Vou acabar com a fome, as guerras e não haverá austeridade.

Pois, é esta a vontade de todas as pessoas com bom coração.
Até eu, facínora reconhecido, queria acabar com a fome, as guerras, o sofrimento das criancinhas, melhorar a vida dos velhinhos, fazer plásticas nas mulheres feias, terminar com o sofrimento dos homens e dos animais, acabar com o aquecimento global e a subida dos oceanos.
Pois, quem não queria.
Mesmo o Passos Coelho, homem considerado pelos esquerdistas como um robote de modo XZH-Neoliberex 2011, sem coração, apenas engrenagens, óleo queimado e gasóleo marado,  era contra a fome, a guerra e a austeridade só que tinha os cofres vazios.

Vou acabar com as guerras, a fome, a miséria e o aquecimento global.

Não mexe no 13º mês, nem no 14º mês...

Começou assim o discurso do Sócrates e, logo a seguir, foi foi-se o 13.º mês, o 14.º mês e muito mais.

O mau é começarem a falar nas coisas.

O Costa não disse "Não vamos cortar braços nem pernas" veio logo lançar a bomba.

E, rapidamente, a frase "Não haverá austeridade" passará para "Vocês sabem que eu bem não queria mas os neoliberais holandeses não são solidários, fizeram-nos a cama."

Fala-se em quedas no PIB entre 40% e 75%!

A JPMorgan fala numa contração de 40% no PIB americano enquanto que Josh Mitchell fala, no The Wall Street Journal, que a quebra no PIB americano é de 75%.

E nós não ficamos nada atrás.

É pior do que aconteceria numa guerra nuclear.

Com quedas desta magnitude, a diminuição ma receita fiscal vai ser ainda maior.

E como será a retoma?

Os António Costa pensa que, esta crise é simétrica. Que da mesma forma que parou de um dia para o outro, assim que o vírus desaparecer, vai voltar a ser o que era.

Se no último trimestre de 2019 o PIB era de 214860 milhões € em termos anuais, se a economia "abrir" daqui a um mês, um ano ou 10 anos, o PIB vai imediatamente voltar a ser de 214860 milhões € em termos anuais.

Pensa ele e muitos outros que não haverá desemprego porque não haverá necessidade de alterar a estrutura produtiva da economia.

Mas isso não é verdade até porque nunca mais nos vamos livrar do vírus.

Vamos ver 3 cenários.

Cenário optimista - O Corona desaparece de um dia para o outro da face da Terra.

Apesar de desaparecer, demorará tem a termos a certeza de que desapareceu defenitivamente da face da Terra.

Por exemplo, o último caso de Varíola foi diagnosticado em Outubro de 1977. E só ao fim de 3 anos sem caso algum é que a Varíola foi dada por extinta da Natureza.

Se amanhã e dias seguintes não fosse mais detectado nenhum caso novo de Corona, haveria sempre a desconfiança que o vírus poderia reaparecer a partir de algum lado, perdido numa montanha qualquer ou de um bocado de ranho guardado num frogorífico por algum grupo terrorista.

Sim, o vírus pode ser congelado.

Se pegarem num contaminado com Corona, retirarem-lhe ranho e o congelarem em azoto líquido, o vírus continua viável anos e anos sem fim.

Daqui a um ano ou dez anos, descongelam o ranho e recomeça a pandemia.

Todos os sectores que impliquem a movimentação de pessoas, como é o caso de tudo o que está ligado ao turismo, vai demorar muito tempo a reganhar confiança.

Porque será que o BCP perdeu quase 70% da capitalização bolsista?

Porque o turismo é de capital intensivo, grande parte da reabilitação urbano que aconteceu nas cidades foi para turismo, com crédito bancário, e que agora está sem futuro.

E em quanto está a arder a "nossa" Caixa Geral de Depósitos?

É que há actualmente uma quebra de 100% no turismos e isso não vai melhorar rapidamente.

Hoje, vivem 4000 sem abrigo nas ruínas do Grande Hotel da Beira 5*

Cenário que eu penso ser muito provável.

Estamos fechados mas uns meses e o número de casos cai a zero mas ..., de repente, uma escola em Arouca tem 20 positivos pensa-se que foi porque chegou alguém da Suiça. Cerca sanitária ali à volta durante meses e a coisa desaparece.

Passado um mês ou outro, um lar da terceira idade, em Boliqueime, tem 30 positivos, porque um paciente foi o centro de saúde e estava lá uma cigana e pensa-se que no acampamento havia casos escondidos.

Cerco sanitário em todo o Algarve, meses, e a coisa desaparece.

Depois, aparece um suto numa estância de ski no Norte da Itália com 7 positivos, outra vez, fechar fronteiras, tudo que foi a Itália em quarentena, mais uns meses e passa.

A economia vai sofrer uma reestruturação violentíssima.

Toda a gente que trabalha em sítios com muitas pessoas vão ter que arranjar outras profissões.

Transportes colectivos de passageiros, seja aviões, comboios, autocarros ou paquetes, caiu num buraco que está para durar.

Espaços de recreio como discotecas, ginásios, restaurantes, centros comerciais, aulas de judo :-(, datings, vai tudo viver anos de crise.

As fábricas, as escolas, os centros comerciais, as feiras, tudo terá que ser repensado.

Não percebo!

Como o António Costa, um político sério, que combate o populismo e a mentira política pode dizer que vai tudo voltar rapidamente ao normal sem ser preciso apertar o cinto?

E menos ainda como o Rui Rio, homem instruído nas questões da Economia, pode apoiar o que diz o Costa!

Só vejo uma hipótese para atacar a crise.

Chamar a Miss Rio é igual à Miss Costa, a mesma face da mesma moeda.

A única hipótese é, da mesma forma que foram buscar médicos reformados para atacar o dano na saúde causado pelo vírus, vai ser preciso ir buscar o Passos Coelho para atacar o dano causado na economia.