quarta-feira, 29 de abril de 2020

Não se podem comparar os mortos do Vietname com os da Corona-19

Bem sei que uma vida é uma vida.
E que tanto vale a vida de quem tem 20 anos de idade como de quem tem 100 anos. 
Mas, como a morte é certa, nunca se pode dizer que X matou pessoas e Y salvou pessoas. O que acontece é que X antecipou a morte uns anos e Y adiou a morte outros anos.
A comparação desta semana é entre os 58318 americanos que "anteciparam" a sua morte no Vietname e os 60823 americanos que o Corona-19 "terminou".
Mas, como a morte é certa, para fazer uma comparação informativa, a comparação não podem ser contadas as "cabeças" mas os anos que foram roubados.
Se os americanos que morreram no Vietname tinham uma média de 21 anos e iriam viver até aos 80 anos, houve uma perda de 58318x(80-21) = 3,44 milhões de anos de vida.
Já no caso do Corona-19, se as pessoas morrem, em média, com 75 anos e iriam viver até aos 83 anos, houve uma perda de 60823x(83-75) = 0,49 milhões de anos de vida.

O Rambo é mesmo feio.

Sou Messias mas não faço milagres.
Foi o que disse o Presidente Jair Messias Bolsonaro.
E realmente, não há muito que possa ser feito para travar o Corona-19.
E prova disso é a dualidade da nossa comunicação social que só dá "boas notícias" sobre Espanha onde, com condições económicas muito mais folgadas, há dezenas de milhares de mortos e más notícias sobre o Brasil, país pobre e sem recursos, porque a pandemia está descontrolada.
Controlada está em Moçambique (com 76 contaminados e zero mortos) e em Angola (com 27 contaminados e 2 mortos)!

O confinamento não diminui a taxa de mortalidade.
Apenas adiar o problema por uns meses.
Com tudo fechado, a pandemia fica controlada mas, como vemos, a sociedade não pode ficar toda em prisão domiciliária porque o povinho precisa de comer e beber.
Ao permitir que as pessoas saiam para a rua, o vírus vai ganhar terreno e, como diz o Bolsonaro, não se pode fazer nada.
Recebi ainda há pouco uma email do meu chefe a dizer que "estas condições excecionais terão de ser prolongadas para lá do ano letivo corrente" o que quer dizer que, para o ano que vem ainda não se prevê que haja aulas presenciais.
Sem aulas o povo ainda vive um ano ou dois mas sem o resto, não.

Vou fazer umas pequenas contas.
Este meu cenário é considerando que não vai ser descoberto nenhum medicamento nem vacina e que toda a população vai acabar por ficar contaminada.
Vou pegar nos dados da mortalidade da China, 5,6% dos positivos, na distribuição por escalão etário da mortalidade na China, Itália e Espanha, nos dados sobre a distribuição das idades em cada país do Banco Mundial e calcular a perda de anos das pessoas que morrem e quanto é a perda percentual na esperança de vida na população.
Interessante que nos países mais pobres, as pessoas que morrem com Covid-19 têm a mesma esperança de vida que as outras pessoas (que morrem de outras coisas).
Em termos médios mundiais, apesar de neste cenário que podem pensar ser catastrófico porque prevê que vão morrer 360 milhões de pessoas (quase 5% da população mundial), a perda na esperança de vida é de apenas 0,13 anos, cerca de 0,2%!
Em Portugal vamos perder meio ano na esperança de vida porque nos países mais desenvolvidos a perda é maior por a esperança de vida ser também maior.

Quantidade de mortos, idade dos mortos por Covid-19 e anos perdidos nos mortos e na esperança de vida da população.

O Brasil vai ter 10 milhões de mortos.
E a Índia 46 milhões e não há nada que o Messias possa fazer para o evitar.
Tal como o esquerdista espanhol nada pode fazer.

A Nova Zelândia venceu a batalha!
Mas até escusava de ter batalha, bastava em Dezembro passado, quando se soube dos casos na China, proibir os aviões de aterrar lá.
E será possível proibir os habitantes de sair e os estrangeiros de entrar para todo o sempre?
Penso que não, que vai voltar a ser contaminada.
É o que se chama uma recidiva!

Existem 1840 km de mar a separar a Nova Zelândia da terra mais próxima.

O remdesivir é promissor mas!
Os nossos serviços noticiosos são muito deficientes, avançando com mentiras por falta de conhecimento.
É assim, este medicamento foi testado em 1000 pessoas e diminuiu o tempo de recuperação das pessoas que estão em cuidados intensivos mas NÃO DIMINUIU A TAXA DE MORTALIDADE.
Poupa dinheiro aos hospitais, mas morrem as mesmas pessoas.
"...the overall mortality rate at Day 14 was 7 percent (n=23/320) across both treatment groups"
E o p-value que mede a significancia dos resultados é muito baixo.


Espremendo, dá nada, é melhor gargarejar lixívia que é mais barato. Ou vinho do Porto.

1 comentários:

Anónimo disse...

No caso dos EUA, temos de ter em conta ainda que a população na época seria bem menor.

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