os esquerdistas pensam que é preciso tomar conta das pessoas porque somos todos malucos, não nos sabemos governar.
Mas não é verdade e a única forma de a sociedade se reorganizar em torno do Corona-19 e havendo liberdade para que essa reorganização aconteça.

O que o governo tem que permitir.
Mais liberdade individual.
Terá que ser permitido tudo o que não estiver provado que faz mal (por exemplo, qual a lógica de proibir de as pessoas estarem em praias não vigiadas, exactamente onde não há ninguém?).
Mais transportes individuais e menos transportes colectivos.
Casas e estabelecimentos comerciais maiores (o que obriga as câmaras municipais a aumentar a capacidade construtiva dos terrenos e a diminuir o IMI por m2).
Nos espaços partilhados, tirar as janelas e aumentar a ventilação e quem quiser que aguente o frio usando  roupa. Por exemplo, tirar as janelas dos autocarros.

1 comentários:

Anónimo disse...

Totalmente de acordo com a sua visão do que o que é e o que quer um governante. Acham sempre, mesmo os de direita (embora estes não sejam tão radicais) que o povo tem de ser "governado", ou seja, que as escolhas não podem ser feitas por cada um indiviualmente.

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